She keeps me warm

By lotusfl0wer

53.4K 2.7K 1.9K

Valéria Monteiro é uma mulher poderosa, dona da maior rede de seguros do Brasil, mãe de Lorena, uma garotinha... More

capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
AVISO
NEW YEAR'S RESOLUTION
capítulo 22

capítulo 9

2.4K 152 88
By lotusfl0wer

Seu celular estava muito agitado para um sábado de manhã. Ao que abriu o aplicativo de mensagens para ver as mensagens da psicóloga, outra janela apareceu e a tela de seu celular foi interrompida por uma ligação. Ela atendeu no primeiro toque.

"Bom dia, Valéria. Atrapalho?" A dra. Aline perguntou.

"Bom dia. Não, não, eu já tinha acordado. Tudo bem, dra.?"

"Tudo sim. Eu acabei de sair do fórum, a data da audiência com a sua filha saiu."

"Sério? Quando? Temos algum tempo? Sei lá, de eu me preparar, de ela se preparar, não sei?"

"É em 15 dias. Por sorte, a juíza do seu caso vai viajar, então vai demorar um pouco mais. Dia nove de julho, às 14 horas."

O coração de Valéria parou por alguns segundos. Se não havia parado literalmente, ela sentiu como se tivesse parado e nenhuma molécula de oxigênio conseguia chegar aos seus órgãos vitais.

"Valéria?" A dra. perguntou no telefone.

"É- é o dia do aniversário da Lorena. Essa audiência não pode acontecer."

"Dia 9 é aniversário dela?"

"Sim. Tem como mudar de data, ou sei lá? Falar com a juíza, escolher uma outra data, deixar pro dia seguinte. Dia nove é fora de cogitação, Aline."

"Calma. Eu vou ver o que eu consigo fazer. Pelo menos com a data marcada, fica mais fácil de conseguir se preparar. Eu vou ver se consigo mudar pra semana seguinte, geralmente é possível sim. Não se preocupe com isso agora."

"Por favor, eles têm que mudar essa data." Ela pediu.

"Eu vou ver o que consigo fazer. Bom dia."

Ela desligou a ligação e ficou por um momento admirando o plano de tela de seu celular: uma foto sua com Lorena no parque. Não existia uma realidade que Valéria conseguisse ficar sem sua filha, era impossível que aquilo acontecesse. Toda a situação de seu divórcio e o fato de sua filha precisar passar com uma psicóloga deixava a ruiva extremamente decepcionada consigo mesma, porque não era nem de longe um cenário que ela imaginou um dia fazer sua filha participar. Ter uma audiência por uma briga de guarda com seu ex-marido por causa da menina, no dia de seu aniversário parecia covardia com Lorena, e injusto com ela. No auge de seus trinta anos, a única preocupação que ela gostaria de ter com sua filha era qual brinquedo escolher primeiro para andar, durante uma viagem de família para a Disney, e não a porra de um divórcio que suga seu tempo e forças o tempo todo e ainda a coloca para brigar na justiça pela guarda legal.

O celular vibrou de novo e Valéria retomou os sentidos, como se a eletricidade no celular recarregasse um pouco da sua energia. Era Camila.

Como se estivesse funcionando no modo automático, ela se levantou e caminhou até o seu closet, estava enrolada na toalha até aquele momento, os cabelos molhados haviam deixado uma mancha no travesseiro ao qual ela se recostou. Ela tinha um encontro.

Escolheu uma saia preta de cintura alta, um cinto com padrão de onça, uma camiseta branca simples e um sapato aveludado vermelho. Apesar de sua carreira e idade -ela odiava admitir isso-, seu guarda-roupas era muito juvenil. Só usou um rímel para pentear seus cílios e um lip balm sem cor. Pegou sua bolsa e saiu. Ficar sozinha em casa naquele sábado estava sendo enlouquecedor, e já que ela estava toda atolada nas merdas da vida, e ainda por cima sozinha, porque não se afundar mais?

Camila estava na cama com sua sobrinha. Cibele estava ajudando-a com as mensagens para a ruiva, embora não tivesse visto muito da conversa.

"Você tem um encontro daqui...." Cibele olhou no seu próprio celular. "40 minutos. Posso saber porque ainda não está se arrumando?

"Eu tô nervosa. Eu nunca fiz isso antes."

"Ir num encontro? Mentira, fez sim, porque eu sou testemunha ocular."

"Não, convidar alguém pra um encontro. Uma paciente pra um encontro." Ela enfatizou a palavra paciente.

"Se nada der certo, você dá uma consulta de graça pra ela. Vai logo, Camila!"

Cibele riu e tocou-a da cama, o que fez Camila se levantar e ir tomar um banho. O tempo gasto no banheiro foi mais para a maquiagem do que para o banho em si. Com suas mãos tremendo, era muito difícil fazer um delineado sem borrar ou deixar torto. Quando saiu, escolheu de seu guarda-roupa um short de cós alto branco, conjunto com um camisete ¾ e uma sandália de salto. Camila Nasser não era Camila Nasser sem um salto nos pés.

"Ci, tá bom?"

Cibele tirou os fones do ouvido, se desconcentrando do jogo online e olhou para a tia.

"Tá perfeita, Mila. Sério."

"Eu tô muito nervosa. Minhas mãos estão suando. O que eu tô fazendo?"

"Relaxa! Você só tá indo num encontro." Cibele riu.

"E se ela me denunciar? E se ela me achar uma doida que já chama pra um encontro no dia seguinte da balada? E se eu falar alguma merda tipo "Eu te amo" à lá Teddy Mosby?"

Cibele gargalhou e ficou em pé.

"Mila, calma! Ela aceitou, não aceitou? Ela tá interessada também. Além do mais, pelo que eu vi ontem, ela tem outros propósitos com você... Ótima referência, inclusive. Diferente de Teddy Mosby, você é linda, legal, inteligente e vai ficar com sua Robin. Pelo menos hoje. Se nada der certo, tem mais um monte de mulher e cara legal por aí. Relaxa, tia. Kiss the girl."

Camila respirou fundo e abraçou a sobrinha. Pegou sua bolsa, jogou um beijo no ar e saiu em direção ao elevador de seu apartamento, apertando o -1.

Ela chegou no restaurante que disse para Valéria encontrá-la. Queria muito poder seguir o roteiro de ir busca-la em sua casa, mas ela ainda não tinha estruturas físicas para esse passo, ela já estava muito nervosa, era melhor só se encontrarem lá. Pediu uma mesa com dois lugares e uma boa vista para o garçom e avisou-o que logo chegaria alguém procurando por ela.

Ela estava usando o celular como escape para seu nervosismo quando escutou um pigarro leve bem próximo e ergueu os olhos.

"Oi."

"Oi! É- Oi." Camila ficou em pé e Valéria percebeu que ela ficou desconcertada, sem saber como se portar. A ruiva riu e se sentou. Estava com um sorriso no rosto, mas também não era capaz de se mover para cumprimentar a mulher em sua frente com algo mais íntimo como um abraço. Ela também não sabia no que estava mergulhando. Ouviu a voz de Dalila dizendo em seu subconsciente "Não quer abraçar, mas tava quase engolindo a moça."

"Desculpa eu- eu te chamar pra um- é, um encontro tão cedo, sabe?" Camila não conseguia olhar para a ruiva ainda. Ergueu o olhar só quando pôde respirar de novo.

"Geralmente, um encontro não começa com desculpas..." Valéria riu. "Eu tô tão nervosa quanto você." A ruiva admitiu, assumindo um tom mais sério.

"Uma cantada ruim e um pedido de desculpas antes de mais nada... Pelo menos, você já sabe que à partir de agora nada piora." Camila zombou de si mesma.

Por sorte ou ajuda do destino, o garçom apareceu, entregando o cardápio e anotou as bebidas. Ele deu uma dica sobre a carta de vinhos e elas escolheram um que Valéria gostou: chileno, safra de 1995, tinto, merlot.

"Quem diria esse nosso paladar... Um dia bebendo álcool duvidoso e barato num estacionamento, outro dia escolhendo um vinho num restaurante em Higienópolis." Valéria riu e fez Camila rir também.

"Obrigada por ter vindo. Eu queria... me explicar."

"Se explicar? Por quê?"

"Eu não faço muito isso, aliás, eu nunca faço isso. Sair com pessoas meio proibidas. Você é um pouco proibida... Tem a questão de ética do trabalho, sabe? Mas eu queria, eu quero ver você mais vezes, se você quiser, é claro. E eu tinha que fazer isso. Explicar e te pedir desculpar por isso e te indicar uma outra pessoa, pra sua filha."

"Só pra livrar a sua consciência, eu te garanto que você não tá fazendo nada de errado. Mas... será que a gente pode falar de qualquer outra coisa, menos isso? Só... curtir um encontro? Minha cabeça tá tão cheia de coisas que eu só quero fingir que nada disso existe."

A morena assentiu. Era óbvio que Valéria não estava num dia bom.

"Claro, do que você quer falar?"

"Qualquer coisa. Me conta que tipo de sorvete você gosta."

Camila riu. De algum jeito, aquela mulher em sua frente estava fazendo todo seu nervosismo ir embora, mesmo que ela fosse a causadora daquilo.

"Pistache é uma resposta muito ruim?"

"Pistache?" Valéria fez uma careta. "Eu tenho paladar infantil, prefiro de morango."

"Você já experimentou? Essa careta não pode ser feita antes de provar."

"O nome já me dá ânsia."

"É muito bom, com calda de maracujá fica melhor ainda."

"Parece que não é só o gosto para cantadas e começos de encontros que são ruins..." Valéria zombou.

"Você vai rir disso pra sempre?"

"Ainda vai demorar pra esquecer, mas um dia eu paro. Pelo menos, eu também achei fofo." Ela riu.

"Será que eu vou poder te levar pra experimentar o sorvete de pistache então?" Camila perguntou.

"Eu nunca aceitaria isso. Você pode me convidar pra qualquer outra coisa, menos pra comer sorvete de pistache. Que horror. Podemos falar sobre filmes agora? Por favor, não estrague tudo."

Elas engataram numa conversa divertida e tão leve que parecia que suas almas se conheciam bem antes de se encontrarem. O clichê de filme de romance de fim de tarde na maior emissora do Brasil. Quando perceberam, já haviam terminado com a garrafa de vinho, com o almoço e já até tinham dividido uma sobremesa. Elas nem sequer notaram que comiam do mesmo prato. Camila insistiu em pagar a conta, mas Valéria nunca ia deixar aquilo acontecer, então elas só dividiram.

"Camila, será que a gente pode fazer alguma outra coisa?" Valéria pediu.

"Claro... O que você quiser."

"Um cinema?"

"Parece ótimo."

"Meu carro está bem aqui na frente." Valéria apontou, esperando que Camila fosse com ela.

"Eu estou com o carro também. A gente se encontra no shopping daqui?"

"Ok."

Se encontraram alguns minutos depois na garagem do shopping. Pareciam duas adolescentes em época que a paixão é a única coisa que existe no mundo; sem falar nada entraram no elevador e, ao se apertarem para que outras pessoas pudessem entrar, Valéria encostou seu corpo no de Camila. Sentiu o mesmo perfume que estava impregnado no consultório da primeira vez que a viu, e abraçou-a pela cintura.

Ao sair do elevador, Camila deu a mão para Valéria, entrelaçando seus dedos. Ela não olhou para seu lado, ainda não tinham trocado nenhuma palavra também. Na fila da bilheteria, Valéria repetiu o gesto de abraçar a morena pela cintura. Aquilo parecia natural ao seu corpo.

Mal prestaram atenção em qual filme iam assistir, apenas verificaram a sala e entraram, tomando seu lugar numa das filas do fundo.

Como os trailers já estavam rodando, elas só podiam cochichar, afinal não queriam atrapalhar ninguém, justamente para não serem atrapalhadas de volta.

"Posso te contar uma coisa?"

"Pode." Camila olhou para Valéria.

"Eu gostei tanto do seu perfume naquele dia que a gente se conheceu."

"Meu perfume? Você prestou atenção nisso?" Camila sorriu.

"Sim."

"Bom, já que você fez uma confissão tão importante como essa, eu confesso que quando você saiu da minha sala, eu fiquei um pouco sem ar. Você é meio estonteante, sabe..."

"Essa é uma boa cantada." Valéria riu e beijou-a.

Era seu primeiro beijo sóbrias. 

Continue Reading

You'll Also Like

51.1K 702 14
Continuation of my RWBY story "The strongest" Y/N, after his adventure on Remnant, is now into a new world, that is a mystery to him On his quest of...
4.1K 212 21
❝ 𝚑𝚎 𝚙𝚛𝚘𝚋𝚊𝚋𝚕𝚢 𝚍𝚘𝚎𝚜𝚗'𝚝 𝚎𝚟𝚎𝚗 𝚔𝚗𝚘𝚠 𝚒 𝚎𝚡𝚒𝚜𝚝❞ Sabrina, a hopeless romantic, fell for one of her best friends ever since, but...
593K 59.3K 37
It's the 2nd season of " My Heaven's Flower " The most thrilling love triangle story in which Mohammad Abdullah ( Jeon Junghoon's ) daughter Mishel...
27.2K 1.8K 19
what if someone's soul is stuck in a paper and he can still see the daylight only if he is saved. here we present The Famous ....The Arrogant....The...