2.

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Demorei alguns segundos para acordar dos devaneios

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Demorei alguns segundos para acordar dos devaneios. Meus ombros relaxaram, em seguida joguei a mecha de cabelo que caía em meu rosto para trás da orelha. As bochechas pegavam fogo.

— Está procurando algo em específico, babe? — perguntou, depois de não obter resposta.

— Vim comprar algo para minha amiga.

— Ótimo! Quem sabe uma cinta peniana? Estimula ambas... — o interrompi, balançando as mãos no ar.

— Não! Você... — pigarreei. — Você entendeu errado. Não vamos usar... Juntas. — gesticulei. Sua sobrancelha ergueu. — Ela vai usar com a namorada.

Assentiu.

— O que sua amiga procura, então?

Porra, ele era lindo. Um sonho. Qualquer mulher daria tudo por um beijo dele. Cada vez que sorria, sentia que uma peça de roupa tinha sido arrancada do meu corpo. Não seria ruim se me deixasse nua. Deus! O que estava pensando?!

Foco, Sina Deinert. Foco.

Desbloqueei o celular, abrindo a foto que Sabina me enviou a dez minutos atrás. Ele arregalou os olhos quando virei a tela em sua direção.

— Uma fantasia de policial e algemas? Hum. Parece que eles vão se divertir.

Sabia que não deveria me envergonhar, mas minhas bochechas coradas pareciam não entender isso. Guardei o aparelho no bolso da frente.

— O setor de fantasias é o último. — inclinou sua cabeça. — Posso te acompanhar até lá e...

— De jeito nenhum! — me olhou em surpresa pelo tom de voz usado para interrompê-lo. Dei de ombros, a fim de parecer indiferente — Não há necessidade para isso. Já me ajudou muito.

— Caso precise, só me chamar. Sou Noah. — assenti freneticamente.

— Obrigada, Noah.

Quase esbarrei em seu ombro quando passei por ele. Me apressei para alcançar o corredor orientado. Procurei pela fantasia de policial, a encontrando rapidamente. Segurei firmemente o pacote. Na parte de baixo haviam alguns acessórios. Peguei a caixinha com algemas. Com ambos produtos em mãos, fui até o caixa.

De cabeça baixa, rezando para que não encontrasse o garoto novamente. A atendente me cumprimentou com um sorriso, enquanto passava as embalagens pelo detector. Me informou o total. Coloquei a mão no bolso, confusa por estar vazio. Tentei do outro lado. Nada. Merda! Como esqueci o principal?! A porra do dinheiro!

Olhei para a mulher, sorrindo, desesperada. Ela percebeu do que se tratava, dando de ombros.

— Desculpe, mas se não tiver como...

— Tome.

Junto com aquela forte voz, uma enorme mão surgiu em meu alcance. Dedos longos, decorados por anéis. Uma tatuagem de âncora cobria o pulso, o que me chamou a atenção. Percebi outros desenhos, mas a manga dobrada no cotovelo impedia que visualizasse mais.

A estatura, mais alta que a minha, estava muito próxima. Senti um movimento desconfiável perto da bunda. Noah exibiu seus dentes brancos quando meu olhar o encontrou. Que porra é essa?! Antes que protestasse, a caixa puxou as notas de dinheiro que lhe foram entregues, devolvendo o troco em moedas para o garoto.

Ele piscou para mim, se afastando para sair da loja.

— Volte sempre.

Ela me esticou a sacola, sorrindo. Ao segurá-la, a mulher virou-se para conversar com sua colega de trabalho. Desci os degraus rapidamente para alcançar o rapaz. Este acendia um cigarro, parado na calçada, em frente ao sex shop.

— Por que fez isso?!

Noah encarou-me com desdém, rindo em seguida. Levantou a cabeça quando soprou a fumaça, que se misturou com o ar gélido.

— Percebi que era urgente.

— Não precisava pagar para mim! Vou lhe devolver o dinheiro.

— Sei que está dura. Não precisa se preocupar com isso.

Incrédula, o olhei dos pés a cabeça. Calçava um par de tênis escuros, vestia uma calça jeans rasgada e a camisa de uma banda britânica. Espera. Camisa de banda britânica?

— Onde está seu uniforme?

Posicionou o cigarro entre os lábios, aspirando. Expirou na minha cara. Balancei a mão para afastar o cheiro desagradável.

— Uniforme? Do que está falando?

— O maldito uniforme da loja! Funcionários devem usar uniformes.

Jogou o tabaco no chão, pisando para apagar o fogo. Sua camisa ergueu minimamente assim que levantou o braço para jogar o cabelo para trás. O bíceps era musculoso e a área do umbigo, definida. Imaginei que ele treinava duramente seu físico.

— Não preciso trabalhar aqui para ajudar. Sou uma pessoa educada, sabe.

Franzi a testa, confusa. Abri a boca para questioná-lo, mas finalmente fui atingida pela situação. Eu. Não. Acredito!

— Mentiu para mim?! Como seu belo rostinho ficaria estampado por um roxo próximo ao olho?

— Sem drama, gatinha. É melhor correr. Sua amiga deve estar esperando por isso.

Simplesmente se virou para o sentido contrário e começou a andar, me abandonando para trás. Despertei de meu transe apenas quando contornou a esquina.

Noah estava certo, afinal. Sabina provavelmente estaria se descabelando pela demora. Rapidamente cheguei ao apartamento, tirando as botas para deixá-las na entrada.

Minha amiga apareceu na sala, apreensiva. Comemorou ao me encontrar, correndo para puxar a sacola.

— Conseguiu tudo?! — assenti. — Chegou na hora perfeita! Joalin foi tomar banho. Vou vestir isso antes que ele saia.

— Boa sorte, policial.

Ela bateu palminhas, me dando um beijo carinhoso no rosto antes de correr para o quarto dos fundos e fechar a porta.

Sentada em minha cama, puxei as mangas do moletom para trocar por alguma vestimenta mais confortável. O vento deixava as ruas frias, mas dentro de casa, o clima estava bem agradável. Pedi por um lanche. A entrega demorou cerca de trinta minutos. Esperei no sofá, sendo obrigada a ouvir os gritos escandalosos do fundo do corredor.

Joalin e Sabina apareceram quase as quatro da tarde. A morena pulava de felicidade enquanto me dizia que Joalin a convidou para conhecer seu apartamento. Depois que saíram, tranquei a porta. Precisava de um banho.

Antes de tirar a calça, verifiquei se os bolsos estavam mesmo vazios. Me surpreendi ao sentir alguma coisa no lado direito.

Puxei, abrindo um pequeno pedaço de papel dobrado. Um número de celular. No canto inferior, o nome de Noah escrito em letras minúsculas.

Como ele tinha enfiado isso no meu bolso sem que percebesse? Aliás, por quê fez isso?

Ele realmente pensava que eu era tão maluca a ponto de enviar uma mensagem a um possível maníaco que nem sequer conheço?!

Não, obrigada. Joguei o papel na cabeceira, ao lado do abajur. Fui ao banheiro, tomando a ducha que tanto precisava.

HANDS TO MYSELF - Noart Where stories live. Discover now