30.

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Poderia dizer que o sentimento correndo por minhas veias resultava da adrenalina de estar jogando verdade ou desafio, mas vamos lá, esse é um joguinho para adolescentes. Sabemos que não era isso.

O sentimento era raiva. Desconforto. Incômodo. Todas as sensações negativas que meu corpo pode ter ao visualizar Noah se aproximando da tal Zoe.

A de cabelos platinados se levantou, atacando o garoto com um beijo feroz – arrancando gritos eufóricos de toda a roda. Tentei encarar a cena firmemente, sem demonstrar aborrecimento, mas não aguentaria por muito tempo.

Por isso, procurei desesperadamente pelo olhar de Saby, que sorriu docemente a fim de me tranquilizar. Joalin bebia um gole da cerveja, observando o beijo indiferente. Joel não tirava os olhos de mim.

Esperei o tempo que julguei necessário para que o beijo terminasse – mas fui um pouco precoce. Zoe agarrava o rosto de Noah com as duas mãos, mas o de olhos verdes conseguiu logo se soltar de seu aperto.

Ele coçou a nuca, parecendo constrangido. A garota sorria maliciosamente enquanto ambos voltavam a se sentar. Ele imediatamente olhou para mim, mas fixei em outro ponto – não sei se conseguiria encará-lo naquele instante.

— Noah! É sua vez, cara.

Vi o exato momento em que a garrafa girou, direcionando o gargalo para Joel. O garoto ao meu lado o desafiou a beijar Heyoon – o que ele faria sem problemas. Enquanto o casal se agarrava, sentia o lado esquerdo da minha bochecha queimando com o foco de Noah sobre mim.

— Gatinha, pode olhar para mim? — uma voz masculina se sobressaiu à dele.

— Ei! Parece que cheguei numa boa hora!

Todos ergueram o olhar imediatamente. Xinguei mentalmente ao reconhecer Marcel – pensei que meu ultimato tinha feito-o desistir da ideia idiota de subir para a cobertura, mas parece que não. Noah se levantou, endireitando a postura.

— Que porra está fazendo aqui? Não me lembro de ter te convidado.

— Qual é, Urrea. Sabemos que sou praticamente da família. A galera iria perceber a minha falta. — se aproximou do de olhos verdes, falando baixo. — Aliás, meus parabéns. — então, se juntou a roda, arrumando um espaço entre duas garotas – logo a minha frente.

Desviei o olhar quando Marcel piscou para mim. Hesitante, Noah voltou a se sentar. Seu contato visual ainda preso em meu rosto. O jogo continuou normalmente.

Alguns casais – improváveis – se pegaram. Um garoto idiota com masculinidade frágil foi desafiado a dar um selinho no careca, mas recusou, dizendo "não gostar da fruta" – os participantes do jogo não hesitaram antes de expulsá-lo da roda. Logo, o gargalo apontou para um menino de cabelos longos, que iam até seus ombros. Ele escolheu desafio.

— Beije a Sina. — a garota ruiva se virou para mim, piscando – como se estivesse me fazendo um enorme favor.

O desafiado se levantou, dando de ombros. Pude sentir meu coração batendo na altura da garganta enquanto ele se aproximava do sofá em que eu estava sentada.

— Espere! — ele se assustou, recuando. — E se eu não quiser?

— Beba. — a mesma garota que o desafiou esticou um copinho de vodca em minha direção. Hesitante, aceitei, virando o líquido num só gole. Todos da roda riram assim que meu rosto formou uma careta.

— Te disse que não precisa seguir essas regras idiotas. — o sussurro de Noah rente ao meu ouvido me deixou irada.

Regras idiotas? Disso ele entende, não é mesmo? Com a entonação mais venenosa possível, me virei para respondê-lo.

HANDS TO MYSELF - Noart Where stories live. Discover now