Let's Pretend? • AFI

13. "Amiguinhos"

Maio, 2021.

Nós ficamos os quatro conversando por horas a fio. Eu estava nervoso, mas com o tanto de uísque que eu já tinha bebido, esse nervosismo durou pouco.

Ter que ficar com a mão na cintura de Naomi forçando sorrisos e chamando-a de "querida", "meu amor" e "meu anjinho" na frente do tal Calum e sua noiva, pareceu tarefa mais difícil do que interpretar um papel numa peça de Shakespeare.

Mas eu sou um belo ator, então consegui manter meu papel com maestria. E para minha surpresa, isso mexeu com Holly. Ela tinha sumido com o garçom a qual engatava uma conversa, mas o que ela sempre faz depois disso é: me mandar uma mensagem avisando que vai dormir com ele ou só aparecer para me dar atenção por cinco minutos. Só que ela não fez nenhuma dessas coisas hoje.

Ela voltou me mandando algumas mensagens, ignorei como Naomi me disse para fazer. Depois, consegui ver disfarçadamente que ela estava numa ponta do salão me olhando e fazendo um gesto para que eu fosse até ela, não fui.

Eu ignorei Holly.

Quando Naomi viu que ela estava andando em nossa direção e que, talvez, nosso namoro falso fosse descoberto, conseguiu fazer com que Calum e a noiva saíssem de perto de nós.

Holly veio conversar comigo toda carinhosa, querendo atenção e tudo mais, mas ignorei de novo. Naomi e eu ficamos conversando animadamente na frente de Holly — foi ideia de Naomi – enquanto eu a ignorava.

Tiramos a bendita foto e então a festa finalmente acabou. Agora estou aqui girando a chave na fechadura da minha porta com Holly no meu encalço parecendo emburrada.

— Finalmente em casa, odeio essas festas. — digo, me jogando no sofá para tirar os sapatos.

— Hm, você pareceu se divertir bastante hoje. — diz, ainda em pé de braços cruzados.

— Eu? Ah, não. Impressão sua, anjo. — dou de ombros.

— Vem cá, por que do nada você e a Naomi ficaram amiguinhos? Achei que você não suportasse ela. — se senta no braço do sofá e tira suas sandálias de salto do pé.

— A gente se resolveu, ela é uma pessoa muito adorável. — minto.

— Assim do nada? — semicerra os olhos com os braços cruzados.

— A gente transou na festa. — me levanto tirando o paletó para dar as costas à ela.

— QUÊ?! Quando?! — exclama, descrente. Ouço ela se levantar também e vir me seguindo até o quarto.

— Um pouco depois que você sumiu. A gente transou loucamente no banheiro feminino. — continuo mentindo me controlando para não cair na risada.

— Você transou com a Naomi? Ei, olha pra mim! — segura nos meus ombros e me vira.

Ela está com o cenho franzido numa expressão de irritação e descrença, está procurando indícios da mentira em minha face. Fito-a com a maior cara de paisagem que consigo. Tenho que manter naturalidade.

— Você está bêbado, está falando nada com nada.

— Eu bebi um pouco sim, anjo, mas estou falando a verdade. — sorrio e coloco uma mecha que caiu sobre seu olho atrás da orelha, ela fica mais brava.

— Você está mentindo. — cruza os braços.

— Estou? Pode perguntar para ela, se quiser. — me viro e começo a abrir minha camisa. — Você tá brava, é?

Olho para ela rapidamente, ela parece desconcertada agora. Abre a boca para gesticular uma resposta, mas nada sai.

— Claro que não. — mente muito mal e abraça meu corpo deixando beijos nas minhas costas. — Agora a gente pode...