As Joias do Infinito

By AnaEspadeiro

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A explosão gerada pelo Big Bang, mudou as coisas no multiverso. Mas, além disso, surgiram 6 gemas com extremo... More

Avisos
Elenco
Prólogo
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capitulo 11
Capitulo 12
Capitulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capitulo 16
Capitulo 17
Capitulo 18
Capitulo 19

Capítulo 1

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By AnaEspadeiro

"Eu tinha uma passagem só de ida ao lugar
Onde todos os demônios vão
Onde o vento não muda
E nada na terra pode crescer
Sem esperança, apenas mentiras
E você é ensinado a chorar em seu travesseiro
Mas eu sobrevivi"
–Alive, Sia

~2 anos depois~

No meio dos destroços, me pergunto se poderia ser diferente. Olho os corpos caídos no chão e procuro as almas que viviam neles. Elas estão vagando sem rumo, provavelmente sem nem ao menos saber que estão mortas ou como podem estar olhando para si mesmas. Vai ser um choque quando descobrirem.

Os sobreviventes olham desolados para os destroços. Eles se quer conseguem lembrar ao certo o que acabou de acontecer. Para alguns, foi uma "simples" explosão. A origem dela é o mistério. Para outros, o tempo simplesmente parou e terceiros tiveram a sensação de terem suas almas literalmente reviradas. Não tiro a razão de ninguém, ainda mais sabendo a verdade.

A garota responsável por suas mortes sumiu, juntamente com os responsáveis pelas demais. Eles se dispersaram rapidamente, saindo do foco e se quer sei se me viram. Também não sei se foram sozinhos ou conseguiram alguma ajuda. Provavelmente sim, já que estamos perto da Torre dos Vingadores e mesmo que não estivéssemos, eles iriam descobrir sozinhos ou pela SHIELD. Não sei qual seria a melhor opção.

Ando de modo desajeitado, mas não querendo ir embora. A energia que emana no ambiente é muito forte e sei que ela vai percorrer todo o planeta, apesar de tudo ter acontecido aqui em Nova Iorque. Além das consequências, que por mais que tenham sido evidentes aqui, não permanecerão em nosso estado, haja vista que os acontecimentos de hoje foram poderosos demais.

Não, ir embora não é uma opção enquanto eles estiverem entre nós. Preciso ver do que mais são capazes!

~Horas Antes~

–Deseja mais alguma coisa? –Ela faz que não com a cabeça e a atendente a entrega o suco que pediu minutos antes.

–Obrigada! –A menina de cabelos loiros, lábios médios, levemente rosados como sua bochecha queimada pelo frio, agradece. Gravem bem esse rosto, ele será importante.

Continuando a explicação sobre tudo isso, eu começaria dizendo que viver na Terra é extremamente complicado. E olha que nem tentei ir diretamente para a 616, eu vim pra uma alternativa e já acho ruim. O clima em Nova Iorque está uma das misturas que eu aprendi a admirar: Sol com um pouco de frio. O céu azul claro com poucas nuvens ao seu redor, o sol aquecendo aqueles que são balançados pelo vento frio que corre pela cidade, é considerado praticamente o tempo perfeito! Não tem como odiar isso!

Mas, eu conheço alguém que consegue!

Na verdade, não sei se posso usar a palavra "conheço", exatamente. Não posso dizer que somos amigas ou conhecidas que de vez em quando se falam. A questão é que a maioria das pessoas não me conhecem ou percebem a minha presença, a não ser que eu queria, que é o caso de agora. Mas, não posso culpa-las, fui criada para ser invisível aos olhos humanos, pelo menos até certo momento.

Porém, como eu conheço todo mundo, apesar disso tudo? Bem, pra ficar bonitinho, eu uso Azarel como nome. Se você nunca ouviu falar, tente assistir séries como Lúcifer pra descobrir!
Então, por conta disso, eu sei da vida de todo mundo, já que preciso saber quando vão morrer, para levar suas almas para o céu ou para o inferno.

Voltando ao foco da história, que eu tinha até esquecido não ser a minha pessoa, sei de alguém que não gosta. E vou falar dela em especial, simplesmente porque ela é diferente das outras pessoas.

Ah, se você espera que eu comece falando o nome dela, quantos anos tem, que nem nos livros do Rick Riordan, sai daqui! Eu até vou menciona-los, mas do meu jeito.

Consigo vê-la de onde estou sentada, comprando café na concorrente dessa cafeteria. Ou seja, ela está no Starbucks. Coincidentemente também está sentada. Tá, avanço para ir mais rápido ativado!

Lembram da menina loira que falei mais cedo? Então! Lá está ela, aquela ali é a Aaliyah. Infeliz, né? Mas seu nome foi escolhido por pessoas como ela. A mesma foi adotada por brasileiros, mas está há 2 anos fazendo intercâmbio aqui nos Estados Unidos da América. Encontra-se no primeiro ano de algum curso da faculdade, que eu não faço a mínima ideia de qual seja, e está sempre acompanhada da melhor amiga, com exceção do dia de hoje. Por ter passado a maior parte da vida em um país tropical, ela acaba odiando esse clima de hoje.

Além de que, com o vento gelado ela também precisa mudar seu modo de se vestir. Apesar de conseguir sempre sair com garotos que agradem ela, Aaliyah acha que roupas mais curtas, um pouco relacionadas com o clima do Brasil, facilitam mais a sua vida.
Ah, garotas precoces no mundo sexual sempre existem e nunca entendo a razão de serem assim!

Mas, apesar de estar olhando para a mesma e falando dela, meu dever agora é falar de outra pessoa, o verdadeiro estopim de tudo que acontecerá daqui pra frente e que se encontra há algumas quadras daqui.

Já devem ter percebido que perco o foco algumas vezes, né? Ainda bem que não sou responsável por matar as pessoas, apenas por levá-las para o céu ou para o inferno, se não ainda teria muita gente viva nesse mundo. Voltando a nossa história!

Daqui a umas duas ou três quadras de distância, encontra-se Renee Gyeon. Essa sim é uma pessoa que merece um certo destaque dentre todos que irei falar. Com uma vida extremamente escorregadia e instável, Renee cresceu na Coreia do Sul, onde foi adotada por uma família super legal, mas não viveu exatamente debaixo do teto deles a vida inteira por motivos que não são importantes agora, e que não cabem a mim contar.

Ela pulou de cidade em cidade no país de origem, antes que tivesse que mudar até mesmo de continente. Não, Renee não arriscou ir pra China, Japão ou qualquer outro país asiático, simplesmente veio para os Estados Unidos da América na esperança de recomeçar tudo do zero. Ela está aqui há dois anos, vivendo como uma estudante de intercâmbio. Mas, sempre se mantém no nível de "Um olho no padre e outro na missa"

Agora eu estou vendo-a, já que meu deslocamento é algo que se passa despercebido. Posso estar onde eu quiser quando quiser. Enfim, o dia de Renee até que estava indo muito bem. Ela e sua melhor amiga, Emily, foram para o colégio e tiveram um bom dia. Não são populares, mas também não são invisíveis como a Mia em O Diário da Princesa.

Curiosamente, elas foram convidadas pelo grupo das popularzinhas para almoçar, que é o que estão fazendo agora. Mas, imaginem a cena como as Trixies convidando as Winx pra um chá. Não passa uma boa sensação de jeito algum, sendo assim, eu no lugar delas não viria. Se bem que, até poderia, não posso morrer. Bom, vou me ater ao diálogo delas

–Então, meninas –Emily começa falando. –Podem acabar com essa farsa. O que querem?

–Ah, Emily, faça me o favor. Não consegue acreditar em nós? –A loira oxigenada pergunta fingindo estar intrigada com a atitude de Emily.

–Verônica, nem que a gente quisesse muito!

–Então tá, Renee. Que tal nos falar do seu encontro com o Josh?

Vejo nossa garota se remexer desconfortavelmente. Renee ajeita o cabelo levemente cacheado pondo alguns fios atrás da orelha e tentando ao máximo desviar seus olhos negros dos olhos verdes de Verônica. Ela já achou estranho um dos caras principais do time do colégio tê-la chamado pra sair. Só aceitou porque Emily, como sua melhor amiga, insistiu que ela deveria dar um voto de confiança, mesmo a situação parecendo estranha. A verdadeira questão, é que o encontro não foi tão formidável assim.

–Não tenho que te falar nada.-Renee responde secamente.

Boa, garota! Renee 1 X Veronica 0.

Mas, ainda assim, o dia estava prestes a se tornar um verdadeiro caos por conta desse assunto. Quem dera os adolescentes fossem pessoas mais fáceis de se lidar, mas eles infelizmente conseguem ser pior do que as crianças na maioria das vezes.

–Ah, Renee, só uma escapadinha. Todo mundo achou estranha a atitude dele!-Verônica fala de risinho com suas amigas.

–Ainda assim, não vou te falar sobre isso.

–É, ela tem o direito de ficar quieta.-Emily entra na conversa-Nem eu sei todos os detalhes!

A sorte de Renne é que sua melhor amiga é uma mentirosa convincente. As garotas do outro lado da mesa realmente pensam que Emily está falando a verdade. Pobres garotas tolas.

–Deve ser porque ela queria conversar com alguém no mesmo nível de experiência, não é, Renee?-A outra loira, sentada ao lado de Verônica e quase tão venenosa quanto a mesma, pergunta.

–Eu continuo sem querer conversar sobre isso!-Renee dessa vez encarava o teto da cafeteria expirando todo o ar que seus pulmões guardavam pela boca. Era evidente o quão ela se esforçava pra impedir que as lágrimas caíssem.

A verdade é que ela estava imersa nas lembranças do tal encontro. E por ter sido tão ruim, isso realmente fazia com que ela não tivesse a mínima vontade de falar como foi ruim. Desde a escolha do lugar, até a despedida na porta da casa dela. Um completo desastre que fazia Renee se sentir culpada por ser tão ela.

–Ai, garota, você tá me fazendo perder a paciência!-A voz de Veronica aumentava cada vez mais e sua pele alva estava de fato ficando vermelha de raiva.-O Josh nunca chamaria alguém como você pra sair!

Emily a encarava furiosa se segurando para não bofetear a cara da colega de classe, já Renee, que antes evitava qualquer contato visual com a menina, agora a fitava de forma desafiante ouvindo atentamente a cada palavra que saia por sua boca mesmo com sua consciência gritando dentro de si mesma pra que ela pare, ignore Verônica, dê as costas e vá embora. O problema, é que Renee preferiu escutar as palavras da adolescente.

–E mesmo assim, ele jura de pé junto que não foi uma aposta ou um desafio.-Verônica continua.-Então, ou você começa falar agora como foi essa droga de encontro que você teve com um dos caras mais gatos, gostoso e bem dotados do colégio ou então...

–JÁ CHEGA!

Renee se levanta abruptamente e bate as duas mãos contra a mesa. Tudo acontece extremamente rápido, mas minha visão é boa e vou descrever em detalhes. Antes mesmo de seus dedos baterem contra o tampo de madeira, eles já tinham uma energia vermelha brilhando ali.

Ao chocar suas palmas abertas na superfície, ela aderiu à energia como se fosse um processo físico de indução. Os filetes vermelhos se transformaram em uma imensa onda de energia cinética que correu por todo ambiente a sua volta causando uma imensa catástrofe. Todos saíram voando instantaneamente, indo parar na outra calçada. O restaurante ficou sem suas vidraças, mesas e cadeiras. Ah, e sem os clientes também!

Renee olha pra frente, sem entender nada ou entendendo tudo, mas surpresa com a dimensão da situação. Sua respiração está ofegante e suas mãos tremem ao serem levadas até a cabeça. Ela pega sua mochila às pressas e vira em direção à saída que acabou surgindo atrás de si. Mas, não sem antes virar pra Emily e falar:

–Vá pra casa! Não fale com ninguém. Você não me conhece para todos os efeitos! –Ela fala em desespero.

Ela não da chance da Emily sequer concordar e eu vou atrás dela. Há muitos anos tivemos um encontro, quando a mesma ainda era criança. Essa dai eu sei que sabe pelo menos parte da verdade sobre si mesma, mas não sei até que ponto ela foi para descobrir. Me mantenho "encoberta" pra que ela não me veja e tenha um ataque maior do que o que ela já está tendo.

Renee começa a correr pelas ruas de Nova Iorque e eu apenas vou atrás andando tranquilamente. Em uma determinada rua, que nem ela e nem eu prestamos atenção em qual é, um carro vem em alta velocidade e quase atropela a mesma. Mas antes que a colisão aconteça, ela olha pro mesmo e automaticamente seus poderes fluem por seu corpo, sem que ela precise erguer um dedo, indo em direção ao carro amassando-o antes que ele possa colidir contra seu corpo.

É claro que o motorista e os passageiros do carro morreram na hora, no exato instante que o carro começou a se amassar. Logo terei que busca-los! A sensação pra eles foi como se estivessem sendo compactados, e olhando pra como ficou o automóvel, é a melhor descrição possível.

Entendam uma coisa antes de eu continuar: Tanto a Renee quanto alguns outros, que são como ela, no fundo sempre souberam do que eles têm a capacidade de fazer. Só não usavam isso pra nada e nem sempre perdiam o controle. Mas, agora tudo está prestes a mudar. Não posso chegar nessa parte ainda sem que saibam com o que estamos lidando.

Voltando para Renee, é nítida a expressão de pavor em seu rosto ao observar o carro amassado e os corpos ali sem vida, mas ela sabe que não há mais nada que possa ser feito por aquelas pessoas, nesse momento ela deve se salvar, e por isso, a menina dos olhos castanhos continua correndo. Chegamos a rua mais deserta que tem aqui, mas que possui comércio e alguns carros estacionados.

Renee, ofegante e cansada de tanta correria, sentindo a adrenalina pulsar em suas veias, se apoia em um deles na intenção de pegar fôlego e continuar a fuga, mas assim que encosta a palma da mão na mala do carro, o mesmo sai pela rua desgovernado como se tivesse sido ligado em velocidade máxima.

Ela se vira desequilibrada olhando o carro se afastar rapidamente pela rua, em seguida leva suas mãos a altura dos olhos sem entender como podia ser capaz de tudo isso. Ela olha ao redor com medo de que alguém apareça e mais uma vez, ela foge por toda a Nova Iorque. Percebo estarmos chegando perto da Times Square, e isso me preocupa. Tem vias de todos os lados e tenho certeza de que a essa altura, alguém já chamou a polícia.

Às vezes eu tenho vontade de me matar, pena ser impossível. Assim que chegamos, Renee com seus cabelos voando e sua boca entreaberta tentando puxar mais oxigênio avista vários carros de polícia vem vindo de todas as direções.

Agora mesmo que ela irá surtar por conta do fato de estar cercada por eles e sendo assim, algo muito pior do que o aconteceu no restaurante, vai acontecer aqui.

Começo a pensar no que posso fazer para evitar essa situação. Aparecer pra ela está fora de cogitação, só pioraria tudo. Não tenho como atrair a mesma para outro lugar, já que logo eles irão chamar sua atenção com o megafone ameaçando-a. Chego à conclusão de que é impossível, não há o que eu possa fazer para tirar Renee dali. De repente, claramente em pânico, ela ergue seus braços em direção a dois carros dos vários de polícia a sua volta. Ela os segura no alto bem acima de sua cabeça usando apenas sua telecinese, se preparando pra chocar um contra o outro, provocando uma explosão e matando todos os policiais ali. Não há nada que possa impedi-la.

Eis então que surge alguém, vindo de cima pelo seu lado direito pousando com suavidade. Quase sorri de felicidade ao ver quem é! Mas a questão é se essa pessoa irá conseguir fazer com que Renee mude de ideia. Vou deixar a sorte ser lançada já que o efeito dominó que aquele carro irá gerar, é mais importante nesse momento.

Bem, vocês lembram da garota no Starbucks? Então, vamos voltar a ela agora. Eu já dei alguns dados sobre a mesma e acho que é suficiente por enquanto. Conhecê-la pode ser... Não! , Será tão difícil quanto a Renee, fato! Apesar de serem absurdamente diferentes, elas têm certas semelhanças em alguns pontos.

Apesar de me materializar rapidamente em frente a cafeteria de novo, como eu havia mencionado, uma reação em cadeia foi iniciada no exato instante em que Renee tocou naquele carro. Falando nele, consigo ouvir seu motor e suas rodas vindo a toda velocidade há menos de dois quarteirões de distância. Mas, isso não é nada. As pessoas que estão sentadas na mesa da frente do estabelecimento, incluindo a Aaliyah, estão distraídas, mesmo já começando a ouvir o carro sem saber de onde ao certo vem esse som.

Novamente, vou descrever lentamente uma cena que será super rápida.

O carro entra na rua em que estamos. Algumas pessoas dos outros estabelecimentos e do próprio Starbucks prestam atenção nele correndo em extrema velocidade. Até que o mesmo bate em um poste e sem perder o ritmo, acaba virando levemente em direção a calçada onde ficam algumas mesas da cafeteira.

As pessoas no Starbucks começam a sair das mesas que ficam do lado de fora e correm para se abrigar dentro do estabelecimento. Já Aaliyah, não se mexe. Chego mais perto esperando o momento que ela se atentará e sairá dali, o carro se aproxima a cada segundo mais, observo atentamente já nervosa com essa situação e vejo que ela se encontra de fone, lendo um livro sobre a matéria de sua faculdade. Mesmo que eu não tivesse a audição apurada, seria possível ouvir a música junto dela de tão alta que se encontra. O carro vai colidir contra ela, e sem querer eu tomo uma atitude irracional!

–AALIYAH! –Grito seu nome.

Por alguma coincidência cósmica do destino, ela estava tirando os fones na mesma hora. Se vira para trás e vê o carro azul já tão próximo que não adiantava levantar. Ela apenas fecha os olhos, aguardando o impacto que o objeto vai gerar. Mas inacreditavelmente, quando o automóvel encosta nela, ele simplesmente atravessa seu corpo sem move-la nem mesmo um centímetro. Olho pra mesma e sufoco o grito em minha garganta.

Ela está olhando pra mim. Diretamente. Olhos nos olhos. E sei que faz isso porque me vê em pé aqui. Não assumi um corpo humano na hora de grita-la. Era pra parecer um sussurro, vindo com o vento, e que tivesse feito a mesma virar. Mas de algum modo, isso falhou no dia de hoje e pela sua expressão, sei que me vê como eu sou. Sem disfarce algum. Sua expressão é uma mistura de surpresa e repulsa. Convenhamos que Deus não me fez pra ser bonita, já que ninguém deveria me ver.

Mas, vamos voltar ao fato de que o carro atravessou todo o Starbucks, matando boa parte das pessoas. Os sobreviventes, que agora saem para a parte externa, olham pra Aaliyah como se ela fosse um milagre de Deus. Sinceramente, a minha expressão está idêntica à eles. É tão inacreditável e incrível o que aconteceu, claro que eu sei do quão poderosa Aaliyah é, mas ver seus poderes em ação dessa forma não é algo que vejo todo dia, foi tão empolgante que eu queria repetir a ação só pra ver de novo. Rezo internamente pra alguém ter filmado!

Foi como se ela simplesmente fosse um espírito, que apenas estivesse ali. Então, o carro passou como se não tivesse um corpo físico. Sendo que, por todos estarem olhando pra ela agora, há a confirmação de que é uma pessoa viva. E de um certo modo, apenas deixou sua alma no caminho, para que o corpo físico se quer fosse atingido.

Vejo algumas pessoas se aproximarem dela e não sinto que seja o ideal na situação atual. Ela juntou todas as coisas e guardou em sua mochila, se preparando pra levantar ja nervosa. Mas é como se não conseguisse encostar em tudo. Foi difícil guardar, pois sua mão passava direto, como se ela fosse um espírito sem conseguir segurar as coisas ou estivesse em desequilíbrio quântico mesmo isso sendo totalmente impossível.

Aaliyah fica claramente irritada por não conseguir guardar suas coisas e precisar ir embora o mais rápido possível. E eu pressinto o que vai acontecer mas não tenho tempo de impedir, é quando então uma mulher encosta em seu ombro.

Sabe a explosão que a Renee causou no restaurante? Ela quebrou tudo que havia lá dentro e as pessoas voaram. Vocês provavelmente esperam algo parecido agora, mas é aí que se enganam. Mesmo sendo extremamente parecidas e tendo muito em comum, quando se tratam dos poderes as duas são completamente opostas. De repente, sem nem perceber o que estava fazendo o corpo de Aaliyah se arqueia momentaneamente expulsando de si uma energia laranja radiante que atinge apenas as pessoas, fazendo com que elas instantaneamente caiam.

Eu observo a cena de boca aberta. Não só a cafeteria como todo o quarteirão foi atingido e está com pessoas caídas. Ou melhor, mortas. Corpos começam a sair dos prédios, mas antes que as pessoas, que estão vivas, tenham a oportunidade de fazer alguma coisa, acontece com ela o mesmo que aconteceu com as outras e seus cadáveres simplesmente desabam no asfalto, se juntando aos outros.

Aaliyah finalmente sai da cafeteria, que agora se encontra cheia de cadáveres. Ela nem precisa correr. Não sobrou ninguém pra chamar a polícia e fazer com que a mesma seja presa. Sendo assim, ela põe a mochila nas costas prendendo o cabelo em um coque frouxo que, de tão frouxo, logo se solta, enquanto anda para longe dali, calmamente, em direção ao próximo quarteirão dessa rua e deixando um pequeno rastro de corpos para trás. Talvez seja essa uma de suas semelhanças com Renee, elas são mais destrutivas do que pensam.

A energia em seu entorno faz basicamente com que seu corpo flutue por onde passa. Seus pés não tocam o chão e como as pessoas não estão tendo a capacidade de ficar vivas ou tem suas almas alteradas de algum modo, ninguém da atenção a ela. E essa é talvez a maior das diferenças entre Aaliyah e Renee: o ataque de modo silencioso.

Não fico contando o tamanho do estrago que ela criou, já que anda boa parte das ruas e rouba a alma das pessoas sem dó nem piedade. Aaliyah para próxima a um corpo agachando-se e pegando a chave de seu carro, prestes a pegar ele e fugir. Mas, novamente, vem alguém em direção à ela e sinto que vai ser igual a cafeteria.

Me surpreendendo quando os caras, que agora vejo ser da Swat, chegam nela, ela não rouba suas almas. Ela se mantém imóvel agradecendo internamente por ter posto uma legging preta e uma regata da mesma cor antes de sair de casa, o que significava que seria mais fácil do que ela planejava. Eles mandam ela erguer as mãos e assim ela faz esperando até o momento em que eles se aproximam o suficiente para que Aaliyah surpreendentemente segure no cano da arma de um deles, puxando-a para si e derrubando seu dono. Os outros chocados nao entendiam como aquela menina loira de olhos verdes, de aparência tão angelical podia fazer tal ato. Logo eles se preparam pra lutar com ela, que parecia já estar esperando por esse tipo de emoção há algum tempo.

A única mulher que vejo ali se prepara pra dar um soco em Aaliyah, que prontamente segura seu punho fechado e torce seu braço, fazendo-a dar um giro de 360° em direção ao chão. Como é de se esperar, todos atacam ela ao mesmo tempo, que apenas rebate, sem investir contra eles em si e consegue vencer a luta, sem roubar e nem alterar nenhuma alma. Ainda assim, é possível ver como ela não é fácil.

Aaliyah consegue roubar o Audi e vai em direção à sabe-se lá onde. Enfim, vamos voltar ao carro que ainda está desgovernado. Sim, o mesmo que Renee deu "a vida" e que acabou de ultrapassar pela alma de Aalyiah. Logo após passar pelo Starbucks, ele foi pra rua de trás e continuou seu curso na diagonal, atingindo mais alguns estabelecimentos

Por ser uma reação em cadeia, obviamente envolve outra pessoa agora. E Phoebe não vai ficar atrás das duas já citadas anteriormente. A menina de pele bronzeada, cabelos loiros e olhos castanhos está numa quadra de basquete que tem nos fundos de seu colégio conversa com alguns amigos na arquibancada, sem prestar atenção propriamente dita no jogo. Ah, só no jogador principal do time. Eles estão ficando ultimamente.

O carro vem em direção às arquibancadas e quem está nelas não pode vê-lo. Muito menos quem está jogando. Então, quando o mesmo bate na grade e depois bate nos bancos de madeira, tudo vai cedendo. E com isso, as pessoas vão caindo.

O corpo de Phoebe vai em direção ao carro, mas a energia que emana dela, faz com que apenas passe suavemente pelo mesmo. Seu pé apenas toca o teto do mesmo e parece surreal o que acontece. É como se a energia que a Renee colocou ali ganhasse maior intensidade nesse momento e a velocidade do carro aumenta, quase derrubando a garota.

Mas seu corpo parece atingir uma cama-elástica roxa cintilante e logo a mesma está de pé novamente. Muitos morreram na queda e quem estava jogando na quadra também. Phoebe ofegante e desnorteada olha ao seu redor e agradece por nenhum de seus amigos ter percebido que ela acabara de usar seus poderes. Logo ela pega sua mochila e vai na direção em que o carro veio antes.

Falo dela melhor depois. Está na hora de seguir aquele veículo em direção à próxima possível vítima, que será a mais rápida de todas. O Edward é um dos mais voláteis, junto com a Renee e um outro garoto que ainda não foi citado aqui. Sendo assim, suas ações acontecem de modo rápido, mas conseguem ser marcantes de algum jeito.

Enfim, Edward estava com seus amigos comprando ingressos para o cinema. O filme e quem são seus amigos, não importam, mas o fato de que suas ações são relevantes de um jeito diferente. Enquanto estava na fila conversando, avistou o carro desgovernado vindo em direção à eles. Imagina que o mesmo ficou desesperado, mas a reação dele foi quase tão calma quanto a da Aaliyah.

O carro ia com o intuito de acertar Edward, seus amigos e algumas outras pessoas da fila, que estava no meio da rua e por isso não tinha escapatória. Mas o garoto estava preparado. Quando o carro estava tirando um fino dele, o mesmo simplesmente apoiou suas mãos no teto do veículo e ambos desapareceram no ar.

Todos olham para os lados tentando entender o que aconteceu ali. Parecia uma coisa de outro mundo alguém simplesmente sumir assim. Daria pra culpar a energia no carro, mas sabemos bem que Renee e Phoebe não tem poderes desse tipo. Ou seja, foi algo que o próprio Edward conseguiu realizar.

Ando pelos arredores. Ele não deve ter ido muito longe. Percebo que acertei ao encontrá-lo em algumas quadras daqui. Respira devagar, como se carregar um objeto tão grande junto com seu próprio corpo fosse a coisa mais difícil que pudesse fazer, ele desaba no chão cansada apoiando as mãos na cabeça sussurrando:

–Não posso voltar pra lá. –Ele diz pra si mesmo. –E nem sei pra onde ir...

Essa é a sensação geral para todos eles. Nenhum comentou, mas é essa mesma. Renee não teve, pois encontrou com alguém. Aaliyah e Phoebe tiveram reações diversas e eu me afastei logo delas, sem dar tanta atenção para saber se elas falariam alguma coisa como Edward fez ou não.

Ele começa a se afastar, já que aqui está deserto e não tem ninguém o observando. Até agora parecia ser o mais certo do que estava fazendo. Na verdade, ele e a Aaliyah. Nenhum deles parecia achar a situação errada ou não saber como agir mediante o problema. Já Renee e Phoebe foram na questão do instinto. Tudo aconteceu rápido e gerou as consequências que vimos.

Seguindo em frente, bom, as duas pessoas que faltam basicamente não estão tão distantes uma da outra. E a consequência de uma vai levar até a consequência da outra. Exato, como se a vida já não estivesse ruim, ainda temos isso. Sinceramente, eu mereço estar passando por isso. Mas estou vendo e observando todos eles por uma razão específica.

Vou basicamente pontuar a vida de cada um. O Thomas, é um garoto normal com uma vida normal. Ele se mudou da Europa pra cá quando estava no início da adolescência e desde então está aqui, com família, amigos e a namorada. É o mais velho de todos eles e tem uma boa explicação pra isso. Já o Matthew, ou Matt para quem criar intimidade, é nascido e criado aqui em Nova York. Solteiro, no momento, porque dificilmente as garotas o aguentam por conta de uma característica peculiar: sempre parece saber o que elas pensam.

Enfim, agora que sabem um pouco deles, posso focar na situação em si. Quando Edward largou o carro, o mesmo não o parou. E o carro que foi desgovernado pela Renee e teve a velocidade duplicada pela Phoebe, simplesmente seguiu seu rumo, que era inexistente. Até agora não entendo como esse carro simplesmente não bateu.

Meu Deus! É claro! A reação com a Aaliyah!

O carro não necessariamente atravessou o corpo dela por ela ter se tornado uma alma. Ela também pode ter transformado o carro em algo que não fosse sólido e simplesmente tivesse ficado sem energia. Faz total sentido. E agora, Edward também deve ter passado algo pro mesmo, só não sei o que é

Bom, não demoro a descobrir, quando vejo o carro sumir em azul. A sorte é que estou seguindo ele na velocidade do mesmo, então eu meio que fui junto. Estamos perto do ponto de partida, já que tudo sempre começa e termina no mesmo lugar. Irônico, não? Exatamente.

Seguindo em frente, o Thomas não terá tanta sorte. O carro já surgiu perto dele e da namorada, que estão andando pelas ruas de modo aleatório. Ela se vira pra falar com alguém que a chamou e o mesmo fica parado esperando. Então, o carro desgovernando e veloz, atinge os dois, que estavam de mãos dadas, em cheio, fazendo com que o mesmo voe e quebre a vidraça de uma loja enquanto a menina é jogada para o meio da rua já que foi atingida apenas na metade do corpo.

A garota grita. Mas, antes que alguém possa fazer qualquer coisa, ou o carro possa continuar sem rumo, eu me sinto como uma fita cassete. Tudo começa a regredir devagar. Eu vejo o corpo de Thomas levantar e flutuar de volta para onde estava. Ao mesmo tempo, vem o vidro da loja. O carro e até mesmo eu, estamos dando passos para trás. Sua namorada volta e inclusive seus ferimentos se fecham e eles voltam para a exata posição onde estavam. As outras pessoas também estão passando pelo processo. E então, tudo para, e só depois continua.

A cena parece estar para se repetir. Mas dessa vez Thomas sabe o que vai acontecer e se joga para o lado do caminho antes, fazendo com que o carro simplesmente siga em direção ao Matt, que estava descendo de sua moto. Mas o garoto olhou um milésimo de segundo antes e quando o veículo estava chegando, ele larga seu capacete que cai no chão asfaltado e aponta sua mão esticada para o carro emanando uma luz amarela, ele ergue o carro no ar fazendo o mesmo levitar formando um ângulo de 180° por cima de si e então caindo do outro lado destruindo-se e finalmente dando fim a toda aquela catástrofe em cadeia.

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