Continuidade

0 0 0
                                    

Olá vida,

Gostaria de escrever para algumas palavras menos compridas, para alguns sentimentos mais objetivos, se é que isso é possível, mas estou aqui pensando em você, na continuidade que é esse viver. Acho que sempre tive questões com você, mas nem sabia o que dizer, e continuo sem saber, a diferença é que o tempo passa e a gente entende que a permanência jamais chegará. Parece que vivo num limiar entre a poesia e a loucura reflexiva, acho que é excesso de empatia. Viver cansa.

Estamos esperando o momento em que voltaremos a viver, como se todo esse tempo extenuante fosse deixar de fazer parte dos nossos dias, mas bem de verdade, não consigo mais voltar nos mesmos lugares. Estou segurando um eterno desespero dentro de mim, quando um diminui vem outro tomar lugar. Não consegui deixar de pensar que tipo de vida estamos a viver, o que me mantém. Precisei descobrir na força o que me sustenta, e são muitas coisas intangíveis, não consigo fazer mais ninguém ver, quanto mais entendo o que preciso, mais trilho um caminho extremamente sozinho.

Agora preciso estabelecer o que preciso para continuar a viver. Já deixei minha vida quase escapar pelos meus dedos por vezes demais, já me deixei definhar, então estou na luta por sobreviver, mais uma vez. O que será que nos mantém? Que faz com que optemos pela vida que queremos viver? Será que conseguirei dar continuidade ao que estou encontrando agora, ou será que vamos muito brevemente esquecer? No momento parece que nada vai durar. Será que deveríamos viver mais assim?

Os anjos que caíram estão mais próximos da humanidade do que o divino que acham estar na nuvem mais alta. Acabei de pensar isso. Será que apenas caímos? Ou será que sabemos levantar? Estou com mais perguntas que respostas, e acho que estou fugindo de algumas respostas, pois não sei quais coisas vou conseguir continuar, ou pelos menos sei que várias delas não vou conseguir manter. Parece que tudo é mais simples para exatamente todo mundo. Só queria continuar tranquila, como o barco naquela inércia de movimento. Será que é o que eu queria?

Até breve, ou adeus.

Eu.

CorrespondênciasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora