As Joias do Infinito

By AnaEspadeiro

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A explosão gerada pelo Big Bang, mudou as coisas no multiverso. Mas, além disso, surgiram 6 gemas com extremo... More

Avisos
Elenco
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capitulo 11
Capitulo 12
Capitulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capitulo 16
Capitulo 17
Capitulo 19

Capitulo 18

56 5 8
By AnaEspadeiro

"Amiga, cê tava bebaça
Subindo na mesa
Virando garrafa

Amiga cê tava bebaça
Tomou tequila
Tomou cerveja
Tomou tudo
Tomou fora
Só não tomou vergonha na cara"
–Bebaça, Marília Mendonça

~P.O.V. Renee ~

Merda.

É a primeira coisa que passa pela minha cabeça quando aquela garrafa para. Aaliyah pousa seu olhar em mim com uma expressão vil e maliciosa. Boa coisa não vem dessa loira vingativa, é óbvio!

–Renee! –Ela chama com um tom de felicidade a mais na voz. –Diga-me, verdade ou desafio?

–Desafio. –Respondo na lata. Prefiro fazer qualquer coisa do que ter que falar algo que não estou a fim.

–Te desafio a ficar 7 minutos no paraíso, vulgo armário, com... –Havia várias pessoas naquela roda, mas sei exatamente quem ela vai escolher. –Matthew Bradshaw!

O mesmo apenas revira os olhos, com um sorriso debochado, claramente já sabia que ela iria escolhe-lo. Espremo os olhos, fuzilando-a com o olhar, mas não sou de recusar um desafio, então digo:

–Desafio aceito! –Dou uma pausa pondo-me de pé. –Venha Matt! E Lila, cronometra, por favor.

–Pode deixar!

Puxo o garoto pelo braço e ambos entramos no famigerado armário, trancando a porta e acendendo a luz bem baixo, de modo que não ficasse nem muito aceso, nem muito escuro.

Devido à quantidade de coisas dentro daquele espaço, que já era bem apertado, eu e Matt estávamos a poucos centímetros um do outro. Eu o encarava com certa curiosidade, já ele parecia ter certeza do que estava acontecendo.

–Então, a gente va...

Antes que eu possa terminar, sou interrompida por um beijo de supetão. Correspondo na mesma hora sentindo suas mãos se apoiarem em minha cintura e as minhas repousam em seu peito, subindo para seu rosto.

Não era ele.

Com toda certeza não era ele.

Não foi aquela boca que eu beijei no Beijo da Meia Noite.

A pegada não era a mesma nem de longe, o cheiro não era o mesmo e a boca definitivamente não era aquela.

Eu preciso descobrir quem foi o dono do melhor beijo que já dei em toda a minha vida, mas não sei como. Beijar cada garoto desse complexo não é uma opção definitivamente. Se não era Matt, quem era então?

Volto minha atenção para esse beijo que agora acontece, partindo-o em busca de oxigênio. Ou talvez apenas em busca do fim...

Nunca gostei de manter uma relação, por mais simples que ela seja, quando a minha mente não está totalmente naquela pessoa. E, agora, Matt não é o foco dos meus pensamentos.

–Ei! O tempo acabou, pombinhos!

Não espero muito pra abrir a porta e sair. Tento ir devagar para não demonstrar a minha pressa em sair daquela situação, ao mesmo tempo que rezo para meus pensamentos estarem bloqueados para ele.

Assim que saio troco olhares com a primeira pessoa que meus olhos avistam. Thomas.

Ele franze o cenho assim que me vê. Acabo percebendo que sou bastante expressiva e que quando algo me incomoda, meu rosto deixa isso bem claro.

Passo direto por ele, mas o mesmo me segue com o olhar até eu me sentar na poltrona a frente. As meninas continuam com o verdade ou desafio, mas eu não consigo ficar ali.

A confusão em minha cabeça era grande demais pra eu me manter no mesmo ambiente que aquelas pessoas. Então, dou uma desculpa qualquer sobre falta de bebida no bar e saio o mais rápido possível para o andar acima no complexo. Mais especificamente para o andar onde moramos.

Vou até a cozinha, abro a geladeira e, por mais que não seja muito do meu feitio, agarro a garrafa de líquido transparente bem a minha frente. Ela estava quase terminando e, provavelmente, é de Edward, mas ele não me assusta nem um pouco. Muito menos saberá que fui eu que terminei com ela.

Pego um copo derramando a bebida e virando-o de uma vez. O gosto amargo me faz franzir a cara em uma expressão de repulsa. Aquilo vai queimando a minha garganta conforme desce, ardendo cada célula minha me causando um forte pigarro.

–Vodka pura? Está tentando passar o resto da noite vomitando? –Levanto a cabeça pra ver quem é. Dessa vez não é Aaliyah ou Eve, e sim Thomas.

–Depende. Vai segurar meu cabelo? –Pergunto.

–Claro! É pra isso que amigos servem! –Nós rimos e ele vem para o meu lado na bancada. –Mas, me conta, por acaso isso tem a ver com a expressão que fez ao sair do armário?

–Talvez... –Digo virando mais uma vez a garrafa sobre o copo.

–O que houve? Ele te machucou? Fez algo contra sua vontade? –Ele pergunta manso, cuidadoso, mas preocupado.

–Não, não. De jeito nenhum. Fica tranquilo. O Matt tem um bom coração... –Digo olhando pra frente, vazia de certa forma.

–Então... O que foi?

–Eu... É que... –Hesito em falar, abaixando a cabeça, dando uma risada trêmula. –Você vai me achar uma idiota, Thomas.

–Tenta! –Ele diz quase num sussurro, mas eu ainda custo pra falar. –Tem algo que eu possa dizer que te tranquilize?

De repente, é como se uma lâmpada se iluminasse na minha cabeça.

–Como foi o seu primeiro beijo, Tom?

–Meu primeiro beijo?

–É. Me conta a história.

–Okay... –Ele da uma longa pausa tentando se lembrar. –Bom, o nome dela era Lilian. Nós tínhamos 8 anos... Pois é, bem novos. Mas, quando se é garoto, acredite, a pressão pro primeiro beijo é enorme... Foi na saída da escola, com todos os meus amigos ao redor gritando e comemorando. É isso que eu me lembro.

Respiro fundo, como se carregasse um imenso peso nas costas, e resolvo por aquilo pra fora.

–Bem... Quando eu era bem pequena, uma criança vivendo em Seoul. Eu tinha essa fantasia toda sobre o primeiro beijo. Que seria com alguém especial, que seria no momento ideal com alguma música estúpida e romântica da Ellie Goulding tocando no fundo. Que seria... único!

–E foi?

–Passou longe! –Rio, dando mais um gole. –Seo Joon. 5ª série. Festa de aniversário de uma amiga minha da Coréia. Me babou toda e ainda por cima passou a mão em locais que prefiro não pontuar. A música era alguma eletrônica que eu não me lembro. Mas, tudo bem, éramos só crianças.

–Sim, sim.

–Um dia eu ouvi que um beijo era o necessário pra saber se aquela pessoa era a certa pra sua vida. E, como toda boa fiel aos filmes de comédia romântica, eu levei isso pra minha vida. Todos os beijos que eu dei eram... Sem significado. Sem emoção. Sem nada. Eram mais como uma pressão da sociedade do que uma vontade própria... Porque eu nunca sentia nada. Entende?

–Claro... Mas, por que isso veio a sua cabeça justo agora?

–Porque... Eu não tenho a conta exata da quantidade de pessoas que eu já beijei. Mas, eu me lembro bem da sensação de beijar cada uma delas... Do vazio. Do nada. Mas, hoje, foi diferente... –Um sorriso bobo escapa da minha boca enquanto falo, me forço a olhar pro lado para que Tom não veja, mas ele vê.

–E por que isso parece ser um problema agora? –Ele observa cautelosamente. Era importante pra mim a forma como ele havia deixado a festa e seus amigos de lado por alguns instantes pra saber como eu estava.

–Porque não foi o Matt... –Respondo em uma decepção sussurrada e confusa.

–E quem foi?

–Eu não sei... Esse é o problema! –Falo batendo com o copo contra o mármore cinza da bancada. –Estávamos no meio do Beijo da Meia Noite, eu achava que nada aconteceria comigo. Até eu sentir os lábios contra a minha boca e tudo mudar... Tentei mover minhas mãos pro rosto da pessoa, mas antes que eu pudesse, as mãos dele, ou dela, seguraram as minhas e... Eu sei que... Eu sei que soa imbecil, mas, eu acho que estou apaixonada por uma pessoa que eu não tenho nem ideia de quem é!

Começo a rir depois de me ouvir falando e Tom da um leve riso.

–Não soa imbecil! –Ele tenta amenizar.

–Não ouse mentir pra mim! –Digo rindo.

–É sério! Qual é?! Você é a Joia da Realidade, Renee. Seja lá quem tiver criado o seu destino, não teria posto esse beijo e toda essa sensação por nada.

–Não ta ajudando!

–Ué?! Como não?

–Porque agora eu quero saber quem foi que me beijou e ao mesmo tempo tenho medo de descobrir porque pode ter sido... Sei lá! O Edward! E ai eu vou querer arrancar a minha boca fora. –Nós rimos enquanto ele retira a garrafa da minha mão e o copo, virando-o de uma vez.

–Olha, fala com a Aaliyah, com a Phoebe, tenta ver se alguém viu alguma coisa. –Ele sugere. –Ou você pode sair beijando todo mundo até descobrir!

Começo a gargalhar junto a ele.

–E você e Aaliyah? Se resolveram? –Pergunto desviando o assunto.

–Aparentemente sim. Descobri finalmente que é ela que eu quero.

–Ai, queria essa certeza.

–Você tem essa certeza. Só não sabe quem lhe causou ela. Calma que você descobre! –Ele diz me envolvendo com um braço enquanto eu penso em toda a confusão.

–Você está declarado como meu novo melhor amigo, Tom. –Digo. –E isso não é efeito do álcool! Juro!

Ele ri.

–Você também é minha melhor amiga, biscoitinho.

–Como sabe do meu apelido? –Pergunto meio grogue. Certeza que a bebida ta fazendo efeito.

–A Aaliyah me contou! Agora, você quer ir pro seu quarto ou...

–Não! Eu vou pra festa! Por que meu quarto?!

–Porque você ta... É... Um poouco alterada.

–Um pouquinho?

–É... Só um pouco... Pra não dizer muito! –Ele sussurra a última parte.

–Ei! Eu ouvi! Mas, eu vou pra festa! Eu to ótima! Nunca estive melhor, amigo relógio!

Vou cambaleando pelos lados de volta à festa, mas Thomas vai atrás de mim, me amparando, para que eu não caia de cara no chão.

Assim que chegamos alguns olhares focam em nós, nada demais. Geral conversando e bebendo, mas algo diferente. No canto do salão de balé, Aaliyah e Loki conversam, ou melhor, conversavam, porque agora ambos encaram eu e Thomas.

Os olhos bicolores de Aaliyah parecem confusos ao nos ver. Já os de Loki agem como scanners, me analisando de cima a baixo, com uma das sobrancelhas erguidas e a boca soltando uma risada que não era debochada como as outras. Estava mais pra raiva.

–Eu vou... Eu sei lá o que eu vou fazer, mas valeu pela conversa! –Digo pro Tom e ele sorri pra mim.

Dou meia volta indo pra poltrona mais próxima antes que eu caia. Assim que me sento, fecho os olhos por alguns instantes, ainda sentindo as luzes coloridas piscarem. Até um aroma familiar inundar minhas narinas e as luzes que piscam de repente, pararem.

Abro os olhos pra ver o que é e tomo um susto ao perceber o rosto de Loki tão próximo a mim. Ele está sentado no braço da poltrona, com o rosto vidrado em mim como se eu fosse alguma exposição de museu.

–AI QUE SUSTO!

–Saiba que a minha beleza é muito admirada em meu planeta! –Ele fala com a prepotência de sempre.

–Ta bom, Mrs. universo –Dou uma pausa. –, o que você ta fazendo aqui olhando pra minha cara desse jeito?

–Vim checar se está tão bêbada quanto aparenta.

–Não. –Respondo. –Não estou bêbada.

–Renee, eu sou o deus da mentira, não tente me enganar! –Ele revida me fazendo revirar os olhos.

–Eu disse que não! –Insisto.

–Quantos dedos tem na minha mão? –Ele pergunta.

–Dois!

–Eu nem levantei a mão, Renee! –Vish. –Por que está assim?

–É uma festa, Loki. –Resmungo.

–Você não é de beber. –Ele retruca. –Não assim!

–Você nem me conhece! –Rebato. –Eu posso ser membro dos alcoólatras anônimos e você nem saberia!

–Não, não podia. Além de não constar na sua ficha, te conheço o bastante pra saber que tem medo dos seus poderes. Tem medo do que pode fazer. Você não é do tipo que gosta de perder o controle. E quando o assunto é a sua joia, bem, você tem bem pouco controle! –Aqueles olhos verdes penetrantes pareciam revirar minha alma.

–Ah, valeu por me lembrar disso! –Exclamo ironicamente.

–Onde você e Thomas estavam? Não os vi sair. –Ele indaga com o cenho franzido e a sobrancelha esquerda arqueada me mirando com os olhos.

–Virou meu vigia?

–Só curiosidade.

–Isso é ciúmes, Loki? –Pergunto arqueando uma das sobrancelhas e ele ri debochando.

–Só nos seus sonhos, amor. –Ele desliza seu dedo indicador pelo meu queixo causando-me um arrepio na nuca. Logo se põe de pé e me ergue a mão. –Você vem?

–Pra onde?

–Pro seu quarto.

Beloved?

–Calma, Renee. –Ele diz. –É contra os meus princípios fazer qualquer coisa com uma garota que não esteja em seu perfeito controle mental. Agora, anda! Você tem treino amanhã com a Wanda e já está tarde.

Reluto um pouco, mas acabo cedendo e segurando na mão de Loki. Ela é fria, gelada, de alguma forma aquela sensação me causava algo... diferente.
Ele não era quente e caloroso como todos os outros garotos que já me aproximei, mas isso não tornava aquele toque pior. Pelo contrário.

Ele vai me ajudando a ir até o meu quarto compartilhado com Aaliyah que agora deve estar dançando em cima da mesa, como sempre. Assim que chegamos ele fecha a porta e eu vou pegando minhas coisas pra tomar banho e ir dormir. Até que algo me vem à mente.

–Como é lá? –Pergunto.

–Lá...?

–Em Asgard. –Completo de costas pra ele.

–Pensei que conhecesse Asgard.

–Eu conheço o solo de Asgard, onde fiquei enterrada por anos. –Corrijo-o. –E também tenho uma ideia de como seja já que estou envolvida no processo de criação de tudo. Mas, não quero saber os dados e as estatísticas, digamos assim. Quero uma visão humana, emocional. Algo de verdade. –Suspiro enquanto ele me encara com uma expressão indecifrável. Ele hesita, mas então assente com a cabeça dizendo:

–Te conto quando terminar!

–Okay.

Entro no banheiro, abrindo a ducha gelada sentido o choque térmico fazer meu corpo inteiro se estremecer. Tiro a maquiagem ali mesmo, sem tempo ou paciência pra cuidados com a pele, apenas querendo deitar já que o nível de álcool no meu sangue não está nem um pouco baixo.

Assim que termino ponho minha camisola de seda preta, deixo o cabelo molhado solto e saio do quarto, vendo a sombra de Loki ainda ali.

–Não pensei que ainda fosse estar aqui. –Digo ainda no banheiro.

–Queria me certificar que ia ficar... bem. –Ele diz em um tom baixo.

Olho pra baixo pra descer o degrau do banheiro, mas tudo que eu vejo é um borrão e ao invés de um degrau, parece uma escadaria de tão dupla que está minha visão.

–Tem alguém precisando de ajuda pra descer esse enorme degrau? –Pergunta Loki zombando, apoiado na cômoda em frente às camas, com os braços cruzados.

–Eu diria não, mas to bêbada demais pra discutir com você! –Respondo. –Anda, me ajuda!

Ele vem até mim esticando a mão e eu a seguro, mas no momento que tento por o pé no chão é como se o mesmo sumisse perante meus pés e eu simplesmente caio feito uma jaca e, pra piorar, levo Loki, que me segurava, junto comigo em direção ao chão.

–UI! –Grito durante a queda até me perceber estirada no chão, com as costas no tapete felpudo que Pepper comprou pra gente.

Começamos a rir, eu principalmente que sinto meus olhos marejarem de tanto rir do tombo que tomei e ainda o trouxe comigo, minha barriga chega a doer de tantas risadas.

–Eu sabia que você era estabanada, mas não sabia que era tanto. –A voz rouca e mansa vem de cima de mim. Quando levanto os olhos vejo Loki apoiado em seus braços, com o rosto bem acima do meu, tão próximo quanto outra pessoa jamais esteve por tanto tempo.

Os risos se dissipam aos poucos e o silêncio se instaura no ambiente. Eu posso sentir seu cheiro, de menta e pinho misturados, que chama todos os meus sentidos, aquele cheiro familiar. Posso sentir nossas respirações quentes se entrelaçarem pela proximidade.

–Por que me trouxe até aqui? –Pergunto baixo.

–Eu te disse... Por causa do treino de amanhã.

–Não. –Interrompo olhando em seus olhos que claramente tinham dificuldade em encarar os meus pela primeira vez. –Não foi por isso.

–E por que mais seria, Renee? –Ele cospe as palavras com ferocidade. –Acha que eu sou algum ti...

Antes que ele possa terminar, me lembro da dúvida que martela em minha mente desde a primeira vez que ele me deu a mão hoje. Aquela fria... gélida mão. Assim como a do beijo da meia noite.

Antes que eu possa pensar duas vezes se é uma boa escolha, jogo meu corpo pra cima selando nossos lábios de uma só vez.

Espero o momento que ele me empurrará, virará o rosto, ou apenas recuará saindo do quarto, mas... Não é o que acontece.

Sinto sua mão fria se chegar em meu rosto, segurando-o firmemente, damos uma pausa pra pegar folêgo de modo que nossos olhares se encontram. Loki parece confuso, extasiado, seus olhos buscavam por informações em mim, mas tudo que eu pude fazer foi falar:

–Foi você... No beijo da meia noite foi...

–Claro que fui eu, Renee. –Um riso frouxo escapa de sua boca, enquanto ele parecia admirar cada traço de meu rosto tão próximo ao dele. –Desde o dia na Torre, você de pijama com a mão toda ensangüentada enumerando os motivos por me odiar.

–Pensei que me odiasse pela forma como te trato.

–Eu tentei te odiar... Juro que tentei. –Ele sussurra enquanto seu polegar acaricia levemente minha bochecha. –Mas foi em vão, totalmente em vão porque...

–"Porque"...?

–Porque eu acho que só me apaixonei ainda mais por você, Renee...

Aquelas palavras ecoam na minha mente de uma forma fazendo com que nada mais importasse. Nem meus poderes, nem a raiva que eu tinha por ele, nem nada. Eram apenas nós dois.

Seu corpo se inclina à medida que sua mão ergue meu pescoço, trazendo-me para mais um beijo. Um beijo terno, doce, que tinha calma mas exalava prazer.

Aquela proximidade só me fazia querer mais, só me fazia querer ele de todas as formas e todas as maneiras possíveis. Eu sei que meus pensamentos são agora os mais escandalosos e quentes possíveis, e sei que ele pode lê-los.

–Sabe que eu não posso... –Ele descola nossos lábios pra falar mas os cola novamente em seguida. Nenhum de nós queria que aquilo acabasse.

–Por que não?

–Você sabe porquê.

O pior é que eu não podia julga-lo, era literalmente a atitude correta a se ter, mas sei que estou em completo controle mental.

–Não vale! –Digo fazendo biquinho. Quem sabe um drama o convença!

Mas, então, seus olhos parecem se entristecer e seu rosto adquire uma expressão dolorosa que me matava por dentro só de ver.

–Loki....? –Chamo prendendo delicadamente uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha de forma que eu pudesse ver seu rosto por completo. –O que foi? Eu disse alguma coisa que...

–Não. Não. –Ele interrompe. –Você não fez nada de errado, Renee... Não é sua culpa. É minha.

–Por quê? O quê? –Franzo o cenho confusa sem saber do que aquilo se tratava.

–Tudo isso, todo esse momento que estamos tendo, amanhã... –Ele da uma longa pausa. –Amanhã será como se nunca tivesse existido.

–Quê? Do que está falando...?

–Renee, você virou umas 20 vezes aquela garrafa, você não vai se lembrar de nada disso amanhã...

–Ãhn? Claro que vou me lembrar, Loki! –Exclamo irritada.

–Não vai... –Sua voz se mantinha calma e suave, pela primeira vez não havia deboche ou ironia na mesma, mas sim tristeza. –Eu sei que não vai.

–E por que não me conta então? –Pergunto amassando sua blusa com a angústia que eu sinto ao ouvir tais palavras, alternando meus olhos entre seus lábios que eu tanto deseja e seus olhos que me fitavam.

–Porque não pode contar pra alguém que ela o ama... Tem que deixar que ela descubra. –Ele sussurra dando um sorriso fraco, recostando nossas testas por um momento.

–Loki, precisa me contar se eu não lembrar. –Digo. –Eu estou assim justamente porque eu precisava saber quem era o... dono do beijo.

Ele sorri ao ouvir aquilo, umedecendo os lábios com a língua, mas apenas diz:

–Se eu te contasse na festa que era eu que tinha te beijado, acha estaríamos assim agora?

Aquelas palavras partem o meu coração. Porque ele tinha razão. Essa era a pior parte de admitir. Se ele tivesse me contado provavelmente eu teria o xingado, mandado nunca mais chegar perto de mim e saído batendo os pés e indo reclamar com a Eve.

–Agora você entende... –Ele sussurra lendo meus pensamentos. –Entende porque não posso te contar.

–E a gente? Vai simplesmente... Acabar?

–Nunca! Não vou te deixar. –Ele braveja.

–Então...?

–Te conquistei uma vez... E farei tudo pra reconquistar de novo. –Ele fala de forma que conseguia me convencer, me deixar um pouco mais calma. –Mesmo que você sóbria seja um pouquinho mais difícil.

Nós rimos de seu comentário e, ainda rindo, ele me beija outra vez, e outra, e outra, e outra, até nos cansarmos e o som da música da festa cessar por completo.

–Você tem que dormir. –Ele deixa seu corpo desabar ao meu lado, ficamos cara a cara com o teto branco, até virarmos nossos pescoços e ficarmos nos olhando lado a lado.

–Não quero dormir... Não quero que isso acabe... –Sussurro em uma voz soprosa inundada de lamentações. Era a primeira vez que eu me sentia como uma protagonista de um trágico livro de romance do Nicholas Sparks, e a sensação era a pior possível.

–Também não... –Ele me puxa pra perto deixando eu me aconchegar em seu peitoral enquanto eu aliso a seda de sua blusa com meus dedos. –Não quero fingir que nada disso aconteceu. Voltar a ser apenas um... Um estranho. Não quero que volte a me odiar.

–Não te odeio...

–Renee! –Ele bronqueia de leve.

–É sério. Não odeio, nunca odiei...

–Mas, por que então...

–Loki, eu fiz coisas horríveis no meu passado. Coisas que eu não quero falar, não quero nem lembrar, mas que foram minha culpa... E eu precisava por a culpa em alguém. Todo o ódio que supostamente sentia de você, na verdade era à mim que eu odiava...

–Renee...

–Amanhã, quando tudo isso passar, eu vou voltar a te odiar e te culpar por tudo, sei que sou bem difícil de lidar às vezes. Mas, não deixe isso te afetar...

–Nada foi sua culpa. Não preciso saber o que fez, mas não foi sua culpa. –Ele insiste. –Você era jovem demais. Ainda é jovem demais. Uma menina jovem com uma responsabilidade imensa que nenhuma pessoa no mundo deveria ter... Se fez algo de que se arrependa, de propósito ou não, não foi sua culpa!

Posso sentir meu olho marejar, afundo meu rosto em sua camisa e ele percebe o quanto aquilo machucava, então ele fica ali. Afagando mais ainda meus cabelos e repetindo que vai ficar tudo bem.

Respiro fundo algumas vezes e após alguns minutos, as lágrimas cessam e o silêncio paira no ar mais uma vez enquanto eu luto com todas as minhas forças contra o sono, sentindo meus olhos pesarem e minha respiração ficar tranquila, mas ainda tentando me manter desperta.

–Fala alguma coisa. –Digo. –Preciso ficar acordada.

Ele ri afagando meu cabelo com suas mãos e diz:

–Ainda quer saber como é Asgard?

–Sim.

–Okay. –Ele diz respirando fundo com uma pausa, como se tentasse visualizar seu planeta mais uma vez para que pudesse o descrever pra mim. –Asgard é... É simplesmente o lugar mais lindo que alguém poderia sonhar em conhecer. Há casas de diferentes estruturas por todo lugar e, ao redor delas, milhares de árvores de grandes copas verdes...

–Como seus olhos? –A pergunta parece felicita-lo.

–Acho que sim. –Ele sorri pra mim com o sorriso mais lindo que eu podia desejar. –No centro de Asgard, o palácio de Odin se destaca chamando a atenção de tudo e todos que ali cheguem. É de um dourado magnífico que dilata as pupilas de qualquer um que tenha a chance de admirar sua beleza.

–É escuro...?

–Não. –Ele responde com um brilho no olhar. –De dia o sol reflete no palácio, o céu fica tão azul quanto as cachoeiras de Asgard. E o pôr do sol... Ah, é lindo, é simplesmente maravilhoso. Queria um dia te levar lá...

–Convite aceito! –Respondo em meio a um bocejo, sentindo as pálpebras pesarem de uma forma que era difícil controlar. –Ficará aqui essa noite?

–O tempo que você quiser.

Me reclino dando o que eu sei internamente que é nosso último beijo. Me permito sentir seus lábios mais uma vez nos meus, sentir a sensação de euforia e certeza uma última vez, até que me deitar sobre ele de novo rezando pra que minha memória não seja apagada pelo efeito do álcool e ouvindo-o contar sobre Asgard.

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