Capítulo 15:

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Don't tell me the truth, tell me that it didn't happen… There's been a mistake, there's been a misunderstanding.
Não me diga a verdade, diga-me que isso não aconteceu... Houve um erro, houve um mal-entendido. (Walking Blind – Aidan Hawken and Carina Round).

Braços e pernas me esquentavam e prendiam meu corpo contra o plástico quente da cama nova. Minha cama e de Henrique. Sorri, ainda de olhos fechados. As pálpebras vermelhas pelas luzes entrando no recinto.

Henrique e eu nos aprofundamos no corpo um do outro por algumas vezes durante a noite. Me senti insaciável, assim como ele. Me ensinando, me mostrando coisas novas. E eu também o surpreendia de vez em quando, fazendo coisas que ele duvidava que eu era capaz de fazer entre quatro paredes.

Também nos perdemos em assuntos desconexos. Em gargalhadas sem sentido, mas, durante a maior parte da noite, meus olhos não se desprendiam daquela foto lá no teto. Fitando-a e sendo embalada por seu significado do momento presenciado.

Me virei lentamente e Henrique dormia em paz ao meu lado. Como alguém podia ser tão belo?

Admirei com demora saciada cada um de seus traços brutos. Seus cabelos negros e desgrenhados cobriam sua testa. Sua boca estava entreaberta, em uma busca de ar. Seus olhos fechados e suas bochechas levemente avermelhadas. Aqueles lábios vermelhos me instigaram para mais perto, mas fiquei quieta, prensando minhas mãos e pés no lugar. Seus ombros eram largos, disso eu sabia de cor.

Repentinamente, como se estivesse fingindo o tempo todo, Henrique abriu os olhos e me fitou com curiosidade.

Sorri, afundando minha cabeça em seu ombro, sem quebrar a troca de olhares. Passei a ponta dos meus dedos dos pés em sua perna com pelos crespos. Um sorriso com todos os dentes a mostra surgiu em seu rosto, destruindo o homem que fora durante toda a noite. Agora ele era meu menino, com sorriso inocente e olhos verdes curiosos.

Alguém bateu a porta, interrompendo nosso “bom dia”.

- Desgrude dessa porta, garota! – Era Cate gritando, mas sendo abafada pela porta trancada.

Durante todo nosso período lá dentro, ninguém ousara se aproximar da porta.

- Ah, sua vaca. Me deixe em paz, vá atrás do seu namoradinho. – Meu coração se apertou de raiva, tanto pelas palavras quanto pela pessoa que as ditava.

- Melissa? – Henrique indagou, se erguendo nos quadris e vestindo uma boxer tão rapidamente que me deixou momentaneamente tonta, me colocando de lado e jogando os pés para o chão.

Meu queixo caiu e meu sangue esquentou quando ele abriu a porta sem mais nem menos, como se fosse a visita mais preferível de toda sua vida.

- Henrique. – Melissa suspirou.

Percebi quando Cate arregalou seus olhos verdes, olhando toda a cena boquiaberta.

Eu estava perdida nos lençóis que desdobramos durante a noite. Me sentia pequena e frágil naquele lugar frio agora, naquele plástico sebento em que estava deitada. Me levantei e enrolei o lençol no corpo, depois me sentei na cama novamente, sem forças para ficar em pé por muito tempo.

Que merda toda era aquela?

- O que você quer aqui? Vá embora. – Henrique a enxotou, estalando a língua, frustrado.

Seus músculos estavam destacados pela força que sua mão colocava cobre a maçaneta da porta.

Melissa olhou para o interior do quarto e pareceu me notar ali pela primeira vez, depois seus olhos acompanharam as fotografias das paredes.

Apenas MeuWhere stories live. Discover now