Euforia

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Olá querida amiga,

Vim escrever para você e depois já escrevo para a Esperança, pois acho que vocês caminham tão próximas, que as vezes até me confundo, mas nesses tempos pandêmicos você tem aparecido para mim de maneira mais reconhecível, perceptível. Pode ser que seja pelo fato de eu estar operando em picos; foi a melhor descrição que achei para mim mesmo. Parece que subo alto em uma vastidão de possibilidades, e, de repente, despenco para um vale sem horizonte. É um cheio e vazio, por isso que te vi.

Tudo bem que estamos em um momento em que a espera está se fazendo necessária, ou está sendo a única opção mesmo, mas ao mesmo tempo temos uma enorme pressão de não poder parar. Precisamos ser produtivos? Até onde vai o limite da mão de obra? Talvez a real pergunta seja quem não pode parar para que alguns poucos parem, e tenham o direito de preservar a sua vida enquanto a maioria percebe que só tem a certeza do presente. Sei que isso é uma discussão muito maior, mas você está aqui, nos momentos em que vejo possibilidades, tentando talvez fugir um pouco dessa insana realidade.

Você tem nuances e qualidades que te permitem se encaixar em vários contextos. Queria saber até que ponto você me faz bem? Pois não consigo identificar se você é um estímulo ou uma prévia do desastre. Talvez os dois. Acho que te aprecio quando você está, mas quando se vai parece que tenho uma dependência que não sei se é benéfica. Não sei se chega a ser vício, pois não consigo te encontrar, mas parece um estímulo que facilmente me cegaria. Pode ser que seja melhor assim, sem eu conseguir te encontrar ou prever.

Espero que nos vejamos em breve, mas ao mesmo tempo espero que demore um pouco.

Com carinho e receio,

Eu.

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