10- Pertence a Scarllet.

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É o Alby. Tommy acabou de me contar. Alby será o primeiro a ser deixado no labirinto. Será que ele vai sobreviver? Droga. É por isso que existe a regra de não conversar com os garotos que chegam. Me apeguei a Alby e agora estou preocupada com o seu bem estar. Newt, Minho, Nick e George serão os próximos. Não sei o que fazer para ajuda-los. Preciso impedir isso, mas não sei como.

"Eu os conhecia antes!", "Eu sabia que seriam mandados para o labirinto e o Thomas também!", "É minha culpa estarem aqui!", "Mas isso não faz sentido. Por que eu também vim?". Ela passou por mais páginas, tentando encontrar a próxima que conseguisse ler o mais rápido possível, ansiosa. Então a encontrou, uma página com apenas uma frase. Essa, diferente das outras, não parecia ter sido muito molhada. Mas a frase em especifico tinha as letras fundas, a caneta preta se misturara com o impacto de algo. "Eu estava chorando quando escrevi isso?", ela pensou ao entender que as partes borradas dessa página tinham a forma de gotas.

Pegaram o ...
Pegaram o meu irmão! Eles o sequestraram! Vão colocá-lo no labirinto!

Scarllet se arrastou para trás, desesperada. Suas costas bateram contra a parede de madeira, bem abaixo da pequena janela ao lado da porta. "Meu irmão está aqui". Um sentimento de angústia e medo tomou conta do seu corpo. Ela levou a mão ao peito, sentindo seu coração apertar e o ar de seus pulmões diminuirem. Lembrou-se então de Newt duas noites atrás e o imitou, tentando controlar sua respiração. "E se meu irmão estiver morto?".

A imagem de cada rosto dos garotos que faleceram passou pela sua cabeça. No primeiro momento, ela descartou a opção de Nick e George, não podiam ser eles, Scarllet os citou no caderno como garotos sequestrados assim como Minho, Alby e Newt. Ignorando toda a nuvem obscura que de repente surgiu sobre sua cabeça, ela consultou o resto do caderno.

Não havia mais nada. Acabou. Todo o resto está em branco.

- Não, não, não. Cadê? Preciso do resto! Preciso do nome dele! Quem é o meu irmão!? - ela se levantou com um pulo. - Droga!

O impacto de seu punho com a parede fez o chão frágil estremecer. A madeira atingida se quebrou, formando uma rachadura. Scarllet se sentou em sua cama e abriu o caderno mais uma vez.

- Como você esquece do seu próprio irmão? Eu era uma idiota, cabeça de plong! Olha só o que fiz com esse caderno. É inútil!

Ela jogou o caderno na cama com força e um papel solto de dentro dele voou para longe, caindo no chão. Scarllet ergueu as sobrancelhas, imaginando ser mais um papel ilegível. Se agachou, esticando a mão para pegá-lo. O papel foi cuidadosamente dobrado e no canto dele estava um durex. Ele provavelmente estava preso por ele no caderno, mas estava muito bem cuidado, como se resistisse a tudo pelo qual aquela caderneta passou. Ela o abriu com cuidado. Tinha um texto que cobria todo o espaço da folha, completamente legível, sem nenhum borro na escrita ou mancha. Scarllet passou a mão no cabelo, guardando sua curta mecha atrás da orelha. Se sentou novamente na cama, com os olhos fixos no folheto. A nuvem escura sobre sua cabeça ficara maior. Mais sentimentos chegaram, angustia, raiva, preocupação, tristeza, desesperança. Parecia aumentar cada vez mais e Scarllet se perguntava se aquilo podia piorar. É claro que podia.

Colei essa folha entre as páginas do caderno destruído. Os seguranças do CRUEL me encontraram com ele, fui obrigada a molha-lo para não descobrirem todas as informações que coloquei aqui. Scarllet do Labirinto, se estiver lendo isso, preste muita atenção. Faltam três dias para eu ser mandada para o Labirinto. Provavelmente tenho algumas horas antes de apagarem minha memória, seja lá como vão fazer isso. Estou ficando em uma sala isolada, perto dos próximos meninos que irão para o Labirinto. Contei para eles tudo que sei, mas não importa, esquecerão de tudo quando forem enviados. Fiz uma troca com Janson, eu em troca do meu irmão. Thomas prometeu que tomaria conta dele enquanto eu estivesse lá dentro. Ele prometeu que não o deixaria ser enviado para aquele lugar medonho, ele precisa cumprir essa promessa. Tenho esperança de conseguir levar esse caderno para dentro. Thomas e Teresa vieram me ver, se tudo der errado eles vão dar um jeito de enviar o caderno por outra pessoa. Mesmo assim, ainda não tenho certeza se confio em Teresa, por isso escondi essa folha, nenhum dos dois faz a mínima ideia da existência dela. Mais uma vez, preste atenção Scarllet, ou qualquer outra pessoa que estiver lendo isso; a única forma de sair é pelo o Labirinto. Primeiro, matem o bicho de metal que fica no Labirinto, dentro deles tem o que chamamos de Chave. Só com a Chave vocês conseguem encontrar a saída. A senha é a ordem em que as áreas se abrem, do 1 ao 8.
Scar, se quiser se lembrar de algo, precisa ser picada. Se não tiver o Soro, não se preocupe, eles não vão te deixar morrer. Você é importante. Importante o suficiente para ser Imune. Tudo depende de você.

- Scar! - uma voz parcialmente fina pousou em seus ouvidos. Ela olhou para baixo, vendo Chuck e Thomas a sua espera. - O jantar terminou! Ainda quer falar comigo?

Ela passou tanto tempo lendo esse caderno que não viu a chegada da noite. O céu sob a Clareira estava preto e praticamente sem nuvens. A gigante fazenda era iluminada em lugares específicos por tochas e fogueiras pequenas em que os clareanos se reuniam. Seus olhos correram por todo o lugar, como se procurasse por alguém. Seu irmão. Qual deles era?

- Você vem?

Thomas a chamou e ela voltou a atenção aos dois garotos. Talvez seu irmão fosse Chuck, sua aparência chegava muito próxima da dela. Mas se Thomas cumpriu sua promessa, ele não estaria aqui. A garota suspirou, pensativa. "Thomas, você cumpriu sua promessa?"

- Estou indo.

Ela desceu as escadas.

- Por que não foi jantar com a gente? - o mais novo perguntou, curioso.

- Estava ocupada.

- Quer passar na cozinha? Acho que sobrou um pouco de comida.

- Não estou com fome.

- Eai, o que vamos fazer? - indagou Chuck, animado. - Que tal pregarmos aquela peça no banheiro?

- Da última vez que fizemos isso eu levei uma bronca de Gally sem nem mesmo ter feito nada.

- É, mas agora temos a Scarllet.

- Sem pegadinhas hoje, Chuck. - ela respondeu, séria. Chuck fechou seu sorriso, agora sua feição demonstrava uma certa tristeza e curiosidade.

- O que aconteceu, Scar? Você adora pegadinhas.

- Não estou em um bom dia. Além disso, preciso conversar com você sobre uma coisa.

Os três se sentaram em um tronco de árvore em frente ao bosque.

- O que?

- Algum de vocês sabe onde está Newt?

- Sentado na porta da enfermaria desde que a garota chegou. - Chuck tinha a resposta na ponta da língua.

- Thomas, pode chama-lo pra mim? Diga que preciso conversar com ele sobre o caderno.

- Que caderno?

- Vá e diga a ele sem fazer perguntas. - ela retrucou.

Thomas não questionou, se virou a procura de Newt, o encontrando no lugar onde Chuck falara.

- Chuck. - sua voz saiu séria. - O que vou conversar com você agora vai ficar entre nós, entendeu? Ninguém pode saber, nem mesmo o Thomas.

- Ta bem. - ele respondeu, nervoso.

- Sabe que estou sendo vigiada por Stan e Bill durante o dia, não é?

- Sim.

- Preciso da sua ajuda para distraí-los amanhã.

- Pra que?

- Vou entrar no labirinto.
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Estamos chegando perto da grande descoberta. Me digam, quem vocês acham que é o irmão da Scar?

A Primeira - Maze RunnerWhere stories live. Discover now