As Joias do Infinito

By AnaEspadeiro

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A explosão gerada pelo Big Bang, mudou as coisas no multiverso. Mas, além disso, surgiram 6 gemas com extremo... More

Avisos
Elenco
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capitulo 11
Capitulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capitulo 16
Capitulo 17
Capitulo 18
Capitulo 19

Capitulo 12

152 13 24
By AnaEspadeiro

"O laço que une almas
Transcendo o espaço e o tempo
Ainda que
A vida passe, eu
Aguardo o nosso momento."
–Rap Kimi No Na Wa, Felícia Rock.

~P.O.V. Aaliyah~

Sinto uma rajada de vento contra o meu corpo, mas meus olhos estão fechados, já que meu corpo se encontra em cima de alguma coisa macia. E então, ele começa a cair. Ao invés de abrir os olhos, deixo eles fechados e grito. Mas, não tem som nenhum. Não sei nem se estou numa montanha ou na cidade.

Abro os olhos e estou no meio da Times Square. Olho pros lados e vejo o fluxo tradicional de pessoas nessa parte da cidade de Nova York. Mas, quanto mais eu olho, mais tenho a impressão de que estão andando muito mais rápido que o normal ou estão simplesmente sumindo. Quase me sinto no filme de Matrix, como se todas essas pessoas tivessem sido criadas, e apenas eu fosse real. Pra falar a verdade, quanto mais rodo em 360°, mais penso que não tem ninguém aqui além de mim. No mínimo, estou enlouquecendo.

Então, eu paro em uma única posição e olho pra frente, com a tentativa de focar em alguma pessoa. Mas, quem eu vejo, não está exatamente como é. Parece um formato disforme, ou como se usasse uma capa grande, preta, toda rasgada, que tem um capuz. Chego a conclusão de que é a segunda opção, quando a pessoa mexe na cabeça e abaixa o pano.

A menina é pálida como o dia e tem os cabelos negros como a noite. Sua capa parece um trapo velho, mas suas roupas tem uma qualidade enorme, como se a capa não fosse parte do look. Mas, está presa com ela, como se fizesse parte da mesma. E então, sei exatamente quem ela é, mas já é tarde, pois a mesma começa a correr em minha direção.

Sufoco o grito ao acordar. Olho para o relógio e vejo que são exatamente 3 manhã. Eu, mais do que ninguém, por ser a joia da alma, sei que esse realmente não é um bom horário para se acordar. Principalmente depois de um pesadelos com espíritos e com a própria Morte nele. Sinto minha garganta arranhar de tão seca e decido ir beber água, já que o copo de Renee não é uma opção já que a mesma pode ter pesadelos durante a noite. Mozart continua tocando baixinho na caixinha de música e como sou a única acordada, decido levá-la comigo

Antes de sair do quarto visto um hobby por cima da roupa, pego a caixinha e saio. No Complexo boa parte das suas paredes são de vidro, a luz do luar ilumina boa parte do local e, por isso, só quando chego na cozinha que acendo a luz. Abro a geladeira e pego uma garrafa de 500 ml de água para levar comigo. Quando viro de frente, a imagem que me vem, faz com que eu grite e deixe a garrafa cair. Sorte que é plástico.

–O que você tá fazendo aqui?! –Consigo perguntar.

–Aterrorizando seu pesadelo é uma das coisas.

Me abaixo pra pegar a garrafa, enquanto a Senhora Morte se senta num banco da bancada como se estivesse confortável em um sofá em casa. Vejo sua horripilante aparência normal, mas, de alguma forma, consigo me forçar a ver a aparência do sonho. Fica menos pior dessa forma.

–Queria esclarecer umas coisinhas. –Ela diz. –Deve ter reparado estar com mais energia que o comum sem tirar almas, certo?

—Sim. Você vai me dizer a razão?

—Bom, digamos que eu dei férias aos meus ceifadores. Sendo assim, no turno da noite, é difícil ter alguém pra pegar as almas. Muitas pessoas morrem nesses horários. –Ela fala com naturalidade.

—Agora, além de me preocupar com o fato de que mato pessoas por suas almas, tenho que me preocupar com o fato de que você não faz seu trabalho?

—Você não mata por almas. Mata por sobrevivência.

Antes que eu pudesse responder, escuto passos e olho pro lado. Renee está vindo em nossa direção e me tranquilizo ao lembrar que ela não vai ver a mesma aparência que eu. Mas, a mesma da um grito tão alto, que fico preocupada.

—A Renee mesmo já matou alguém, não é?—A Morte se vira pra ela.

—N-Não sei do que você está falando... —Renee responde a ela. Ela estava tão pálida quanto a Morte em meu sonho.

—Bom, só saberá se contar. –A Morte diz com seu tom irônico de sempre. –Agora vou me retirar!

E do mesmo jeito que ela veio, foi embora na escuridão da noite. Olho pra Renee e ela olha pra mim com os olhos meio esbugalhados. Nenhuma de nós fala nada antes que a mesma siga de volta por onde veio. Não me arrisco a perguntar sobre o que a Senhora Morte estava falando. Ela pode muito bem estar manipulando qualquer situação.

Pego a caixinha de música e a garrafa d'água, voltando para o quarto. Renee está deitada, mas não sei se dormindo ou acordada. Deito na minha cama, mas, duvido que eu vá ter um sono tranquilo de novo, ainda mais quando a Senhora Morte veio até aqui. Só a presença dela já transpassa um medo enorme.

~Horas Mais Tarde~

O despertador toca, me fazendo resmungar. Por mais que meu toque seja "Não Encosta" da Ludmilla, hoje estou totalmente sem ânimo para a música. Ainda mais quando lembro que tenho que ir pra faculdade assistir 2 horas de aula e voltar pra cá a tempo do treino.

Depois de uns 5 minutos, quando a música começa a repetir, levanto da cama, indo tomar um banho. Renee já não se encontra no quarto, deve estar com Phoebe e Eve tomando café da manhã. Ligo a torneira gelada e deixo a água cair em mim, sendo o suficiente para acordar.

Me lembro da madrugada. Foi estranho a própria Morte vir até aqui me dizer que não está fazendo o trabalho dela como deveria. É quase como uma assombração que vem pra lembrar o que realmente precisamos fazer no mundo.

Eu não tinha reparado que minha energia estava se mantendo tanto assim. Simplesmente achava que dormia e recarregava, não sabia que recebia almas durante a noite. Isso explica alguns sonhos estranhos que tive ultimamente. Balanço a cabeça, não querendo pensar nisso, e saio do banheiro. Abro o armário e escolho uma roupa, vestindo-a.

–Bom dia!

Já desiste de gritar quando alguém me assusta nesse Complexo, então só olho pra frente com a mão no coração . Eu tinha acabado de abrir a porta e ali estava o Thomas, parado, como se estivesse me esperando. Mas, sabemos bem que ele estava apenas de passagem.

—Bom dia, Tommy. –Falo. –Obrigada pelo susto do dia.

—Minhas sinceras desculpas, madame.

—Estais perdoado, meu caro rapaz. Avise a todos que fui para a faculdade, por favor.

—Está bem. Ah, o Eddie está aí pra falar com o Bruce, mas quer falar contigo também.

–Edward? –Pergunto confusa.

–Não, não a joia do espaço, to falando do garoto do parque de diversões.

–Ah, sim! Está certo, falo com ele quando voltar.

Thomas vira no corredor, em direção ao refeitório e eu sigo reto, indo pra saída mais próxima. Nunca tomo café da manhã antes de sair daqui, se não na certa vou desistir da ação e só voltar para a minha cama.

Em relação a faculdade, o trajeto do Complexo pra lá é mais longo. Mônica sempre vai cedo pra lá e até da carona para Morgan, Peter, Cassie e Lila, que estudam todos no mesmo colégio. Fico zoando ela dizendo que o emprego dela de motorista é maravilhoso.

Chego na faculdade e me dirijo a cafeteria, apenas para pegar o cappuccino. Não tenho tempo de sentar e apreciar a bebida antes que a aula comece, então vou andando pelo campus. Vejo algumas pessoas conhecidas, e dentre elas, Blair, a namorada do Thomas. Não somos de nos falar aqui e graças a Deus, ela não frequenta o Complexo. Se já ficou lá por 5 minutos, é muito.

–Bom dia, Aaliyah! –Parece que joguei alguma praga no ar, pois olho pro lado e ela está bem ali junto a algumas amigas. Pareciam as Meninas Malvadas versão paródia. Bem ruim mesmo!

–Bom dia. –Digo revirando os olhos escondido. –O que você quer?

–Nossa! Que mau humor para uma bela manhã. –Ela fala segurando os cadernos. –Como vai o Kevin?

–Muitíssimo bem, obrigada por perguntar. –Respondo sem me dar ao trabalho de olha-la.

–Ele vai nessa socialzinha que o Stark está planejando? –Meu Deus. Mas, que interesse todo é esse na vida do Kevin?

–Creio eu que sim, ele ainda não confirmou. –Minto só pra ver a reação dela. –Por que a pergunta?

—É simples, porque eu não vou e quero ter a certeza de que você e o Thomas não ficarão sozinhos. –Ela fala com deboche. –Essa história de que só se veem no Complexo durante as refeições, me parece uma furada.

—Ah, claro. –Dou uma pausa mordendo meu lábio inferior. –Tinha que ser. Bom, se não quer acreditar nisso, mais uma vez, não posso fazer nada. Algumas pessoas são idiotas nesse nível. Quanto à socialzinha, não se preocupe, Stark nem liberou bebidas. Tenho que ir, querida. Tenha um bom dia!

Dou uma piscadela com meu olho verde e saio andando deixando ela lá, parada com cara de tacho. É claro que o Stark encomendou bebidas para festa e, devo dizer, que a maioria é alcoólica. Ainda bem, já que ia rolar morte se não tivesse uma bebida para agitar as coisas. Edward e eu já estamos planejando como propor um jogo de verdade ou desafio de modo que todos topem jogar sem reclamações.

Chego para a aula de literatura e me sento no fundo, com a intenção de não ser notada. Essa aula geralmente é longa, pelo fato da professora ficar muito tempo falando e não podemos ignorar nem o mínimo detalhe, pois caem na prova. É impressionante, parece que ela se dedica em colocar o que não sabemos.

As duas horas parecem seis. Anoto tudo o que consigo absorver e o resto devo pegar com a monitora. Ela é a única da turma capaz de lidar com uma aula do curso de letras que mais parece de medicina ou direito. Deus abençoe a existência dessa menina.

Quando o ponteiro chega no 12, e finalmente são 10 horas, nem espero e já junto minhas coisas. Hoje, além de estar chato, está com cara de dia em que a professora vai prender a gente aqui desnecessariamente. Mas, o bom é que podemos sair na hora que quisermos, e é o que faço ao andar até à frente e simplesmente sair.

Não paro nem pra ir no banheiro fazer xixi e já vou direto pro carro. O Complexo tem banheiro mesmo, lá eu vou. Dirijo como se eu estivesse na figuração de Velozes e Furiosos: de tão rápido quanto os principais, mas também não tão devagar quanto os motoristas das vias de trânsito. Um trajeto que leva 50 minutos eu fiz em 20. Orgulho divino.

—Como teu carro sobrevive?—Olho pra quem fala comigo. Lá estava ele!

—Oi, Eddie. Ele está bem, não se preocupe. É só fumaça de motor bem gasto.

—Sabe que isso quer dizer duas coisas, né?

—Como está o Venom?

"Oi, Aaliyah"

–Oi, Venom. E então, o Dr. Banner descobriu como vocês podem viver juntos sem a sua morte, Eddie?

—Sim. Basicamente tenho duas alternativas: Ou tornar o Venom um Hulk da vida e assim cada um teria o seu organismo. Ou, basicamente eu deixar o Venom comer pessoas!

—E o que você decidiu? –Pergunto curiosa pela resposta.

—A segunda opção. Já estávamos vivendo assim mesmo e ou bem ou mal, Venom me salva de umas enrascadas. E temos um acordo.

—Qual seria?

—Ele só vai comer gente ruim. –Ele diz.

—Ótima decisão. Espero que um dia eu consiga basear meus poderes nessa distinção.

—Você vai conseguir. Bom, Aaliyah, obrigado por nos apresentar a Bruce Banner. Foi bom descobrir mais da simbiose e como isso afeta o meu corpo.

—De nada, Eddie, a gente se vê qualquer dia!

Sabíamos que isso dificilmente aconteceria. Eddie mora em São Francisco, estava viajando por Nova York. Sem contar que ele tomou sua decisão e sendo assim, não tem mais o que fazer. A primeira opção ajudaria muito mais do que a segunda e isso é o que menos me faz entender sua decisão. Enfim, não posso fazer nada.

Entro no Complexo e vou direto pro meu quarto, pra largar a mochila e ir no banheiro. Depois que saio do mesmo, me desloco em direção à sala que está sendo usada para os treinamentos. Eles ocorrem de acordo com a necessidade de cada joia e sendo assim, os treinadores chegam a marcar dia e horário para utilização. Não sei a frequência dos outros, mas o meu já é o 4° treino.

A Anciã decidiu que inicialmente ela me ensinaria tudo o que sabe e que um dia ensinou ao Doutor Estranho e ao Wong. Por isso, nós treinamos 2 vezes na semana. As artes místicas não são nem um pouco fáceis de dominar e é preciso ler e ver muito antes de realmente aprender.

Chego na sala e ela ainda não se encontra lá. Tudo bem, marcamos para as 11 horas e eu estou adiantada por ter feito um trajeto rápido. Sento no chão e me lembro do primeiro treino. Foram 8 horas de pura conversa praticamente. Claro, além disso, ela me mostrou como o universo é mais do que achamos ser e as criaturas que nos rondam. Depois, nos 15 minutos finais, ela fez com que eu tentasse levitar com a força da mente. E eu consegui erguer meu corpo 2 cm.

Essa é uma das razões pelas quais não conto meu treino pra ninguém. No mesmo dia que tive o meu primeiro, o Matt mencionou que o dele foi jogo da memória, mas ficou feliz por ter conseguido erguer o último copo sem quebra-lo em cacos. No primeiro do Edward, ele e a Carol apenas conversaram. E o Thomas e a Eve, o que quer que o Doutor e o Wong tenha passado pra eles no final, não deu muito certo e eles pareciam frustados.

Não querendo dizer que eu não tive nenhuma falha. Acho que já falhei mais que todo mundo, já que meus treinos são longos e gasto muita energia. Fico cansada, com os braços e pernas dormentes, então caio constantemente sem finalizar o que estava fazendo ou coisa assim, desmaiando e quando acordo, não da pra continuar. Isso sem mencionar os treinos relacionados ao físico. Treinar com a Hope é maravilhoso, mas desgastante do mesmo jeito.

—Que tal tentarmos algo novo hoje, já que está deitada no chão?

Me assusto com a voz da Anciã, entrando na sala. Sempre tive mania de deitar no chão puro e gelado, já que no Brasil faz um calor de matar.

—Adorei a ideia. O que seria? –Pergunto olhando para seus olhos que se destacam em seu rosto sem cabelos ou acessórios.

—Lembra que quando lhe mostrei e expliquei a complexidade do universo, seu corpo estava parado e sua alma se movimentando? –Ela pergunta com as mãos pra trás andando pela sala.

–Sim. Quer que faça isso em você? –Indago.

–Ainda não. Quero que tente algo antes! Alguns do seu mundo chamam de Projeção Astral, só que considero mais do que isso. A projeção é algo mais relacionado à libertação da alma durante o sonho e todos têm a capacidade de fazer. Eu quero, Aaliyah, que você retire sua alma de seu corpo enquanto está acordada.

–Como?

–Você me entendeu, mocinha.

–Está bem.

Nem preciso dizer que demorou anos, né? Exageros à parte, nós estávamos há 4 horas ali, e eu prestes a desistir, quando finalmente aconteceu. Acho que minha raiva e irritação ajudaram, já que foi no estilo Josh no filme Sobrenatural. Eu estava falando de como aquilo não daria certo, ao mesmo tempo que visualizava o círculo branco ao meu redor para me proteger e a luz azul invadindo meu corpo e oscilando por ele e, então, levantei do chão. Mas quando fiz isso, meu corpo ficou para trás se conectando a minha alma apenas por um fio brilhante, o cordão de prata.

–Você deveria reclamar menos—A Anciã diz—Agora que está nesse plano, tente atravessar uma parede. Garanto que vai ser rápido e fácil se comparado a deixar sua alma sair. Isso, é claro, se você não estiver pensando em bater de cara na parede e cair!

—Você tá bem engraçadinha hoje, hein. Tudo bem, vou lá.

–Se concentre aqui, qualquer coisinha que escute no outro plano...

–Eu sei! Pode me acordar, eu sei.

Infelizmente ou felizmente, a Anciã sempre está com a razão. Foi fácil ir e vir através da parede, sem pensar em momento algum que eu iria bater. É uma experiência interessante.

—Volte, Aaliyah.

Comparar estar no meu corpo e estar fora dele, só é possível dizendo ser mais leve. Além de todas as energias que sinto. Não posso falar sobre as almas que vejo, já vejo muitas no meu dia a dia, então isso não foi novidade alguma pra mim. E, então, eu entendo como isso se relaciona com os meus poderes. Sabemos que posso criar almas e agora temos certeza de uma de suas importâncias: mover o ser humano. Como? Bom, o cérebro talvez saiba responder por comandar as sinapses, mas talvez fique confuso demais.

–Vamos mais além e testar em público.

–O quê? –Pergunto já tensa.

–Os Vingadores, os Novos Vingadores e as outras joias já devem estar reunidos. Eu dei um jeito para que fosse assim e você pudesse treinar. Pense em algo que goste bastante enquanto vamos até lá!

Levanto do chão e sigo a Anciã pra fora da sala. Me pergunto se o treino vai continuar após o teste, mas suponho que pra ela não ter dito, é uma atividade que gaste energia o suficiente.

–Música –Digo antes de chegarmos ao refeitório—Brasileira. –Completo.

–Está certo. Você vai sentar no sofá e deitar a cabeça para trás. As pessoas pensarão que você vai dormir ou descansar, porque é o que darei a entender. A sexta-feira vai ter ajudar a mexer na sala de controles e você coloca uma musica pra tocar. Voltar ao seu corpo será mais rápido do que ir até lá.

—Está bem.

Entramos no local e a Anciã anuncia que o treino acabou, pois estou sem energia e preciso descansar. Essa mulher mente numa naturalidade incrível, já que ninguém contesta o que ela diz. Sento no sofá ao lado do Scott que conversa com o Clint sobre Lila e Cassie. Essa gente que tem filho só conversa sobre os filhos

Não foi rápido sair do meu corpo, mas consegui e a Anciã percebeu. E claro, ela fez questão de que o Doutor e o Wong não percebessem, distraindo a atenção deles com alguma conversa aí. Saio da sala atravessando a porta e vou andando. A sala de controle fica uns andares acima do que estamos, então pego o elevador pra ir lá. O mais engraçado é que as pessoas me veem, mas acham que é o meu corpo.

—Sexta-feira, preciso entrar na sala de controle! —Falo com urgência ao sair do elevador.

—Seja rápida. —Ela responde com sua voz eletrônica.

Entro na sala e logo acho o nome da rede do Bluetooth que é obviamente a certa. "Vingador mais forte", tão previsível Stark! Meu Deus, essa gente não tem cuidado com as coisas.

Por ser de longo alcance, eu conecto e saio da sala. Como a Anciã disse, o deslocamento de volta pro corpo é mais rápido, pois é como se ele me chamasse, qualquer coisinha já te trás de volta a realidade. Depois de atravessar a porta, e já perto do meu corpo, coloco o play em Ao Vivo e a Cores.

Quando o instrumental começa, volto ao meu corpo. A música de Matheus & Kauan com a Anitta começa a tocar e fico só vendo a reação das pessoas. Por estar em português e eu tecnicamente estar dormindo, não faz sentido algum isso estar acontecendo. Deixo a parte inicial da música tocar, antes de começar a cantar junto com a Anitta bem alto.

–PORQUE VOCÊ NÃO SAI DAÍ E VEM AQUI, PODE INVADIR, PODE CHEGAR, PODE FICAR!

–JESUS!

O grito do Scott me faz rir, e a Renee, que estava sentada a minha frente, não fica muito atrás, já que praticamente gritei em seu ouvido. Tadinha!

–Obrigada a todos por me ajudarem a treinar a Aaliyah. –A Anciã agradece.

–Tem que ter agradecimento especial pra sexta-feira! –Digo.

–Tem razão. Obrigada, sexta-feira. Aaliyah, agora só vamos treinar semana que vem. Em 3 dias!

–Droga! Vai cruzar com a faculdade de novo! –Resmungo.

–Nem reclame. Você está indo bem.

As pessoas começam a conversar uns assuntos entre si e eu sento na mesa com as outras joias. Olho pro Thomas e penso em mencionar a Blair, mas sinto que não adianta ele falar nada, que ela continuará igual.

–Obrigada por me matar de susto com uma música que não entendo. –Renee diz me fazendo rir.

–Mas, sem dúvidas, é menos pior do que a do despertador dela! –Phoebe diz. –Nosso português é diferente, mas posso entender algumas coisas.

–Tem razão! –Concordo com ela.

–O que ela diz na letra da do seu despertador?

–Pra você não ligar pra ela, já que a mesma está brisada e pra você não encostar no baseado dela!

–Que belo despertador! –Natasha diz, já que todos pararam pra prestar atenção no assunto.

—Ah, é de boas. Isso me deu uma ideia! –Exclamo.

—Vai fumar um baseado? –Edward pergunta.

–Não, idiota! Quero definir uma música brasileira pra cada um de vocês 6!

–Boa sorte, então! –Clint diz. –Vocês são incompreensíveis às vezes.

–Mentira. –Retruco. –Eu falo com a Eve e logo penso em Beijinho no Ombro!

–Quê? –Ela me pergunta se aproximando do sofá em que estou.

Coloco a música pra tocar e vou traduzindo os trechos conforme a Valesca canta. É totalmente a cara da Eve, que é empoderada, não gosta de machismo e tem uma enorme autoestima.

–Nem posso negar! –Ela diz. –E pro Edward?

Coloco Você Partiu Meu Coração e começo a cantar sem nem traduzir. Depois eu traduzo a letra pra ele. Nunca vi alguém com mais contatinho que esse garoto, só Deus.

–A melhor é a do Thomas!

Tempos Modernos enche as caixas da sala e de todo o Complexo. Essa eu traduzo desde a primeira frase, e o melhor é que ele entende. Não se trata só dele ser a joia do Tempo, mas o modo como ele se encaixa no mundo. Na vez da Phoebe vai Cheia de Manias, já que a garota sabe exatamente como ela é. Na vez da Renee eu coloco Muito Pouco, versão Anne Marie, que é a minha preferida, a música se encaixava perfeitamente com os problemas de Renee e como ela lida com eles. E então, chega o Matt.

–Putz, não sei.

–Deixa eu ver sua lista de músicas

Ele passa um tempinho mexendo na minha playlist de mais de 100 músicas e de modo aleatório, coloca Só Rezo do NX Zero e pede que eu traduza. Quando termino, ele diz

–É essa. Um dia eu conto a razão.

A expressão da Renee me diz que em breve ela vai perguntar sobre isso. Bom, tomara que seja algo que dê pra compartilhar com todos. O papo continua e, então, enquanto todos falam alguma coisa, eu sinto como se alguém estivesse prestes a morrer. Nunca gosto dessa sensação, então procuro me distrair, prestando atenção nas pessoas.

Olho pra frente e Thomas está sentado ali. Queria que as coisas fossem mais simples entre nós, mas infelizmente, nem tudo é perfeito. E o pior de tudo, é que não tem como não admirar a beleza dele. Ele só é feio quando está dormindo e nem assim, é pra tanto. Mas, de todo o conjunto, o que mais me chama atenção é a sua boca e como queria que ela se movesse contra a minha. Matt tosse, me tirando do meu devaneio.

–Você está bem? –Pergunto a ele.

–É, pode se dizer que sim, só escorreguei para sua mente no momento errado. –Ele diz meio constrangido e eu escondo um riso.

–Desculpa em não estar pensando em salvar crianças da fome no momento!

–Engraçadinha! –Ele ri. –Eu entendo o que você quer, já que ultimamente tenho pensado no mesmo, com outra pessoa.

–Você só precisa tomar iniciativa. –Digo observando seus olhos que fitavam Renee. –Vou conversa com a Natasha e distrair minha cabeça.

–Vai lá!

Levanto da mesa e atravesso o ambiente. Natasha se encontra conversando com a Hope e, mesmo assim, ela consegue estar próxima ao Capitão. Preciso solucionar isso hoje mesmo e então mudo completamente de ideia. Ele, diferente dela, está sozinho.

—Olá, Capitão Rogers.

—Oi, alma. Veio falar com a Nat? Acho que vai ter que esperar.

—Isso mesmo. E já que está sozinho, resolvi conversar com você! –Digo.

—Sobre?

—Sei lá, qualquer coisa!

Eu já sentia a irritação da Natasha daqui. Pelo canto do olho, eu via que a Hope inutilmente tentava chamar a atenção da mesma para o assunto, o que não estava dando certo. Ela estava nos olhando diretamente e o Capitão percebeu também, o que o fez olhar pra ela e não mais para mim.

—Eu precisei levantar da mesa. Meus pobres pensamentos estavam matando o Matt!

—Como assim?

—Ser solteira, quando quem você quer está exatamente na sua frente, é um saco. Acho que eu deveria tentar alguém que não seja comprometido, tipo, você!

Agora sei que ultrapassei todas as barreiras, já que Natasha me segura pelo braço e me arrasta dali, atraindo a atenção de quem estava por perto. Mas, graças a Deus, ninguém resolve se ater ao nosso diálogo. Exceto, é claro, o Capitão, a Hope e o Scott. Esse último parece até mulher, de tão fofoqueiro que tem sido ultimamente

–Você ficou maluca? Quer uma bala cravejada no crânio? –Ela me pergunta com raiva.

–Você não conseguiria fazer nada sem uma alma. –Digo e ela me solta percebendo que tenho razão. –Olha, eu não aguento mais ver isso. Tenho quase certeza de que há uma conexão entre vocês e que eu devo ter feito isso, mas meu treinamento não avançou o suficiente para eu descobrir. Mas, não é preciso que você espere, Nat. Você pode sair com ele, beija-lo, fazer sexo em todas as posições possíveis, e está perdendo tempo! Só Deus sabe o quão eu pagaria para transar com a pessoa de quem estou a fim. E tenho certeza de que pensa igual! Nem adianta negar, que uma palavrinha com o Matt pode me confirmar isso!

—Você é ridícula. –Ela sussurra revirando os olhos. –Mas tá certa e eu até que gosto de ter você como uma amiga e cupido. Não vou pedir que me deseje sorte, pois isso eu já tenho!

Sorri aliviada, mas tudo mudou. A sensação voltou e o turbilhão de almas que me atingem, chegam a me desestabilizar. Sinto como se eu estivesse eletrizada por condução e isso não é boa coisa. Natasha tenta me segurar, mas eu afasto gentilmente. Se ela encostasse, seria o fim.

–Já volto. –Digo pra ela. –Vou ficar bem, não se preocupe...

Saio do refeitório às pressas e vou andando em direção ao elevador. Pego o mesmo e aperto o botão do último andar. De lá da pra ver a obra que está sendo terminada, do local que explodiu no dia que a Eve chegou. Sendo assim, é um andar vazio, mas não estará silencioso.

Sinto meus batimentos extremamente fortes, pela alta carga de energia que recebi. Chego no andar e ando até o fim dele. É um espaço vazio, no qual boa parte das paredes são de vidro, com exceção de uma, que possui uma barra que da pra olhar pra baixo e ver boa parte do Complexo. Me apoio nela sentindo aquela energia e deixo uma lágrima escorrer.

–Aaliyah!

–Agora não, Thomas. Me deixa sozinha!

–Mas, você não está bem. Tudo bem que não queira conversar, só não posso ir embora e te deixar aqui.

–E eu não posso ficar a sós com você sem desejar que tudo fosse diferente. –Solto as palavras segurando as lágrimas dentro de mim. –E pra piorar tudo, nem sei se alguém poderá encostar em mim ainda hoje!

Thomas me encara com um olhar diferente, fica calado por um tempo, antes de se aproximar e colocar os braços na barra. E, então, ficamos os dois ali, ouvindo o cortador de vidro e a furadeira trabalharem. Longos minutos se passam conosco apenas respirando o mesmo ar e pensando na mesma coisa. Até que ele calmamente se aproxima, colocando seu dedo indicador na palma da minha mão. Eu inspiro com medo, mas nada de ruim acontece, então ele desliza ele pela superfície da minha pele.

–Eu também queria que tudo fosse diferente. Assim, eu teria coragem de terminar um relacionamento que não vai avançar mais e iniciar um novo logo em seguida... Com diferença de algumas horas...

Dei uma risada baixa, sabendo dentro de mim que seria exatamente assim. Tenho vontade de perguntar o que o prende a Blair, mas não sei se vou gostar da resposta, então prefiro nem fazer a pergunta pra ele. Apenas deito minha cabeça em seu ombro e ficamos ali, ouvindo a obra e apreciando a vista daqui de cima.

–Aaliyah?

Nos viramos para trás. Já é noite, quando a Anciã e o Doutor Estranho vêm atrás de nós. O olhar deles indica parcialmente o assunto e que é só comigo, o que faz Thomas me olhar por uma última vez, indicando que estará lá embaixo caso eu precise, então se afasta e acompanha o Doutor para andares mais abaixo.

–O que foi, Anciã? –Pergunto pondo as mãos no bolso ainda pensando em tudo que acabou de acontecer.

–Aaliyah, você conhece a lenda do Akai Ito? –Ela pergunta com seu olhar desafiador de sempre.

–Como? –Aquela palavra me parecia familiar.

–Vou traduzir pra você. O Akai Ito diz que nós, seres humanos, possuímos uma linha vermelha partindo de nosso dedo mínimo até o dedo mínimo de outra pessoa, no caso nossa "alma gêmea"?

–Ah! Sim! Conheço sim! –Afirmo.

–E, obviamente, você conhece o conceito de alma gêmea, certo?

–Sim. Por que todas essas perguntas, Anciã? O que houve?

Ela parece pensativa, reflexiva, como se pela primeira vez na vida não tivesse absoluta e plena certeza do fala, mas que da um palpite crendo em sua sabedoria. Assim, ela começa a me explicar:

–Depois que você saiu de lá, a agente Romanoff foi até o Capitão Rogers. E, após um breve diálogo entre os dois, houve um beijo que chocou todos na sala! Não por não esperarem isso deles, mas pela demora do ato. Podia ter acontecido tão antes, o Clint disse. E, então, eu lembrei que foi você quem os deixou mais conectados do que já eram, se é que isso é possível. Além disso, você conversou com a Natasha 1 minuto antes do ato. Isso só me faz perceber uma coisa.

–O que, Anciã?

–O conceito do Akai Ito, da linha vermelha e de almas gêmeas, é real! Tem que ser real! E você, Aaliyah Albuquerque, a Joia da Alma, quando cria uma nova, coloca uma conexão com outra alma. E, mesmo que tenha diferença de idade, de local, enfim, algum dia, essas pessoas se encontrarão e permanecerão juntas até o fim. A menos é claro, que a realidade tenha outros planos, mas isso é muito difícil.

–Está querendo me dizer, que sou a responsável por "Romanogers"? Hope e Scott? "Pepperony"? E tantos outros casais?

–Tantos não. Todos! E sabe o que mais isso quer dizer, Aaliyah? –Ela indaga misteriosamente. Nunca me acostumo com esse suspense.

–O quê?

–Isso quer dizer, Aaliyah, que quando criou almas para você e as outras joias conectou elas também. Com exceção da Eve, é claro.

Penso em responder que ela está louca, mas então penso no Edward com a Lila e a Phoebe, embora esta esteja tendenciosa para o lado da Mônica. Como em ambos os casos, as pessoas são opostas e uma não liga para a outra, mas tem algo que os mantêm juntos e faz até um pensar em mudar pelo outro. Penso no Matt apaixonado pela Renee, mesmo que ela não dê nenhum indício de correspondência. Penso também na relação amor e ódio dela com o Loki, que com certeza é um indício concreto. E então, penso em toda a confusão que acontece entre o Thomas e... eu...

–Puta merda!

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Nós dois não tem medo de nada Pique boladão, que se foda o mundão, hoje é eu e você Nóis foi do hotel baratinho pra 100K no mês Nóis já foi amante lo...
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"𝐮𝐦 𝐝𝐚𝐫𝐤 𝐫𝐨𝐦𝐚𝐧𝐜𝐞 𝐝𝐞 𝐦𝐚𝐭𝐚𝐫" Emma Clark é uma estudante prudente de enfermagem, focada e exemplar com uma paixão não correspondente...