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Não me sentia capaz de compartilhar minha história com Noah, principalmente depois desse momento de tensão onde ele resolveu se abrir comigo

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Não me sentia capaz de compartilhar minha história com Noah, principalmente depois desse momento de tensão onde ele resolveu se abrir comigo.

Sua vida fora repleta de sofrimento. Comparar a minha trajetória com a dele seria covardia. Entretanto, notei que tínhamos pontos em comum – poucos, mas alguns. Então, decidi seguir por esse caminho.

— Assim como você, nunca tive a companhia de meus pais.

— O que aconteceu?

— Eles morreram antes de eu completar um ano. — me surpreendendo, Noah arrastou sua mão pela mesa até alcançar a minha. Seu aperto delicado me confortou. — Era o aniversário de casamento deles, então saíram para comemorar num restaurante da cidade. Na volta, meu pai parou para abastecer o carro. Uns caras apareceram, com armas nas mãos, anunciando o assalto. Meu pai se desesperou, entrou no carro e deu partida para tentar fugir. No lado contrário, vinha outro veículo. Eles bateram. Foi bem feio. Papai morreu na hora. Minha mãe foi levada para o hospital, mas não resistiu.

— Quando soube da história?

— Minha avó paterna me contou depois que eu completei quinze anos.

— Eu sinto muito, gatinha.

— Não se preocupe. — dei de ombros, sorrindo sem mostrar os dentes. — Pode soar monstruoso da minha parte, mas não fico triste quando falo sobre isso. Digo, eu nem sequer me lembro deles. Ou dos poucos momentos que compartilhamos. Guardo apenas uma fotografia do dia em que casaram. Mas, fora a isso, não tenho mais nada.

— E depois do acidente?

— Vovó garantiu minha guarda. Morávamos num bairro pequeno da Alemanha. Ela cuidou de mim perfeitamente. Nunca me deixou faltar nada.

— Imagino que ainda mantém contato com ela, então.

— Na verdade, não. Alguns dias depois do meu aniversário de dezenove, ela sofreu um derrame. Sobreviveu, mas ficou bem debilitada. Passou meses sem se levantar da cama, sem comer direito, sem ver outras pessoas. Morreu pouco tempo depois. Não sei se aguentaria mais vê-la daquela forma, então, foi um certo alívio. — Noah assentiu, fortalecendo o aperto acolhedor ao notar meus olhos marejados.

— Como foi parar em Londres?

— Me mudei para cá logo em seguida. Estava decidida a mudar de vida. Sempre sonhei em estudar num colégio daqui. Minhas notas eram excelentes, então, não foi difícil conseguir uma porcentagem em bolsa. Tive sorte, também. Encontrei um emprego rapidamente e garanti a estadia num hotel. No primeiro dia de aula, conheci Sabina. Ela foi como um anjo que caiu do céu. Nem sequer me conhecia, mas não hesitou em me ajudar. Alguns meses depois, e já éramos grudadas como gêmeas siamesas. Ela me convidou para dividir o apartamento. Eu aceitei.

Sorri, sendo acompanhada pelo garoto. Soltei sua mão, me levantando. Noah me encarava em curiosidade enquanto eu me aproximava.

Me sentei em seu colo, imediatamente recebendo o aconchego de seus braços tatuados. Acariciei o ferimento próximo a bochecha, descendo o toque até os pelinhos de barba a crescerem.

HANDS TO MYSELF - Noart Onde as histórias ganham vida. Descobre agora