Capítulo 27:

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NI: Vcs leram o capítulo 26?????????? Pensei que teria mais "vivas" do que silêncio kkkkkk

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I don't why I can't keep my eyes off of you.
Eu não sei por que não consigo tirar meus olhos de você. (You and Me – Lifehouse).

Melissa teve um enterro vazio e triste, com direito a garoa insistente. Eu fui até lá, não como despedida ou para prestar homenagens. Eu não tinha explicação. Também não era uma compaixão. E muito menos vangloriava aquele momento. Henrique também foi, todo frio e elegante em um terno escuro. Durante a cerimonia, ele não levou flores até o tumulo da esposa, mas na sua vez de colocar algo sobre o caixão, ele tirou sua aliança e a depositou lá.

Depois daquele momento tempestuoso – e depois de avisar Bruno – eu andei por Barueri. Como fazia quando estava desesperada e ela conseguiu me recuperar o ar, como sempre fez. A tranquilidade para as tempestades que viriam. Eu ainda tinha muitos demônios internos e externos para exterminar.

Bati a porta com o cansaço tomando conta de mim e interrompi meus passos com a cena que vislumbrei no sofá da minha sala. Henrique estava jogado com Júlia deitada sobre seu peito, ambos dormindo. Como se lá fosse o refúgio certo do desespero. Não que eu ficasse lisonjeada com aquilo, mas não podia ignorar a felicidade que senti ao encontrá-los.

Bruno chegou alguns segundos depois, falando alto demais com Emily e apoiei o dedo nos lábios para que ambos ficassem quietos. Ambos obedeceram assim que viram a cena que presenciei e andaram calmos até o quarto de Bruno.

A primeira coisa que fiz foi pegar Júlia com extremo cuidado nos meus braços. Ela se remexeu um pouco desconfortável, mas se agarrou a mim quando reconheceu quem era, fechando seus olhos e voltando ao estado de sono. Eu a levei até meu quarto, e a cobri até o queixo, ativando o efeito fumê dos vidros para que nenhuma luz perturbasse o sono de um anjo. Sorrindo, eu fechei a porta do cômodo. E meu coração bateu forte quando esbarrei com Henrique fitando a cena.

- Ai, porra! – Sussurrei, empurrando-o e caminhando para longe, exatamente para manter distância.

- Você é ótima com ela. Eu não. – Se lamentou me olhando dos pés a cabeça.

Ignorei o comentário e o olhar. – O que está fazendo aqui?

Eu sabia a responsabilidade que carregava. Conforme o CT, nós tínhamos algum tempo para assinar os papéis, mas precisávamos decidir com agilidade, caso contrário Júlia iria para um orfanato e esperaria para ser adotada.

- Ela não é minha filha. Nem sua. Não podemos ficar com ela. – Disse ele, se sentando no chão e parecendo completamente a beira do desespero. Eu me sentei de frente para ele, para mostrar que me sentia do mesmo jeito. Insegura.

- Não podemos deixá-la num lar pra adoção, Rick. Não podemos. – Acenei em negativo com a cabeça, sentindo as lágrimas rolarem sem dó nem pena pelo meu rosto em chamas. – Ela não merece isso. Não tem culpa do pai que teve. Se isso dói em você. Machuca você e perfura. Imagine para mim que... – Eu parei, quase revelando as coisas da maneira e no momento errado.

Ele esperou, procurando a resposta pela minha postura, mas eu não revelei a ele. E nem podia. Nem conseguiria.

- Eu não vou abandonar ela. E como a moça do CT disse, ou somos nós dois juntos, ou ela vai direto pro orfanato. Pensa nisso. Pelo amor de Deus. Só assina a droga do papel. Eu cuido do resto.

- Eu não quero a responsabilidade pelo ato cometido por aquele porco. Eu quero um filho com você. Eu sempre quis um filho com você. Ver sua barriga crescendo e sentir os chutes dele aí dentro. – Instantaneamente, as lágrimas rolaram por todo o meu rosto.

Apenas MeuWhere stories live. Discover now