Dois solteirões azarados ou apenas independentes demais para o amor?
Uma coisa é certa: eles se odeiam.
Mas, as vezes, até os inimigos se ajudam, não é mesmo? Afinal, o que poderia dar de errado quando duas pessoas que não se suportam, fingem estar...
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Junho, 2021.
O mês mal começou e já levou tudo de mim.
Estou um caco, cansada tanto fisicamente quanto mentalmente. Minha vontade era de fugir para uma fazenda no meio do nada e ficar lá até, sei lá, sair a continuação de Telephone.
Academia? Tenho preguiça demais para continuar fazendo. Caminhada? Só as vezes, quando Luke me obriga. Folga? Ter eu até tenho, mas eu acabo tendo que trabalhar mesmo no dia de folga, mesmo que seja de casa.
Não imaginava que a vida de uma figurinista era tão corrida. Imagina aqueles que exercem essa profissão para o cinema? Imagina como deve ser a vida de um figurinista de filmes da Marvel, filmes de época ou até futuristas? Meu Deus, só de pensar nisso já me sinto dez vezes mais cansada.
Graças a Deus tenha ajuda de algumas pessoas da Youngblood que, como eu, trabalham nos bastidores. Caso contrário, não iria conseguir.
Eu estava – estou – tão cansada, que já não tinha forças para continuar brigando, ainda que de longe, com a minha mãe.
Nós nos resolvemos, é, mas nenhuma das duas pediu desculpas. Bom, eu sou orgulhosa e adivinha de onde puxei isso? Pois é, dela mesmo.
Noemi está grávida de quatro meses, ela e o marido continuam na cidade. Ela diz que queria passar por essa jornada com a família, até compraram uma casa aqui. Mamãe reclamou, pois queria eles com ela lá na residência Dawson. Mas de qualquer modo, eles praticamente já vivem lá mesmo.
Durante as minhas primeiras idas lá em casa depois de minha briga com mamãe, o clima era pesado e ninguém falava nada. Depois voltamos a falar com naturalidade, era até leve demais. E bom, claro que as indiretas e implicâncias dela, aqui e ali, voltaram também. Ainda estão suportáveis, mas é questão de tempo até nós duas brigarmos de novo.
É um ciclo sem fim.
— Mamãe, posso dormir na casa da Sam hoje? Vai ter uma festa de pijama lá. — Moana pede.
Estamos nós quatro — Eu, Moana, mamãe e Noemi — fazendo compras em um mercado do Brooklyn.
— Dormir fora de novo? Já é a segunda vez esse mês! Que tanto de festa do pijama são essas que você sempre fala? Você tem é que estudar! Eu vi sua nota de Álgebra, viu? Você tem que ser a melhor, não a segunda melhor, Moana!
Fato curioso e sem sentido: minha mãe me joga para, literalmente, qualquer pessoa com um pênis que aparece na frente dela, mas com Moana não. Moana tem 17 anos, é claro que ela não pode oferecer a filha menor de idade descaradamente como faz comigo. Mas a questão é que: ela não deixa Moana namorar.
Só estudar e estudar. Só isso. Festas? Só se for aniversários de amigas conhecidas dela, e ela escolhe a dedo. Dormir fora? Uma ou duas vezes por mês, no máximo. Namorar? Fora de cogitação. Ela só tem que estudar.
