CAP 5| O Cio de um Alfa Lúpus

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Se existia uma coisa a que Jimin destinava mais aversão que Choi Hyeon era em ser pego desprevenido. Antes de se aventurar em qualquer terreno novo, o ômega se preparava para ter certeza de onde pisaria, se em um sólido concreto ou em arreia movediça.
Contudo, ao ser acordado com o telefonema aflito de Kim Taehyung, ele soube que estava ferrado.

Na medida em que se aprontava da forma mais ágil que conseguia, apesar dos músculos ainda reclamarem, sua mente se detinha à informação de que, nos últimos dias em que esteve mais ocupado que o normal, ao contrário do que costumava fazer quando em contato com novos clientes, Jimin não pesquisou acerca do casal incomum formado por um alfa e um alfa lúpus.

Tampouco estudou sobre o ritual de cruzamento e cortejo de um lúpus em período de cio. Portanto, não tinha a mínima noção do que esperar.

Tomou suas pílulas, providenciou uma mochila com algumas mudas de roupa, produtos de higiene pessoal e a bombinha de remédio. Cada fibra do seu corpo clamava por descanso, físico e, principalmente, mental, mas ele não podia se dar ao luxo.

Saiu do apartamento às pressas. Logo ao chamar o elevador, o celular tocou outra vez. Embaralhou-se ao vestir o casaco ao mesmo tempo que, equilibrando o telefone preso no ombro, confirmava a Taehyung que se encontrava a caminho. Assim que pisou na rua, acenou e assobiou para o primeiro táxi passando. Foi um grande acaso, já que a manhã mal havia despontado, o sol disputando com a penumbra de um dia nublado.

No banco traseiro do veículo, cheirou discretamente a camisa meio amarrotada que tirou da secadora e franziu o nariz em resposta, contrariado. Não estava de todo ruim, mas normalmente gostava de ter uma melhor apresentação. Suspirou olhando a paisagem, a cidade ganhando cores e movimento, a cabeça viajando ao futuro próximo: longos dias de fodas intermitentes. Longos dias nos quais seria usado para suprir a fome de um lúpus, e nem sequer teria prazer com isso. O sexo, para o ômega, era instrumento de trabalho, não diversão, troca de experiência ou qualquer merda do tipo. Para pessoas como ele, a relação era sempre desigual.

Aproveitou o trajeto para enviar uma notificação à chefe. Ela que resolvesse os contratempos e se encarregasse de desmarcar seus compromissos dos dias subsequentes em que estaria preso na casa dos alfas. Mexeu-se no lugar, amargando ainda a ideia de foder com um deles, sob o teto que dividiam, enquanto o outro estaria em algum lugar perto.

Isso o incomodava mais do que gostaria de admitir.

Sendo quem era, em geral, o Lux Model desprezava conceitos de moralidade. Quer dizer, há muito tempo se acostumara a dividir a cama com machos e fêmeas comprometidos. A questão era que nunca esteve antes nessa posição em que o parceiro ou parceira dessas pessoas não só sabiam, como também consentiam o ato depravado bem debaixo de seus narizes.

Jimin supunha que jamais iria entender tal dinâmica antinatural.

Outra coisa que desgostava em ocasiões surpresas era burlar seus horários cronometrados. Reconhecia o traço metódico de sua personalidade, abominava imprevistos. E, nessa quase madrugada, o rapaz, além de mal-humorado, sentia-se inseguro e mal vestido. Não houve tempo nem para aplicar a maquiagem ou pensar no que usaria. Com exceção dos brincos e anéis de uso frequente, se achava em seu aspecto mais corriqueiro e, de acordo com o próprio julgamento, insosso.

Fez uma careta na hora em que relanceou o reflexo do rosto inchado no retrovisor.

"Tenho que parar de comer macarrão depois das seis..."

Em velocidade acelerada, estando o tráfego livre de congestionamentos, adentrou Gwacheon em meia hora. Como da primeira vez, deu o nome na portaria do condomínio e logo atravessava pelo interior dos túneis de pérgola.

LUX | Vminkook ABOWhere stories live. Discover now