capítulo 12

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A ruiva havia desmaiado na sala de sessões porém acordou rápido, mesmo que ainda tenha ficado sentada um pouco no corredor, com Dalila abanando-a até que ela recuperasse a cor de seus lábios novamente.

"Ei, monstrinha. Quer assistir Steven Universo no meu celular?" Dalila perguntou, enquanto oferecia um copo de água para a amiga. Por sorte, sempre carregava seu copo de silicone dobrável em sua bolsa.

"Pode mesmo?" Lorena perguntou com os olhos brilhantes e remexeu na bolsa da loira, até encontrar um Iphone maior que suas próprias mãozinhas e colocou os fones no ouvido.

"O que aconteceu?" Dalila perguntou para a amiga, assim que se certificou de que Lorena estava entretida e com a audição ocupada.

"A juíza disse que a guarda compartilhada vai ficar por enquanto, num período de um ano, até que o tratamento dela, no caso a terapia, dê resultados mais sólidos, porque o laudo disse uma coisa e a Lorena disse outra."

"Não entendi."

"A Lorena disse que quer ir morar com o Bruno. O laudo disse o contrário, não sei o que era, mas fez com que a juíza quisesse esperar um ano de tratamento. Mas ela quer ir com o Bruno."

"Impossível isso. Não faz o menor sentido."

"Claro que faz. Se ela tivesse falado que queria ficar comigo, o laudo já estava na minha dependência, sabe? Eu ia continuar oferecendo o tratamento, então a guarda seria só minha. Mas ela não quis! Por isso os resultados foram diferentes e é por isso que a juíza quer esperar."

"E se foi o Bruno que pediu um outro lado, só pra ele ganhar tempo? EU duvido muito que ela tenha dito isso. Eu duvido mesmo."

"A juíza falou que o que ela disse. Foi ela. O que eu fiz de errado, Dalila?" Valéria não conseguiu nem terminar a frase. Seus olhos que já estavam molhados iniciaram um soluçar desesperado, que fez com que Dalila a abraçasse, pela primeira vez, sem ter uma resposta na língua. A loira não sabia realmente como lidar com choros, então ficou ali apenas fazendo carinho nos cabelos ruivos até que ela se acalmasse. Quando Valéria finalmente se recompôs por completo, mas não sem esconder a tristeza, Dalila voltou a falar.

"Vamos esquecer isso por hoje, tá bom? É aniversário da monstrinha... O que você vai fazer?"

"Eu nem sei mais... Desculpa, eu tô meio frustrada e com raiva até. Eu sempre fiz tudo por ela, Dalila. Como é que ela escolheu o pai dela?"

"Ei, calma, Val... Calma. Ela não fez por mal... Acho que ela nem tá entendendo a gravidade disso tudo, às vezes o Bruno até fez a cabeça dela. Mas você não pode deixar hoje passar sem pelo menos cantar um parabéns com bolo pra ela. Ela já tá bastante afetada com essa história toda. Se você quiser, eu encomendo tudo e fazemos alguma coisinha à noite na sua casa..."

"Eu sei... Não, deixa. Eu cuido disso."

"Tá... Posso voltar pra empresa? Quer que eu fique com você?"

Valéria ficou em pé e tirou a chave do carro de seu bolso.

"Não, não precisa. Obrigada. De verdade. Pode ir... Só avisa que eu não vou, tá?"

"Claro que não. Relaxa. Pensa que poderia ter sido tudo pior. Até ano que vem, a sua psicóloga dá um novo laudo, a Lolô vai crescer e entender melhor as coisas... Você não fez nada de errado, tá?"

Elas se abraçaram e Valéria acenou para sua filha sentada, chamando a sua atenção para irem embora dali. A menina devolveu o celular da tia e seguiu para seu carro com a mãe, enquanto Dalila caminhava para o outro lado, em direção ao seu veículo.

She keeps me warmWhere stories live. Discover now