capítulo 15

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Segunda-feira, 8 am – prédio da Insurazo.

Valéria entrou em seu escritório um pouco melhor do que estava na semana passada; passar a sexta-feira e alguns pedaços do sábado na companhia de Camila, mesmo que não estivessem fazendo nada de relevante, foi muito revigorante. Quando Lorena chegou no domingo também, ela já estava mais calma e apesar de sua relação estar um pouco abalada, elas conseguiram aproveitar o fim do domingo sem brigar ou discutir e foram ao parque andar de bicicleta juntas.

A ruiva ligou seu computador, abriu as janelas e foi para a copa preparar um café. Aquilo era atípico dela, mas não havia tido tempo de tomar café da manhã em casa. Gastou longos minutos ali no pequeno cômodo equipado de pia, geladeira, mesa, micro-ondas e uma escala de compras de seus funcionários, no tempo suficiente de poder ver Dalila chegando na empresa como se tivesse passado cinco dias fora de casa. Estava com uma roupa impecável, um conjunto de terno vermelho, mas caminhava como se fosse um zumbi e os óculos escuros escondiam as olheiras com certeza. Valéria riu.

"Bom dia, meu amor!"

"Bom dia." Dalila respondeu com o fio de voz que lhe restara.

"O que aconteceu com você, amiga?"

"Eu fui pra uma festa na cachoeira no final de semana."

"Que pique... Você conseguiu descansar pelo menos?"

"Você sabe que não. Entra aí, quero te contar uma coisa." Dalila parou ao lado da porta de sua sala, fechando a porta depois que sua amiga entrou. Ela tirou os óculos e jogou-os dentro da bolsa, colocando tudo na sua poltrona desorganizada.

"Amiga, você não usou nada ilícito, né? Porque você tá só o pó!"

"Não, não usei. E a piada foi péssima." Dalila retrucou enquanto Valéria ria.

"O que você quer me contar?"

"Eu fui na festa lá em casa. Tava tudo bem até o meu pai armar o showzinho dele."

"Ah, amiga... Eu sinto muito."

"Calma. Não terminei." Dalila colocou seu cabelo atrás da orelha e sentou-se em sua cadeira, deslizando com as rodinhas até a amiga do outro lado da mesa. De quem tinha sido a ideia de colocar uma cadeira com rodinhas na sala de Dalila Abdallah? "Eu levei a Laila. E quando meu pai veio brigar comigo, eu o respondi, fiz o maior barraco, você sabe, eu sou meio esquentadinha... Até que eu decidi vir embora. Mas a Laila voltou e enfrentou o meu pai. E ela falou várias coisas sobre mim."

"Mentira! Ela te defendeu?" A loira acenou que sim com a cabeça. "Que gracinha."

"E eu percebi que eu gosto dela mesmo. Não estava nos meus planos, mas..."

"Dalila, não é errado gostar de alguém não, viu? Tá tudo bem. Assume esse sentimento. Ninguém tá falando de compromisso sério, tipo casamento, bodas de prata, uma família completa, adoção de pet. É só um lance... Assume isso. É tão bom gostar de alguém."

"Nossa, Shakespeare de Taubaté.... tá inspirada hoje."

"Não, tô falando sério. Não conheço ela tão bem assim, mas ela me pareceu muito gente boa. E vamos ser sinceras... pra aguentar você tem que ser muito incrível mesmo, não se pode desperdiçar." Valéria não perdeu a oportunidade de zoar com a amiga, lógico.

"Há-há. É, ela é incrível... Eu acho, pelo menos."

"Ai, é tão fofo ver você falando isso, nem parece a maluca que eu conheço."

Valéria mal terminou a frase e a porta da sala de Dalila foi aberta sem nem ouvirem a batida. Helena enfiou a cabeça no cômodo com um sorriso tão largo que quase dava a volta em sua cabeça.

She keeps me warmWhere stories live. Discover now