𝟏.𝟎𝟐 'dizendo

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.junte todos os pedaços que for encontrando

junte todos os pedaços que for encontrando

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gostaria de poder te beijar

1

— Você sabia que — Oli havia acabado de entrar em meu quarto. Estava fazendo as malas quando ouvi o barulho da porta abrindo, esta que eu sempre deixava destrancada pelo começo da noite, anunciando sua chegada. Ele não olhou em volta, muito menos percebeu o quão ocupada eu estava, apenas encarou uma das pilhas dos livros franceses e não tardou a continuar: — se afogar em água salgada é diferente de se afogar em água doce? Demora muito, e ela puxa o sangue das células para os pulmões. Você, basicamente, se afoga no próprio sangue.

Não era como se eu não estivesse acostumada com as suas milhares de informações esquisita — Oliver vinha me contando sobre coisas inimagináveis desde que nos tornamos amigos —, porém ainda me surpreendia com a capacidade que ele tinha de mastigar as palavras e as jogar de uma vez. Ele, que com o tempo vinha perdendo o sotaque, falava tão rápido quanto Anne Shirley. Se juntasse os dois, acontecimento engraçadíssimo em minha opinião, seria impossível interrompê-los.

Desta vez eu estava preparada!

— São dez minutos de pura dor — finalizei, soltando um risinho sem graça. Água doce, água salgada, me remetiam ao poema de mamãe, que me remetia ao mar. E o mar, em questão, se tornava praia e me fazia lembrar de Gilbert Blythe.

Gilbert Blythe e sua maneira esquisita de me arrastar até a água. De dizer que se ele era louco, podíamos ser loucos juntos. De ficar tão bonito mesmo sem os suspensórios e os botões da camisa abertos. De me abraçar e me jogar contra a maré congelante. Gilbert Blythe e sua risada suave enquanto nadava. Seu riso, seus olhos. Gilbert Blythe e seu sorriso bonito, certeiro e devastador que me corroía a alma e me matava durante a noite. Gilbert Blythe e suas mãos em minha cintura. Seus dedos grandes e finos sobre o tecido do meu vestido. Suas palavras. O fato de eu me encaixar nele. Gilbert Blythe e o meu primeiro beijo roubado. Beijo este que havia se tornado dele, totalmente.

Mas no que estava pensando? Eu só poderia ser estúpida!

Balancei a cabeça rapidamente, me recusando a lembrar dele.

— Dez minutos? Dessa eu não sabia, você me pegou de surpresa — ele sorriu envergonhado, passando os dedos longos pelo cabelo castanho. Eu deveria me concentrar em Oliver, apenas nele e em seu jeito bonitinho de fingir não notar as coisas. — Tem algo que você não saiba?

— Tem muitas coisas que eu não sei, Oliver.

Coisas que eu tinha o prazer de desconhecer.

— Por isso não gosto de conversar com você — ele diz, bufando. Elliot passa as mãos pelas bochechas rosas, como eu costumava fazer, e se joga na cama. Amava a maneira com a qual as coisas fluíam entre nós. Não tínhamos vergonha um do outro. Era satisfatório. — Você é aquele tipo de pessoa inteligente que não admite isso, é mesquinho.

blue boy, gilbert blytheOnde as histórias ganham vida. Descobre agora