blue boy, gilbert blythe

By msattu

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Me perdi em meio as suas palavras, reparando na forma em que seus olhos se comprimiam quando dizia algo. Ador... More

.𝐁𝐋𝐔𝐄 𝐁𝐎𝐘
.𝐂𝐇𝐀𝐑𝐀𝐂𝐓𝐄𝐑𝐒
𝟎.𝟎𝟎 'uma viagem de barco
𝟎.𝟎𝟏 'daniel pilpert
𝟎.𝟎𝟐 'uma mulher elegante
𝟎.πŸŽπŸ‘ 'joseph e sally templeton
𝟎.πŸŽπŸ’ 'bonito, mas meio triste
𝟎.πŸŽπŸ“ 'torta de maçã
𝟎.πŸŽπŸ” 'acidente
𝟎.πŸŽπŸ• 'o que diabos Γ© isso?
𝟎.πŸŽπŸ– 'garotos
𝟎.πŸŽπŸ— 'vocΓͺ Γ© um idiota
𝟎.𝟏𝟎 'flutuando
𝟎.𝟏𝟏 'pantomima
𝟎.𝟏𝟐 'mar
𝟎.πŸπŸ‘ 'janela
𝟎.πŸπŸ“ 'a primeira parte da festa
𝟎.πŸπŸ” 'a festa
𝟎.πŸπŸ• 'algo azul...
𝟎.πŸπŸ– 'consegue me ver casando com alguΓ©m?
𝟎.πŸπŸ— 'latente
𝟎.𝟐𝟎 'confuso
𝟎.𝟐𝟏 'coisas estranhas
𝟎.𝟐𝟐 'uma parÑbola sobre um conto de abril
𝟎.πŸπŸ‘ 'espere por mim
0.24 'deverΓ­amos nos casar
𝟎.πŸπŸ“ 'romance ligado ao fracasso
kind witch; ato dois
1.00 'apenas diga
𝟏.𝟎𝟏 'sobre palavras arredias
𝟏.𝟎𝟐 'dizendo
𝟏.πŸŽπŸ‘ 'sobre coisas que queimam o Γ’mago
𝟏.πŸŽπŸ’ 'respostas seguras
𝟏.πŸŽπŸ“ 'senti saudades de vocΓͺ
𝟏.πŸŽπŸ” 'mary
𝟏.πŸŽπŸ• 'cartas & abraΓ§o
𝟏.πŸŽπŸ– 'aula na floresta
𝟏.πŸŽπŸ— 'danΓ§a
𝟏.𝟏𝟎 'beltane
SAUDAÇÕES, AMIGOS (detalhes importantes, casamento e um quase hot)

𝟎.πŸπŸ’ 'violino

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By msattu

.realmente, eu não gosto da natureza humana a menos que esteja toda temperada com arte

pessoas não deveriam se acostumar com absurdos como esse
1

estou indo embora, querida. toronto me aguarda. me visite quando quiser, ames. você sabe o endereço.

katty.

O bilhete caiu de minhas mãos em direção à escrivaninha. A semana passou e com isso as aulas voltaram. Katherine partiu dias atrás e já estava morrendo de saudade de sua presença e dos cabelos ruivos esvoaçantes. Voltou para sua cidade natal, em algum lugar no leste de Toronto, e deixou para nós beijos e abraços e lamúrias. Ela fazia falta.

Eram sete da manhã quando me levantei e encarei o papel de cartão novamente. Com falta de ânimo para me levantar da cama, que naquele instante era tão confortável, comecei a devanear.

Pensava em como o feriado havia sido agradável: Gilbert me beijou tantas vezes na noite de véspera de natal que comecei a sentir falta do gosto doce de seus lábios. Eles eram tão macios e convidativos. E Blythe era tão gentil e educado e inteligente e bonito - nessa mesma ordem - que me derreti ali mesmo. Entreguei seu presente na tarde do dia vinte e cinco - a reação foi divinamente fofa - e ganhei, em troca, um arco de violino.

Céus, ele havia se lembrado.

- Toque para o mundo, Amélia.

Anne me entregou biscoitos deliciosos e lhe presenteei com um dos clássicos de Jane Austen - Orgulho e Preconceito -, pedindo apenas para que absorvesse o calor das palavras de Elizabeth Bennet e imaginasse a dança cruelmente linda entre ela e o senhor Darcy. Creio nunca tê-la visto tão feliz quanto naquele momento, faltava sair pulando por Avonlea. E aquilo me deixou tão feliz, que fiz questão de ressaltar o quão lindo era o seu sorriso. E a Shirley de bochechas coradas se autodeclarou a garota mais extasiada da ilha.

- Levante-se, Mélia! - Evangeline invadiu o quarto, vestida com lindas vestes amarelas, cantarolando o meu nome repetidas vezes. De certo que, com todo o orgulho que sinto em relação a minha irmã, seu humor matinal era a coisa que mais me chamava atenção na pirralha. Ela conseguia ser a pessoa mais feliz do mundo e mesmo assim não irritava à ninguém. Elétrico e mesmo assim contagiante. - O dia está lindo, não acha?

As cortinas foram abertas com brutalidade. Ignorei todos os elogios que um dia fiz àquela criança intrometida. Em instantes, eu a odiei por adentrar o quarto e trazer a luz solar junto consigo.

- Não acho que vou para a escola hoje - reclamei. Puxando a coberta mais para cima, fingi tossir. - Estou doente.

Eva, com seu gênio forte, puxou o tecido que cobria o meu corpo e me encantou com um sorriso maldoso.

- Nem eu, que sou criança, caí no seu papo. - ela riu e voltou a saltitar pelo quarto. A sapatilha preta fazia barulho na madeira escura do piso. - Vamos, levante! Tem torta de maçã na cozinha.

Torta de maçã me faz lembrar dele, pensei. Droga.

Palavras feias seriam incrivelmente adequadas nesse instante. E eu xingaria todo mundo apenas para contradizer meus sentimentos.

Vesti qualquer roupa e me encarei no espelho. Meu rosto estava vermelho e as olheiras pareciam maiores. Perguntei-me porque me sentia tão acabada.

- Meu Deus. Eu odeio essa época do ano! - desci as escadas e entrei na cozinha. Meus pais conversavam animadamente sentados ao balcão, discutindo algo que eu entendi como "botas de inverno são o último assunto em Nova Orleans!". Chato. Muito chato.

Talvez a causa do meu mal humor devesse ao fato de Joseph não estar em casa. Ele e Sally viajaram para a antiga casa, em Chelton, e voltariam apenas no final dessa semana. E era muita estranho passar esses dias sem ele, porque Joe era a melhor pessoa da Ilha e era o único que tinha o poder de me fazer rir em momentos como esse; o tempo passava ridiculamente devagar sem suas piadas desconexas.

- Cruzes, Amélia! - papai abanou as mãos em minha direção e me lançou um sorriso. Humores opostos: ele estava tão feliz que me fez querer sorrir de volta. - Pra que tudo isso, querida?

Eu amava quando me chamavam de querida.

- Estou tão cansada - fiz drama enquanto me jogava na cadeira. - Quanto tempo para finalmente terminar os estudos e não precisar fazer mais nada?

- Case-se com um homem de rico, simples. Arranje posses e apenas cuide da casa.

A careta desgostosa em meu rosto o fez rir.

- Eu serei o meu próprio homem rico, papai.

À frente, uma enorme torta de maçã me esperava. O cheiro estava tão bom que encheu minha boca de saliva. E o gosto, Deus do céu, melhor ainda. A massa derretia na boca e o recheio estava tão docinho que pareceu grudar nas minhas papilas gustativas. E eu passaria horas descrevendo as milhões de sensações que um simples pedaço me proporcionou, mas estava atrasada demais para isso.

Evangeline ia, sempre, com papai. Era caminho para o seu trabalho-hiper-secreto e ela não precisava ir tão cedo quanto eu. O que era ridiculamente injusto, se considerássemos que eu seguia o mesmo caminho, todas as manhãs, a pé.

Minha irmã tinha razão: estava mesmo parando de nevar. O chão continuava liso e escorregadio, ainda que não fizesse tanto frio quanto antes. As árvores ainda carregadas de gelo, e as flores voltavam a crescer em seus troncos. Eu podia não gostar da maior parte das pessoas daqui, mas amava, com todo o meu coração, a paisagem absurda de linda da ilha.

Só era extremamente entediante caminhar sozinha. Anne e Diana moravam do outro lado e nossos caminhos só se encontravam quando estávamos passos pertos da casa escolar. Gilbert e os Andrews - esses últimos que comecei a ignorar desde o incidente da pantomima - eram os únicos que cruzavam o meu trajeto; mas Gilbert começou a chegar cada vez mais atrasado e eu realmente não gostaria de conversar com Billy.

- Amélia! - no susto, dei um pulo e me virei para trás. Era Priscila, eu acho, que vinha desacompanhada. Correndo em minha direção, ela me sorriu e parou ao meu lado. A cumprimentei e voltei a andar. - Eu queria me desculpar... pelas palavras da minha mãe. Ela se diz progressista, mas não está apta a mudanças.

- Não, tá tudo bem - sorri. - Não é a primeira vez que eu escuto algo assim, estou acostumada. Não se preocupe.

Em um ato desprevenido, ela pegou em minha mão e me fez parar no lugar.

- Esse é o problema. As pessoas não deveriam se acostumar com absurdos como esse. - As palavras me deixaram paralisadas. Era isso. Era isso que eu queria escutar. - Sente-se comigo hoje.

profissões, festas e feitiços

2

- Eu tenho uma ética professional muito forte, senhor, e eu achei a minha vocação - Gilbert conversava com o senhor Philips, gesticulando com as mãos e o seguindo com os olhos. O encontrei na entrada da escola; me deu um beijo na bochecha e perguntou como eu estava antes de abrir a porta e seguir em direção ao professor. - Faculdade de medicina, senhor. Então estava esperando que o senhor pudesse me oferecer ajuda extra, além da classe. Para que eu consiga, então, compensar o tempo que eu perdi.

A cara que o Bigodudo fez foi impagável. Parecia tão bravo com o que acabara de ouvir, que nem ao menos se esforçou para disfarçar. Seu olhar se dirigiu para Prissy, que agora conversava com as outras meninas mais velhas. Ela sorriu para ele e eu me perguntei o que ela via naquele professor.

- Será uma chance para mostrar aos outros que estão errados quando dizem que o senhor não se importa muito com os alunos. - Um "uau" escorreu por entre meus lábios. - Eu só peço uma pequena parte do seu tempo, senhor.

- É só isso? Meu tempo? - eu sabia que ele diria algo ridículo nós próximos segundos. - Me diga, seu pai deveria, simplesmente, doar as suas colheitas porquê alguém as quer? Porquê alguém acha que merece? Ele não deveria. Tempo é dinheiro, senhor Blythe.

- Meu pai está morto, senhor.

A voz de Gilbert foi alta o suficiente para que todos da sala dirigessem as atenções aos dois. Onde estava, continuei, apesar de desejar bater na cara do professor Ignorante.

- Eu sei, mas... a metáfora ainda funciona.

Gilbert saiu apressado de perto de sua mesa e se sentou emburrado na cadeira. Sussurrei um sinto muito por isso quando passei por perto dele, que sorriu sem graça e disse que estava tudo bem.

Mas não estava. Os adultos de Avonlea não tinham capacidade o suficiente para medir a força de suas palavras?

Anne me puxou pelo braço naquele exato momento, me fazendo sentar ao seu lado. Uma Diana entrou apressada e impaciente e se jogou no banco de madeira. Elas estavam ansiosas em relação a festa de tia Josephine - dias atrás, nós três recebemos cartas-convites para uma festança de inverno na casa da mesma.

- Aonde estava? - Anne perguntou para a morena. - Eu esperei.

Diana bufou e nos encarou tentando demonstrar sua raiva.

- Meu pai está resfriado. Nós também não vamos à festa da tia Josephine.

Eu não iria porque meus pais não conheciam-na e não confiavam em mim o suficiente para ir sozinha (lê-se desacompanhada de um garoto) e Joe não poderia ir comigo por ter trabalho na fazenda. Para Anne, Marila acreditava que festas não eram lugares para crianças, então não a deixou ir.

- Isso é tão injusto! - reclamei.

- O que? Mas... - O professor interrompe o raciocínio da Shirley, mandando-nos cada um para seu lugar. Fui até o fundo da sala e me sentei ao lado de Priscila, que me recebeu com um olá caloroso.

Encarei Cole. Como todos naquele dia, ele estava deprimido. Havia retirado o gesso do braço dias atrás, mas, pelo que me disse, o dom havia sido retirado junto. Aparentemente, ele acreditava firmemente que não voltaria a desenhar bem, nunca mais. E isso era tão triste que eu ao menos sabia o que dizer; então, num momento de desespero, contei a ele a mesma coisa que disse a Joseph, na esperança de o animar. A resposta foi simples e me fez sorrir:

- tem como fazer um de seus feitiços e simplesmente trazer o meu talento de volta?

für elise
3

As meninas haviam bolado um plano infalível, segundo Anne, que se resumia em convencer os meninos a nos acompanhar até a festa de tia Josephine (teríamos se arranjar três; Cole já havia concordado, minha missão era fazer com que meus genitores liberassem Joseph. Diana arrumaria alguém). Nós o colocaríamos em prática na minha seguinte.

Enquanto isso, eu teria de esperar meu melhor amigo contar de Chelton.

Minha mãe conversava animadamente com meu pai na sala. Eles estavam com tanto bom humor que já estava começando a ficar irritada. Quem diabos consegue ficar tão feliz no início da semana? Tomavam café na sala de estar e, cantarolando Gloria, se dirigiram a mim:

- Amélia, querida, toque algo para nós.

É engraçado pensar que papai ao menos sabia que meu arco havia se partido ao meio, ou que eu havia ganhado outro semanas atrás. Nenhum dos dois sabia, e isso me deixava brava. Ainda que não fizesse um pingo de sentido; eu só queria que eles prestassem mais atenção as coisas que aconteciam a minha volta. E mesmo assim, subi as escadas e peguei o violino.

Tocando Für Elise, reparei na madeira do arco. Marcada de caneta permanente, reconheci a letra redondinha no exato momento em que meus olhos pararam na escrita. E aquilo me fez sorrir tanto.

toque o mundo do mesmo jeito que tocou meu coração.

blue boy vai sair do hiatos no final dessa semana, gostaram?
e eu vou tentar atualizar mais cedo, em horários como esse, ao invés da madrugada.

deve ter alguns erros, eu prometo corrigir mais tarde.

obrigada por ler. até depois.

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