Cada Vez Mais

By AMaySousa

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O mundo de Emilia Calton não acabou depois de descobrir a traição do namorado com uma de suas melhores amigas... More

Epígrafe
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte & Um
Vinte & Dois
Vinte & Três
Vinte & Quatro
Vinte & Cinco
Vinte & Seis
Vinte & Sete
Vinte & Oito
Vinte & Nove
Trinta
Trinta & Um
Trinta & Dois
Trinta & Três
Trinta & Quatro
Trinta & Cinco
Trinta & Seis
Trinta & Sete
Trinta & Oito
Trinta & Nove
Quarenta
Epílogo
★Agradecimentos★

Vinte

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By AMaySousa

Flora gesticula animada enquanto fala sobre sua reunião e digita eufórica no teclado do computador. Me sinto uma péssima amiga agora. Assinto e exclamo os "ahs, ohs e uhuns" nas horas certas, mas não estou lhe dando a devida atenção. O fim de semana tinha sido péssimo e agora cobrava seu preço. Passei a maior parte do tempo trancada no quarto com agenda em mãos e tentando planejar a feira de arrecadação.

Tentando.

Minha cabeça dava voltas e voltas com a imagem de Antony beijando aquela garota desconhecida. Ainda tive que responder as perguntas frequentes dos meus pais e garantir que sim, eu estava bem. Não acho que eu tenha enganado nenhum deles, na verdade. Não quando não fiquei para ver o filme depois do jantar no sábado, ou no dia seguinte que fiquei mais quieta que o habitual.
Até Kaila sentiu a tensão e me deixou em paz.

Eu também ainda estava triste pelo lance do dia em família cancelado, mas não comentei com ninguém. Não queria que achassem que eu estava exagerando.

— Enfim, foi tudo perfeito. Estou superanimada — ela conclui e eu sorrio porque não sei o mais que dizer.

— Você se incomoda se eu for pegar algo para comer? — pergunto. — Saí sem café da manhã hoje.

— Sem problemas, vai lá. Eu tenho que terminar isso aqui antes da próxima aula.

Os corredores estão anormalmente tranquilos e presumo que a maioria dos estudantes esteja no refeitório dando os parabéns ao time de natação. O que significa que preciso evitar ir para lá se não quero me encontrar com Antony. No primeiro tempo foi fácil, já que não temos aulas juntos e cheguei bem adiantada.

Paro no meu armário e checo se tenho algo perdido para comer, mas não há nada além dos meus livros. Droga, estou morrendo de fome. Talvez eu possa ir a biblioteca e ver se Lucile tem alguns salgadinhos... Salgadinho é o vício dela, ouvi dizer.

Subo o primeiro lance de escadas rumo a biblioteca, mas antes que eu sequer consiga chegar perto das portas, sou puxada para o lado e me vejo dentro do armarinho de limpeza. A porta bate. Por alguns segundos sou cercada de escuridão e uma mão envolve meu pulso.

— Mas que...

Então a luz é acesa e vejo Antony de pé, de frente para mim. Sorrindo para mim. O pequeno espaço é preenchido por ele. Ele é todo altura e largura e colônia masculina e seu cheiro próprio.

Sinto uma súbita vontade de chegar mais perto, de inspirar o cheiro da curva de seu pescoço, de sentir a macieis dos lábios dele com as pontas dos meus dedos, meus lábios, minha língua...

Pare, pare já!, me obrigo.

Balanço a cabeça para afastar os pensamentos indevidos e dou um passo para trás.

— Qual é o seu problema? — pergunto irritada, mas vou em direção a porta antes que ele me responda, porque a verdade é que não quero ouvir a voz dele. Não posso ouvir.

Mas Antony se põe entre mim e a passagem, cruzando os braços, ainda com o sorriso irritante na cara.

— Por que a pressa? A gente não pode conversa um pouco?

— Num armário, Antony? — Aponto para o espaço ao redor, meio incrédula. — Pera aí..., você estava de guarda aqui me esperando passar?

— Claro que não — ele nega, revirando os olhos verdes. — Eu tinha acabado de sair do banheiro, chamei por você, mas você não me ouviu.

— Não posso conversar agora, eu-

— Opa, opa, opa — ele me interrompe, erguendo uma mão. — Eu ouvi bem, você acabou de me chamar de Antony?

— É o seu nome, não é?

Ele dá de ombros e vem em minha direção. Dou um passo para trás. Perto demais, perto demais.

— Pensei que tínhamos... sabe, ficado mais íntimos na última vez em que nos encontramos, Lia.

As três letrinhas do meu nome deslizam por seus lábios e língua e faz meu corpo estremecer. Traidor. Meus olhos param em sua boca por mais tempo que o necessário e preciso de toda a minha força de vontade para olhar para cima.

O que não adianta muito, porque os olhos dele são como imãs, são sugadores de força e minhas pernas fraquejam. Minhas costas batem na prateleira atrás de mim e Antony chega mais perto. Muito perto. O peito dele à um centímetro do meu.

Eu espalmo minhas mãos no peito dele, para manter esse centímetro que me resta de sanidade.

— Eu tenho que sair — digo, minha voz soa fraca, doente.

— Por quê? — A voz grave de Antony ecoa no pequeno espaço e percorre minha espinha. Fecho os olhos com força.

— Não gosto de lugares apertados. Me deixam sem ar.

— O lugar ou sou eu? — ele pergunta próximo a minha orelha e reprimo um pulo.

Céus, estou tão, tão ferrada. Não consigo abrir os olhos, não tenho forças para empurrá-lo, nem sei realmente se é isso mesmo que quero.

— Não seja egocêntrico — digo, engolindo em seco.

Ouço o riso baixinho de Antony e então a boca dele está na minha.

Não demora para que minhas mãos ganhem vida e agarrem a lateral de sua camiseta, o puxando para mais perto. Não há um pedaço de mim que não esteja tocando ele, além das minhas costas pressionadas na prateleira.

Quando a lingua dele encontra a minha, eu arqueio mais em sua direção. Parece que nunca estamos próximos o suficiente e de repente enlouqueço e quero me fundir a ele. Minhas mãos deslizam por suas costas largas e ele solta um som em minha boca e eu tomo tudo para mim.

Mais perto, cada vez mais perto.

O barulho de algo caindo no chão tira minha atenção de Antony e volto a mim. Ofego, me afastando o máximo que posso, minhas mãos ainda em punhos no tecido em suas costas.

— Senti sua falta — confessa, sem fôlego, a testa grudada na minha, então ele ri. — O que você está fazendo comigo, Emilia?

Saio de seus braços e abro espaço entre nós dois. Sentiu minha falta? Sério? Eu quero gritar com ele. Estapiá-lo. Mas me contenho. Não somos nada. Isso, o que quer que seja que acontece entre nós, não é oficial. Ele não me deve nada.

— Olha — eu encontro minha voz —, isso aqui não vai funcionar.

— Como assim?

Antony me olha confuso. Respiro fundo para manter a calma.

Isso. — Aponto para nós dois. — Nós. Quer dizer, não que exista um nós, eu nem ao menos sei como nomear. Mas sei que não vai dá certo.

— Acho que não estou entendo, Lia. Seja mais clara, por favor.

— Eu não sou como as garotas que você está acostumado a... sair. Nós deveríamos ser amigos, lembra? Nada além disso. Eu não quero que você me beije. Não quero, e nem vou, ser mais um nome na sua lista. Tudo bem que você esteja acostumado com esse tipo de... amizade, mas eu não estou.

— Lista? Meus Deus, Lia, você acha mesmo que eu tenho uma lista de conquistas, é isso? — Antony parece chateado de verdade agora.

Dou de ombros. O que ele quer que eu diga? É o que todo mundo diz.

— Você não faz nada para que pensem o contrário. E eu basicamente comprovei isso com aquela foto — acuso, a irritação tomando conta de mim.

— Foto? Que diabos de foto você está falando?

Eu não devia estar aqui. Essa conversa não vai nos levar a lugar algum. Me viro para porta pretendendo sair, mas Antony tem outros planos para mim. Ele me puxa para ele e enlaça minha cintura com um braço firme.

— Diz para mim, de que foto você está falando?

— Eu não quero falar disso.

Encaro a gola de sua camiseta. Não vou olhar para o rosto dele. Não vou!

— Por favor. Não estou entendo.

Ele ergue meu rosto com os dedos, e sou sugada outra vez por seus olhos. O que você está fazendo comigo, Antony?

— O quê? Vai me dizer que não lembra da garota que você beijou?

— Lembro muito bem — ele diz, enterrando o rosto no meu pescoço. Seu cabelo faz cócegas em minha bochecha. — Quer que eu refresque sua memória também? — sussurra no ponto abaixo da minha orelha.

— Estou falando sério! — falo, tentando não demonstrar como meu corpo reage ao dele. — Você beijou alguma garota em Albertine. Tem foto disso. O Theo postou.

Antony ergue o rosto no susto. Os olhos arregalados. Isso mesmo cara, te peguei!

— Eu vou matar o Theodoro — afirma irritado, me soltando e caminhando para a porta.

— Espera aí. — Seguro seu braço. — Quem anda beijando todo mundo aqui é você! Theodoro não tem culpa disso.

Antony olha para mim, depois encara o teto e passa as mãos pelo cabelo. Ele se recosta na porta e volta os olhos em minha direção outra vez.

— Não é o que você está pensando.

Jura? Ele vai mesmo me dar essa resposta batida?

— Eu vi.

— Sim, sim — me interrompe. — Não estou negando que aconteceu. Merda, Lia, aquilo foi intencional. Era só uma conhecida e ela veio me parabenizar por ter ganhado-

— Nossa, todas as suas amigas te parabenizam assim?

— Não! — nega, quase engasgando. — Ela me pegou de surpresa. Eu juro! A afastei meio segundo depois. Mas Theo é um cretino, eu disse para ele não postar aquilo.

— Olha, você não me deve explicações, certo? Só vamos parar por aqui.

— Mas quero explicar — ele desgruda da porta, claramente nervoso. — E para o inferno com isso de parar. Eu não quero parar. — Ele me olha fixo nos olhos e mantenho, incapaz de desviar. — E eu sei que você também não quer.

— Você não pode afirmar isso.

— Posso. — Em dois passos ele está próximo a mim. Uma mão tirando uma mecha rebelde de cabelo do meu rosto. — É o que eu sinto — diz baixinho. — Quando você olha para mim, quando você me beija. — Antony contorna meu lábio inferior gentilmente com o polegar. Meu coração a ponto de saltar do peito. — Você quer tanto quanto eu. Não minta para si mesma. Seu ciúmes é prova disso.

Bufo, incrédula.

— Céus, você é tão convencido. Eu não estou com ciúmes, não seja ridículo.

— Aham — ele ri. — Não adianta tentar se enganar, Emilia, você sabe. No fundo, você sabe.

Ele me pega de surpresa e sua boca cai sobre a minha novamente. Dessa vez o beijo é mais calmo e termina rápido demais. Antony me solta e abre a porta do armário.

— Se me der licença, preciso ir dar umas porradas no Devaze. Nos falamos depois. Não fuja.

Ele pisca um olho para mim e sai. Me deixando sozinha, ofegante, e meio desnorteada, no armário de limpeza da Cesare.

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