Dezenove

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AVISO: Esse capítulo contém uma chance de ficar boiolinha. Também contém cenas gráficas de violência e alusão a jogo psicológico numa escala baixíssima. Tudo corretamente sinalizado, se você pode sofrer gatilhos, pule para o resumo no final. Se sofre violência física ou/e psicológica, procure ajuda especializada. boa leitura.

Então, que tolo é o amor que vacila ao ter um devaneio realizado. Era sobre isso que Yan Húdié estava pensando quando afastou a fita que cobria os olhos vazios de Ouyang Zizhen. As lágrimas sangrentas haviam deixado rastros vermelho escuro nas bochechas.

Seu Shixiong sempre lhe lembrou pequenas flores de macieira com aquela pele rosa pálido. Com um pedido murmurado ele se pôs a limpar.

Ouyang Zizhen tremeu. Ele imaginou milhares de vezes se reencontrar com essa pessoa, ele sonhou com visões de futuro e que eles se tocavam com intimidade, mas nunca aconteceu. Não até aquele momento.

Através do seu senso espiritual ele conseguia sentir as cores de Yan Húdié. Amarelo vibrante para euforia, azul turquesa para seu nervosismo e havia linhas vermelho sangue para um sentimento quente que Ouyang Zizhen havia captado em Jin Ling, Lan JingYi e Lan SiZhui. Os dedos frios deslizaram o pano úmido pelo pescoço de Ouyang Zizhen deixando um rastro de arrepios por sua pele.

Ele não se atrevia a acreditar que estava vendo em Yan Húdié o mesmo tipo de amor que ele sentiu por anos. Não, era apenas sua imaginação traidora. Apenas de seu Shidi não lhe odiar já era muita coisa.

- Shixiong, eu... - Yan Húdié nunca pensou em confessar, ele não se questionava se Ouyang Zizhen poderia gostar dele porque era muito óbvio que não. Acontece que agora seu Shixiong estava corando sob seu toque e ele tinha os olhos de Ouyang Zizhen. Isso significava alguma coisa além de culpa extrema? - Shixiong, obrigado e desculpa. Se eu não tivesse sido ganancioso você ainda estaria enxergando com seus próprios olhos.

- O que está dizendo? Eu -

Ouyang Zizhen queria dizer que ele era a pessoa gananciosa. Ele pensou em fugir do seu pai e ser feliz, livre com Yan Húdié, que ele é quem causou desgraça para a pessoa que amava, mas as palavras se perderam no cômodo iluminado e quente. Uma mariposa se atraiu pela luz, no silêncio noturno, uma corrente de vento frio arrepiou os pêlos do braço de Yan Húdié. Seus cílios longos baixaram sobre os olhos, projetando uma sombra delicada no topo das bochechas.

Yan Húdié sempre temeu que poderia ofender a pessoa que amava se ele confessar. Ele não era bonito, era baixo demais, gordo demais e sem educação demais, tinha um olhar severo também. Acontece que seu Shixiong não era capaz de enxergar o quão ruim seu rosto havia ficado após as queimaduras.

Ouyang Zizhen não podia vê-lo. A realidade se abateu sobre ele com o peso de trezentos mil jin¹. Era desesperador e aliviante. Para alguém que sempre foi feio, ele sabia em algum grau inconsciente que seu Shixiong o vira no seu pior quando o tirou das chamas, então, o que era ruim se ele agora tinha um pouco mais de feiúra? Yan Húdié sabia que não tinha nenhuma chance, mas ele ainda podia tentar.

- Shixiong, me desculpe. - Seus dedos se enrolaram em volta do pescoço de Ouyang Zizhen, cabelo macio tocando o dorso da sua mão, eles estavam tão próximos que a respiração de um atingia o rosto do outro. Ouyang Zizhen cheirava como flores de pêssego na época da floração, ele era agradável e corado, seus lábios sempre pareciam fofos por serem cheinhos. Yan Húdié capturou essa imagem, guardando esse vislumbre de sorriso que havia no canto da boca daquela pessoa que ele amou por tantos anos, ele disse a si mesmo que não esperava nada. Ouyang Zizhen já havia dado tudo para ele. - Me desculpe, eu gosto de você e fui ganancioso ao pensar que poderíamos ter uma vida juntos. Depois de agora, não vou dizer outra vez ou incomodar você para gostar de mim, apenas gosto de você por tanto tempo que eu não posso mais ficar quieto. Ouyang Zizhen é tudo que eu sempre quis, Ouyang Zizhen é por quem eu tenho esperado e desejado, por isso, volte para casa e fique comigo.

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