She keeps me warm

By lotusfl0wer

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Valéria Monteiro é uma mulher poderosa, dona da maior rede de seguros do Brasil, mãe de Lorena, uma garotinha... More

capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
AVISO
NEW YEAR'S RESOLUTION
capítulo 22

capítulo 5

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By lotusfl0wer

"Camis, eu não sabia que você tinha uma sugar mommy!" Paul comentou gargalhando enquanto entravam no Burguer King 24 horas. Eles não sabiam como tinham ido parar ali. Após o cinema, pararam num bar para beber e só pararam quando a conversa deu uma brecha, já passando das três da madrugada.

"Eu não tenho uma sugar mommy."

"A mãe da sua paciente, uma mommy, que paga as consultas, ou seja, te mantém. Uma sugar mommy." Camila parou para pensar e deu de ombros. O argumento era válido.

"Tantos momentos pra tocar nesse assunto e você não disse nada. Agora, que eu achei que já tinha esquecido, você fala uma coisa dessas. Olha, sinceramente... Às vezes é muito difícil gostar de você. Eu quero esse novo Whooper Vegano, por favor." A morena disse para o caixa, entregando-lhe o seu cartão.

"Conte-me mais sobre isso."

"Não tenho nada pra contar. Ela só é a mãe de uma paciente. E é bonita."

"Então você admite?"

"Admito o que, meu Deus?"

"Que você é lésbica e tá afim dela?"

Camila revirou os olhos.

"Será que você pode parar de tentar me fazer gay? Se um dia eu perceber que sou, eu te aviso primeiro."

"Não precisa... Eu já percebi por você. Aquela olhada que você deu na mulher, olha, ela até olhou pro próprio decote pra ver se tinha alguma coisa errada. Você encarou o top dela."

"Eu só... Eu olhei pra ela, pra me certificar que era a mãe da minha paciente. Só isso. Só porque eu olhei pra ela quer dizer que eu sou lésbica?"

"Que droga, Camila. Eu sempre quis uma amiga gay."

"E porque tem que ser eu?"

"Porque você tem cara de sapatão." Paul coçou a barbara, escondendo um riso.

"E sapatão tem cara agora? Olha, se eu fosse gay, eu dava parte na polícia agora mesmo por homofobia."

"O que que custa você beijar aquela ruiva?"

"Ah, não." Camila não disse nada, apenas riu, pegou a bandeja do balcão de retirada de pedidos e saiu, escolhendo uma das mesas vazias.

"Você pode negar, mas um dia eu vou conseguir. E eu vou entrar no seu casamento gay com você e te levar pra sua noiva."

"O surtado."

"Deveria ser crime uma psicóloga se utilizar desses termos." Paul roubou uma batata frita da bandeja da amiga.



-

Segunda-feira, 8 am – Tribunal de Justiça Vara Cível de São Paulo.

"Valéria, você pode parar de andar, por favor? Eu estou ficando cansada por você." Dalila comentou, enquanto mexia no celular, sentada na sala de espera.

"Dalila, você dormiu bem? Descansou? Está bêbada? O que tá usando debaixo desse moletom não é nada que pode fazer a juíza duvidar de você, é? Amiga, sério, se estiver bêbada ou alguma coisa assim, não precisa mentir. Eu falo que não tem testemunha e vai ficar tudo bem." A empresária em seu terninho vermelho sentou-se ao lado da amiga.

"Não precisa se preocupar. Eu tô super sóbria, cheguei em casa antes das cinco. Sabe por quem mais eu faria isso? Ninguém." A loira riu e pegou na mão da amiga. "Fica calma. Você tem uma das melhores advogadas da cidade. Vai dar tudo certo."

"Eu só quero me separar."

"Você já está separada, o divórcio legal vem."

"Mas eu quero me separar sem dever nada pra ele, nem perder a guarda da minha filha."

"Não vai perder, ok? Eu prometo. Nem que-" Dalila parou de falar quando o promotor de justiça apareceu na sala de espera e chamou-a. Cada uma das testemunhas e dos envolvidos tinha uma sessão à parte com a juíza, em particular, somente acompanhados do promotor e dos advogados de ambas as partes.

Valéria ficou sozinha ali por cerca de 30 minutos, encarando a parede de mármore escuro, batendo o pé apressadamente com seu salto no chão, atualizando o instagram mesmo sem ter nenhuma nova publicação pra ver, até que a amiga voltou, agora sem o moletom, ela estava com uma calça social preta e uma camisa de linho, com sapatos altos na cor nude e em sua mão a bolsa e o moletom. Não deu tempo de conversarem pois Valéria foi chamada logo em seguida.

Lá dentro, pela cara de tranquilidade de sua advogada, ela sentiu o músculo de seu ombro relaxar quando se sentou em sua cadeira. Foram muitas as perguntas do advogado de defesa de seu marido, mas Dra. Aline o vetou em quase todas, porque não eram tão válidas assim e juíza parecia simpatizar com a defesa de Valéria. Ela não poupou nenhum detalhe, toda a informação que ela podia oferecer, ela ofereceu.

Foi somente de uma hora depois de sua entrada na sala que a juíza convocou todas as partes.

"Após a apresentação de todos os fatos, das partes envolvidas e de suas respectivas testemunhas, eu declaro o divórcio concedido sem nenhuma divisão de bens, ressarcimento ou ajuda de custo à ser oferecida por Valéria Monteiro à Bruno Araújo."

Valéria suspirou aliviada e sorriu, sentindo Dalila abraçá-la pelo pescoço. Enquanto isso, percebeu o lado de Bruno no tribunal se remexer contrariado. Ele ia ficar sem nada dela.

"Quanto à análise do pedido de guarda da menor Lorena Monteiro Araújo, a data de audiência será divulgada após o recesso do tribunal, pelo portal online, em cerca de dez dias. Qualquer nova informação sobre isso também poderá ser encontrada no site. O documento de divórcio deverá ser assinado agora e retirado após o carimbo na recepção, com o carimbo do escrivão. Declaro assim encerrada esta sessão."

A juíza se levantou e saiu pela porta atrás de si, enquanto o escrivão desceu do palanque à frente da sala e entregou dois documentos, um na mesa de Bruno e um na mesa de Valéria.

"Chupa, Bruno, seu merda!" Dalila sussurrou no ouvido da amiga, enquanto ela assinava o documento.

"Dalila, pelo amor de Deus, fica quieta, antes que alguém volte atrás." A ruiva cresceu o olho para sua amiga, mas em tom de brincadeira.

"Você já está divorciada, meu amor! Agora ninguém tira sua liberdade, exceto o medo de perder o réu primário. De resto, você pode fazer qualquer coisa! A guarda agora já é uma certeza."

"Eu geralmente não faço isso, mas vou ter que concordar com a sua amiga, Valéria. As suas chances são as melhores e eu duvido muito que aconteça algo contra a guarda da senhora. Claro, será feito um acordo, mas sem ferir seu direito de mãe. Parabéns." A advogada apertou a mão de sua cliente e olhou em seu relógio de pulso. "Bom, eu tenho que ir. Tenho outra audiência à tarde e preciso ir encontrar meu outro cliente. Não se esqueça de pegar a documentação na saída."

"Muito obrigada, doutora. De verdade."

Como já passava do meio-dia quando elas saíram de lá e elas haviam declarado o dia de folga, para se concentrar só no processo, foram direto para o shopping. Dalila estava dirigindo, ela ofereceu carona para a amiga de manhã, sabendo que ela estaria nervosa e até levou Lorena para a escola. Ela dirigia um Tiggo 2019 vermelho com o som altíssimo. Valéria tinha certeza que, se ainda não tinha tomado, um dia tomaria uma multa por perturbação no trânsito. Ela também não entendia como uma mulher do tamanho de Dalila conseguia dirigir um carro tão grande.

"Você está livre daquele embuste!" A loira comemorou.

"Finalmente!"

"A gente vai ter que comemorar e não existe nenhum argumento contra. Sexta nós vamos na Blitz Haus." Dalila estacionou de primeira numa vaga coberta e elas saíram do carro.

"E o que seria isso?"

"Uma balada. Minha preferia. Nós vamos."

"Ok. Nós vamos. Posso deixar a Lorena com a sua mãe, né?"

"Claro. Minha irmã perguntou essa semana da Lorena, inclusive."

Elas foram ao restaurante italiano que ficava na parte externa e almoçaram sem pressa nenhuma, diferente dos outros dias. Naquela segunda-feira, especificamente, Valéria nem tirou o celular do trabalho de casa. Não queria ser incomodada. Almoçaram entre conversas e estenderam a tarde para um passeio entre as lojas. Passar o tempo como se não tivessem nenhuma preocupação era muito relaxante.

"Eu tenho uma coisa pra te contar." Valéria riu enquanto se sentavam numa cafeteria com suas xícaras em mãos.

"O quê?"

"Eu fui ao cinema com a Lolô e sabe quem esbarrou em mim, na mesma fila?" Dalila fez que não com a cabeça. "A psicóloga. Ela não estava prestando atenção enquanto ria com um amigo dela e não me viu, esbarrou e depois pediu desculpas. Mas antes de pedir desculpas, ela olhou pro meu decote. Olhou muito." Valéria sorriu de canto. Ela tinha percebido aquele olhar demorado.

"Amiga, mentira? Que delícia. E aí? EU sabia que aquele rostinho não era hetero. A heterossexualidade não existe até que se prove o contrário." Dalila comentou.

"E daí nada. Eu só entrei na sala de cinema depois disso."

"Que roupa você tava usando?"

"Aquele cropped preto que usei no seu aniversário ano passado."

"MENTIRA? Valéria, você fica muito gostosa com aquele cropped. Nossa, ela te quer. Se eu fosse você eu investiria, mas se você não investir, passa meu número pra ela. É sério."

"Cala a boca, Dalila." Valéria riu. "Não vou investir em ninguém, só achei que seria legal você saber. Se quiser, pode levar a Lorena na consulta um dia."

"Ela é linda, Valéria. Como é que você tá dispensando um mulherão daqueles?"

"Eu acabei de me separar, Dalila. E você tava lá comigo, lembra? A dor de cabeça que foi isso? Não, obrigada. Longe de relacionamentos por enquanto."

"Meu anjo, quem está falando de relacionamentos? EU estou falando de umas bimbadas apenas."

"Eu acho que isso é contra o código de ética também."

"Contra o código de ética é quando ela se envolve com pacientes. Você não é paciente. Pode se envolver sim. Nossa, eu vou procurar o instagram dela agora. Como que ela chama mesmo?" A loira tirou o celular da bolsa e abriu o aplicativo, juntando sua cadeira mais próxima à de Valéria.

"Camila Nasser."

"Camila Nasser... Tem várias."

"Acho que é essa aqui." Valéria clicou em uma das contas. "É ela mesma."

"Valéria, por Allah, é até pecado dispensar essa mulher, olha que obra de arte."

"Você diz isso pra todas."

Dalila parou e olhou a amiga para discordar, mas parou e pensou. Era verdade. Ela apenas deu de ombros e continou olhando as fotos.

"Não tenho culpa se mulheres são bonitas por natureza. Amiga, mas é sério, ela é linda. E inteligente, afinal, psicóloga."

"Dalila, você tá achando o quê? Que eu vou dar em cima dela? Tá louca? Não vou."

"Então pra que fim você compartilhou a informação do cinema comigo?"

"Só pra você saber, ué. Sei lá, achei que ia gostar."

"Ai, Valéria, o que que custa? Só uns beijinhos."

"Surtou."

Valéria ainda estava tentando dizer para amiga que ela não ia fazer absolutamente nada com a psicóloga quando o celular de sua amiga começou a tocar. O nome apareceu na tela: Laila. A ruiva viu e sorriu maliciosa para a amiga que atendeu, pedindo silêncio. Ela estava fazendo graça, mas notou que o semblante de Dalila mudou de feição, então parou, apenas esperou a ligação acabar.

"Val, tudo bem se eu te deixar na escola agora?" Dalila olhou o relógio do celular. "Depois você pega um uber?"

"Tudo, o que foi? O que aconteceu?"

"Nada, eu só preciso ir encontrar com a Laila."

Elas saíram da cafeteria bem rápido e o caminho foi silencioso até a escola de Lorena. Dalila deixou Valéria esperando ali na frente, já era quase a hora de saída dos alunos, e partiu em direção ao hospital infantil.

Quando estacionou, antes de descer, abriu o porta luvas de seu carro, prendeu o cabelo e enrolou o hijab preto de reserva que tinha sempre no carro. Na recepção do hospital, se apresentou como Dalila, uma conhecida da família Faiek e antes mesmo de a secretária terminar a verificação dos dados, Laila apareceu no balcão e abraçou-a, chorando.

"Laila, eu- eu sinto muito."

Foi a única coisa que ela disse e não ouviu nada em resposta, mas sentiu um abraço apertado da morena, enquanto a mesma chorava em seu ombro. Como o hospital não permitia que entrassem mais de um acompanhante por paciente menor, e já haviam aberto uma exceção para o pai de Laila, as duas tiveram que ficar na recepção esperando. O irmãozinho de Laila havia falecido, como ela dissera, mas bem antes do tempo estabelecido pelos médicos. Da última vez que se viram, Laila disse que avisaria Dalila, caso alguma coisa acontecesse e se precisasse dela, e Dalila havia concordado.

Saíram do hospital quando o céu já estava escuro, em direção ao velório do cemitério da Saudade. Como seu irmão estava há muitos dias no hospital, com a saúde muito debilitada e com infecção muito séria, o velório deveria ser curto e o caixão lacrado. Dalila não pensou em ir embora por nenhum momento. Levou Laila até o cemitério e ficou a noite toda ali de vigília. Alguns familiares apareceram, alguns pais de coleguinhas do menino, mas ainda assim, pouca gente. Era madrugada de uma terça-feira; a semana ia ser muito longa para aquela família.

Durante um momento em que estavam somente os quatro naquela sala do velório e Dalila estava imersa em uma oração islâmica pela alma do irmão de Laila, os pais da morena se aproximaram. Laila estava sentada no canto da sala e se aproximou em seguida.

"Moça, quem-quem é você? Você está aqui a noite toda com a gente, mas não nos conhecemos..." O pai de Laila falou.

Ela abriu a boca para responder, mas Laila a cortou.

"Ela é a minha namorada, pai."

A mãe de Laila fez um meneio de cabeça em agradecimento para Dalila e saiu, voltou ao lado do caixão, acariciando a tampa de madeira, como se pudesse tocar seu filho. O pai de Laila não disse ou fez nada. Apenas saiu da sala. Dalila e Laila voltaram para o canto onde haviam algumas cadeiras e se sentaram. A empresária até ia dizer alguma coisa, mas aquele não era o momento. Ela tinha ficado muito brava e incomodada com aquela apresentação, mas tinha noção. Ao contrário de Laila. Vinte minutos depois, ela se levantou.

"Boa noite, Laila." Dalila se curvou em direção ao caixa e à Meca, proferiu mais umas palavras religiosas em silêncio e saiu da sala. Esperava que não fosse seguida até a saída, mas Laila foi atrás.

"Eu achei que você ia ficar a noite toda."

"Não posso. Eu vou trabalhar amanhã." Era mentira, ela poderia ficar sem dormir durante 3 dias e ainda assim conseguiria ir ao trabalho, mas a questão era seu desconforto ao ficar ali, sabendo que Laila havia apresentado-a para seus pais como namorada, numa situação extremamente vulnerável.

"Dalila, desculpa, eu-"

"Depois a gente conversa sobre isso." Ela saiu sem nem olhar para trás e tirou seu hijab ao entrar no carro.


-

"Como foi seu dia hoje na escola?" Valéria perguntou enquanto entrava no Uber, mas não obteve resposta. Lorena apenas largou a mochila no banco e sentou-se no colo de sua mãe. Foram quietas o resto da viagem.

Assim que chegaram em casa, a mulher deixou as coisas na sala e levou a filha para o quarto.

"Lorena, acorda? Acorda, vem. Vamos tomar banho e depois jantar." Também não teve resposta nenhuma. A criança entrou no banheiro muito quieta. Valéria estava achando aquilo muito estranho. Sua filha, por mais que estivesse brava, não agia daquele jeito nunca. Alguma coisa estava incomodando-a. Deixou o pijama separado em cima da cama e voltou para a cozinha. Ficou conversando com a cozinheira tanto sobre as próximas refeições quanto sobre assuntos aleatórios quando percebeu que Lorena estava demorando demais.

Chegou no quarto e sua filha e ela estava enrolada no cobertor com o cabelo molhado, dormindo.

"Lô? Lorena? Filha, acorda, vamos jantar. Lorena?" Valéria chamou várias e diversas vezes, mas sem sucesso. Então ela só colocou uma toalha embaixo da cabeça da menina, deu um beijinho de boa noite e apagou a luz, saindo.

Ela dispensou a cozinheira, dizendo que podia cuidar da louça de uma pessoa só e jantou sozinha. Além de estar preocupada com Dalila, agora também estava preocupada com sua filha. Quando terminou de arrumar sua cozinha, foi para a sala checar o celular do trabalho pela primeira vez no dia, com muitas notificações. A mochila de Lorena que estava ao seu lado no sofá se tornou um alvo. Ela abriu a bolsa e pegou tanto a agenda quanto o caderno da menina, como fazia sempre, para checar. A agenda tinha um recado grande da Tia Sara, dizendo que Lorena não havia feito nenhuma atividade do dia, nem a lição de casa, nem a lição em sala de aula. O caderno dela, marcado com a data daquele dia estava completamente vazio, somente com um carimbo vermelho da professora. Valéria suspirou cansada e desejou muito que o trabalho da psicóloga com sua filha começasse a fazer efeito logo. Tinha se livrado de um problema e estava ganhando outro. 

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