Capítulo 1 - Apenas um segundo

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Alguns termos utilizados nesta fanfic:
- Kaichou: presidente do conselho estudantil, Mei Aihara;
- Ojou-sama: jovem senhorita; modo respeitoso de se referir a filhas de famílias ricas, como Mei;
- Fukukaichou: vice-presidente do conselho estudantil, Himeko Momokino;
- Gyaru: moda urbana japonesa. Nesta fic, será frequentemente usada para se referir a Yuzu Aihara;
- Bentô: marmita japonesa.

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Durante a noite, sozinha na cama king size, a garota com os cabelos tingidos de loiro vira e revira tentando dormir. Mesmo tendo passado horas resolvendo questões de matemática e inglês, o sono demora a chegar. Seria culpa daquela bebida com cafeína, que ela tomou assim que chegou em casa? Culpa do chá preto para acompanhar a noite de estudos? Considerando a situação atual, a culpa deve ter sido daquela anotação em letra cursiva no livro de inglês, uma caligrafia fina e delicada, assim como a pessoa que a escreveu.

"Essa letra é dela, da Mei. Uma anotação que ela deixou no rodapé da página, num dos dias em que ela tentou me ensinar os tempos verbais em inglês. Mas por que raios essa anotação foi aparecer justo agora, antes de dormir? Aliás, todo dia eu encontro algo que me faz lembrar dela, e tudo é tão doloroso" , Yuzu lamenta consigo mesma. Logo em seguida, a garota fecha os olhos e solta um longo suspiro. Uma pressão no peito e a garganta dolorida anunciam a chegada de lágrimas e soluços que, para o bem ou para o mal, acabam por lhe trazer o tão desejado sono.

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Praticamente meio ano se passou desde que Yuzu teve notícias de Mei, sua amada irmã e (ex?) namorada. Durante todo esse período, uma dor física e emocional intensa tomou conta da gyaru, que precisou fingir para si e para o mundo inteiro uma normalidade em seu cotidiano de estudante. De manhã, a rotina de acordar, preparar-se para a escola e arrumar o bentô cantando parecia ser a mesma de sempre para os olhos de um desavisado; porém, para sua mãe Ume, era nítido que sua querida Yuzu-chan estava sofrendo. Entretanto, as atitudes da garota davam a entender que ela ainda não estava pronta para compartilhar suas dores com outras pessoas.

"Eu sinto que Yuzu-chan não é a mesma desde que Mei-chan decidiu voltar para a mansão do avô. Elas criaram uma ligação muito forte, em tão pouco tempo, para irmãs de criação. Um sentimento tão intenso para chegar ao ponto de Mei-chan pedir para que eu não contasse nada a ela, nem um detalhe sequer... Sendo mãe das duas, me sinto péssima por não saber mais sobre essa relação tão especial, e ainda mais por ter, de alguma maneira, permitido que as duas se separassem" , lamentou Ume. "Quero muito ajudar a Yuzu-chan, mas não posso pressioná-la a falar, tenho receio de piorar a situação em que ela se encontra. Preciso respeitar o tempo dela e apoiá-la, mesmo se eu tiver que enfrentar o mundo inteiro para isso."

Yuzu havia acordado cedo, apesar de ter demorado a cair no sono na noite anterior. Ela tem se acostumado bem com a disciplina de aluna aplicada, o que diminuiu consideravelmente o número de broncas recebidas do conselho estudantil. Com o tempo melhor administrado, a gyaru tem mais tempo para se maquiar e arrumar o lanche, que agora consiste em apenas um bentô, e não dois, como era antes de sua irmã voltar para a mansão.

Com o rosto um pouco inchado e os olhos marcados por olheiras, Yuzu não passa incólume pela mãe. Ao entrar na cozinha, Ume puxa a conversa.

— Bom dia, minha Yuzu-chan! Você parece um pouco cansada, minha querida. Está tudo bem na escola? Algum problema com o conselho estudantil, ou com as provas?

— Ah, não, mama, tudo está bem, a escola continua a mesma. O conselho estudantil não implica mais com minhas roupas, e as provas estão um pouco mais fáceis desde que consegui manter minha rotina de estudos. Inclusive eu consegui entrar para o top 50 das maiores pontuadoras. Não é o máximo?

As palavras que não refletem seu coraçãoWhere stories live. Discover now