Hoje acabei perdendo a hora da faculdade e então desisti de ir assistir as outras aulas. No momento estou sentada em minha cama com livros espalhados pela superfície, me perco em meus pensamentos em meio a leitura sobre a história da educação e mais uma vez, como todos os dias ele volta a dominar meus pensamentos.
Cada dia que passa me sinto mais apaixonada por Luigi, eu pensava que isso fosse impossível diante o quanto tudo ficou mais difícil, mas não, gosto ainda mais dele. Quanto mais impossível tudo parece, mais vejo o amor nos seus olhos e mais o quero perto de mim.
A vida me deu a maior das rasteiras quando permitiu que eu me apaixonasse por ele. Estou indo contra tudo que aprendi e defendi desde criança, mas é tão bom. Errar ao lado do italiano é deliciosamente bom e agora eu simplesmente não consigo retroceder.
Minha avó entra em meu quarto com Amora nos braços e se senta em minha cama.
— Pensando nele, não é?
Um sorriso bobo escapa de mim e ela logo deduz a resposta.
— As vezes penso que sou a pior vó do mundo por te apoiar nessa loucura – exclama enquanto solta a cachorra na cama.
— A senhora é a melhor vó do mundo – discordo de imediato pegando na mão da mais velha — Em um momento como esses ter alguém que me entende apesar de tudo é tão reconfortante. Obrigada por tanto vovó.
— Eu sei o que é o amor minha filha – fala calmamente tocando meu rosto com sua mão — O amor tira nossa sanidade e joga no chão a nossa moral. É avassalador e quando a gente vê já nos consumiu por inteiro. Não a isento da sua culpa e sua responsabilidade em tudo que está havendo, mas tem amor e se tem amor é passível de compreensão.
Nesse momento abraço a matriarca carinhosamente, beijo seu rosto e passo a mão em seu cabelo grisalho.
Nos afastamos gradativamente desfazendo o abraço e ela volta a me olhar.
— E aquele rapaz? – pergunta se referindo a Vicente — Se permanecer com ele o fazendo esse mal eu não estarei mais ao seu lado.
— Estou o evitando esses dias, achei que com isso ele desistiria de mim, mas não aconteceu – digo com a cabeça abaixada — Não conseguia dizer a ele que não queria mais. Foi tudo tão bom quando estive com Vicente que me faltou coragem – confesso respirando fundo — Ele tinha uma reunião com clientes em uma padaria e achei que talvez seria bom ir, depois da reunião conversaria com ele e seria sincera. Mas chegando lá o Luigi estava no lugar e todos os meus planos se desandaram.
— Lorena, você precisa resolver isso. O quanto antes – exclama com a voz firme — Nisso não permitirei que você erre.
— Farei isso vovó. O mais rápido possível.
Meu telefone começa a tocar, desvio minha atenção da mais velha e olho para tela do aparelho. Quando vejo o nome que reluz ali meu coração se aquece, pego o celular no mesmo instante e o coloco em minha orelha.
— Alô – digo sorridente.
— Bela Lorena – sua voz rouca do lado da linha desestabiliza todo meu corpo — Estou com saudades de você.
— Nos vimos ontem.
— Não posso sequer sentir sua falta em paz? – seu questionamento arranca de mim uma gargalhada.
— Sim, você pode. Também já estou sentindo sua falta.
— Fiz alguns planos para nós hoje. Caso não tenha algo melhor para fazer..
— Eu estou disponível – falo de imediato — Podemos nos encontrar, claro.
— Te buscarei em 40 minutos. Leve Amora.
— Está bem – concordo.
— Até logo.
— Ei, espera! Não vai me falar seus planos?
— Não. Até daqui 40 minutos – diz apenas desligando o aparelho.
— Desligou na minha cara, acredita? – exclamo para minha avó em tom de divertimento.
— Irão sair hoje?
— Sim. Ele não me disse onde, mas estou curiosa – digo com um sorriso largo — Ele me buscará em 40 minutos e pediu para que eu leve Amora.
— Quarenta minutos passam voando! – exclama a mais velha — Vá se arrumar que vou dar um banho rápido na cachorra – Me levanto em um pulo e dou passos largos até o banheiro.
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Caminho com Amora em mãos para não permitir que a cachorra caminhe no chão quente dessa manhã. Avisto o Jeep preto e meus passos asseleram automaticamente enquanto minha mão livre está acima dos meus olhos em uma tentativa falha de livrar minhas córneas dos fortes raios solares.
Abro a porta do automóvel e me acomodo no banco carona, olho para o homem e me surpreendo com o que vejo. Luigi veste bermuda, regata e óculos de sol, fico petrificada enquanto ele pega a cachorra em seus braços e começa a brincar com ela.
— Quem é você e o que fez com meu italiano? – pergunto extasiada.
— Não gostou do meu estilo despojado?
— Eu preciso digerir isso – falo entre risos — Nunca imaginei o grande Luigi Costatini de regata, bermuda e chinelo branco.
— Ah, não ficou tão ruim, vai – exclama ele com o sotaque mais puxado que o normal dando de ombros.
— Pode finalmente me falar o que vamos fazer hoje? – questiono — Depois de o ver assim fiquei ainda mais curiosa.
— Nós vamos a praia!
— Praia?
— Sim – fala enquanto deposita beijos na cadela — Não gostou da ideia?
— Eu amei – uma felicidade se espalha por mim ao vê-lo de uma forma tão casual e intimista — Mas você não me avisou, eu não trouxe biquíni, toalha e...
— Tudo que precisa está naquela sacola no banco de trás – exclama e eu dirijo meu olhar a sacola branca — Hoje o dia será todo nosso. Meu, seu e da Amora.
Abraço o homem assim que ele termina suas palavras, ele retribui tomando cuidado para que não apertemos a cachorra que permanece em seu colo.
— Obrigada – agradeço desfazendo nosso abraço e depositando um beijo em seus lábios.
— Isso não é nada perto do que você merece.
Sorrio para o homem e a cachorra começa a pular em seu colo, interrompendo nossa transe.
— Amora está com pressa – exclama o italiano tirando de mim uma leve gargalhada.
Tiro-a do colo dele e seguimos, o percurso relativamente longo até uma das cidades vizinhas torna-se curto com nossos entusiasmo. Conversamos durante todo o caminho e quando menos espero já consigo me deslumbrar do litoral capixaba.
Assim que chegamos no destino abaixo a janela do carro e sinto a maresia pairar sob meu colo, o mar está calmo e se contrasta com o branco da areia.
O fato de ainda ser quarta-feira faz com que a praia esteja vazia e sinto como se hoje ela pertecensse apenas a nós três.
O homem estaciona o carro e enfim descemos. Amora está em meus braços enquanto ele pega a sacola branca no banco traseiro. Olho para o mar a minha frente e sorrio, sinto Luigi pousar seu braço em minha lombar e um arrepio se espalha por toda minha espinha.
Ele está andando junto a mim, em um lugar público. Estamos nos portando como qualquer casal normal faria e isso me traz uma felicidade inimaginável.
Sentamos em uma mesa de madeira fincada na areia, o italiano me dá a sacola e eu me dirijo até o banheiro do quiosque próximo a nós e coloco o biquíni. Me visto calmamente colocando o short para tampar a parte inferior e a parte superior permanece apenas de biquíni.
Saio do estabelecimento um pouco envergonhada, com os braços envoltos no busto enquanto caminho de volta para mesa.
Amora está na sombra da areia deitada enquanto Luigi segura sua coleira mesmo com a cachorra imóvel. Quando me aproximo o italiano parece notar minha presença e então dirige seu olhar a mim, me sento ao seu lado e me surpreendo quando suas mãos desfazem o aperto que fiz com meus braços sob meu colo.
— Tire esse short, não se cubra dessa forma. Você está linda.
— Tenho um pouco de vergonha quando se trata de trajes de banho – justifico.
— Não precisa se sentir assim, há praticamente só nós aqui – fala na tentativa de tranquilizar-me — Além disso, você é perfeita, seu corpo é lindo. Porque não dá a oportunidade a meros mortais de contemplar uma coisa tão bonita e única?
Me sinto corar com as palavras proferidas pelo europeu, suas mãos repousam em meu rosto e ele aproxima nossas bocas me dando um beijo terno e depois se afasta gradativamente.
— Vá tomar um banho de mar..– diz enquanto ainda acaricia meu rosto.
— Agora não estou com vontade.
— Eu sei o quanto aquele mar está sendo convidativo para você – solto um riso leve e ele continua — Minha sereia ama nadar.
— Vem comigo..– peço.
— Me de o prazer de te deslumbrar molhada de águas salinas daqui.
— Está parecendo Shakespeare – exclamo em um tom sarcástico.
— Você me inspira.
Me levanto e tiro meu short, deposito mais um beijo nos lábios do europeu antes de livrar Amora da coleira e solta-la na areia.
Corro em direção às ondas e a cachorra me segue, pego-a no colo assim que entramos em contato com a água e então começo a me banhar junto a ela.
A cachorra parece eufórica, seu rabo se balança enquanto as ondas se batem contra nós.
Amora cresceu muito desde que a peguei e não é mais aquela pequena filhote, e desde que ela entrou para minha vida é muito feliz, mas não tanto como está sendo hoje. Com o peso a cadela escapa de meus braços e para minha surpresa assim que cai sob o mar começa a nadar sozinha em direção a areia, então ela corre até Luigi e eu a sigo. Assim que se aproxima do italiano Amora pula em seu colo molhando-o e sujando o homem com a areia o que me faz gargalhar compulsivamente.
— Não quis ir conosco. Ela se vingou por nós duas – zombo.
— Vocês são más – exclama enquanto tenta tirar a areia de seu corpo e eu continuo a rir.
Estendo uma toalha no chão que havia na sacola que o homem providenciou e me sento nela, logo Luigi vem e se posiciona do meu lado enquanto a cadela permanece deitada agora na sombra por debaixo da mesa.
— Daqui aproximadamente 15 dias precisarei viajar e ficarei longe por um final de semana – a informação faz meu coração se apertar.
— Viajar? A trabalho? – pergunto tentando manter a naturalidade.
— Sim.
— Com quem? – questiono engolindo seco.
— Com você.
— Comigo? – imediatamente um sorriso se forma em meus lábios.
— Um amigo dono de uma agência entrou em contato comigo para perguntar quem era a linda modelo desconhecida que fechou o desfile da Vita – prendo meus olhos no homem prestando atenção em cada uma de suas palavras — Eu coincidentemente sabia que ela se chamava Lorena Fernandes e ele tratará de entrar em contato com ela o mais breve possível.
— Meu Deus.. – exclamo boquiaberta.
— Quer contrata-la para fechar um desfile na cidade na qual eu surpreendentemente tenho negócios para resolver. Podia mandar um subordinado, mas nunca tive tanta vontade de estar naquele lugar.
— Fechar um desfile? – o fôlego parece fugir de mim enquanto tento digerir tudo que acabei de escutar — Um final de semana todo com você?
— Não gostou? Eu achei que..
— É perfeito! – pulo em seu colo derrubando seu corpo na areia juntamente com o meu — Podemos sair pra jantar? Ver filme? – falo freneticamente ansiosa com as informações que acabo de receber — Vamos poder dormir juntos? Juntos mesmo.. tipo.. juntos?
— Sim, vamos fazer isso tudo e o que mais você quiser.
Solto um grito eufórico dando vazão a toda a felicidade que me consumiu, Luigi ri da minha reação e eu começo a depositar beijos em sua boca.
— Obrigada por apesar de tudo me fazer tão feliz – falo olhando-o nos olhos.
— Amar você é uma das melhores coisas que já me aconteceu – responde o homem me dirigindo o mesmo olhar.
O abraço forte ignorando a alta temperatura da areia abaixo de nós.
O som do mar é a música que embala as emoções que sinto em estar aqui ao lado dele em um dos melhores momentos que já vivi.
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Demorei, mas voltei!
Votem e comentem muitão o que estão achando.. isso é mto importante pra mim.
Estou em uma rotina nova que está me matando... trabalhar, estudar e escrever não é fácil gente, mas amo tudo isso que citei e não abrirei mão de nada! 😍
Um beijo e até logo. ❤