Capítulo 2

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"Eu me curvo para rezar.
Tento fazer o pior parecer melhor.
Senhor, me mostre o caminho
Para cortar através de todo esse couro desgastado.
Tenho cem milhões de motivos para ir embora
Mas, querido, só preciso de um bom motivo para ficar"
–Million Reasons, Lady Gaga

~P.O.V. Renee~

Sinto a presença de alguém atrás de mim, mas é diferente, nunca havia sentido isso na minha vida. A presença é mais forte, mais quente, mais vibrante que todas que ja passaram por mim, mas mesmo assim a adrenalina e o pânico não me deixam desviar os olhos dos carros e dos policiais que miram suas armas em mim. Com os braços levantados, ainda segurando os dois carros prestes a colidi-los um contra o outro, mais nervosa do que jamais estive, ouço uma voz imperativa:

–Larga eles!

Ignoro sem me dar ao trabalho de olha-la apenas erguendo mais minhas mãos.

–LARGA ELES! –A voz feminina ordena. –EU SEI QUE VOCÊ NÃO QUER FAZER ISSO!

Eu rio debochadamente sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto involuntariamente. O medo faz isso com as pessoas. Elas perdem o controle de si mesmas.

–O que você sabe sobre mim? –Pergunto irônica.

–Não muito. –Ela da uma pausa e diz: –Mas, eu sei que posso te ajudar!

–Ninguém pode me ajudar! –Retruco.

–Me da uma chance. Olha pra mim!

Igonoro-a mais uma vez então ela aumenta o tom da voz mas de uma forma que parecia que ela tinha total controle da situação, era a primeira vez que alguém não gritava comigo ou me ameaçava.

–JOIA DA REALIDADE, OLHE PRA MIM! –O quê? Como assim? Aquelas palavras me fazem estremecer e, sem querer, abaixar a guarda. Como ela sabe quem, ou melhor, o que eu sou?

–PRA QUÊ? –Pergunto com raiva de sua tentativa inútil.

–Só olha!

Relutante, ainda emergindo telecinese pelo meu corpo, eu viro o pescoço olhando em seus olhos. Seus grandes e redondos olhos negros como um abismo fitavam os meus sem perder o foco nem mesmo por um segundo, sua boca entreaberta mostrava que ela respirava pela mesma, ao mesmo tempo que estava nervosa, mantinha suas mãos abaixadas, e não me apontando alguma arma como os outros. Olho ao redor e me pergunto como ela veio parar aqui e por quê ela se arriscou a entrar no meio do caos?

–Acredite em mim quando eu digo que sei como se sente... –Ela diz dando passos lentos em minha direção.

–Não... Você não sabe nada! Ninguém jamais saberá.

–Não sei?

De repente, ela para de andar, erguendo uma das mãos fazendo movimentos pequenos e cautelosos apenas com os dedos fazendo com que filetes energizados e avermelhados saiam por eles, assim como acontece comigo. A diferença é que ela possuía total controle sobre eles.

–Que...? Como você...? –Fico tão incrédula ao ver aquilo que mal consigo completar minha pergunta.

–Eu disse! Eu te entendo! Eu posso te ajudar!

–Eu sou incontrolável...

–Por que não me deixa ao menos tentar? –Seus olhos transmitiam algo que eu não sei explicar. Era uma calmaria misturada com uma confiança que eu nunca tinha tido.

–Eles vão me prender quando eu sair daqui.

–Não, não vão. Eles não podem, você não é responsabilidade deles. Assim como eu não fui quando cometi erros muito maiores que os seus.

As Joias do InfinitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora