Não acredito que realmente estou aqui.
Quando Luigi me convidou a única resposta que veio em minha cabeça foi sim, agora estou em uma batalha interna arrependida e ansiosa pelo que pode vir acontecer essa noite.
Ainda não dizemos sequer uma palavra um para o outro, o único olhar que trocamos foi aquele quando entrei em seu carro. Estou constrangida, minhas mãos estão suadas e meu corpo está inerte, consigo olhar apenas para frente enquanto meu tronco está colado no couro do banco carona.
- O que gosta de beber?
- Já tomei cerveja algumas vezes, caipirinha também, mas foi pouco - respondo - Digamos que não estou muito habituada com bebidas alcoólicas.
- Engraçado que eu consigo te olhar e enxergar exatamente isso.
- Como assim?
- Tem uma certa inocência em você, eu não digo só em relação a bebida, o jeito como fala e se comporta, não sei explicar - o homem ri para si mesmo e prossegue - As vezes me esqueço do quanto é nova.
- Eu não imaginei que minha idade significasse um problema pra você - exclamo dirigindo meu olhar a ele - É muito mais velho que eu e por nenhum momento pensei nisso, você foi uma otima companhia para um almoço dentro de um carro, é bonito, inteligente e charmoso e eu só consigo considerar essas características.
- Não, por favor, isso não é nenhum problema para mim. Só é diferente, eu nunca fiz isso antes.
- Trair sua esposa?
- Estar com alguém da sua idade.
- Então é tipo.. normal? Costuma sair com muitas mulheres?
- Não, não mesmo - afirma - Já aconteceu algumas vezes, em casos isolados.
Engulo seco depois de sua declaração e coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Me senti desconfortável ao ouvir o que homem disse, de alguma forma isso me causou um incômodo gigantesco. Eu mal o conheço, mas Luigi por perto desperta coisas intensas dentro de mim, mesmo que precocemente.
Estou aqui me sujeitando a um papel do qual nunca achei que estaria, tudo por sentir uma atração gigantesca por esse homem, não estou pensando em mim e sim no quanto é boa sua companhia e em como me senti bem a algumas horas quando ele estava ao meu lado, só quero sentir isso de novo.
Mas saber que de alguma forma isso não é novo pra ele me faz recuar, talvez não esteja sendo tão intenso para o europeu quanto está sendo para mim e tudo bem, tenho que compreender isso.
Porque estou pensando essas coisas? Meu Deus, mal o conheço!
- O local da entrevista era perto da sua casa, quando acabou eu só pensava em você. Passei em uma conveniência e comprei algumas coisas para comermos, cerveja e vinho, mas como você não bebe eu posso comprar um refrigerante ou suco. O que você quer?
- Eu posso te acompanhar, só prometa que não vai me deixar perder o controle.
- Eu prometo não te deixar perder o controle bela Lorena - combinou o europeu entre risos.
Luigi estaciona o carro em um mirante, um loteamento novo localizado em uma parte alta da cidade. Antes de sair do automóvel olho para fora através da janela, a vista é linda, há uma infinidade de luzes acesas abaixo de nós que enfeitam a noite, abro a porta e saio do pequeno espaço me dando conta da imensidão do céu, o mesmo parece estar mais perto de nós. As estrelas assimétricas me encantam, cada uma com seu brilho e sua particularidade fincada em um lugar específico no céu. O vento frio bate sob meu corpo causando-me calafrios, esfrego meus braços com as mãos na tentativa de me aquecer e me surpreendo quando sinto um tecido denso e pesado sendo colocado sob meus ombros.
Olho para trás e vejo o italiano colocando seu blazer em mim, sorrio diante a sua gentileza e quando olho para a grama na nossa frente há uma garrafa de vinho e guloseimas sobre ela.
- Vamos nos sentar? - assinto com a cabeça e juntos caminhamos até o local.
Me sento com sua ajuda e logo ele se senta ao meu lado, me acomodo cruzando as pernas e encaixando meus braços no blazer.
- Me desculpe pelo ambiente, eu precisava de paz e não consegui pensar em outro lugar.
- Eu adorei - garanto - É perfeito, o céu, a vista.. Já trouxe muitas mulheres aqui?
- Não entendi - exclama.
- De-desculpa - gaguejo - uma pergunta um tanto quanto indiscreta, invasiva. Não tenho nada a ver com isso.
- Eu nunca vim aqui antes, via o loteamento de longe e imaginava que seria um bom lugar pra espairecer.
- E realmente é - concordo.
- Mas porque a pergunta?
- Não sei, só veio na minha cabeça - me encolho na tentativa de me esconder no blazer e desaparecer.
Eu não tenho nada com esse homem, não entendo o porquê do trocadilho que dei, foi impulsivo e agora me sinto envergonhada.
Luigi abre a garrafa de vinho e vira um pouco do líquido escuro em sua boca, me oferece a garrafa e eu a pego fazendo o mesmo.
- Hoje foi um dos dias mais difíceis da minha vida ao longo dos meus quarenta e cinco anos - confessa afrouxando o nó de sua gravata e dobrando as mangas de sua blusa social - Mas agora estou me sentindo bem, livre, sentindo a brisa da noite sob mim.. e perto de você. E o seu dia, como foi?
- Pela manhã uma prova difícil na faculdade, após isso um almoço muito bem acompanhada, depois passei a tarde pensativa, uma briga com o namorado antes do jantar e agora estou aqui.
- Uau, parece ter sido bastante conturbado - exclama - Se sente melhor agora?
- Estou me sentindo como você, livre - pego a garrafa de sua mão e dou um longo gole, me sinto tonta e o álcool parece atingir meu cérebro diretamente, fecho os olhos e faço uma careta involuntária por conta da acidez da bebida - É disso que estou precisando Luigi, me senti livre, solta.
- O que te impede Lorena?
- Toda minha vida me impede. Tenho uma família extremamente cuidadosa que tenta decidir qual o caminho eu tenho que traçar para minha própria vida - viro mais um pouco do vinho em minha boca e prossigo - Meu relacionamento vem se desgastando cada vez mais e eu simplesmente não consigo me desprender dele. Estou frustrada em todos os âmbitos da minha vida e não sei como reverter isso.
- Se está tão insatisfeita talvez seja a hora de se impor, não acha?
- Eu tento, eu juro que tento. Exponho para todos meus novos ideais, meus novos pensamentos, mas além de menosprazarem tudo que digo veem meu novo comportamento como algo ruim. Sou só uma garota amadurecendo, se descobrindo e tentando explorar o mundo, mas ninguém me compreende e pareço estar sozinha nessa.
- Eu compreendo você Lorena.
O homem tenta tirar a garrafa da minha mão, mas a puxo para mim mais uma vez, viro-a denovo e o líquido desce pela minha garganta.
- Eu prometi que não ia deixar você perder o controle e sou um homem de palavra - ele tira a garra das minhas mãos e eu pestanejo.
- Eu ainda não perdi o controle, mas quero - me levanto e tiro o blazer do italiano o jogando na grama verde - A vida é tão bonita e eu queria poder aproveitar tudo que ela tem a oferecer - me viro para olhar o horizonte - Olha essa cidade, apesar de pequena existe nela várias possibilidades. Eu podia ir para bares, ou em alguma boate, podia conhecer gente nova e ir tomar um cappuccino em uma padaria pela manhã enquanto leio um livro, mas não faço isso, simplesmente me sinto presa em minha própria realidade.
- Lorena você é nova, o universo tem muita coisa apara te oferecer e você vai poder escolher quais dessas coisas quer experimentar, mas há uma hora para tudo, se não é agora não se pressione, quando for o momento certo você vai saber, vai sentir isso em você.
Ouço suas palavras mas não dirijo meu olhar a ele, continuo olhando para o horizonte em pé.
- Chegou a hora, eu sinto. Meu corpo implora por isso - sinto meus fios de cabelo se chocando contra meu rosto, mas não os tiro dali, a brisa da noite bate em meu corpo, mas dessa vez não sinto frio, a sensação é de liberdade e leveza - Me ajude Luigi.
- Como eu ajudaria você?
Finalmente me viro para ele e começo a caminhar em sua direção, me agacho em sua frente e me sento em seu colo, coloco cada uma de minhas pernas em um lado de seu corpo, sorrio para o italiano e ele faz o mesmo para mim. Toco em seu rosto singelamente, sentindo seus traços maduros contra a ponta de meus dedos.
- Com você sou diferente, despertou em mim uma menina adormecida que anceia por liberdade e se tenho uma certeza é que só você pode me ajudar com isso.
- Você pode ter tudo que quiser sozinha. Além de uma garota você é uma mulher decidida e forte que tem personalidade o suficiente para enfrentar quem for preciso para ser você mesma.
O italiano coloca suas mãos em minha cintura e afunda o rosto em meu pescoço, passo meus braços pela sua nuca e sinto seu olfato sugar meu perfume como se desejasse o guardar na memória.
- Eu gosto da minha autonomia quando você está perto, sinto meu corpo esquentar e minha sanidade foge de mim. Jogo tudo pra alto e só penso em sentir você - encosto nossas bocas brevemente - Seus lábios, suas mãos - nesse momento ele aperta minha cintura me pressionando contra o volume que cresceu por detrás de sua calça social - Talvez essa seja uma forma de admitir que te quero por perto.
- Não brinque comigo garota - balbucia com a voz rouca e falha.
- Estou louca, imprudente e excitada - profiro as palavras sem pensar.
- Você vai ser minha ruína - garante - Vai destruir minha vida.
Coloca uma mecha do meu cabelo por detrás da minha orelha carinhosamente e em seguida desliza sua mão em meu rosto.
- E você vai adorar isso - exclamo sarcasticamente.
Uma de suas mãos se adentra em meu cabelo e se firma ali causando um certo ardor no local, suspiro fundo sentindo seu toque bruto. Mordo meu lábio e seu olhar fita minha ação atentamente parecendo enfeitiçado com o que vê.
- Olhe nos meus olhos - ordena e eu o faço - A partir dessa noite você será minha.
Começo a rir com sátira da sua declaração, pego a garrafa de vinho e dou um gole longo na bebida, em seguida volto a encara-lo com um sorriso de lado grudado em meu rosto.
- Você é um homem casado querido italiano - toco em seu peito - E eu tenho namorado, portanto, nunca serei sua.
- É o que veremos.
Nesse momento Luigi toma meus lábios com força, sua boca macia toca a minha com impetuosidade. Suas mãos deslizam até minha bunda apertando o local, arfo ao sentir a brutalidade de seus dedos como se fossem rasgar meu short jeans.
Afasto nossos rostos e faço menção virar mais um pouco de vinho, mas o europeu me impede tomando a garrafa da minha mão.
- Nada de mais vinho por hoje ragazza - indaga despejando o líquido no chão e em seguida joga a garrafa para longe de nós.
- E aquele papo de eu me libertar? De ter personalidade para enfrentar todos e ser eu mesma?
- Tenha certeza que não conseguirá fazer nada disso com prudência se estiver bêbada.
- Fala sério - reviro meus olhos e arfo - Sempre fui prudente, só uma vez não faz mal.
- Como você é uma bambina mal criada - exclama entre risos e eu começo a gargalhar após sua declaração.
O europeu sela nossas lábios mais uma vez em um longo selinho, começamos a rir juntos mesmo com nossas bocas coladas, nossos corpos parecem íntimos um do outro de uma forma que não sei explicar.
Parece que eu tinha que conhecê-lo, Luigi precisava entrar na minha vida e agora que ele esta aqui nao quero que vá.
Me esqueço dos inúmeros motivos que tenho para não estar perto do italiano, me esqueço da culpa e do desconforto que provavelmente vão me corroer amanhã, meu foco do momento é apenas sentir seus lábios e nossa espontaneidade quando estamos juntos.
▪︎ Bambina/Ragazza: menina, garota.
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DEPOIS DE LEREM POR FAVOR VEJAM O VÍDEO QUE DEIXEI, ELE DESCREVE MUITO A LORENA NESSA CAPÍTULO ❤
Gente estou com muuuita dificuldade de escrever nos últimos dias, tenham paciência comigo, prometo dar o meu melhor, ta bem?
O que estão achando desse casal? Tá indo rápido demais?
Eu particularmente acho que sim, está indo rápido demais, mas os personagens vão se desenvolvendo sozinhos, essa intensidade vem e eu não consigo conte-los!
O que estão achando?? Me falem!
Comentem e votem, isso me ajuda demais a escrever pra vocês, não parem! ❤❤