Capítulo 20 - De olhos abertos

50 8 7
                                    


Nene e Harumin mais uma vez estão na casa de Matsuri. A garota mais velha toma a frente e aperta a campainha da porta, sendo prontamente atendida pelo diabo rosa, que praticamente pula para os braços de Harumin.

─ Harumin-senpai! Você se compadeceu do pedido desta pobre garota enferma e decidiu sair do seu caminho de casa só pra me ver?

Horrorizada e já prevendo esse tipo de atitude, Harumin bloqueia o avanço da garota com a palma de uma das mãos, tapando os olhos, o nariz e a boca de Matsuri.

─ AGHHH!! O que é isso, sua doida? Não vem pra cima de mim, dizer um "oi" já basta! Que mania besta de ficar toda hora querendo me abraçar!

─ Cof, cof, cof... ─ Nene finge tussir só para ver se Matsuri desconfia de sua presença.

Decepcionada ao notar que sua colega de classe veio com sua amada Harumin-senpai, Matsuri faz uma cara de desgosto e deixa as duas entrarem.

─ Quando eu disse que poderia trazer a Nene, você acreditou mesmo que era pra trazê-la aqui, senpai? Meeehhhh!

─ Ué, você acha que eu viria aqui sozinha mesmo? Sabendo da doida que você é, vindo aqui sem a Nene eu seria capaz de me meter numa enrascada. Não é mesmo, Nene?

─ S-sim, Harumin-senpai! A Matsuri me pede cada coisa! Você acredita qu-

Cansada de ouvir a voz de Nene, a diabo do cabelo cor de rosa logo tapa a boca de sua colega, antes que ela revele coisas que Harumin não precisa saber.

─ E-então... agora que a Yuzu-chan teve a sedação reduzida, parece que não deve demorar muito para que ela acorde, não é mesmo? Eu já quero ver com a tia Ume se já podemos organizar alguma coisa, como uma festinha tipo "Hey, Yuzu! Bem-vinda de volta!". ─ diz Matsuri.

─ Matsuri, acho que não é bem assim, não. Não sabemos como a Yuzu vai estar depois de acordar. ─ Harumin faz uma pausa e começa a pensar no que pode acontecer depois. ─ Será que ela vai se lembrar da gente, de que nós quatro saímos sempre juntas após o final das aulas? Ela sofreu uma pancada bem forte na cabeça, a própria equipe do hospital disse que há uma possibilidade de que parte da memória dela tenha sido prejudicada. Se duvidar, talvez ela nem se lembre que a kaichou virou irmã dela... Fora que seríamos expulsas do hospital por fazer uma festinha, não é mesmo?

─ Se Yuzu-chan não se lembrar da irmãzinha malvada dela ─ e estou falando da Mei-san, não de mim ─ vou achar bom mesmo, afinal de contas seria um troco muito bem dado naquela maldita. ─ Matsuri destila seu veneno amaldiçoando Mei.

─ Por favor, eu espero que isso não aconteça. Pelo menos da Harumin-senpai a Yuzu-senpai terá de lembrar! Ou será que vou ter que escrever uma fanfic contando toda a história de vocês duas na Academia Aihara, aumentando uma coisa aqui e acolá? Não posso admitir viver sem meu ship HaruYuzu!


---------------------------------------------------------

No hospital, Ume e Mei passam pela recepção e recebem seus crachás para identificação das visitas, e assim seguem até a UTI.

─ Mei-chan, a Yuzu deve ter melhorado muito após termos gravado todas aquelas mensagens de encorajamento feitas pelas meninas. Acho que no fundo ela escutou mesmo e decidiu que era hora de acordar.

─ Será mesmo?

─ Claro! Ouvir a voz das pessoas que você ama é como um remédio para aliviar a dor. Você sabe que não está sozinha em momentos ruins, alguém sempre estará ali te incentivando a seguir em frente e ignorar a dor. ─ Ume diz e relembra dos tempo em que havia se tornado viúva. ─ Ouvir a voz da Yuzu pequenininha logo após o falecimento do meu primeiro marido foi o que me deu forças para não desistir tão fácil da vida. Eu tinha uma filha linda e alegre para criar, não havia mais ninguém a quem recorrer. Yuzu me deu a força de que precisava para levantar e sacudir a poeira, e durante vários anos éramos apenas nós duas, uma ajudando a outra. Pela Yuzu, eu sempre ia atrás de algo melhor pensando no futuro dela, caso acontecesse algo comigo. Acabei encontrando um bom emprego numa construtora aqui em Tóquio, e foi nesse caminho de mudança que acabei encontrando seu pai.

As palavras que não refletem seu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora