capítulo 10

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“Eu preciso mesmo ir agora.” Valéria se desgrudou de Camila, sua boca toda vermelha ao redor dos lábios, por conta do atrito. Elas estavam na garagem do shopping, encostadas no carro de Camila.

            “É, eu tenho que ir também.” Camila deu um último selinho. “Te vejo na quinta?”

“Pode ser antes também.” Valéria sorriu e deu um outro selinho mais demorado. “Tchau.”

Ela se despediu e caminhou até o seu carro estacionado não muito longe dali. Já passava das quatro horas da tarde e ela ainda não tinha ido buscar sua filha. Mal passou pela catraca do estacionamento e ela já tinha usado o comando de voz do carro conectado ao celular para telefonar para Soraia.

            “Dona Soraia? Oi! Tudo bem? É a Valéria. Me desculpa, eu tô atrasada! Mas eu já estou passando aí pra pegar a Lorena.”

            “Oi, Valéria. Não se preocupa. Mas a Dalila levou a Lorena. Acho que elas estão na casa de minha bint.”

            “Ah... Eu passo lá então. Muito, muito obrigada mesmo por ficar com ela.”

            “Não tem problema. Pode deixá-la aqui quando precisar. Ela se divertiu tanto.”

 Valéria desligou e mudou o trajeto para a casa de sua amiga. Como o porteiro já a conhecia, liberou a entrada e ela apenas abriu a porta. Dalila tinha uma mania de deixar a porta da frente aberta. Encontrou sua amiga com o cabelo preso, apenas de top e um shorts curto de academia, ao lado de sua filha, ambas suando de tanto jogar Just Dance no videogame.

            “Quem tá ganhando?” A ruiva fechou a porta atrás de si, largou a bolsa na poltrona e sentou-se no sofá maior, atrás das duas.

            “Eu, claro.” Dalila comentou.

            “Tia, você é adulta, você tinha que me deixar ganhar. É isso o que os adultos fazem.”

            “Eu não. Se você quiser ganhar, vai ter que conseguir.” Dalila respondeu e pausou o jogo.

            “Será que eu posso ganhar um beijo?” Valéria pediu, abrindo os braços e recebendo sua filha no colo, beijando seu rosto em seguida. “Tudo bem? Como foi na casa da tia Soraia? Você se comportou?”

            “A gente fez uma cabana, e comeu kebab, depois a gente brincou de espiã com a tia Fairouz. E fomos no cinema!”

            “Uau. Quanta coisa! Você se divertiu?”

            “Sim! Muito!”

            “E você, posso saber onde estava?” Dalila perguntou para a amiga, olhando-a com um sorriso sugestivo.

Valéria riu.

“Ei, monstrinha. Te dou 5 reais se você for na cozinha e contar até 150 lá.”

“Eu não sei contar até 150.”

“Conta 15 vezes até 10.”

“Me dá o dinheiro primeiro.”

“Mercenária.” Dalila alcançou sua carteira em cima da mesinha do abajur e deu o dinheiro pra menina, que saiu e foi para a cozinha.

“Pronto. Me fala.”

“Gente, o que acabou de acontecer aqui? Você deu dinheiro pra minha filha?”

“Isso foi apenas negócio. Conta logo antes que ela volte.”

Valéria riu.

“Eu tava num encontro. Com a psicóloga.”

She keeps me warmWhere stories live. Discover now