𝟏.𝟎𝟔 'mary

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sem subtítulos nesse porque sofro de falta de criatividade

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.se apaixonar é criar uma religião que tem um deus falho

se apaixonar é criar uma religião que tem um deus falho

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Mary estava muito doente.

Nunca pensei que fosse me importar tanto com uma pessoa que não havia conhecido antes, porém ali estava eu, parada na porta da casa do Blythe e dos Lacroix com uma cesta de biscoitos frescos, uma das pulseiras que minha avó havia me ensinador a fazer e o rosto quente por vergonha.

Eu sabia que não era uma boa hora, mas mamãe me fizera jurar que iria entregar os doces naquela manhã. Me parecia mais difícil fazer isso pela ansiedade e por ter de ir sozinha, mas fui obrigada a vir.

Ela tinha uma, talvez duas semanas de vida e desde que descobrira sobre a sepse — uma doença causada por infecção no sangue —, esteve cada vez pior.

Minha família tentou ajudar no que pode. Papai cuidava de Delphine sempre que precisavam ou quando a família de Anne não conseguia o fazer e às vezes saia mais cedo de seu trabalho para ajudar Bash e Gilbert com tarefas da fazenda, já minha mãe se encarregou de fazer compras no mercado e se dividia com a senhorita Cuthbert em relação a cozinha. E eu não fiz nada além de trazer uma cesta de biscoitos.

A morte nunca me assustou. Mas a doença sim. Devia ser por isso que travei na entrada e não consegui bater na porta.

Se Katty estivesse ao meu lado agora, ela provavelmente diria algo como "você está parecendo uma maluca, Ames. Pare de tremer" e então apertaria meus ombros e tudo ficaria bem.

Mas ela não estava e nada ficaria bem, e isso me deixa nervosa porque estava morrendo de medo de dizer alguma besteira que pudesse fazer Mary ou qualquer outra pessoa que estivesse presente naquele momento me odiar.

Vi Bash e Gilbert saindo do celeiro e me virei na direção deles como se tivesse acabado de chegar, e não ficado parada na frente da casa deles por quase dez minutos. Não consegui sorrir e sei que não deveria, então acenei para eles até que estivessem ao meu alcance.

Sebastian bateu em minha cabeça em um gesto quase fraternal quando estávamos perto o bastante.

Foi a primeira vez que o vi em meses e ainda assim soube dizer que a felicidade que ele tentou esboçar não escondia a falta de brilho e a tristeza nóxia escancarada em seus olhos castanhos. As olheiras eram novas e ele até mesmo parecia um pouco mais incurvado do que o normal. Ele tinha o rosto inchado de quem chora com frequência e as pálpebras caídas. Quis abraçá-lo, mas sabia que isso apenas deixaria tudo pior.

blue boy, gilbert blytheOnde as histórias ganham vida. Descobre agora