Vermelho

By TheEEMSS

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Escolhida como o próximo sacrifício de sua vila, Aysha terá que lidar com a enigmática figura do Lobo e com o... More

I01I - Sweney Pines
I02I - Costumes
I03I - Fitas Vermelhas
I04I- Eu iria por você
I05I - O Lobo e o Monstro
I06I - Sacrifício
I07I - Fora do Limite
I08I - Olhos infernais
I09I - Confiança
I10I - Compulsão
I11I - Espelho
I12I - Regras
I13I - Visitas indesejadas
I14I - Uma mulher tem que tentar
I15I - Reflexos
I16I - Punições
I17I - Boa garota
I18I - Patrulheiros
I19I - Ogro
I20I - Novos amigos
I21I - Jogo sujo
I23I - Consequências
I24I - Arrogância
I25I - Toxina
I26I - Dívida
I27I - Calafrio
I28I - Memórias
I29I - Desafio
I30I - Dominância
I31I - Poder
I32I - Instinto
I33I - Fantasma
I34I - Lar
I35I - Respostas
I36I - Disputa
I37I - ...
I38I - Atração
I39I - Tratado
I40I - Decisão
I41I - Defeitos pt.1
I42I - Defeitos pt. 2 e I43I - Apresentações
I43I - Apresentações
I44I - Carnificina
I45I - Caixinha
I46I - As Casas Antigas
I47I -Declarações
I48I - Pãozinhos
I49I - Lukoi
I50I - Liones
I51I - Palavras melhores
I52I - Sangue
I53I - Verdade
I54I - Serestia
I55I - Execução
I56I - Trapaça
I57I - Traidor
I58I - Jantar
I59I - Perto do fim
I60I - Amor
I61I - Liberdade
I62I - FIM
Comunicado

I22I - Trincada

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By TheEEMSS

Esgotada. Era assim que eu me sentia enquanto Kaydor, um dos únicos subordinados amigáveis que eu conhecia do Lobo, me escoltava até o seu salão subterrâneo de ossos.

Mesmo depois de ter me dado algumas horas para tratar meus ferimentos, eu sabia que o Lobo estava furioso. Tinha infringido a primeira regra que ele havia me posto e o conhecendo mesmo que tão pouco sabia que ele em hipótese alguma deixaria isso de lado.

Era como havia me dito: A tentação é o pecado dos ingênuos.

Sim, eu havia sido estúpida por acreditar na esperança do meu coração e pensar por um segundo que poderia escapar sem consequências. Por sorte ou nem tanta assim eu tinha adiado ao máximo minhas represarias a entrar na inconsciência logo depois de ver Jhulia desaparecer em segurança.

Mas cá estava, tão acabada por falta de palavra melhor que tinha até esquecido de agradecer Kay por ter retirado as lascas de madeira das minhas mãos e as enfaixado com cuidado.

- Obrigada. – Falei tardiamente, assim que paramos em frente a grande porta em arco de madeira, marcada tão profundamente por garras que quase se via seu interior.

Ele assentiu, balançando os cabelos vermelhos. Um relapso de memória me lembrou de outra pessoa e então daquela caixinha novamente: Ele não foi lhe ver quando foi escolhida por que estava morto.

Tentei afastar aquele pensamento, Kay não era Kiros. Tentei manter a caixinha presa novamente no fundo do meu coração, mas ela lutava firmemente para ganhar seu espaço. E por mais que eu tentasse contê-la suas amarras estavam se soltando lentamente.

A porta foi aberta.

Vesti minha máscara e caminhei a passos curtos para o salão vendo o Lobo sentado despojadamente em seu trono.

Seu cabelo estava completamente solto sem ter nada de feminino nisso, caia jogado em seus ombros como cortinas negras e brilhosas, um belo contraste para os olhos luminosos. Ângela estava deitada aos seus pés, como uma concubina maldosa. Elikham também estava no salão, encostado a lateral do trono observando tudo com seus olhos verdes e indiferente.

Kay se ajoelhou ao meu lado e outra vez me recusei a fazer o mesmo recebendo um olhar de desaprovação de Ângela.

- Posso saber o que me deu a honra de ser convocada por você? – Perguntei, quando ninguém falou nada.

- Mestre, o chame de Mestre, sua ratinha sem modos. – Ângela corrigiu, a ignorei.

Uma sobrancelha foi arqueada para mim.

- Se fazer de boba não faz parte do seu charme Aysha. – O Lobo acusou, seu tom levemente irritado. – Mais uma vez me desobedeceu, dou-te liberdade uma vez e você escapa. Isso não ira acontecer novamente. – Prometeu.

Eu não podia ficar calada diante daquilo.

- Liberdade? Você me levou para ser uma isca, quase morri uma segunda vez por sua causa. – Repliquei seu tom.

- Não a mandei ir sozinha atrás do ogro. – Disse, acrescentando com muito acento. – Você tomou essa decisão.

Porque ele tinha se recusado a ir atrás da ameaça mais iminente e claro que no momento não sabia o quão bons eram os patrulheiros de Miticovia. Eu só rezava aos deuses antigos que Hansel ficasse bem, afinal por minha culpa ele tinha se machucado.

Olhei para Elikham, lembrando-me de algo que vinha martelando minha cabeça desde que eu havia recobrado a consciência.

- Na floresta... – Hesitei, respirando fundo. – O que aconteceu? – Perguntei.

Mesmo seguindo meu instinto a parar Elikham em sua forma de lobo, aquilo não deveria ter acontecido. O olhar que ele havia me dado reforçava mais ainda essa ideia.

- Além do seu pequeno ato de rebeldia? – Perguntou cínico.

Ele sabia exatamente do que eu estava falando, mas não iria me contar afinal.

- Vai me punir ou não? – Indaguei cansada.

- Huh, vejo que adquiriu algum gosto por minhas punições senhorita Nowak. – Falou, algum divertimento dissipando a seriedade de seu rosto.

Rolei meus olhos.

-Uma pena, mas não poderei continuar sendo tão gentil, sua tentativa de fuga me custou muito.

Estava me perguntando o que ele quis dizer até que Ângela falou, levantando-se.

- O Mestre teve que sujar as mãos por sua causa, ratinha.

- O que quer dizer? – Perguntei.

- Clãs Licans são medidos pela força de seu Mestre, mostrar o mínimo ato de compaixão é visto como uma fraqueza a ser explorada pelos outros membros. – Elikham falou, para minha surpresa. – Força e medo é tudo que prevalece distinguindo-nos.

- Não estou entendendo. – Falei, olhando para o Lobo em busca de auxílio, mas ele se manteve indiferente.

- Acredito que saiba se cuidar. – Disse rancoroso.

- Vou ensina-la a prezar sua posição. – Ângela falou.

Isso não podia ser bom.

- Mestre, se me permite desejo tomar a punição no lugar. – Kay falou, ainda ajoelhado, apesar de suas mãos temerem, ele levantou o rosto. – Aysha não tem condições para lutar, se força-lá a continuar...

- Calado seu verme.

Tão repentinamente como o choque em meus olhos vi Kay ser jogado para o outro lado do salão.

- Essa função foi dada a mim. – Ângela falou, parada onde Kay estava segundos atrás antes dela chuta-lo.

Sem medidas, sem controles, senti sua magia consumir o ar. Pura força física.

- Devo começar? – Ela perguntou.

Não tive tempo para responder.

Um soco em meu estomago me mandou assim como Kay para o chão.

...você me obedece e em troca não quebro seus braços, são tão fracos que posso fazer por acidente... Sim, era exatamente como ela havia me dito.

Mesmo que seus movimentos fossem consideravelmente rápidos, não eram como os de Kohina, Ângela focava exclusivamente na força. E talvez fosse assim com cada Lican, por isso o Lobo não havia transfigurado seus dedos em garras monstruosas para lutar contra Hansel. A magia se manifestava de diferentes formas em cada um.

Constatar aquilo só me relembrou das minhas desvantagens. Não havia como revidar, sem minha faca eu era apenas um saco de pancadas.

No entanto, mesmo com a derrota iminente, eu não me contentaria com aquilo, eu só precisava de uma chance, de algo que eu pudesse...

Fiquei de pé.

Ângela me acertou novamente.

Fiquei de pé.

Outra vez.

Outra vez.

Cai quantas vezes foram necessárias. Cai e levantei novamente até achar a sequência da execução dos movimentos de Ângela. Levantei uma ultima vez para esquivar de seu soco.

- Como? – Ela perguntou.

Um chute lateral em seu quadril foi minha resposta, fazendo com que perdesse o equilíbrio por um instante. Aproveitei para desestabilizar uma de suas pernas, derrubando-a no chão. Obrigada pelos ensinamentos excelentes patrulheiros de Sweney Pines, senti vontade de dizer, obrigada Kiros...

O pensamento morreu assim que fui jogada outra vez, rolando até uma das bizarras pilhas de ossos do salão.

Tinha dado certo então.

- Raymond pare com isso, ela não aguentara mais. – Escutei de algum lugar a voz de Elikham.

- Vejo que ainda não percebeu.

Maldito arrogante, eu só esperava que Ângela não tivesse os escutado.

- Estamos apenas começando ratinha. – Ela falou, atrás de mim.

Agarrei um dos ossos, sem desestabilizar a pilha, pedi perdão aos deuses menores por aquilo. Mas bastava, era minha chance de revidar.

Esperei até o momento que ela estivesse sobre mim, pronta para erguer e me lançar novamente no chão. Então puxei o osso longo da pilha, ela se distraiu com o movimento da pilha desmoronando e eu acertei sua cabeça.

- Mas que maldições você pensa que esta fazendo?! – Ela gritou.

Acertei novamente, mas eu não tinha tido o efeito necessário, sangue respingou em meu rosto e o osso quebrou no meio fazendo uma ponta tosca que despertou outra ideia em minha mente.

Imprudentemente alimentei o desejo daquela caixinha maldosa em meu peito.

Ângela me ergueu me segurando pelo meu pescoço machucado. Tive a audácia de sorrir vendo o sangue do corte em sua cabeça escorrer.

- Vou mata-la. – Disse.

- Ângela solte-a imediatamente. – O Lobo falou.

Mas já era tarde de mais.

Eu estava cansada. Exausta de continuar a guardar aqueles sentimentos. De pensar que tinha sido responsável pela morte de mais outra pessoa. Simplesmente esgotada de me subestimarem.

Acertei a ponta do que havia restado daquele osso no estomago de Ângela.

Ela me soltou.

Fiquei de pé.

Tentei repetir o movimento, mas alguém segurou meu braço, tomando minha arma rústica e a jogando para longe.

- Aysha. – O Lobo chamou, mansamente. – Pare você já foi longe de mais.

Eu não achava, acertei minha cabeça em seu queixo e me livrei de sua mão. Elikham apareceu na minha frente antes que eu alcançasse Ângela.

- Tire-a daqui, agora! – O Lobo gritou para Elikham, me segurando outra vez.

Elikham fez como foi ordenado e levou Ângela no colo para fora do salão rapidamente.

- Se você não conseguir se controlar, vou manda-la novamente para o lugar que acordou aqui da primeira vez. – Falou em meu ouvido, referindo-se a cela fria e escura depois do emaranhando de corredores da caverna.

Eu não queria me controlar, porque não havia nada de errado comigo.

- Pelo o que entendi demonstrar compaixão seria ruim para sua imagem. – Falei de forma debochada.

Ele me virou em seus braços, mantendo meus pulsos presos e olhou diretamente para mim.

- Essa não é você. – Afirmou.

Mas como ele poderia saber disso, se eu mesma não sabia?!

- Você não sabe quem sou. – Falei com raiva. Aquela caixinha em meu peito estava trincada, enchendo-me poupo a pouco com seu interior. Eu me inclinei para ele, olhando em seus olhos alaranjados que refletiam a escuridão dos meus. – Ah Lobo, você não faz ideia.  

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