Vermelho

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Escolhida como o próximo sacrifício de sua vila, Aysha terá que lidar com a enigmática figura do Lobo e com o... Mer

I01I - Sweney Pines
I02I - Costumes
I03I - Fitas Vermelhas
I04I- Eu iria por você
I05I - O Lobo e o Monstro
I06I - Sacrifício
I07I - Fora do Limite
I08I - Olhos infernais
I09I - Confiança
I10I - Compulsão
I11I - Espelho
I12I - Regras
I13I - Visitas indesejadas
I14I - Uma mulher tem que tentar
I15I - Reflexos
I16I - Punições
I17I - Boa garota
I18I - Patrulheiros
I19I - Ogro
I20I - Novos amigos
I21I - Jogo sujo
I22I - Trincada
I23I - Consequências
I24I - Arrogância
I25I - Toxina
I26I - Dívida
I27I - Calafrio
I28I - Memórias
I29I - Desafio
I30I - Dominância
I31I - Poder
I32I - Instinto
I33I - Fantasma
I34I - Lar
I35I - Respostas
I36I - Disputa
I37I - ...
I39I - Tratado
I40I - Decisão
I41I - Defeitos pt.1
I42I - Defeitos pt. 2 e I43I - Apresentações
I43I - Apresentações
I44I - Carnificina
I45I - Caixinha
I46I - As Casas Antigas
I47I -Declarações
I48I - Pãozinhos
I49I - Lukoi
I50I - Liones
I51I - Palavras melhores
I52I - Sangue
I53I - Verdade
I54I - Serestia
I55I - Execução
I56I - Trapaça
I57I - Traidor
I58I - Jantar
I59I - Perto do fim
I60I - Amor
I61I - Liberdade
I62I - FIM
Comunicado

I38I - Atração

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Despertei com a agitação na carruagem, o que era engraçado já que sequer me lembrava de ter dormido, pequenas ondulações no terreno eram a causa do movimento tubular. O amanhecer se infiltrava pelas cortinas das janelas preenchendo o mundo de cores amareladas e vibrantes. Limpei meus olhos, vendo que o Lobo ainda dormia em seu banco quase que serenamente, era assombroso o ver assim tão calmo. Contemplei sua forma adormecida recriminando-me por isso em seguida.  

Estava tão envergonhada e furiosa comigo mesma por ter me deixado levar em algum tipo de paixão momentânea que permaneci desperta em meu próprio banco questionando minha existência por mais de uma hora, mediando minhas opções. Escapar acabaria com Sweney Pines destruída e o inimigo em comum do Lobo, que havia mandado seu subordinado para arrancar o meu coração, atrás de mim. Ficar resultaria em derrotarmos o inimigo ou com a minha morte e a morte do orgulho que eu tinha usado a partir. 

Nenhuma das opções parecia boa. No entanto, ainda havia o algo a mais, algo em mim que era capaz de lidar com os Licans, minha Dominância, se eu aprendesse a controla-la então... ninguém mais ficaria acima de nós, a caixinha complementou sórdida. Eles se ajoelhariam, implorariam por...Respirei fundo, silenciando a segunda voz em minha cabeça.

Por fim espreitei a janela e não reconheci o caminho que fazíamos. Sabia pela estrada de paralelepípedos muito bem colocados que estávamos no caminho de alguma uma cidade. Não a Cidade do Leste ou como o Lobo tinha nomeado o Distrito das Cerejeiras a qual tínhamos visitado e ficava sob o comando de Kohina, até onde eu tinha entendido. Era diferente, sem nenhum sinal das árvores com flores rosadas que marcavam minha memória ou quaisquer outras, apenas a grama esverdeada recobrindo as colinas e o cheiro de algo salgado no ar.

- Acordada? 

Um calafrio subiu por minha espinha quando escutei sua voz rouca, fiz que sim com a cabeça, covardemente me recusando a olha-lo. O que era estúpido, eu não precisava sequer olha-lo para que ele tivesse algum efeito sobre mim.

- Para onde estamos indo? - Perguntei no meu melhor tom apático, mostrando mais interesse na paisagem do que em qualquer outra coisa na minha vida. Grama e rochas ocasionais. 

- Cidade do Norte. - Respondeu.

Quando o escutei se movendo parei de fingir a minha recente demência e o olhei, ele estava fechando os botões de sua camisa. Imediatamente um leve formigamento se instaurou em minhas bochechas, porque bem...Eu quem tinha aberto os botões, para não dizer quase os arrancado no processo.

- Pensei que íamos para os seus botões... - Falei nervosa percebendo meu erro tão tardiamente que ele fez questão de deixar o ultimo botão de sua camisa aberta. - Quis dizer casa! Para sua casa. - Corrigi, céus Aysha, controle-se minha mente exigiu.

- E é para onde estamos indo. - Afirmou, dobrando as mangas de sua camisa até os cotovelos. Percebi que seus movimentos eram tardiamente lentos, com propósito, deixando meus olhos aproveitarem a visão dos seus músculos se movendo abaixo do tecido.

Tive que passar alguns segundos organizando meus pensamentos para falar novamente.

- Pensei que a casa na montanha... - Comecei, parando assim que percebi meu erro, ele nunca havia se referido à casa da montanha como sua, mas como do outro homem de sua história. - Além de Mestre Lobo e aterrorizador de vilas, o que mais você é? - Perguntei, lembrando-me do comentário do subordinado de Kohina acerca da Cidade do Norte.

- Um noivo comprometido com a sua amada. - Respondeu divertido. 

- O que há com todo esse seu novo humor? - Lhe lancei um olhar questionador gerando alguma confusão em seu belo rosto. - Você me seduziu. - Acusei, movendo novamente minha visão para a paisagem da janela. Que os deuses menores me perdoassem, mas eu teria ido além se ele não tivesse parado.

- Senhorita Nowak. - Chamou, me obrigando a ver o sorrisinho de convencimento em seu rosto. - Inventar desculpas para atração que sente por mim é no mínimo ofensivo.

Ofensivo? Puff, como ele se achava convencido! Cerrei meus dentes, no fim cada um usava os atributos que possui e eu tinha sido muito boba a cair no seu jogo. De novo. Se eu pudesse ao menos dar o troco nele meu orgulho poderia ser curar um pouco. 

- Se vamos fazer isso, tenho algumas colocações a fazer. - Falei asperamente, fazendo minha mente trabalhar com alguma coisa que não fosse o meu surto de atração sexual. - Você não ira mais ocultar, dissimular ou esconder quaisquer informações sobre o que eu perguntar ou sobre o que preciso saber. - Enumerei levantando meu dedo indicador e os seguintes a medida que falava. - A minha opinião será levada em consideração, chega de me colocar em lutas estupidas ou em qualquer outro tipo de teste que sua mente perturbada criar. Sem ameaças ou jogos que me forcem a fazer algo que não quero. E essa é a ultima vez que tento negociar contigo, se quebrar qualquer dessas regras vou embora e os deuses sabem que sou teimosa o suficiente para encontrar uma maneira de fazer isso, então o que vai ser Lobo, aceita esse acordo ou não? - Perguntei por fim, vendo-o assumir uma postura séria.

- Feito. - Disse, estendendo sua mão, fiz o mesmo. Quando nossos dedos se tocaram ele me puxou até que eu estivesse sobre seu banco, sentada do seu lado. - Mas também tenho minha condição, chame-me pelo meu nome, é um desperdício não fazê-lo uma vez que já o conhece.

- Feito. - Eu disse imediatamente. - Raymond.

Parecia estranho pronunciar seu nome tão proximamente, como se destruísse a primeira barreira que impus a conhece-lo. Porque nomes implicavam em identidades e monstros tinham que continuar como monstros. Um nervosismo que nunca tinha experimentado se instalou em meu corpo e eu o senti aumentar enquanto o via se aproximar de mim, meus olhos estavam completamente capturados pelos dele, deixando-me encantada de forma que nenhuma magia ou compulsão poderia. Ele hesitou, como se pedisse minha aprovação. A lembrança da sensação de ter seus lábios novamente sobre os meus quase me fez beija-lo. 

E apesar de deseja-lo tanto naquele momento, eu recuei. Não podia continuar seguindo apenas o meu desejo e mesmo que os sentimentos dele pudessem de alguma forma ser genuínos, eu precisava ter certeza do que sentia. Algumas coisas não podiam ser esquecidas. 

 A carruagem parou e eu senti a frustração dele soar como um grunhido em sua garganta.

- Espere aqui. - Disse ríspido, saindo em seguida.

Voltei até o meu banco e espiei a janela discretamente, o vendo caminhar até um posto de guarda. Um grande 'oh' se formou em minha boca quando olhei além do posto. 

Uma incrível muralha de pedras escuras se estendia em torno do que imaginei ser a Cidade do Norte, torres altas tinham sido construídas em pontos estratégicos da muralha com cúpulas em formato de cone, pintadas de um vermelho escarlate. No topo delas flâmulas negras em mastros metálicos eram açoitadas vorazmente pelo vento, de forma que só identifiquei o brasão pintado por o reconhecer familiarmente, afinal tinha o visto durante toda minha vida. Uma simples flor de macieira, em contraste de todo o resto.

- Quem vê apenas a beleza da flor esquece seu espinho. - Senti as palavras se formarem em minha boca, alguma lembrança distante capturada pela minha mente. 

Continuei observando a muralha e o que podia ver da cidade, um grande portão em arco era o que delimitava a passagem, haviam guardas nas torres e de cada lado do portão, com rifles jogados as costas e espadas embainhadas presas em seus cintos. O que mais me chamou atenção foram suas roupas,  usavam uma proteção prateada sobre o peito e luvas negras com antebraços metálicos, alguns tinham capas escarlates presas aos ombros que chegavam até seus joelhos. Isso que era uma guarda de verdade, refleti. 

Deixado minha discrição de lado olhei plenamente pela janela. O Lo... Raymond, estava parado em frente ao posto de guarda sua postura era séria e ele tinha as mãos enlaçadas atrás das costas, como se aguardasse pacientemente algo. Quando um dos guardas de capa apressadamente apareceu no posto eles trocaram algumas palavras. Me esforcei para tentar ouvi-los, desistindo apenas quando notei que estava prestes a cair da janela. Os guardas fizeram um tipo de reverência contida e eu apressadamente voltei para meu banco quando notei o olhar recriminador que levei dele.

Coloquei minha melhor expressão de inocência e aguardei pacientemente seu retorno. Não tardou para que a carruagem instantaneamente prosseguisse.

- Apreciou a vista? - Ele perguntou encarando-me neutralmente. Pelo seu tom de voz eu não sabia dizer se estava irritado, odiava não ser capaz de decifra-lo e esse é mais um motivos para me manter afastada, minha mente sugeriu. 

- Não sai da carruagem. - Justifiquei-me. - E mesmo que tivesse saído, há algum problema em nos verem juntos? 

Ele respirou fundo e tocou a ponte de seu nariz com o polegar, foi a confirmação de que precisava para saber que sim, ele estava irritado. Humor volátil e com esse já são dois pontos, minha mente continuou enumerado a razão que meu cérebro tanto precisava. 

Mas nós o queremos e podemos ter tudo quisermos, minha caixinha opinou.   

- Prometeu-me contar a verdade. - Suspirei, com um levantar de ombros. Não me sentia culpada por ter recuado de seu avanço. Era o certo, minha parte lógica proclamou. 

- Possuo uma posição conturbada nesta cidade e as noticias não demorarão para se espalharem nela. Pode atrair uma atenção indesejada que não queremos no momento. - Disse estreitando os olhos enquanto me encarava. 

- Vi os guardas o reverenciar, acredito que isso não seja algo comum. - Sugeri evitando seu olhar. 

- Não.

- Aberlian disse que a posição deveria ter sido sua. De que posição ele falava? - Perguntei despretensiosa. 

- Mestre da cidade. - Respondeu, se eu estivesse comendo, o que de fato desejava estar fazendo, teria engasgado. Não precisava ser uma grande entendedora dos postos Lican para saber que aquela era uma alta posição de poder.

- E porque a negou? - Indaguei. 

- Eu não neguei, perdi a competição pelo posto. - Falou a contragosto. - Satisfeita? 

- Por que está irritado comigo? - Igualei meu tom ao dele. - Sinto que não é apenas por eu ter espiado a janela. - Alfinetei, cruzando meus braços. 

Ele riu ou tentou, soou como uma espécie de rosnado. 

- Por suas mentiras. - Falou rudemente. - Sei que me deseja e mesmo assim escolhe reprimir seus sentimentos. 

- É verdade. - Admiti. - Mas eu não me entregarei a um homem apenas por desejo e sei que isso é tudo que temos um pelo outro. Posso ter me deixado levarna noite passada, mas garanto que isso nunca mais vai se repetir.

- Eis uma lição minha nobre dama Aysha, jamais faça promessas que não possa cumprir. - Falou confiante, segurado um sorriso. 

Eu estava tão furiosa com a sua arrogância que queria joga-lo da carruagem, em baixo dela se possível. 

- Que o inferno congele antes que eu coloque meus lábios sobre os seus novamente. - Retruquei. 

- Então é melhor estar preparada para prestar contas com o diabo, senhorita Nowak. - Prometeu sombriamente. - Pois farei com que me beije voluntariamente até o final dessa noite.

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