Capítulo 53

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Aline 🌼

Me sentei com dificuldade no sofá, fazendo careta ao sentir um dor desconfortável nas costas.

VG me olhou fazendo careta, se sentando ao meu lado.

VG: Vem cá, não tá tendo uma festa na casa do Menor?

Aline: Tá sim, mas não quis ir. Não gosto de está no mesmo ambiente que aquelas meninas. Te contei como foi ruim ficar naquela casa com elas, me sentia muito excluída.

VG: Sim, você repetiu isso umas mil vezes. - revirou os olhos e mandei o dedo do meio pra ele. - BN já mandou o papo pá tu como vai ser depois dos bebês nascerem?

Aline: Ele fala nisso o tempo todo. Que não vou chegar perto dos filhos dele e blá, blá, blá. - revirei os olhos. - Quer saber? Acho que vai ser melhor assim. Nunca quis ser mãe mesmo, não vou saber cuidar dessas crianças. Deixa ele se virar.

VG: Mas tu não vai nem querer conhecer eles? - neguei.

Aline: Não.

Eu já tava decidida quanto a isso. Não tenho certeza se agregaria algum conhecimento a essas crianças. Seria melhor mesmo, eles ficarem com o BN enquanto eu vivia longe daqui com o VG.

Não tinha necessidade de permanecer aqui no morro, então, iria embora para nunca mais voltar.

Falei com minha tia, a única que esteve ao meu lado quando fui expulsa de casa, e ela comentou que se casou com um cara de Minas e iria se mudar para lá. Como não sou boba nem nada, me ofereci para ir com ela, que aceitou numa boa.

VG iria comigo, porque disse que não queria mais trabalhar pro Tito. Eu nem falei nada e nem fui contra.

Fechei os olhos, sentindo um desconforto maior nas costas. Respirei fundo, sentindo minhas mãos e meus pés soarem muito.

VG: Você tá bem? - perguntou.

Aline: Não. - respondi. - Aí. - gritei, após sentir uma pontada no pé da barriga.

VG: Vai parir, é?

Aline: Não, eu acho. Ainda não está na hora. - tentei me acalmar. - Seus pestinhas, porque estão fazendo isso comigo? Sou a mãe de vocês! - falei, passando a mão na barriga.

VG: Não é melhor ir pro hospital?

Aline: Calma, tá passando. - menti.

VG: Tá passando o caralho. Porra Aline, tu tá branca! - suspirei alto. - Bora, vamos para o postinho.

Aline: Não. Acho melhor ir pro hospital na zona sul que o Breno tá pagando.

VG: Sabe o caminho?

Aline: Claro, né?

VG: Então, bora. - me ajudou a levantar.

Saímos da casa dele, arrancando olhares curiosos da vizinhança, revirei os olhos entrando no carro. Ele entrou também, e saímos do morro.

Falei pra ele por onde era o caminho, e rapidinho chegamos. Ao sair do carro, senti um líquido escorrer pela minha perna.

VG: Bora caralho. - me chamou com a mão.

Aline: Vagner... me ajuda. - olhei para o chão, que estava cheio de sangue. - Me ajuda! - gritei.

VG: Que foi, porra? - se aproximou, e me olhou assustado quando viu o sangue. - Puta que pariu.

Sentia meu corpo fraco, minha e minhas pernas doíam. Me segurei nele, para não sair.

Aline: Me ajuda. - era a única coisa que conseguia dizer.

VG: Calma. - segurou na minha cintura. Passei meu braço pelo seu pescoço, e fomos andando devagar, até o hospital. - Corram! Ela tá sangrando, tá passando muito mal! - gritou para os enfermeiros.

Minha visão foi ficando meia embaçada, sentia minhas pernas ficando cada vez mais fracas.

Médica: Preparem a sala de cirurgia! - ouvi a médica falar.

VG: Aline. - me chamou, mas não respondi. - Fica acordada, porra! - senti ele me chacoalhar. - Não, caralho.

Foi a última coisa que consegui ouvi, antes de cair nos braços dele.

•••

O barulho da máquina de batimentos cardíacos, invadiu meus ouvidos. Abri os olhos tentando me acostumar com a claridade, e tentei lembrar do que havia acontecido.

Tinha um tubo da minha garganta, e me desesperei ao olhar para baixo e ver que não havia mais volume na minha barriga.

A máquina começou a apitar mais alto, fazendo com que eu me irritasse com o barulho.

Ouvi um barulho de porta sendo aberta e, logo depois, minha visão foi preenchida por um rosto de uma mulher.

Ela aplicou alguma coisa na minha veia, que minutos depois, fez com que eu apagasse novamente.

•••

Quando acordei novamente, não tinha mais barulho de máquina apitando e nenhum sinal de claridade.

Era uma caixa, caixão, para ser mais preciso. Comecei a ficar nervosa quando senti aquilo balançar e a uma falta de ar atingiu meus pulmões.

Comecei a gritar, bater, a me mexer para que algum ser humano me tirasse dali. Mas acho que ninguém me ouviu, porque isso não aconteceu.

Meus pés estavam formigando, fui tentando puxar ar, mas não havia. Era horrível essa sensação.

Até que enfim, o caixão foi aberto. Me levantei rápido com a respiração ofegante.

VG: Ei, calma.

Telma: Falei que ela ia acordar no percurso. - minha tia alisava minhas costas. - Ajuda ela a sair menino.

VG: Vem, Aline. - estendeu a mão.

Peguei na mão dele, que me puxou e eu consegui levantar.

Aline: O que... aconteceu? - perguntei, quando estava mais calma.

VG: Você morreu. - olhei assustada pra ele.

Aline: O que? Como assim?

Telma: Para os outros, você morreu. - falou. - Não disse que queria recomeçar sua vida longe de todo mundo? Então, aproveite essa chance.

Uma morte falsa? Só pode ser coisa de filme! Mas não era uma má ideia.

VG: Bora, vamos perder nosso ônibus pra Minas. - me puxou.

Entramos em um carro e, de longe, pude ver que estávamos em um cemitério.

Vi o BN em frente a um túmulo, com um bebê no braço e do lado dele estava a Lara com outro bebê no colo.

Ali, percebi que meus filhos seriam bem cuidados, bem educados e amados por eles.

Telma: Que foi? Tá querendo voltar?

Aline: Não. - me virei para a frente. - Nunca vou voltar.

Até porque não tinha motivo. Nunca fui, e nunca seria bem-vinda no morro.

Agora iria recomeçar minha vida ao lado do VG, sem filhos, só nós dois!

...

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O Dono do PoderTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang