𝟏.𝟎𝟗 'dança

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.se você quiser conhecer a alma dele, olhe para onde ele encara quando sorri

se você quiser conhecer a alma dele, olhe para onde ele encara quando sorri

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"e um e dois e três e quatro"

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A manhã seguinte chegou mais rápido do que eu esperava.

Como dito por algumas das meninas na aula passada, o dia letivo seria inteiramente dedicado a um ensaio para a dança de um festival que ocorreria na ilha em alguns dias. Não que eu estivesse nervosa — realmente não estava —, porém a ideia de ter de dançar em grupo me pareceu extremamente assustadora.

Eu adorava dançar. Gostava de como meus pés pareciam seguir seus próprios passos quando ouvia uma melodia de meu agrado. Era gostoso fechar os olhos e absorver as notas musicais, fingir que eu era a única pessoa presente no local — o que costumava acontecer. E eu já havia feito isso aquela vez na festa de Tia Josephine, quando fingi que Gilbert e eu éramos Darcy e Elizabeth. Mas, meu Deus, por que raios eu estava tremendo tanto apenas com o simples pensamento de repetir passos marcados?

Para minha sorte, Joseph parou ao meu lado no semi-círculo formado pela senhorita Stacy e encaixou seu braço na curvatura do meu pescoço, esfregando meus cabelos com o punho numa espécie de carinho-bruto.

— Como prometido, hoje vamos ensaiar para a dança da feira. — Para se ter noção, eu nem ao menos fazia ideia de que teria uma feira em Avonlea. A professora apontou para o casal ao seu lado e continuou com um sorriso de canto: — O senhor e a senhora Lynde concordaram em nos ajudar nessa empreitada.

A porta, de repente, se abriu e mais umas três pessoas adultas (dois homens e uma mulher) fizeram seu caminho até o centro da sala. Senhorita Stacy parecia ainda mais surpresa do que nós, como se não tivesse conhecimento da chegada deles.

— Já que The Dashing White Segeant precisa de um conjunto de seis, trouxemos reforços. — a forma com a qual a senhorita Lynde explicou foi engraçada, uma vez que é óbvio que planejou tudo sozinha e que seu marido não tinha nada a ver com isso. A essa altura, não havia uma alma sequer que não soubesse que ela estava, há semanas, tentando arrumar um pretendente para nossa professora. — Você se lembra do meu filho?

O homem mais novo ficou de frente para a senhorita Stacy, tirando o chapéu em um gesto de respeito. Era incrível a semelhança entre ele e sua mãe, quase como se fossem gêmeos em roupas diferentes. Teria rido se a situação não parecesse desconfortável para a professora, quase humilhante e forçada.

— Sim, claro — não pude ver sua reação, uma vez que havia se virado para cumprimentar os recém chegados, mas, pelo seu tom de voz, tive a impressão de que estava forçando simpatia. 

— É muito bom revê-la — ele disse, com um sorrisinho envergonhado no rosto. Ele tinha as mãos fechadas ao lado do corpo como uma criança tímida que é obrigada a se apresentar para alguém. E o pior: parecia acreditar mesmo que tinha uma chance com a mulher. Coitado.

blue boy, gilbert blytheOnde as histórias ganham vida. Descobre agora