Capitulo 12

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"O laço que une almas
Transcendo o espaço e o tempo
Ainda que
A vida passe, eu
Aguardo o nosso momento."
–Rap Kimi No Na Wa, Felícia Rock.

~P.O.V. Aaliyah~

Sinto uma rajada de vento contra o meu corpo, mas meus olhos estão fechados, já que meu corpo se encontra em cima de alguma coisa macia. E então, ele começa a cair. Ao invés de abrir os olhos, deixo eles fechados e grito. Mas, não tem som nenhum. Não sei nem se estou numa montanha ou na cidade.

Abro os olhos e estou no meio da Times Square. Olho pros lados e vejo o fluxo tradicional de pessoas nessa parte da cidade de Nova York. Mas, quanto mais eu olho, mais tenho a impressão de que estão andando muito mais rápido que o normal ou estão simplesmente sumindo. Quase me sinto no filme de Matrix, como se todas essas pessoas tivessem sido criadas, e apenas eu fosse real. Pra falar a verdade, quanto mais rodo em 360°, mais penso que não tem ninguém aqui além de mim. No mínimo, estou enlouquecendo.

Então, eu paro em uma única posição e olho pra frente, com a tentativa de focar em alguma pessoa. Mas, quem eu vejo, não está exatamente como é. Parece um formato disforme, ou como se usasse uma capa grande, preta, toda rasgada, que tem um capuz. Chego a conclusão de que é a segunda opção, quando a pessoa mexe na cabeça e abaixa o pano.

A menina é pálida como o dia e tem os cabelos negros como a noite. Sua capa parece um trapo velho, mas suas roupas tem uma qualidade enorme, como se a capa não fosse parte do look. Mas, está presa com ela, como se fizesse parte da mesma. E então, sei exatamente quem ela é, mas já é tarde, pois a mesma começa a correr em minha direção.

Sufoco o grito ao acordar. Olho para o relógio e vejo que são exatamente 3 manhã. Eu, mais do que ninguém, por ser a joia da alma, sei que esse realmente não é um bom horário para se acordar. Principalmente depois de um pesadelos com espíritos e com a própria Morte nele. Sinto minha garganta arranhar de tão seca e decido ir beber água, já que o copo de Renee não é uma opção já que a mesma pode ter pesadelos durante a noite. Mozart continua tocando baixinho na caixinha de música e como sou a única acordada, decido levá-la comigo

Antes de sair do quarto visto um hobby por cima da roupa, pego a caixinha e saio. No Complexo boa parte das suas paredes são de vidro, a luz do luar ilumina boa parte do local e, por isso, só quando chego na cozinha que acendo a luz. Abro a geladeira e pego uma garrafa de 500 ml de água para levar comigo. Quando viro de frente, a imagem que me vem, faz com que eu grite e deixe a garrafa cair. Sorte que é plástico.

–O que você tá fazendo aqui?! –Consigo perguntar.

–Aterrorizando seu pesadelo é uma das coisas.

Me abaixo pra pegar a garrafa, enquanto a Senhora Morte se senta num banco da bancada como se estivesse confortável em um sofá em casa. Vejo sua horripilante aparência normal, mas, de alguma forma, consigo me forçar a ver a aparência do sonho. Fica menos pior dessa forma.

–Queria esclarecer umas coisinhas. –Ela diz. –Deve ter reparado estar com mais energia que o comum sem tirar almas, certo?

—Sim. Você vai me dizer a razão?

—Bom, digamos que eu dei férias aos meus ceifadores. Sendo assim, no turno da noite, é difícil ter alguém pra pegar as almas. Muitas pessoas morrem nesses horários. –Ela fala com naturalidade.

As Joias do InfinitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora