▪︎ quarantaquattro

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• flashback on •

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flashback on

Ao andar pela rua percebo os olhares sob mim, abaixo a cabeça me sentindo fracassada por não conseguir andar na rua sem me sentir envergonhada.

Já se passaram sete meses, sete meses que não o vejo e sequer tenho notícias dele. O telefone consta como indisponível, o apartamento que morava está vazio e hoje simplesmente não tenho noção de onde possa estar.
Já passou pela minha cabeça procurar um de seus filhos, ou talvez aquele amigo que trabalhava com ele, mas não tenho coragem, os encarar depois de tudo que aconteceu é uma missão impossível para mim e nesse momento tudo que menos preciso é me sentir pior.

"Luigi Costatine traiu sua esposa com uma menina que tem idade pra ser sua filha"

O assunto se espalhou por toda região, precisei trancar a faculdade por não conseguir mais suportar os cochichos e os olhares que eram lançados em minha direção e além disso a barriga cresceu rápido demais o que fez com que tudo ficasse ainda mais pesado de para mim. Além de amante do Luigi Costatine também me tornei mãe de um filho considerado bastardo fruto de uma infidelidade cruel.

Chego em casa e dou um sorriso fraco ao meu pai, Vicente está sentado no sofá enquanto minha mãe e minha avó estão na cozinha preparando o almoço. Amora vem em minha direção, sorrio para a pequena cadela enquanto ela pula alegre solicitando por um colo, tento me abaixar mas logo desisto, a barriga grande me impede de fazer movimentos antes considerados normais para mim e em mais uma frustração me jogo no sofá.

— Como foi a caminhada? – questiona Vicente passando o braço por detrás da minha nuca.

— Péssima – afirmo — Mal consigo andar, fora os olhares que me lançam.

— Mas mesmo assim precisa continuar, o médico disse que é importante tomar vitamina D e também para que se sinta mais relaxada.

— Eu pareço mais relaxada? – o rebato.

— São hormônios da gravidez – exclama calmamente — Irei procurar alguns incensos que irão te ajudar.

— Eu não aguento mais – falo tentando me acomodar melhor no sofá — Não consigo sequer abaixar para pegar minha cachorra, as pessoas são cruéis e não respeitam minha condição. Que inferno!

— Cuidado com a língua Lorena! – minha vó aparece no cômodo repreendendo-me — Filho é uma benção e suas palavras tem poder.

— São uma benção quando desejados e quando não são abandonados pelo pai.

— Ele não abandonou a filha, sequer sabe da existência dela.

— Luigi desapareceu a sete meses, será mesmo que não sabe? A cidade toda só fala disso a meses – falo entredentes — Não o defenda vovó, vou ter que cuidar desse bebe sozinha nessa cidade maldita com minha filha crescendo e ouvindo que é uma bastarda.

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