.a distância é curta quando se tem um bom motivo
pedidos de casamento
1Papai estava pensando em viajar para a Europa novamente. Dizia estar empolgado com as paisagens exuberantes da França — lugar o qual nunca visitamos antes —, e até me presenteou com um livro de imagens. Nele, deus do céu, várias imagens de esculturas e pinturas presentes no Louvre e da gigantesca construção da Torre Eiffel foram o estopim para que eu percebesse que Paris era divina.
No entanto, mãe não queria ir; sabia que se gostasse do lugar, jamais teria vontade de voltar para a claustrofóbica Avonlea — e ela estava se acostumando com a cidadezinha. Então eles dois discutiram, e estavam sem conversar há exatos três dias.
Ficou decidido que ele iria, e se eu quisesse, poderia ir também.
Era engraçado assistir às trocas de farpas, ainda que fosse irritante ter de lidar com dois adultos com comportamentos infantis.
Foi sobre isso que Joseph e eu conversamos enquanto voltavámos de Charlottetown. Passando por uma das pontes de White Sands, ele perguntou:
— Você quer ir?
— Não tenho tanta certeza, Joey. Acho que vou. Sinto que as pessoas daqui ainda não se acostumaram comigo ou com qualquer outra pessoa da família; respirar novos ares seria algo bom. E não será por tanto tempo assim. Talvez fiquemos um mês. Ou seis. Não sei.
— Será solitário sem você.
— Não é como se você não tivesse o Cole.
Templeton riu e continuou a guiar Jake, o cavalo. Apertei sua cintura e puxei o vestido mais para baixo — eu definitivamente sentia saudade das calças — enquanto cavalgávamos com as compras até Blue Fences, nossa casa.
White Sands ficava linda nessa época do ano. O senhor Slone, pai de Charlie, tinha um enorme jardim em frente ao quintal de casa; as flores estavam cobertas de neve. A senhora Slone estava sentada no balanço; coberta de um enorme casaco, tricotava algo parecido com um suéter quando passamos. Ela acenou para nós.
— Você acha que o casamento da Prissy e do senhor Phillips vai durar?
Mamãe me ensinou a não falar sobre o relacionamento alheio, mas era impossível não discutir sobre o estranho namoro dos dois. Era o assunto mais comentado de Avonlea; senhora Lynde, em uma de suas inoportunas visitas, disse à minha genitora que Priscila largaria os estudos para se tornar uma boa dona de casa e cuidar de seu marido. Porquê é isso que mulheres têm que fazer. E depois de suas muitas falas ridículas — você deveria alisar o cabelo, querida —, ela elogiou o bom trabalho do professor e disse que seria a nossa porta voz, uma vez que a família Leconte não estava completando inclusa na sociedade.
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blue boy, gilbert blythe
FanfictionMe perdi em meio as suas palavras, reparando na forma em que seus olhos se comprimiam quando dizia algo. Adorava passar aquele tempo com ele, porque eu o enxergava de verdade - através dos seus olhos, como mamãe diria -; via alguém além do garoto tr...