Vermelho

By TheEEMSS

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Escolhida como o próximo sacrifício de sua vila, Aysha terá que lidar com a enigmática figura do Lobo e com o... More

I01I - Sweney Pines
I02I - Costumes
I03I - Fitas Vermelhas
I04I- Eu iria por você
I05I - O Lobo e o Monstro
I06I - Sacrifício
I07I - Fora do Limite
I08I - Olhos infernais
I09I - Confiança
I11I - Espelho
I12I - Regras
I13I - Visitas indesejadas
I14I - Uma mulher tem que tentar
I15I - Reflexos
I16I - Punições
I17I - Boa garota
I18I - Patrulheiros
I19I - Ogro
I20I - Novos amigos
I21I - Jogo sujo
I22I - Trincada
I23I - Consequências
I24I - Arrogância
I25I - Toxina
I26I - Dívida
I27I - Calafrio
I28I - Memórias
I29I - Desafio
I30I - Dominância
I31I - Poder
I32I - Instinto
I33I - Fantasma
I34I - Lar
I35I - Respostas
I36I - Disputa
I37I - ...
I38I - Atração
I39I - Tratado
I40I - Decisão
I41I - Defeitos pt.1
I42I - Defeitos pt. 2 e I43I - Apresentações
I43I - Apresentações
I44I - Carnificina
I45I - Caixinha
I46I - As Casas Antigas
I47I -Declarações
I48I - Pãozinhos
I49I - Lukoi
I50I - Liones
I51I - Palavras melhores
I52I - Sangue
I53I - Verdade
I54I - Serestia
I55I - Execução
I56I - Trapaça
I57I - Traidor
I58I - Jantar
I59I - Perto do fim
I60I - Amor
I61I - Liberdade
I62I - FIM
Comunicado

I10I - Compulsão

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By TheEEMSS

- No momento, quero apenas que me deixe ver seu rosto, afinal não posso deixar com que minha noiva fique com o rosto ferido.

- Não serei sua noiva. – Falei de modo imediato.

Seu belo rosto não enganaria. Uma vez meu pai tinha me contado uma historia sobre demônios que usavam rostos bonitos para fazer acordos com jovens mulheres por suas almas. Deus pagão ou demônio ele não teria minha alma ou a mim.

- Sua vontade não é necessária. – Disse. – E não dificulte as coisas para mim, já é ruim o bastante que tenha essa aparência mediana, ficar com uma cicatriz seria inadmissível.

Ele estendeu uma mão. E tão repentinamente havia um gosto ruim e conhecido em minha boca. O mesmo gosto que senti a encara-lo em sua forma monstruosa de lobo na floresta. Tive uma compulsão por aceitar sua mão, era uma mão firme e segura. Uma mão que me faria caricias e não traria dor. Podia confiar em sua mão, pensei, estendendo a minha, podia confiar nele...

Meus dedos pararam a centímetros de toca-lo. Pude ver alguma surpresa se acender em seus olhos.

Eu nunca confiaria nele, não confiaria no monstro que arruinou minha vida antes mesmo de me tornar seu sacrifício. Aquela verdade rugida do meu interior me acertou e cortou totalmente a compulsão, raiva lenta e fria me inundou. A mesma raiva que usei para levantar meu braço e o cortar na floresta.

- Pare. – Sussurrei, por que de outra forma gritaria. Encontrei seus olhos e repeti com força. – Pare o que esteja fazendo! – Forcei minhas costas na parede, eu tinha que me afastar dele a qualquer custo.

- Huh, então sente mesmo minha magia? – Falou baixando seu braço.

Como na outra noite, quando falei que ele estava em perigo, sua voz tinha uma nota de divertimento. Claro que ele riria da minha ignorância por não saber que estava falando com o que temia. Mas agora ele não ria por minha ignorância, seu divertimento era o de alguém que estava se entretendo, como uma criança com seu brinquedo novo.

O encarei e me arrependi instantaneamente de ter feito, baixei os olhos para sua camisa branca. Branco é uma boa cor.

- Não sei ao que se refere. – Menti, não que realmente soubesse, mas tinha ideia.

Ele era capaz de compelir as pessoas a fazer o que desejava. E se isso fosse verdade, talvez, por um momento, Petra não tivesse me entregado intencionalmente, afinal ela chorava quando o fez.

- Mentirosa. – Ele acusou. – Não guarde seus truques, é isso que esta te mantendo útil a mim. E com útil quero dizer viva.

- O que planeja fazer comigo? - Perguntei.

Não era estúpida. Se estava viva até então, havia algo em mim que ele desejava. Não podia acreditar que fosse meu corpo, já havia visto luxuria no rosto de um homem e não havia nada no dele. Ter todo o trabalho de ir à vila fazer com que adiassem o sacrifício e Petra me dedura-se... Não sabia sua parcela de envolvimento quanto o ataque a Naila e os patrulheiros, mas ele estava lá e me deixou ir. Não consegui encontrar sentido através de suas ações.

- Não irei mata-la se é isso que a preocupa.

Mentiroso. A existência de todos os outros sacrifícios contribuía para o contrario. Afinal o que ele queria dizer com apenas pegar algo de que precisava das escolhidas?

- Acabou de dizer que só estou viva porque sou útil a você. – Rebati. –Quero saber como.

Ele pareceu pensar por alguns segundos.

- Você é inteligente. Isso é bom, de fato é ótimo. Mas não vou contar agora.

Fiquei de pé, a forma como ele olhava de cima tinha começado a me irritar. E se não ia me matar como falou, não havia mais motivo para temê-lo, tentei me convencer disso.

Usei a parede para me escorar, não tinha confiança em minhas pernas e meu ombro incomodava. Eventualmente tinha planejado ir para longe, mas ele me prendeu colocando um braço de cada lado do meu corpo. Tinha sido um grande erro, não me custava nada olha-lo, éramos quase da mesma altura.

- O que pensa que está fazendo? – Perguntei assustada. Seus olhos cintilantes e alaranjados, mesmo de perto continuavam frios me encarando.

- Já falei, seu rosto, vou cura-lo. – Respondeu distante, antes que eu pudesse contestar ele virou meu rosto com uma das mãos expondo o lado ferido.

Tentei me afastar, mas ele me manteve no lugar. Sem escolhas senti sua língua úmida tocar minha pele, lambendo o sangue do meu rosto. A forma como ele fazia parecia mais intima do que nojenta. O empurrei quando notei isso e ele me soltou finalmente, escorreguei pela parede até ficar sobre minhas pernas, então toquei meu rosto e como meu queixo em que eu tinha a nítida memória de ter sido cortado, não havia o mínimo indicio de ferimentos.

- O que exatamente é você? – Perguntei assombrada.

Ele lambeu os lábios cheios por fim e me deu as costas. Seu cabelo não era curto como tinha suposto, terminando acima das orelhas. Estava preso para trás em uma trança que ia até a metade de suas costas e não tinha nada de feminino nisso.

- O que acha que sou? – Falou, caminhando pela sala. – O que torna a forma de um homem e um lobo? Vamos certamente até um lugar como aquele deveria ter uma enciclopédia. Apesar da aparência descuidada e dos modos toscos, você fala bem. Deve ter tido alguma instrução.

Suas suposições certeiras eram quase tão assustadoras quanto sua saliva mágica.

- Meninas não podiam estudar ou ter acesso a livros – Falei, me levantando novamente. – Não foi assim que você instituiu nossos costumes?

Ele parou ao lado do trono e se apoiou nele, cruzando os tornozelos.

- E porque eu me daria o trabalho de fixar seus costumes? A única coisa que pedi em troca foi um sacrifício. O que fazem das duas vidas não é do meu interesse.

Eu sabia. No fundo eu sabia que Viremont manipulava a todos usando o medo das pessoas, tornando-as frágeis e submissas para acreditar em tudo que ele proferia.

- Aquele desgraçado... – Sussurrei, fechando meus punhos.

- Então o que sou? - Perguntou novamente, era um teste. Desde o momento que entrei na sala estava sob um teste, só tinha me dado conta disso agora. Ele se sentou no trono aguardando minha resposta.

- As pessoas o tratam como algum deus pagão. - Respondi, mesmo sabendo que essa não era a resposta que ele queria. A vila de fato possuía uma enciclopédia, a família de Kiros a guardava por gerações.

- Mas você não concorda com isso. – Ele falou, neguei com a cabeça. A palavra estava na ponta da língua, mas parecia ridícula. Nunca tinha a tomado como uma opção realmente, mas sabia que era essa que ele desejava ouvir.

- Licantropo.

Uma das sete casas do reino antigo, um mito do tempo pertencente às histórias dos antigos deuses. Ele não afirmou ou contestou, deixou a palavra ecoar. Entendi como uma confirmação.

- Mas era dia quando o vi pela primeira vez e... – Comecei, não podia acreditar que os mitos antigos fossem reais. Ele me interrompeu.

- Já basta de perguntas por hoje, apesar de ter tido uma que esperei você perguntar até agora. – Disse misterioso - Não vai ao menos perguntar o nome do seu noivo?

- Lobo está bom para mim. – Falei, porque nomes implicavam em identidades e monstros tinham que continuar como monstros.

- Se gosta assim, Lobo então.

Ele não pareceu incomodado. Estava claro que tudo passava de uma farsa. Só não entendia minha participação nela.

- E você não é meu noivo. Não aceitarei isso. – Falei, tentando mostrar alguma resistência. – Quais são seus reais objetivos?

- Como falei antes é realmente uma garota inteligente Aysha. Não precisa saber dos meus objetivos por hora.

- Mas quero que entenda algo, você não tem escolha quanto a isso. E antes que esqueça, sob ocasião alguma tente abandonar esse lugar. Apesar de pensar que não precisa de incentivo já que sabe o que tem lá fora, a tentação é o pecado dos ingênuos.

Abri a boca para falar algo, mas esqueci o que era assim que a porta foi aberta.

- Esta dispensada Senhorita Nowak. – Falou, indicando com uma mão a porta aberta. Ângela aguardava do outro lado, felizmente não estando mais nua. – Ângela lhe guiara até seus aposentos.

Com aposentos eu esperava que ele não se referisse à cela que eu tinha sido deixada mais cedo.

Eu não desejava nem um pouco andar junto a Ângela, mas entendia uma dispensa. Me virei e segui até a porta, tinha acabado de atravessar quando a voz do Lobo chegou até mim, carregada por algum vento imaginário. Um tremor percorreu meu corpo.

- Nunca dê as costas para um lobo Aysha, afinal você nunca sabe o quão faminto ele pode estar. – Com esse aviso final a porta foi fechada silenciosamente por mãos invisíveis. Me permiti respirar.

- Vejo que o Mestre curou seu rosto. – Ângela falou, com um sorriso que não combinava com ela.

Eu não precisava de convite para entender que precisava segui-la e muito menos que ela me detestava. Seguimos pelo mesmo corredor até o jardim, as árvores continuavam belas e floridas. Lembrei em como as árvores da vila tinham ficado, negras e retorcidas, elas teriam voltado ao normal agora? Me entregar mesmo que não a morte iminente enfim teria sido útil?

Para Sweney Pines eu estava morta. Para o mundo sequer existia. Ninguém sentiria minha falta. Isso deveria me por triste, no entanto eu não conseguia realmente me sentir dessa forma. Sabendo das mentiras de Viremont a única coisa que eu conseguia sentir era alivio e estranhamente satisfação por saber que sempre estive certa.

- O Mestre disse que você estava incomodada com a minha nudeza. – Ângela falou novamente.

Inconscientemente eu tinha parado novamente para observar o jardim, para cogitar novamente em tentar escapar por alguma das aberturas. Ângela também tinha parado a uma distância que não me fizesse tremer sua proximidade. E principalmente a uma distancia que me daria alguma vantagem.

- Está bom para você Senhorita Nowak? – Apesar de parecer bastante cordial, pude sentir o ódio se arrastando por trás de suas palavras.

Quando se tratava de ódio, eu entendia um bocado. Ela tinha posto um vestido verde, a barra havia sido rasgada até os joelhos. O tecido era rico com sobreposições e bordados. Fiquei triste por pensar que ela tinha o rasgado, deveria ser uma peça belíssima. De longe era a peça mais fina que já tinha visto alguém usar, não tínhamos uma variedade de tecidos coloridos na vila. E eu deveria parar de pensar na vila. Não tinha desejado tanto estar fora daquele lugar?

Não sabia como ela tinha falado com o Lobo a respeito do meu senso de pudor, mas fiquei feliz por ele ter notado, tinha algo de errado em encarar uma pessoa nua, principalmente quando essa pessoa parece lhe detestar sem motivos aparentes e você que lhe dar um soco. Assenti.

- Pode me chamar apenas de Aysha. – Falei, não estava acostumada com formalidades e nem tinha autoridade para tal. Além disso ninguém nunca tinha me chamado pelo meu sobrenome antes, poucas pessoas o conheciam.

- Sinto muito Senhorita Nowak, mas não poderei obedecê-la. Como noiva do Mestre o mínimo que posso fazer é trata-la com respeito. – Ela piscou delicadamente, bonita e assustadora, definitivamente seus adjetivos. - Mas não fique cheia de si, um deslize e garantirei que seja entregue a mim. Então poderemos continuar de onde paramos, vou adorar moer seus ossos.

Ela sorriu novamente e voltou a caminhar. Nos conhecíamos a menos de duas horas e ela já havia me insultado,machucado e ameaçado, tudo que eu podia supor era que não estávamos destinadas a ter uma boa relação. Andamos pelo jardim até uma passagem que ficaria escondida a olhos destreinados em uma das paredes cobertas por heras. A passagem estava escura e Ângela não carregava nenhuma tocha, presumi que deveria ser um caminho de direção única.

Acertei quanto a isso. Saímos em um corredor empoeirado e com paredes descascando, Ângela soltou a cortina que tinha puxado, a retornando para o lugar, escondendo perfeitamente a passagem pela qual viemos. Não sabia exatamente onde estávamos, parecia o interior de uma casa abandonada. Uma casa rica, mas completamente deixada ao tempo.

As tapeçarias das paredes estavam sujas e se soltando nos cantos, os móveis estavam tombados no chão ou cobertos por lençóis, as janelas estavam completamente tampadas por tábuas, deixando o mínimo de luz solar passar. Nossas pegadas ficavam marcadas no chão pela poeira. Ninguém vivia nesse lugar há muito tempo. Passamos por uma sala com apenas um móvel coberto por um lençol, era um móvel grande parecendo com uma mesa em um formato estranho e mais alto do que uma mesa deveria ser. Entramos em outro corredor curto com apenas uma porta em seu final.

- Chegamos ao seu quarto. – Falou, esperei que abrisse a porta, ela não o fez. - Esta livre para circular por este andar, mas não deve voltar ao andar inferior a menos que seja convocada. O andar acima deste está selado, então se mantenha afastada. Se desejar tomar um banho, há dois poços, um ao lado norte da mansão e outro aos fundos, não deve ser um grande trabalho para você puxar água dele. A porta da cozinha é a única que esta destrancada, então se precisar sair use ela. Aproveite sua estadia, senhorita Nowak, espero que seja curta. – Dito isso ela se virou e foi embora.

Não agradeci.

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