33.

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Não acredito. Não posso acreditar que meu ex-namorado está no mesmo lugar onde estou compartilhando momentos tão bons com Noah. No mesmo dia e horário. Isso parece como um dos planos idiotas de Marcel.

Mas não pode ser. Como ele saberia aonde iríamos? O garoto de olhos verdes nem sequer me contou – por que contaria ao cara que mais detestamos?  Meu único desejo era ter uma noite divertida, em paz com meu vizinho.

Usei meu melhor perfume, gastei horas para decidir a roupa ideal. Nunca torci tanto para que algo desse certo como torci por hoje. E agora, olhando para Marcel, vestido com uma camisa social branca e uma gravata preta, posto próximo a nós, no bar do restaurante, cheguei a uma conclusão.  Meu encontro estava arruinado. 

Ainda perplexa, afastei a taça que segurava. Apoiei os cotovelos sobre a mesa, sem me importar com a falta de educação num restaurante tão sofisticado. Abaixei a cabeça, encaixando-a entre as mãos. 

— Sina. — hesitante, encarei o garoto a minha frente. — Está se sentindo bem? — toda a comida que ingeri rodopiava no estômago. Minha garganta doía. Ver Marcel ali me sobrecarregou de formas inimagináveis.

Por que? Porque eu sabia exatamente o que aconteceria: ele faria mais uma de suas cenas exageradas. 

— Não sei, Noah... 

— Beba mais um pouco. Vai te fazer bem. 

— Quero ir embora. — Noah arqueou as sobrancelhas, surpreso. Pigarreei, tentando consertar a merda que falei. — Podemos ir? Por favor. 

— Tem certeza disso? Ele não pode te abalar dessa forma, gatinha. — o garoto agarrou minha mão sobre a mesa. Com o olhar, busquei por meu ex-namorado. Ele cochichava algo no ouvido de outro rapaz – que vestia roupas similares as suas. Depois, nos encarou e desapareceu por uma portinha. Meu instinto foi recuar ao toque de Noah, que suspirou pesadamente. — Tudo bem. Vamos. 

O garoto se levantou, e imediatamente, fiz o mesmo – eu temia que o pior acontecesse, então o desespero em sair daquele lugar me dominou. Peguei meu casaco, sentindo a mão de Noah diante de meu quadril conforme saímos do restaurante. Ele agradeceu ao homem que vigiava os carros, pegando a chave do seu para irmos até o Range Rover preto. 

— Ei, esperem! — minha mão paralisou sobre o puxador da porta assim que ouvi aquela maldita voz. Do outro lado, Noah me encarou, para depois olhar por cima do seu ombro. O acompanhei. — Estou surpreso por estarem aqui... 

— Também nos surpreendemos por te ver. Quem imaginaria que estaria justamente nesse restaurante, certo? Se soubéssemos, nem teríamos vindo. — o de olhos verdes não hesitou antes de cuspir.

Permaneci imóvel, calada. 

— Estou trabalhando aqui. Tive que me virar, depois de ser demitido. 

— Meus parabéns, você conseguiu rápido. Por isso, é melhor que volte, não é? Não queremos fazer você perder esse emprego também. 

— Pedi para um colega me cobrir por alguns minutinhos. Fique tranquilo, Urrea. — Noah endireitou a postura. — Parece que atrapalhei alguma coisa... 

— Não comece com essa porra, Marcel. — finalmente, me opus. Os garotos me olharam, surpresos por ouvirem minha voz. — Você não tem direito nenhum de vir falar merda para nós. 

— Tudo bem. Você tem razão. Me desculpe. — levantou as mãos para o alto, em rendição.
Era surpreendente ouvi-lo a se desculpar – queria ouvir outra, e outra vez. — Vim atrás de vocês porque queria avisar: estou com um contrato temporário no restaurante. Vou precisar de um tempo para juntar uma grana, mas assim que tiver suficiente, volto para a Alemanha. 

HANDS TO MYSELF - Noart Where stories live. Discover now