Sweet Memory ✓

By Astronaut99s

40.3K 4.7K 4.1K

Ao começar a trabalhar na doceria da família, Karin acaba sentindo-se atraída por Na Jaemin sempre em busca d... More

SWEET MEMORY
Prólogo
S'mores antes da Chuva
Arco-íris de Caramelo
Cappuccinos e Namoradas
Bolos decorados e Herói do Verão
Calda de Morango
Chuva de M&Ms
Bomba de Chocolate
Explosão de Chantilly
Petit Gateau e Morangos
Acidez de um doce Morango
Caramelo ou Chocolate?
Começou com Macarons
Chocolate amargo após a Chuva
Muffins e o que não senti aquele Dia
Refrescante e azedo como chá de Limão
Torta de banana Adstringente
Foi como mousse de Abacaxi
Macios como Marshmallow
Raspadinha de Framboesa
Não sou um Tiramisu
Profiteroles de Chocolate
Cacau é moído antes de virar Chocolate
Mosaico de Gelatina
Chocolate Doce ou Amargo?
Ondas de Smoothie
Tutti-Frutti
Aquela Doce Lembrança

Chocolate quente com Você

1.9K 197 188
By Astronaut99s

A intenção de Karin em momento algum fora a de encarar tanto o jovem de suéter azul e óculos de armação fina. Entretanto, além de bastante encharcado pela chuva, ele também era muito bonito. Assim que percebeu a expressão um tanto desconfortável dele por não ter recebido nenhuma resposta, Karin recobrou a noção desviando o olhar um tanto avoada.

ㅡ Eu só estava procurando um lugar pra comprar um guarda-chuva. — apertou o couro da alça de sua bolsa de ombro marrom — As outras lojas estão fechadas, por isso entrei na primeira que vi aberta. ㅡ encarou os pés notando o estrago que fazia no corredor ㅡ Sinto muito, eu não deveria ficar aqui dentro...

Com dois passos curtos para trás, o jovem de azul se despediu da garota com uma reverência breve e se aprontou para encarar a tempestade novamente.

— Com licença e, mais uma vez, sinto muito pela inconveniência...

Por ele já estar de costas, Karin, num impulso, segurou a manga do cotovelo de seu suéter azul órion, que agora apresentava uma coloração mais escurecida. Apenas sua cabeça virou-se de encontro com a adolescente respingando consequentemente as gotas que caiam de seus fios castanhos nas pontas dos dedos dela.

ㅡ Se não estiver com tanta pressa... Você pode esperar a chuva amenizar aqui dentro.

Ela mesma não sabia o porquê de estar dizendo tais palavras, ou de onde tirou coragem suficiente para convidar um menino a ficar a sós consigo durante o início de uma noite tempestuosa. Ainda mais pela forte sensação de já o reconhecer de algum lugar que a torturava para se lembrar.

ㅡ Eu só iria incomodar, olha o meu estado. ㅡ já estavam frente a frente novamente ㅡ Vou acabar causando um acidente aqui e não vai ser legal.

Karin checou as horas no celular que manteve guardado no bolso de sua calça jeans até então. Quinze minutos para poder finalizar as horas em serviço. Calmamente, ela se aproximou da vitrine da loja analisando o céu escurecido que se negava a parar de chorar, cada vez com lágrimas mais pesadas.

ㅡ Você quer tentar a sorte? — voltou-se ao jovem — Porque eu sei que não quero ligar a televisão amanhã e ver uma notícia de que você ficou preso num bueiro tentando chegar em casa.

ㅡ Que exagero... ㅡ um sorriso amável contornou os lábios dele — Não sou de ter muita sorte, mas vai ficar tudo bem.

No instante em que pôs os pés para fora da doceria fazendo sombra com as mãos em seus óculos, uma enxurrada vinda do telhado o pegou de jeito. Agora sim estava totalmente ensopado, como se tivesse mergulhado num lago ou algo do tipo. Pela pressão da água, os óculos escorregaram levemente pelo seu nariz, mantendo-se suspensos apenas por suas orelhas. Com um forte arrepio, ele se virou com lábios entreabertos em uma expressão assustada para Karin, esta que ria da situação com gosto por o comparar mentalmente à um filhote de beagle perdido na chuva.

— Viu, eu falei... Melhor entrar antes que se afogue. — apontou o caminho cobrindo a boca na tentativa de conter seu divertimento com a cena — Por aqui, vou te encontrar algo pra se secar. — ainda ria daquela situação incomum — Já vou fechar também, ninguém teria coragem de andar nessa chuva agora.

Endireitou-se logo atrás de Karin no instante em que ela lhe convidou para entrar novamente.

— Então... Agora só me resta dizer... Obrigado. — finalmente cedeu.

Não era como se ele não estivesse tentado pelo convite desde o início, sentiu-se desconfortável em saber que toda aquela água quem deveria limpar seria a atendente ao fim de tudo. Agora que não havia mais escolha, auxiliou a adolescente a abaixar a porta de enrolar de aço que manteria a loja mais segura. Encostaram as portas de vidro e a aguardou chavear tudo o que conseguiu pelo lado de dentro, assim como o caixa no balcão.

— Então você mora no andar de cima. — ajeitou novamente os óculos em sua face gélida.

— Sim, normalmente tranco tudo pelo lado de fora, mas nessa chuva não dá, né? O bom é que o ponto principal tem trinca dos dois lados. — apontou para a porta de aço — Então a loja estará segura.

— Entendi.

Um arrepio seguido por um calafrio, ele estava congelando. Não demonstrou seu desconforto, porém sabia que se deixasse o silêncio se alastrar entre eles, o clima ficaria constrangedor demais para se lidar, por isso tratou de ficar mais falante, o que de fato não era muito de sua natureza, mesmo que Karin não soubesse disso.

— A propósito, meu nome é Jungwoo... Kim Jungwoo.

Retirou os óculos já farto de tentar mantê-los no lugar, além da dificuldade em enxergar por entre as gotículas de água. Os colocou em sua caixa, após secá-los com a fina flanela branca, e os guardou novamente dentro da bolsa mesmo encharcada.

— Min Karin. — um sorriso — Já terminei por aqui, daqui a pouco venho secar esse chão. — levou as mãos a cintura o analisando dos pés à cabeça — Vamos subir, aposto que está com frio.

— Me desculpe, mas por favor vamos... — a careta expressou bem como estava sofrendo pela friagem.

Refazendo os passos que fizera ao chegar do colégio, Karin liderou o caminho deixando pela primeira vez um garoto desconhecido entrar em sua casa. Sabia bem que seus pais a matariam se descobrissem, e para isso pediu com todas as forças que a chuva cessasse logo. Finalmente viam-se agradados pelo quente abraço do aquecedor da casa no andar de cima. Puderam relaxar mesmo que um pouco acanhados na presença um do outro.

— Suas roupas estão muito molhadas... Quer tomar banho?

— O quê?

Assim que ela comentou, o guiou pelo corredor até adentrarem no banheiro.

— Eu te empresto alguma coisa pra vestir enquanto deixo suas roupas na secadora.

— Não, não posso fazer isso...!

— Se continuar vestido nisso vai ficar doente e ainda molhar a casa toda...

— Eu estaria abusando da sua hospitalidade, não devo aceitar.

— Espera aqui. Não mova um músculo.

Com passos rápidos, Karin atravessou o corredor invadindo o quarto de seu irmão mais velho. Não demorou para pôr as mãos em um agasalho de moletom preto, o primeiro que encontrou, para ajudar Jungwoo a se aquecer. Enquanto corria de volta ao banheiro, imaginou se aquilo serviria visto que ele era um pouco mais alto que seu irmão.

— Então pelo menos vista isso. Não tenho cuecas pra emprestar, espero que não seja um problema... — o entregou o agasalho — Quando sair, me entregue suas roupas molhadas, okay?

— Não tem problema mesmo eu vestir isso por enquanto? — ele notou que aquelas roupas, obviamente, não eram da garota.

— É isso ou você pega gripe... Agora me entregue a bolsa, suas coisas vão estragar se ficarem aí dentro.

Sem reclamar, entretanto, receoso, Jungwoo a entregou sua bolsa de couro que por vezes respingava o excesso de água.

ㅡ Ei, acho que só uma toalha já ia servir...

Karin o empurrou levemente para o centro do banheiro.

ㅡ Vou deixar suas coisas em cima da mesa da sala e a bolsa secando na lavanderia, ok? — fechou lentamente a porta do banheiro — Ah é, se mudar de ideia, não me importo se quiser tomar banho.

ㅡ Calma, não, espera...!

ㅡ Pode usar a qualquer uma das toalhas aí. ㅡ ignorou o que ele tinha a dizer ㅡ Estarei na sala. Tome seu tempo.

Assim ela deixou o jovem Jungwoo sozinho e aflito no banheiro de sua casa. Mesmo que conversasse e agisse naturalmente na frente dele, seu coração estava a mil e a única coisa que pedia era para que não gaguejasse. Enquanto caminhava, acabou murmurando consigo mesma:

— Que bizarrice é essa...? — podia jurar que o local estava ficando mais quente de repente — Tem um menino todo molhado no banheiro... Tem um menino se despindo no meu banheiro...! — corou violentamente cobrindo o rosto e correu dali.

Sozinha, agora ela espalhava os pertences de Jungwoo sobre a mesa de centro da sala de estar. Haviam vários livros pequenos, porém grossos no interior da bolsa, e mesmo que não aparentasse, ela era um tanto pesada. Algumas chaves, um iphone, a caixa dos óculos, uma carteira de couro preta e outros itens comuns na bolsa de qualquer pessoa, até que algo chamou a atenção de Karin.

— "Universidade *Suhag Cheonjae" — ela apertou os lábios encarando o cartão curiosa —, é uma carteirinha de estudante...? — ao virar o objeto se deparou com a foto do garoto — "Kim Jungwoo. Sala 12, ala 7".

Não querendo ser pega num mal-entendido, Karin parou o que fazia deixando tudo em cima da mesa levando somente a bolsa consigo para deixá-la secando na lavanderia. Já lá dentro, tentou recobrar a postura. Com um forte suspiro, se apoiou na máquina de lavar levando a mão ao peito. Ainda estava nervosa com a presença de Jungwoo, principalmente por sua mente a obrigar a imaginar repentinamente, por ele ser mais velho e ainda estar se despindo no cômodo ao lado, como ele realmente deveria ser apesar de sua aparência frágil.

— Será que ele se assemelha com o que seu rosto demonstra...? — um riso nervoso — Ah! Pare já com isso Min Karin...! — as caretas insistiam em se expressar na face da garota.

Indiferente de Jungwoo ser bastante atraente, educado e lhe despertar fortemente a timidez, havia algo incomum a mais acontecendo e Karin sabia bem disso. Aqueles olhos, eles já haviam a encarado antes, alguma coisa parecia estranha naquele rapaz. Despertava nostalgia em seu coração, como o reencontro de velhos amigos após anos sem contato.

— Com licença... — Jungwoo se pronunciou em frente à entrada da lavanderia — As roupas...

Tomou um susto, contudo buscou de qualquer forma disfarçar sua surpresa.

— Ah, certo...! Vou lavá-las e colocar na secadora, não vai demorar muito...!

No instante em que se virou e notou o garoto alto vestido no agasalho de seu irmão, Karin prendeu o ar por alguns segundos. Os cabelos úmidos recém enxugados pela toalha o deixavam com um ar mais jovial e agradável, ao mesmo tempo em que suas bochechas avermelhadas pelo frio o deixavam adorável e um tanto infantil.

— Eu trouxe a toalha também... — um breve sorriso tímido — Já que eu usei e, é, agora está toda molhada.

— A-ah, sim... — acabou ficando frustrada com suas reações tão obviamente embaraçadas.

Preferiu deixar a toalha por último e se preocupou em lavar e secar as roupas dele antes de tudo, entretanto notou ele esconder disfarçadamente uma peça de roupa atrás de si.

— Hm... ㅡ apontou para as mãos escondidas de Jungwoo — Não vai querer que eu lave isso?

Quase que eu desespero, ele arregalou os olhos ao responder:

— Não, não, não...! — negou firmemente com a cabeça várias vezes.

Karin não compreendeu de imediato o motivo para tamanha vergonha que havia o atingido aquele instante.

— Espera... — sem notar o quão vergonhoso seria essa pergunta, Karin acabou comentando — É a sua cueca?

— Por que está falando essas coisas? — ele estava rindo, entretanto extremamente retraído e suas bochechas avermelhadas pelo frio acabaram disfarçando sua vergonha ㅡ Isso é muito constrangedor...

ㅡ Mas vai ficar carregando ela por aí? ㅡ riu da situação, contudo queria se enfiar num buraco ㅡ A máquina vai fazer todo o trabalho, juro que não vou encostar nela.

Aproveitando a tampa da máquina de lavar estar aberta, Jungwoo rapidamente se aproximou jogando sua roupa íntima junto de suas outras roupas lá dentro.

ㅡ Sabe, é que eu não costumo mostrar minha cueca pra meninas que acabo de conhecer...

ㅡ Isso ia ser meio...

— Coisa de maníaco do parque?

Os dois riram enquanto Karin acionava o enxágue rápido no painel da máquina, até que ela ameaçou a olhar as roupas dentro da máquina.

ㅡ Não olhe pra cueca...! ㅡ as mãos de Jungwoo se jogaram ao ar tentando impedir os olhos da garota.

ㅡ Calma, não é como se eu fosse te imaginar usando ela agora.

Se arrependeu assim que terminou de falar. Sua expressão nervosa se expôs assim como ele não conseguiu conter a surpresa.

ㅡ É, acho que agora você acabou de piorar a situação.

ㅡ V-vamos pra cozinha?! Quando terminar aqui, vai apitar! Uma bebida quente cairia bem agora, eu quero uma, você quer uma? Vamos fazer uma!

Como um foguete, Karin basicamente fugiu para o cômodo ao lado não querendo que Jungwoo a visse naquele estado de timidez extrema. Seu primeiro instinto fora abrir a geladeira em busca de apagar as imagens em sua cabeça se focando em algo mais. Deixou a garrafa de leite sobre a pia alcançando a caixa de chocolate em pó e o açúcar no armário na linha de sua cabeça. Jungwoo sentou-se em um dos bancos altos em frente a ilha da cozinha a observando. Em uma panela aquecendo o leite em fogo baixo, ela decidiu fazer chocolate quente adicionando os outros ingredientes calmamente, os que fariam daquele o Chocolate Quente Especial da Família Min.

ㅡ Não quis te assustar naquela hora, me desculpe.

Jungwoo ainda não se via confortável com o silêncio, principalmente pelo que acabara de acontecer.

ㅡ O quê?

ㅡ Na lavanderia, quando saí do banheiro. Apareci sem avisar, te assustei não foi?

ㅡ Ah, isso... Não foi nada, bobagem... ㅡ desligou a boca do fogão virando-se ao armário de canecas.

ㅡ É que é sua casa sabe... Não quero causar problemas olhando ou mexendo no que não devo, por isso te segui. — apertou a nuca brevemente — Sinto muito.

ㅡ Hm, te desculpo com uma condição. ㅡ prosseguiu ao vê-lo atento em suas palavras ㅡ Que tal parar de se desculpar por hoje? Eu fico nervosa com você fazendo isso toda hora.

ㅡ Desculpe... Ah, não, quer dizer... ㅡ acabou sorrindo constrangido ㅡ Eu faço isso quando me sinto desconfortável, é um hábito, des... Ah... ㅡ uma careta.

Os dois acabaram rindo.

ㅡ Tudo bem, desculpas estão proibidas em nossas conversas a partir de agora. — finalmente encontrava-se de frente a ele — Agora aqui, beba isso. Vai te ajudar a se esquentar.

Separando duas porções do Chocolate Quente Especial da Família Min em canecas rechonchudas, Karin adicionou alguns marshmallows para decorar o líquido adocicado. Pela ilha de porcelanato da cozinha, ela deslizou uma das canecas para Jungwoo.

ㅡ Experimenta. ㅡ sorriu.

Na primeira golada que deu, o garoto abriu bem os olhos lambendo os cantos dos lábios umedecidos pelo caloroso chocolate cremoso. Karin então relembrou do que seu pai havia lhe dito certa vez, fazendo agora seu coração transbordar um sentimento esquisito e confortável.

"Não há satisfação maior do que ver a expressão de alguém apreciando algo que você fez com as próprias mãos"

Após deixar a panela vazia dentro da pia, Karin sentou-se ao lado direito de Jungwoo em um dos bancos, um pouco mais afastada que o comum apenas por questões de espaço pessoal.

ㅡ Como você fez isso tão rápido? É tão gostoso e diferente dos que já tomei...! ㅡ segurava a caneca com ambas as mãos as aquecendo na porcelana estampada com o Rilakkuma.

ㅡ Não sou muito boa na cozinha... Mas até que peguei o jeito em algumas coisas. ㅡ sorriu também tomando calmamente seu chocolate quente ㅡ Meu pai é confeiteiro, ele quem me ensinou.

ㅡ Isso explica a loja de doces. Então esse é o negócio da família?

ㅡ Sim... Por isso eles não chegaram em casa ainda. Meus pais estão resolvendo alguns assuntos sobre negócios, mas daqui a pouco estarão em casa. — um sorriso amarelado.

Mesmo que Jungwoo não aparentasse ser uma má pessoa, ou alguém que pudesse agir de má fé, Karin sabia bem que em estranhos não se deve confiar. Uma mentirinha não a mataria de qualquer forma, principalmente se fosse para a ajudar a se manter segura neste caso.

ㅡ Essas roupas... ㅡ apontou para o agasalho que vestia.

ㅡ São do meu irmão. Ele não vai se importar, não se preocupe. No momento está fazendo faculdade na Tailândia.

ㅡ Oh, ele deve ser muito inteligente. ㅡ um sorriso largo.

Jungwoo era bastante sincero com suas emoções, o que deixou Karin interessada em saber mais sobre ele.

ㅡ Ok, até agora falamos apenas sobre mim. Sua vez, me fale sobre você. ㅡ agradou a garganta com o líquido aquecido em sua caneca.

ㅡ Hm, o que exatamente quer saber?

A caneca dele já estava pela metade e a chuva pareceu amenizar um pouco mesmo que não tivessem notado.

ㅡ Já sei que seu nome é Jungwoo. ㅡ assim que comentou, ele concordou com a cabeça ㅡ Quantos anos você tem?

ㅡ Vinte. ㅡ aproximou a caneca ainda aquecida a sua bochecha esquerda a tocando levemente ㅡ E você?

Com uma palpitação, Karin sentiu-se encabulada de repente. Entretanto sorriu ao disfarçar. Ele realmente era um universitário.

ㅡ Vou fazer dezoito.

ㅡ Então está terminando o colégio... ㅡ terminou seu chocolate quente na última golada que dera ㅡ Como se sente a respeito disso?

ㅡ Sinceramente? Não sinto nada diferente.

Ele acabou rindo ao concordar.

— Também me senti assim quando terminei. Imaginei que seria algo surpreendente. "Nossa terminei o ensino médio", mas na verdade essa era a parte fácil.

— Até você pra me fazer ficar preocupada com isso.

— Se preocupar é só uma forma de sofrer mais que o necessário.

— E como não se preocupar?

— Não pensando demais, deixando as coisas acontecerem no tempo delas.

— Não é tão fácil assim.

— Não, mas isso não muda o fato de que você só tem controle sobre si mesma. Não precisa ter medo do futuro. Entre de cabeça no que gosta de fazer, o resto é confete...

Karin não entendeu bem o que ele quis dizer, entretanto algo em seu coração a deixou com uma sensação estranha. Por que o sorriso dele parecia tão triste e resplandecente aquele instante? Antes que ela pudesse perguntar, a máquina de lavar apitou os despertando de qualquer pensamento que estivessem tendo.

— Acho que terminou. — repousou a caneca em cima da bancada de porcelanato.

— Pode deixar que eu vou...— ela se levantou direcionando-se a lavanderia novamente — Já volto.

Karin via-se incomodada, sabia que gostava de Jaemin, entretanto Jungwoo lhe despertava algo mais forte e dolorido. Não era amor, nem atração, contudo algo bastante semelhante e que no momento a deixava confusa. Qualquer um teria o deixado ir embora, todavia ela não conseguiu vê-lo partir após aquela explosão incomum de nostalgia. Por que um estranho lhe estava despertando tantas sensações escondidas em seu coração?

— Aqueles olhos não me são estranhos, mas nem o conheço... — sussurrou enquanto deixava as peças das roupas dele na secadora — Ótimo, agora estou parecendo aquelas tias macabras de filme de terror...

Assim que retornou à cozinha, encontrou Jungwoo terminando de secar as mãos no pano de louças. Ele lavou toda a louça que Karin havia deixado na pia.

— Você não precisava...

— Era o mínimo que eu poderia fazer depois disso tudo. — os braços se abriram formando um círculo brevemente.

Ela sorriu, acabou o encarando de forma carinhosa ainda tentando descobrir o que acontecia ali.

— Agora, eu insisto que me deixe te ajudar a secar o chão lá embaixo.

— Eu já tinha até me esquecido. — riu.

— Tá vendo? — uma careta seguida por um sorriso — A chuva também está diminuindo. Aproveite que ainda estou aqui pra te ajudar.

Karin não negaria uma oferta como essa. Mesmo que fosse pouca coisa a se organizar no andar de baixo, os dois tiveram um tempo tranquilo visto que o silêncio não parecia mais tão constrangedor. Mais alguns minutos e as roupas de Jungwoo estariam secas novamente, e em harmonia a chuva mais e mais amenizava.

— Certo, tem mais uma coisa que gostaria de perguntar.

Já estavam sentados no sofá novamente na casa da garota.

— É só perguntar.

— Você mora aqui perto? Eu nunca te vi andando por aqui antes.

— Não diria perto, mas não tão longe. Vim por causa da biblioteca, é mais perto da faculdade.

— Ah, a biblioteca pública... E qual curso você faz?

— Engenharia elétrica.

— Nossa. — ela riu surpresa.

— O que foi?

— Você não tem cara de quem gosta de matemática.

— Engraçado, você é a segunda pessoa que me disse isso. — se pôs a rir, entretanto algo se escondia naquele riso.

— E quem foi a primeira? — ela notou.

— Alguém muito especial. — novamente aquele sorriso entristecido.

O clima fora cortado pelo apito da secadora. Karin ainda mantinha seus olhos conectados nos dele que desviou o olhar brevemente para a janela.

— Bom, acho que agora está na hora de ir pra casa. — se levantou.

— Vou buscar suas coisas...

Ela tentou esconder que havia ficado curiosa em saber mais sobre o que ele estava falando, contudo, nem o conhecia para se intrometer na vida dele, muito menos sabia se o veria novamente.

A bolsa ainda se apresentava úmida, porém muito menos do que anteriormente. Enquanto Jungwoo vestia suas roupas no banheiro, Karin aguardou inquieta na sala. Ele já havia guardado seus pertences de volta na bolsa antes de ir se trocar, para isso bastou apenas o esperar voltar do banheiro. A pergunta que queria fazer desde o início, Karin não teve coragem de questionar até o momento, contudo seria agora ou nunca.

— Bom...

Ele se pronunciou entregando as roupas do irmão de Karin, agora dobradas, a ela.

— Acho que é isso. — alçou a bolsa em seu ombro.

— Ainda está chovendo, tem certeza?

— Sim, não está forte daqui a pouco vira só uma garoa.

Caminharam a porta principal da casa.

— Então pelo menos leve isso. — do cesto de guarda-chuvas, Karin lhe estendeu um guarda-chuva verde — Você pode me devolver quando vier pra biblioteca de novo.

— Tudo bem... — uma reverência com a cabeça e um sorriso — Então, obrigado.

Já havia descido as escadas da casa próximas a vitrine da doceria quando Karin por um impulso de coragem repentina exclamou:

— Nós já nos encontramos antes...?!

Jungwoo virou-se lentamente sorrindo de modo desajeitado.

— N-não é isso que está pensando! — balançou as mãos em negação — Quis dizer realmente, nós já nos vimos antes?

— Talvez.

Ela então se calou sentindo o coração acelerar.

— Podemos ter nos esbarrado alguma vez. Quem sabe? — um enorme sorriso seguido por um aceno em despedida.

Karin gostaria de ter todas as respostas que procurava a respeito de Jungwoo naquele mesmo instante, entretanto apressar o tempo não traria benefícios a ninguém. De certa forma o coração de ambos se conhecia, ela sentia que sim, não eram apenas seus olhos. Uma aura pairava sobre ele, algo que a confortava e sua presença a tranquilizava assim como sentiu-se no dia em que um abraço caloroso salvou sua vida.

Apertando os lábios, o garoto que caminhava na chuva encarou o céu na metade do caminho ao se recordar do sentimento de algo que a muito tempo aconteceu, porém nunca morreu em seus pensamentos.

"Não tenha medo, está tudo bem... O resto é confete"

Capítulo 3 ➜

___________________________________

GLOSSÁRIO

• Suhag Cheonjae (수학 천재) - Universidade fictícia, em tradução livre: Gênios da Matemática.

Continue Reading

You'll Also Like

869K 44.1K 69
"Anjos como você não podem ir para o inferno comigo." Toda confusão começa quando Alice Ferreira, filha do primeiro casamento de Abel Ferreira, vem m...
154K 24.7K 52
Eu fui o arqueira, eu fui a presa Gritando, quem poderia me deixar, querido Mas quem poderia ficar? (Eu vejo através de mim, vejo através de mim) Por...
98.9K 14K 50
yukhei odiava cuidar de jungwoo bêbado. [[ kim jungwoo + wong yukhei ]] // 2018 ↻ 5# e 1# in luwoo // 1# in wongyukh...
159K 14.5K 113
Jaemin é um garoto muito devotado e que se dedica muito nas coisas em que ama fazer,uma delas é ajudar os fiéis na igreja em obras de caridade. Jeno...