capítulo 2

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A criança saiu pisando forte em direção ao seu quarto enquanto Valéria ligava seu IPad para terminar o trabalho. Viu que havia uma notificação de Dalila com o número da psicóloga e dizendo que estava à caminho de mais uma festa, e não perdeu tempo em contatar a tal psicóloga. Por sorte, ela tinha um horário vago na sexta-feira. O quanto antes, melhor.

Minutos depois, Lorena voltou de seu quarto para a sala, os cabelos molhados e já vestida com seu pijama.

"Hm, que cheirosinha!" Valéria colocou o IPad de lado, junto com o celular e as pastas do trabalho e pegou sua filha no colo, enchendo-a de beijinhos.
"Eu não quero ir pra escola amanhã."

"Ué? Porque não? Amanhã é quarta-feira, não é dia de aula de artes?" A ruiva esperou sua filha confirmar com a cabeça. "Então! Você adora a aula de artes."

"Não gosto mais."

Valéria suspirou pesado e arrumou a filha em seu colo, de modo que ela pudesse olhar de frente pra ela.

"Lolô, eu sei que você não queria que as coisas fossem assim, que você queria o papai aqui, que você tava pedindo um irmãozinho. Só que não foi assim. Eu e o papai brigamos e não vamos mais morar juntos. A gente já conversou com você. Mesmo assim, ninguém vai esquecer de você, ninguém vai deixar você de lado. O papai pode vir te ver sempre que quiser e você pode ir ver ele também. Mas não pode ficar assim, brigando na escola, faltar, ser mal-educada com a tia Dalila e nem bagunçar no meu trabalho, filha."

"Eu queria o papai aqui."

"Eu sei, mas não dá. Ele me deixou muito triste, muito mesmo, e eu não consigo desculpar ele, tá bom? Por favor, tenta entender, meu amor..." Valéria deu um beijo demorado na testa de sua filha e levantou-se com ela em seu colo, caminhando para a cozinha. "Vamos jantar que a tia Missade fez uma comida bem gostosa pra gente."

Elas jantaram em silêncio, Lorena ainda estava entristecida com aquela situação e com a conversa na sala, então não fez questão nenhuma de contar sobre o dia na escola, como fazia geralmente. Depois do jantar, enquanto a cozinheira arrumava tudo antes de ir embora, Valéria caminhou até o quarto de sua filha e a fez escovar os dentes.

"Pronto, agora já está na hora de dormir, né?"

"Fica aqui comigo?"

"Oh, meu amor, a mamãe precisa tomar banho e ligar lá no escritório ainda."

"Eu espero você tomar banho."

"Não, senhora. Você tem que dormir pra acordar cedo amanhã. Boa noite, minha princesa." A mãe depositou um beijo na testa de sua filha e apagou a luz, deixando o quarto em seguida.

Durante seu banho, uma das poucas horas do dia que passava sozinha, ela sentiu a água doer em todos os músculos de seus ombros e costas, como se levassem embora uma tonelada de problemas pelo ralo. Parecia que, depois que decidiu se separar, as suas preocupações dobraram de proporção e ela quase não conseguia lidar com tudo aquilo. Demorou um pouco mais em sua banheira, pedindo pelo final de semana enquanto lava seus cabelos. Ao sair de seu banho, se sentindo um pouco revigorada, encontrou um relevo na cama que não estava lá antes.

"Parece que tem uma almofada a mais na cama... Poxa, que bom, eu estou mesmo com dor nas costas." Ela sentou e se recostou na tal almofada, colocando pressão.

"Ai, ai"

"Minha nossa! A almofada falou! Oi, dona almofada. Tudo bem? Não era hora de estar dormindo?"

"A dona almofada não precisa dormir."

"Entendi... Bom, então, eu vou fazer companhia pra Lorena lá no quarto dela, vou deixar a dona almofada aqui acordada e vou dormir com a Lorena, que está dormindo, não é mesmo?"

She keeps me warmNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ