Cada Vez Mais

By AMaySousa

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O mundo de Emilia Calton não acabou depois de descobrir a traição do namorado com uma de suas melhores amigas... More

Epígrafe
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte & Um
Vinte & Dois
Vinte & Três
Vinte & Quatro
Vinte & Cinco
Vinte & Seis
Vinte & Sete
Vinte & Oito
Vinte & Nove
Trinta
Trinta & Um
Trinta & Dois
Trinta & Três
Trinta & Quatro
Trinta & Cinco
Trinta & Seis
Trinta & Oito
Trinta & Nove
Quarenta
Epílogo
★Agradecimentos★

Trinta & Sete

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By AMaySousa

Sinto os braços dele ao meu redor antes de acordar completamente. Chego mais perto do corpo quente de Antony, meu rosto enterrado na curva de seu pescoço. Eu inspiro o cheiro dele ali. Meu nariz deslizando suavemente pela área.

Ah, eu não quero abrir os olhos nunca mais. Não quero levantar e encarar o dia. Por mim, permaneceriamos deitados aqui o fim de semana todo, e pouco me importa agora se meus pais ou Kaila aparecessem.

Antony se move abaixo de mim quando beijo logo abaixo de sua orelha. Ele me puxa para mais perto e sinto-o beijar minha testa.

— Bom dia — ele diz contra minha pele, e logo se afasta, saindo da cama.

— Bom dia.

— Como está se sentindo?

— Estou bem.

Ele me avalia com cautela, percebo, mas estou decidia a não deixar a noite de ontem estragar o nosso dia.

— Podemos ir ao Sarita tomar café — digo enquanto me sento, passando a mão pelos meus cabelos bagunçados. — Eu não estava mentindo quando disse que meu café era péssimo. Mas posso ver se tem outra coisa por aqui também. Você decide.

— Eu faço o café, não tem problema.

Nisso, ele me dá as costas e deixa o quarto. Desabo na cama outra vez me sentindo um pouquinho rejeitada. Não quero que Antony me trate diferente agora que lhe contei o que tenho guardado. Eu nem deveria ter dito nada. Se Analu não tivesse aparecido e me desestabilizado isso não teria acontecido.

Argh.

Já era ruim o bastante ele suspeitando de que havia algo de errado comigo. Será que isso o faria se afastar de vez? Eu era complicada demais, Antony não iria perder tempo estando comigo.

Solto uma respiração ruidosa. Eu não me surpreenderia se ele fizesse.

Vou ao banheiro minutos depois para me recompor. Antony não me pediu ajuda nenhuma vez, mas pelo cheiro do café acredito que ele tenha se virado bem sem mim.

Quando chego a cozinha, ele está virado para o balcão, tomando café. A camiseta levemente amassada depois de dormir com ela, os fios do cabelo claro bagunçado por ele passar a mão o tempo todo... Não me contenho. Me aproximo até estar colada nele, abraçando-o pela cintura, pressionando minha testa entre suas omoplatas.

Mas ele não se vira, nem me toca, e sinto meu peito apertar.

— Nós temos que conversar sobre o que aconteceu ontem — ele diz, a voz controlada, sem qualquer indicação do que ele esteja sentindo agora.

Eu balanço a cabeça, ainda me segurando a ele.

— Não, não temos.

— Ignorar a situação não faz com que não tenha acontecido.

— Tudo bem, eu sou boa em fingir que não aconteceu. Já faço isso há anos.

— Bom, mas eu não sou — ele diz, se afastando dos meus braços, de mim, e larga a xícara. — Eu não posso te olhar agora e fingir que o problema não existe, quando sei que você não está bem.

Dou alguns passos para trás, as palavras dele são como uma força invisível que me empurram para longe.

— Não preciso que você sinta pena de mim, Antony.

Pena? — ele indaga exasperado. — Você acha que sinto pena de você? Eu estou preocupado.

— Não precisa! — minha voz se eleva. — Vou ficar bem. Ontem a noite foi um episódio isolado-

— Ah, claro — Antony me interrompe, rindo, mas sem nenhum humor. — Como naquele dia na praia? Quando me ligou chorando? Quando teve que deixar a escola?

— Para com isso.

Me escolho em cada uma de suas acusações. Ele está certo, claro que está, mas não preciso que jogue na minha cara.

É a vez dele se aproximar de mim. Antony segura nos lado da minha bochecha, suas mãos são os únicos pontos quentes em meu corpo. Ele espera até que eu consiga olhá-lo nos olhos.

— Você precisa contar pro seus pais, Lia.

— Para quê? — Afasto as mãos dele para longe. — Para deixá-los preocupados? Isso não importa mais, já faz muito tempo.

— Não vai superar o que houve só porque você quer, Emilia. Se fosse assim, já teria se curado. Você sabe. É desse jeito que quer viver? Numa mente que não te deixa ser livre? Que não te deixa em paz?

— Eu não quero falar disso — eu digo.

— Falar já é um bom começo.

— Pare de agir como especialista! — explodo. — Eu sei como controlar minha cabeça, não precioso que me diga o que fazer.

— Você não tem que estar no controle o tempo todo, Lia. A vida não é assim. Não é errado aceitar ajuda.

— Eu não preciso de ajuda. E quero que você vá embora.

Antony bufa e me viro para deixar o cômodo.

— Meu Deus, você é igualzinha a ela.

Estanco no lugar. Não preciso que ele diga a quem está me comparando. Me viro de volta para ele, mais irritada do que qualquer outra coisa agora.

— Você sabe como é olhar para minha mãe todos os dias e saber que ela vive um inferno? Ver ela sorrindo como se tudo estivesse bem quando tem a porra de uma marca no rosto dela?

É como um soco no estômago. Meu coração dói. Eu quero abraçá-lo, mas também quero gritar com ele, dizer que não sou como ela. Como ele pode nos comparar quando não vivo em um lar abusivo? Quando o que aconteceu comigo não tem nada a ver com a minha família?

— Ambas ignorando o problema... Mas sabe o que é pior? — É uma pergunta retórica, eu sei. Ainda se não fosse, estou longe de encontrar minha voz. — Metade dos problemas dela sumiriam se ela admitisse que meu pai não tem conserto e fosse embora. Não duvido de que ela voltaria a viver assim que ficasse longe daquela casa. Mas você, Lia — ele pausa, me encarando —, não vai melhorar se não buscar ajuda. Não pode fugir da sua cabeça. A sua mente vai para onde você for.

Com isso, Antony deixa a cozinha. A próxima coisa que ouço antes dos meus soluços irromperem mais uma vez, é o som da porta da frente batendo.


A batida na porta me tira do torpor. Estou há horas largada no sofá encarando o teto, sem forças para mover um músculo sequer. Penso em ignorar até a pessoa ir embora, mas um fio minúsculo de esperança dentro de mim se pergunta se não será Antony de volta.

— Lia? —  A esperança some quando ouço a voz de Austin. Me arrasto do sofá para abrir a porta para ele.

Espero pacientemente enquanto Austin vai buscar colheres — eu nunca mais quero entrar nessa cozinha —, para tomarmos o sorvete que ele trouxe.

Ignoramos as taças e tomamos direto do pote. Devoramos metade, antes de eu me perguntar se meu amigo adquiriu poderes telepáticos e soube que eu precisava de distração.

— Qual a ocasião? — pergunto cautelosa. — Que mágoas estamos afogando com sorvete?

Ele pega mais um pouco e coloca na boca antes de falar.

— Flora não falou com você?

— Na última vez que falei com ela, ela estava saindo para te encontrar. Não vejo meu celular desde então. Aliás, por que não contou que queria estudar fora? Ela ficou tão chateada, Austin.

Ele dá de ombros, mas não disfarça que está triste.

— Não foi premeditado, eu juro. Só quis tentar a sorte, e ver no que dava. Não queria criar espectativa em ninguém. Não contei nem para os meus pais. Nem tenho certeza se vou passar. Achei que poderia evitar a conversa desconfortável caso não desse em nada.

— E se você conseguir? Ia contar só quando já tivesse para ir embora?

— Claro que não.

Tomo o pote das mãos dele para pegar mais do sorvete.

— Mas e a conversa? Aposto que não demorou para ela perdoar você.

— Ah, sim. Ela perdoou. Depois terminou comigo.

A colher desliza da minha mão e um pouco do sorvete suja minha camiseta. Encaro Austin com olhos arregalados.

— Como é que é?

— Essa foi minha reação também, acredite.

— Mas vocês se amam! — Largo o sorvete na mesinha e me viro de frente para Austin. — Não podem terminar por causa de uma coisa que ainda nem aconteceu!

— Ela acha que o término será inevitável de qualquer jeito. Mesmo que eu vá para outro estado, não país. Flora não tem fé em nós o bastante para continuar no relacionamento.

— Não, Austin — Eu seguro as mãos dele, como forma de apoio. Não posso acreditar que isso esteja acontecendo. — Vocês podem fazer isso. Ela só deve estar com medo, é normal. Não desista dela, por favor.

— Nunca desistiria. Você sabe que não. Mas se ela não me quizer mais... Não há muito o que eu possa fazer. Não vou forçá-la a me esperar.

Eu o abraço, desejando que ele e Flora consigam se acertar. Mais tarde, quando Austin vai embora, procuro meu celular e encontro algumas mensagens perdidas de Flora. Então ligo para ela.

Pego minha bicicleta e pedalo até o Mama Sarita!, onde marcamos de nos encontrar. Não pretendo comentar nada sobre mim e Antony quando chegar lá. Vou dar total atenção à ela. Como eu disse, sou boa em fingir. Posso muito bem ignorar meu problema e focar no de outra pessoa.

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