capítulo 5

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"Camis, eu não sabia que você tinha uma sugar mommy!" Paul comentou gargalhando enquanto entravam no Burguer King 24 horas. Eles não sabiam como tinham ido parar ali. Após o cinema, pararam num bar para beber e só pararam quando a conversa deu uma brecha, já passando das três da madrugada.

"Eu não tenho uma sugar mommy."

"A mãe da sua paciente, uma mommy, que paga as consultas, ou seja, te mantém. Uma sugar mommy." Camila parou para pensar e deu de ombros. O argumento era válido.

"Tantos momentos pra tocar nesse assunto e você não disse nada. Agora, que eu achei que já tinha esquecido, você fala uma coisa dessas. Olha, sinceramente... Às vezes é muito difícil gostar de você. Eu quero esse novo Whooper Vegano, por favor." A morena disse para o caixa, entregando-lhe o seu cartão.

"Conte-me mais sobre isso."

"Não tenho nada pra contar. Ela só é a mãe de uma paciente. E é bonita."

"Então você admite?"

"Admito o que, meu Deus?"

"Que você é lésbica e tá afim dela?"

Camila revirou os olhos.

"Será que você pode parar de tentar me fazer gay? Se um dia eu perceber que sou, eu te aviso primeiro."

"Não precisa... Eu já percebi por você. Aquela olhada que você deu na mulher, olha, ela até olhou pro próprio decote pra ver se tinha alguma coisa errada. Você encarou o top dela."

"Eu só... Eu olhei pra ela, pra me certificar que era a mãe da minha paciente. Só isso. Só porque eu olhei pra ela quer dizer que eu sou lésbica?"

"Que droga, Camila. Eu sempre quis uma amiga gay."

"E porque tem que ser eu?"

"Porque você tem cara de sapatão." Paul coçou a barbara, escondendo um riso.

"E sapatão tem cara agora? Olha, se eu fosse gay, eu dava parte na polícia agora mesmo por homofobia."

"O que que custa você beijar aquela ruiva?"

"Ah, não." Camila não disse nada, apenas riu, pegou a bandeja do balcão de retirada de pedidos e saiu, escolhendo uma das mesas vazias.

"Você pode negar, mas um dia eu vou conseguir. E eu vou entrar no seu casamento gay com você e te levar pra sua noiva."

"O surtado."

"Deveria ser crime uma psicóloga se utilizar desses termos." Paul roubou uma batata frita da bandeja da amiga.



-

Segunda-feira, 8 am – Tribunal de Justiça Vara Cível de São Paulo.

"Valéria, você pode parar de andar, por favor? Eu estou ficando cansada por você." Dalila comentou, enquanto mexia no celular, sentada na sala de espera.

"Dalila, você dormiu bem? Descansou? Está bêbada? O que tá usando debaixo desse moletom não é nada que pode fazer a juíza duvidar de você, é? Amiga, sério, se estiver bêbada ou alguma coisa assim, não precisa mentir. Eu falo que não tem testemunha e vai ficar tudo bem." A empresária em seu terninho vermelho sentou-se ao lado da amiga.

"Não precisa se preocupar. Eu tô super sóbria, cheguei em casa antes das cinco. Sabe por quem mais eu faria isso? Ninguém." A loira riu e pegou na mão da amiga. "Fica calma. Você tem uma das melhores advogadas da cidade. Vai dar tudo certo."

She keeps me warmOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz