Vinte e Um

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Aviso: Esse capítulo é classificado como um capítulo maduro. Se você não tem a idade mínima e chegou até aqui, eu duvido que isso vá te impedir de ler.

O branco algodão das nuvens rolou rapidamente através do azul cerúleo. Sob o sol de meio de tarde, um homem vestido em vermelho desbotado, um véu escuro pendia do chapéu de bambu. Esse homem lembrava um mendigo, no entanto havia certa graça em como o vento rolava suas roupas e uma elegância inerente aos grandes mestres em cada um dos seus passos.

Esse homem veio para acompanhar o cortejo, mas ele não conseguiu o rosto para pisar ali sem algum símbolo de luto além de seu coração destroçado. Seus olhos acompanharam os passos determinados de seu marido. Eles são casados há muitos anos, mas Mo Jin estava em reclusão por seus crimes há muito tempo, tanto que mesmo agora, ele não ousava mostrar-se para a pessoa que amava.

Seus olhos percorreram com deleite a pele lisa como uma pedra preciosa, os cabelos escuros e a curva magnífica da coluna. O homem que Mo Jin amava suspirou, seus lábios de pétalas se separando suavemente e ele se perguntou quando poderia beijá-lo novamente. Mo Jin, um antigo aprendiz de Baoshan SanRen, pertenceu posteriormente a seita da mestra Zhao Qinling e conheceu sua pessoa amada quando foi preso. O que era irônico é que a pessoa se apaixonou por ele, mesmo que ele fosse um forasteiro criminoso.

Essa pessoa, quando eles eram muito jovens, disse-lhe que quando há uma causa que valha a pena, o erro pode ser justificado mas ainda deve ser punido. Na podridão de uma cela escura, essa pessoa que ainda retinha a aparência de juventude com adicional das ações de um velho, se curvou na direção de Mo Jin e o beijou. Essa pessoa, que se elevou sobre o sol e era um grande mestre de Gusulan, sujou suas vestes para amar Mo Jin.

O quão estúpido Mo Jin tinha sido ao rejeitar aquele amor? Foi seu erro em primeiro lugar, então seu marido foi e casou-se com outra pessoa, enfureceu Mo Jin até a morte. Ele se lembrava de ter vomitado sangue quando seu marido se casou, mas a pessoa morreu algumas semanas depois e Mo Jin finalmente colocou seus sentimentos de maneira humilde e comedida aos pés do seu amado.

A vida de ambos era pacífica, Mo Jin não queria nenhuma ação depois de seus crimes e a reclusão no Recesso das Nuvens — num pequeno pátio com jardim e horta, a vida era boa o bastante. Setenta anos se passaram desde que ele se casou, em segredo, com Lan Qiren. Mo Jin nunca quis sair de sua reclusão por escolha, nem ser reconhecido pela seita como marido do Shufu Lan, ele estava feliz até agora. Quando a notícia chegou por um correio expresso de que Lan Qiren estava vindo enterrar o sobrinho mais velho, Mo Jin trocou as roupas que usava na jardinagem por algo mais adequado e desceu para esperar o cortejo na estrada de Molin Yi.

Ele não esperava que os imitadores do método Lan de cultivo se acercassem do cortejo. O acorde assassino atingindo meia duzia de cultivadores vestidos de amarelo e então, com uma pluma flutuando no vento de agosto e um sol sendo obstruído por nuvens, Mo Jin presenciou a queda do líder de seita Jin, aquele que havia se casado com o neto de seu marido.

Sangue se quente se espalhou pelo chão e um clangor de espadas se ergueu na estrada de terra. A poeira subindo em espirais junto com os gritos rasgados de dor dos cultivadores de ambos os lados. Os olhos afiados de Mo Jin procuraram pelo campo de batalha que a estrada havia se tornado.

Desde que sua atenção foi desviada para o menino caindo, ele perdera seu marido de vista.

O vento açoitou contra as árvores e como frutas prontas para a colheita, sob a luz dourada do sol, os homens e mulheres de Molin Yi, vestidos em prata e creme, como deuses em seu pedestal, foram derrubados um por um. No centro da destruição havia um homem caído, seu brilho, outrora mais forte que o sol, estava apagando lentamente, dois homens em branco puro e olhares ferozes protegiam esse deus tombado, seus gritos roucos vibrando de ira e força.

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