Ao chegar na cafeteria onde tinha combinado com Yugyeom, Jungkook sentou-se em uma das mesas para esperá-lo. Ele ficou ao lado de uma mulher que estava bem entretida em desenhar algo em um quadro pequeno. O Jeon ficou tão vidrado nela que até esqueceu que estava a encarando há minutos e ela tinha percebido aquilo. A mulher virou seu rosto, dando um sorriso para ele e mostrando o quadro.
— Está bonito? — perguntou, sendo divertida.
Jungkook analisou o quatro e o desenho que ainda estava no esboço, mas já dava para ver o seu talento. Ele balançou a cabeça um pouco tímido por ter sido pego no "flagra".
— Os seus traços são tão bonitos — Jungkook elogiou a mulher. — Delicados e precisos ao mesmo tempo.
— Muito obrigada! — respondeu de forma tímida, voltando a deixar a tela na mesa. — Se queria me "cantar" e eu fosse solteira, eu passaria o meu número agora para você.
— Oh, não — o Beta gargalhou, e colocou a mão sobre a boca. — Mas tudo bem, eu sou comprometido também, que isso! — Jungkook sentiu suas bochechas ficarem quentes.
— Ah, ótimo então — a mulher não parecia estar levando nada à sério. — Dessa forma, eu ficarei apenas com os elogios.
— É que eu também pinto quadros e achei legal ter uma pessoa que também faça isso — justificou-se. — Às vezes, eu sou curioso demais e não percebo que estou sendo sem-vergonha com isso. Me desculpe! — se desculpou com a mulher que parecia ter, mais ou menos, a idade dele.
— Tudo bem. Eu estou brincando com você — respondeu, tomando seu café. — Um namorado que tinha quando era mais jovem que me ensinou a fazer esses traços e eu trouxe para as pinturas.
- Acho que foi uma excelente ideia o que fez. Eu nunca vi traços assim.
— Você é formado em artes visuais ou plásticas?
— Artes visuais, e você?
— Eu também — ela balançou a cabeça, guardando suas coisas. — Já trabalha na área?
— Não, mas se quiser me dar um trabalho, eu aceito — o Jeon brincou.
— Vai que encontre um trabalho para você e nos esbarremos no meio da rua, né? — mexeu os seus ombros. — Eu tenho que ir, obrigada pelo elogio.
— Não tem de quê — respondeu um pouco confuso, enquanto a outra saía.
Não demorou nem meio segundo, depois que a mulher saiu, para Yugyeom aparecer na frente de Jungkook.
— Você estava flertando com a mulher? — Yugyeom sentou-se na cadeira à frente de Jungkook, comendo um donut e com um café. — Que milagre que não está comendo tudo que tem por aqui.
— Ah, eu evito comer fora, pois quando como uma coisa mais gordurosa ou diferente, os bebês têm cólica e agora que eu como melhor, eles não têm mais. Prefiro ficar assim até parar de amamentar, pois é horrível ficar horas e horas ouvindo eles chorando de dor e não podendo fazer nada além de pedir para todos os deuses que a dor pare — Jungkook suspirou, pois só ele sabia como era esse cansaço. — E claro que eu não estava dando em cima dela. Eu só elogiei o trabalho dela, tá bom? Eu sou uma pessoa comprometida e respeito muito o meu namorado!
— Ah... Estava zoando.
— Yugyeom... — Jungkook fez um movimento como se fosse dar um tapa nele.
— Eu não falei duvidando, calma! — o outro até riu, dando outra mordida do donut. — E aí, como você está?
— Cansado, desde que coloquei meus pés aqui em Seul, eu não paro. No primeiro dia fui ao museu, depois fiquei em casa sozinho o dia inteiro e agora estou aqui — fez bico, e ainda sabia que os seus dias ainda não tinham acabado. — Ainda tenho que ir à universidade falar com a diretora sobre a bolsa do Jimin.
— Atarefado até demais, né?
— Não tanto quanto você, não?
— Olha, eu estou trabalhando em um lugar que exige muito de mim e, às vezes, só tenho tempo de chegar em casa e dormir — Yugyeom comentou. — Acho que todo trabalho após a faculdade é assim. Eles querem sugar todo seu conhecimento e excesso de criatividade, pagando pouco.
— Onde está trabalhando?
— Em uma empresa de engenharia e arquitetura... — tomou um gole do café. — Junto com Hoseok, o amigo do Jimin. Eu faço esculturas, molduras e essas coisas para decoração de interiores, pelo menos, eles pagam muito bem.
— Você trabalha com o Hoseok?
— Não no mesmo setor, só vejo ele na hora de sair, pois saímos no mesmo horário.
— Ah... — o Jeon sorriu, achando aquilo engraçado.
— Sobre ir à faculdade, sabe, você deveria contar para Jimin primeiro.
— E por que eu ouviria o seu conselho? — Jungkook colocou seus braços na mesa, e olhou fundo nos olhos do Kim.
— Se era para me xingar, marcava uma conversa pelo Skype! — ele exclamou, bem raivoso. — Seria ofendido no quentinho da minha casa, sem sair nesse frio.
— É que eu ainda não consigo aceitar que tentou acabar com o meu relacionamento — deu de ombros.
— Nunca quis acabar com o relacionamento de ninguém! — Yugyeom rolou os olhos, antes de ficar ereto, olhando bem nos olhos do outro. — Fui seu pombo correio durante dois anos e pouco, se eu quisesse realmente acabar com isso, eu já tinha. O que aconteceu foi, tecnicamente, o que aconteceu com você naquele dia com o pai do Jimin... Você tomou as dores dele por uma coisa que ele nem sabe que contaram para você ou que Jimin já saiba, porém não quer tocar mais nesse assunto.
— Toda hora você fica jogando na minha cara que fez isso e aquilo para mim!
— Normal! — Yugyeom disse, e resolveu continuar. — Todo mundo faz as coisas boas e, de alguma forma, espera que os outros façam aquilo por ela também. É normal ficar chateado quando fazemos algo para alguém que gostamos, e não recebemos nada em troca. Não há ser humano na Terra tão altruísta ao ponto de só fazer, e não querer ser recompensado. Por isso, não venha me colocar como o errado — quando terminou de falar, Yugyeom deu outra mordida no donut.
— Ok.
— Mas voltando: você tem que conversar com o Jimin, explicar o que aconteceu naquele museu e o que te motivou a dá-lo uma bolsa de estudos para uma especialização. Vai que no futuro, ele descubra que foi você, aí o que você vai fazer? — perguntou, porém o Jeon não lhe respondeu. — De verdade, é um conselho de quem já se ferrou muito por causa disso.
— Eu já disse que vou fazer por aquele programa de bolsas da faculdade.
— Você sabe muito bem que a diretora ama o Jimin, se o Jimin perguntar quem deu a bolsa para ele, ela vai abrir a boca e falar que foi você — o Beta bufou. — Seria muito mais seguro que você arrumasse alguém para fazer isso no seu lugar ou já contasse a verdade e tentasse convencê-lo a aceitar se vier a resistir.
— Você poderia fazer isso por mim, né?
— Eu?
— E por que não? — abriu os braços, porque Jungkook não via nenhum empecilho para que Yugyeom fizesse aquele boa ação. — Você não quer voltar a ser meu amigo?
— Jimin é burro assim? — perguntou, tomando seu café.
— Quê?
— Vamos supôr que ele descubra que eu sou o "doador" da bolsa para ele, acha mesmo que ele continuaria aceitando? Acha mesmo que ele não desconfiaria que foi você? Você tem que fazer isso com outra pessoa que ele nem conhece. Uma pessoa que ele não tenha nem possibilidade de ir e jogar o dinheiro na cara dela.
— O seu irmão — Jungkook sorriu. — Pede para ele fazer isso para mim.
— Pede você.
— É que eu apaguei todos os contatos da sua família depois que a gente brigou.
— Ah, que rancoroso! — Yugyeom ficou surpreso com aquilo, e mordeu os lábios. — Se fosse assim, eu teria feito isso há anos também. Afinal, para você ser capitão do time da universidade, não me jogou a bola para pegar a vaga que estava nas minhas mãos. Isso foi traição, e eu te perdoei!
— É... Talvez eu fui errado.
— Talvez?
— Ok, eu fui muito errado — deu o braço a torcer. — Era a minha vida aquela vaga, já para você nem era tão importante assim. Na hora, eu só pensei em mim.
— Sim, você foi muito! — eu risada. — Só que eu te perdoei, e ainda comprei pizza para você quando perdeu o primeiro torneio.
— Eu sei — Jungkook respirou fundo, colocando a mão no rosto. — Por isso eu acho que nós devemos retomar a amizade. Eu nunca fui flor que se cheire também e sempre fiz coisas estúpidas com você sem pensar... — voltou a olhar para o seu amigo. — Você é meu melhor amigo desde quando era mais novo e eu sinto sua falta. Queria tanto que visse meus filhos, pois foi o primeiro a notar que eles tinham "duas cabeças", estava comigo no começo de tudo, me ajudou a pensar melhor nas coisas que queria fazer, estava lá quando eu pirei... Se não fosse por você, eu também nem teria contado para Jimin e perderia a melhor fase da minha gravidez, pois ele foi um anjo na minha vida nesse tempo.
— Jungkook, eu sempre quis o seu melhor, independente se fosse com o Jimin ou não. Você era meio maluco e não pensava nas coisas direito, alguém tinha que colocar você no cantinho do castigo, e fazer você pensar, e repensar que certas coisas que achou que seriam certas, na verdade, não eram coisas que precisava.
— O que você acha de voltarmos a ser amigos, hein? — perguntou, se escorando na mesa. — Nós dois podemos arrumar o que bagunçamos, e fazer tudo de um jeito melhor daqui para frente. Aliás, nenhuma amizade é perfeita, não é?
— A verdade é que eu adoraria — o Kim respondeu, ficando com as bochechas coradas. — Eu também sinto sua falta.
— Ótimo! — ele riu, pegando as mãos do outro beta. — Sabe, embora o Jimin tenha sido um chato comigo no começo, várias coisas que ele falou, me fizeram ser uma pessoa mais madura — admitiu. — Quando acontecer alguma coisa, vamos conversar um com o outro antes de sairmos fazendo coisas de cabeça quente, viu?
— Quem diria que um dia veria o Jungkook tão maduro e sem pedir para passar o carro em cima dele.
— Hoje, eu pediria para passar só em cima do meu pé — brincou, apertando mais as mãos de Yugyeom que eram maiores que as suas. — Depois de conhecer Jimin melhor, eu vi que se tivesse sido mais eu, e menos o "fuckboy" da faculdade, eu teria conquistado-o mais rápido. Não que eu me arrependa, pois aqui no meu coração eu sabia que ele gostava e que era melhor que Jaebom.
— Hoje em dia, para mim, todo mundo é melhor que ele.
— O que não é uma mentira — balançou a cabeça e riu. — Sei que ele não quer o filho e, sabe, eu pensei que você pudesse querer a criança.
— Jungkook... — umedeceu os lábios. — Eu acabei de me formar, conseguir um emprego que paga bem para eu poder ter meu próprio negócio, eu acabei de encontrar uma pessoa que demonstra ser sincera e gostar de mim também. Eu não posso chegar lá e falar que quero um bebê, pois nem eu, nem ele temos tempo para cuidarmos, sabe? Ele é dançarino oficial de uma empresa e faz apresentação com vários idols e vai até em turnê com alguns deles... O Jaebom me fez sofrer muito, eu era perdidamente apaixonado por ele, só que meu mundo acabou quando descobri que ele me traiu — passou a língua entre os lábios. — Olhar para aquela criança me faria lembrar a todo momento disso.
— Acho que é exatamente o que Jimin sente — bufou. — É que eu estou com instinto paterno aflorado e fiquei com pena.
— Eu espero que a criança tenha uma ótima vida e que consiga uma boa família, que os avós queiram ou que o Jaebom se arrependa e fique com ele, porém eu não quero — levantou as mãos, demonstrando desistência. — Eu fiquei com pena, mas não é meu filho e eu não tenho que me sacrificar por uma pessoa que não é nada minha. Acredito na mudança das pessoas, e espero que essa criança seja o motivo para o Jaebom virar uma pessoa melhor, e ser um bom pai.
— Você está certo...
— Jungkook, meu horário de almoço está acabando e eu preciso ir. Nós voltamos a conversar pelo Kakao de novo.
— Ok — Jungkook deu risada. — Também tenho que ir, e liberar Taehyung.
— Viraram "BFFs" de novo? — indagou bem curioso.
— Voltando a amizade, assim como eu quero voltar com você — explicou. — Quem sabe a utopia dele de sermos um grupo aconteça? Nós três e Jimin... E Hoseok agora, pois ele nunca deixaria o amor da vida dele de fora.
— Hum... Quem sabe — Yugyeom levantou-se. — Fica bem.
— Você fique bem também.
Jungkook acompanhou o Kim com o olhar, antes de pegar o cardápio da cafeteria e ficar com vontade de comer tudo que tinha ali, porém era melhor não e ele brigou consigo mesmo. Por que, Jungkook? Por quê? Qual o motivo de ter tido filhos frescos que ficam com cólica e gases a cada coisa diferente que come? — lamentou-se, levantando-se da cadeira para ir embora também.
+ + +
Quando voltou para casa, Jimin já estava lá e Taehyung quase indo embora. Eles dois aproveitaram que estavam sozinhos em casa e resolveram dar banho nos bebês e passar o dia sem fazer nada com os pequenos que tinham acabado de completarem quatro meses. Jungkook ficou um tempão arrumando cada filho que até perdeu o tempo de quantos minutos passou olhando para Sunhee, enquanto a deixava perfeita e conversava com a pequena também, do mesmo modo que tinha jeito com Yeojoon minutos atrás.
— A bebê do papai fez quatro meses! — Jungkook falou para Sunhee que estava rindo para ele. — Você já é uma mocinha, Sun. Uma mocinha que dá risada para tudo — ele terminou de ajeitar o cabelo da filha, deixando-a poucos segundos no trocador, pegando seu celular.
Sunhee estava rindo e passando a mão em seu rosto toda hora, não deixando o pai tirar nenhuma foto boa dela, porém parecia se divertir um monte com aquilo.
— Sun, tira a mão do rosto — Jungkook tentou tirar, porém a garota resistia e deixava a mãozinha no rosto como se estivesse brincando. — Eu só queria tirar uma foto sua, meu bombom. Você está tão linda!
— Deixa ela, Guk — Jimin falou com a voz sonolenta.
O mais novo virou-se, pegando a filha no colo, vendo Jimin com os olhos fechados na cama e Yeojoon ao seu lado, quietinho. Definitivamente, a cena era bem mais fofa do que ele conseguia descrever.
— Eu só queria uma fotinho, me deixa!
— Você tirou várias fotinhos deles ontem — o Park continuou, sentindo Jungkook sentar-se ao seu lado. — Hoje, eles não querem ser seus modelos.
— Meu Deus, tenho dois filhos chatos que nem o pai — Jungkook reclamou, sentando-se na cama e colocando Sunhee sentadinha em seu colo. — Queria fazer uma festinha de mesversário, eu fico babando naquelas que aparecem na internet.
— Melhor guardar dinheiro e fazer uma bem legal quando eles fizerem um ano — Jimin riu. — Afinal, eu também vou me divertir, não?
— Nossa que sorte que seus filhos nascerem um dia antes do seu aniversário. Até, pelo menos, até os sete anos deles, comidas gostosas e festinhas estão garantidas para você também.
— É que eles me amam — o Park abriu os olhos, virando-se para o filho, no qual deu vários beijinhos no outro.
— Como você está na faculdade, hum?
— Eu estou cansado — ele suspirou, sentando-se na cama como Jungkook e colocando o filho sentado no seu colo também. — Eu estou quase terminando meu TCC. Como eu deixei quase tudo feito ano passado, é a parte que eu estou mais tranquilo.
— Não vejo a hora de sua formatura para eu ir tirar várias fotos do namorado mais lindo do mundo se formando — Jungkook ficou animado e batia as mãos da filha uma na outra como se fossem as suas. — Pena que vocês não vão poder ir, lindos, mas na pós-graduação quem sabe.
— Nós fazemos umas fotinhos com eles depois — Jimin olhou para a filha que estava se divertindo com Jungkook brincando com suas mãozinhas. — E aí, você foi conversar com Yugyeom hoje?
— É fui... — ele ficou um pouco pensativo, principalmente no que o amigo tinha falado sobre contar sobre a bolsa de pós-graduação dele. — Nós conversamos e resolvemos dar uma chance para nossa amizade, sabe? De alguma forma, eu consigo entender o que ele fez agora e não estou mais com raiva.
— Que bom, tomara que ele nunca mais pise na bola com você e tudo fique bem.
— Eu também espero — Jungkook balançou a cabeça. — Bem que se acontecer alguma coisa, eu vou ser menos impulsivo e saber fazer as coisas como um adulto e não sair tendo paranoias, né?
— Bem, eu acho que o que fez nosso relacionamento dar certo foi que você me contava tudo o que passava na sua cabecinha — Jimin usou a mão do filho para tocar na cabeça do namorado. — Espero que no futuro continuemos assim um com o outro.
— Se eu puder fazer tudo o que está dando certo para nós, eu vou fazer, Chim — Jungkook encarou Jimin, aproximando-se de sua testa, dando um beijo nela.
— Você é a coisinha mais linda desse mundo — Jimin começou a passar as mãos de Yeojoon pelo rosto de Jungkook como se fosse ele a dar carinho. — Principalmente quando fica com esses olhinhos brilhando parecendo da Boo quando quer comida.
— Ah, é? — eles deram risada.
— Parecem duas galáxias.
— Na verdade, são três — Jungkook falou. — Uma para você, uma para o Joon e uma para Sun. Minha família! Quer dizer, quatro, pois a Boo é parte da família, e é nossa filha mais velha, pois eu a adotei!
— Você é tão fofo, mano! — Jimin usou a mão fechada do filho para fingir dar um "soco" no nariz do namorado. — Dá vontade de bater por causa dessa fofura toda.
— Então a gente vai se comer na porrada, pois você é a coisa mais fofa do mundo todo — Jungkook também usou a mão de Sunhee para fingir dar um tapa na cara dele. — Você me faz tão feliz, Chim. Uma felicidade que eu nem consigo descrever o quão boa é sentir, sabia?
— Eu fico muito feliz de saber que sou uma parte da sua felicidade, pois você é uma das partes da minha também.
— Como faz para parar o tempo e fazer com que isso nunca mais acabe, hein? — o mais novo perguntou. — Eu fico tão feliz nesses momentos que parece que quando sair daqui todos meus sonhos estarão realizados.
— Todos seus sonhos vão se realizar, viu? Talvez meia dúzia não, porém você vai substituí-los com melhores.
— Chim, se eu te falar uma coisa, você vai ficar com raiva de mim?
— Depende do quê.
— Eu descobri o nome do seu pai — falou de vez.
— Ah, mas não é nada demais — riu. — Se quisesse saber, era só me perguntar, não ia negar te responder.
— Quando me contou que ele era de uma família boa, não pensei que era de uma família tão boa ao ponto de ele ser gerenciador de um museu.
Jimin abaixou o rosto, tendo certeza de que o "Kim Niel" que Yugyeom falou, era seu pai. Ele não sabia o que sentir, pois no fundo ele sequer ligava para o que o pai fazia, mas acreditar que ele era melhor financeiramente do que pensava era um pouco frustrante.
— Você não sabia, né?
— Se cheguei a saber, eu apaguei da minha memória — Jimin voltou a olhar para Jungkook. — A verdade é que eu não ligo mais, entende? Depois de tudo o que ele fez com minha mãe, para mim tanto faz a vida dele, pois minha mãe foi maravilhosa, eu tive um padrasto maravilhoso também e isso é o que importa. Já disse que ele foi apenas doador de material genético.
— Então... — ele mordeu os lábios. — Nós vendemos as artes por 350 mil dólares, sabia?
— Eu estou muito feliz por vocês dois, vocês são talentosos e merecem reconhecimento.
— Bem, ser filho de quem eu sou ajudou a elevar meu nome — deu de ombros. — Mas nós dividimos 150 mil para cada um, pois eu tirei proveito da situação.
— Não entendi.
— Depois de descobrir que ele era seu pai e dele ter me acusado, e acusado o Yugyeom também, de estarmos lá por causa da sua mãe, eu pedi 350 mil e ele aceitou, pois queria nós dois longe de lá o mais rápido possível. A verdade era que eu não ia falar isso para você, mas o Yugyeom falou que eu não deveria fazer, porque se você descobrisse poderia ficar com raiva de mim e não é isso que eu queria. Então, eu quero usar esses 50 mil que "tirei" do seu pai, que agora é meu e do Yugyeom, para pagar sua pós-graduação.
— Ah, não!
— Por favor, Chim — o Jeon pegou o rosto de Jimin, para que ele não parasse de olhá-lo. — Olha, eu não vou precisar desse dinheiro, entende? Eu já ganhei minha pós-graduação por ser um dos patrocinadores do time da universidade. Você sabe que jogadores bons que trazem troféus e títulos para a universidade são reconhecidos e por isso nós nos dedicamos muito ao time.
— Sim, eu sei, mas...
— Eu não vou usar esse dinheiro, entende? Eu odeio ver você trabalhando que nem um louco em algo que não gosta para fazer sua pós-graduação — ele respirou fundo. — O que tem demais usar o dinheiro que, nem é do seu doador de material genético mesmo, para realizar seu sonho, sabendo que também o dinheiro não é meu, já que fiz isso pensando em você?
— Use para abrir sua galeria.
— Você sabe que abrir uma galeria de arte era um projeto meu, do Yugyeom e de Taehyung, né?
— Ele chegou a me dizer algo sobre — Jimin tentou puxar na memória o acontecido.
— Depois ficou comigo e Yugyeom. Se minha amizade com os dois voltar a ser como antes, acho que podemos sentar e conversar sobre um projeto que foi nosso no primeiro semestre e foi um pouco esquecido por causa das brigas. Jimin, por favor, aceite!
— Não posso.
— Pode sim, você é muito orgulhoso.
— Não sou!
— É, sim!
— Eu vou pensar, certo? Eu juro que vou pensar! — exclamou, mordendo os lábios.
— Pense com carinho, pense em mim sendo chato no seu ouvido, pense pelos seus filhos — Jungkook suspirou, olhando para os gêmeos. — Eu sei que hoje em dia pensa mais neles que em você, porque eu também faço isso, e você tendo uma boa experiência, será bom para eles.
— Eu vou pensar, já disse.
— Está com raiva de mim? — perguntou com um olhar triste.
— Não, eu não estou — Jimin sorriu, chamando-o, silenciosamente, para mais perto. — Não tem um motivo para eu estar com raiva de você. Só fiquei... Surpreso.
— Eu espero que você aceite!
— Olha, meu amor — Jimin olhou para os lados. — Eu já disse que eu vou pensar, só que vamos parar de falar um pouquinho disso, viu? — levantou-se deixando Yeojoon na cama. — Vou pegar bolo para a gente, pois eu estou com vontade de comer aquele bolo que está na geladeira desde quando cheguei.
— Me traz um chá gelado.
— Tá bom — Jimin saiu do quarto.
O Jeon suspirou alto, um pouco apreensivo, pois não sabia o que pensar. Ele só desejava que Jimin realmente estivesse de boa com tudo o que ele tinha falado.
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Espero que tenham gostado do capítulo, e obrigada por lerem!
Faltam apenas 5 capítulos para o final da história, então vão preparando o coraçãozinho para dizerem adeus à família Jeon-Park T-T
Até mais!