SWEET DREAMS - LIVRO 1 ✓

By Ruthfreckles

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( LIVRO 1 DA TRILOGIA ) Charlotte Jones era apenas uma menina quando uma tragédia aconteceu e foi levada para... More

Informações.
este livro é para ti.
1 - d o g d a y s a r e o v e r
2 - m e m o r i e s
3 - v i c t i m s o f l o v e
4 - s h o t i n t h e d a r k
5 - d i e t m w t d e w
6 - s a y g o o d b y e
7 - s t a y
8 - c r i m i n a l
9 - a l l a b o u t u s
10 - s e c r e t s
11 - r u n
one-shot: a l l a b o u t u s ( scarlet & harry )
12 - s a c r i f i c e
13 - f r i e n d o r f o e
14 - w e s h o u t
15 - t o y s o l d i e r s
16 - all t h a t e a s y
17 - a p r o m i s e
18 - n o t g o n n a g e t u s
19 - s a f e a n d s o u n d
one-shot: c u t ( isaac & thea )
21 - l o s t c a u s e
22 - d e a r a g o n y
23 - 4 a m f o r e v e r
Beautiful Nightmare.
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patreon & ko-fi.

20 - m i r r o r

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By Ruthfreckles

Este capítulo e o anterior, foram a continuação do ponto de vista do Harry, na One-shot deles, "All About Us." Aqui acaba a continuação e volta ao rumo normal da SD.

Capítulo 20

Are we star crossed lovers?
Did I really want you gone?
If I'm really a winner
Where do these demons come from?

Ellie Goulding - Mirror

Aquelas palavras ecoaram no fundo da minha mente e observei-a, como se isso mudasse alguma coisa. Não conseguia mexer um único músculo, era como se o meu corpo tivesse congelado naquele instante. Nos seus olhos azuis, o medo e a ansiedade misturavam-se e os seus lábios formaram-se numa linha simples. Ela permaneceu em silêncio com uma expressão ligeiramente mais calma.

- O quê?

- Eu estou grávida. - Ela murmurou entre dentes e engoliu em seco.

- Não podes estar a falar a sério. - Levei as mãos aos meus cabelos desgrenhados.

- Estou a falar muito a sério, Harry. Não ia brincar com isto. - Ela apontou para a sua barriga e depositou as mãos sobre mesma gentilmente. Andei de um lado para o outro e senti o desespero a levar a melhor de mim. - Nós falamos sobre isto, Harry...

- Falar e ver acontecer são assuntos completamente diferentes, Scarlet.

- Disseste que querias ser pai. - Ela fitou-me. O seu olhar sem esperança causou-me um aperto no estômago. - Mudaste de ideias agora?

- Scar. - Aproximei-me dela e depositei as minhas mãos no seu rosto. - Tens de descansar. - Ela gemeu quando empurrei o seu corpo delicadamente para trás, fazendo com que ela se deitasse de novo. Ela segurou a minha mão com força antes que tivesse tempo para me afastar e os seus lábios abriram-se para falar.

- Se não queres ser pai desta criança, podes sair daquela porta e não voltar. Garanto que não me voltas a pôr os olhos em cima. - Sabia que ela falara a sério devido à determinação no seu tom de voz e no seu olhar.

- Não vou a lado nenhum. - A sua mão largou a minha ligeiramente.

- Pensei que era isto que querias.

- E é. - Murmurei. - Mas como esperavas que recebesse esta notícia? - Apesar de magoada, ela continuou a fitar-me.

- Que pelo menos ficasses feliz por saberes que vais ser pai.

- Eu estou feliz! - Elevei o tom de voz. - Mas Scarlet, não era assim que era suposto ter acontecido. Não era suposto ter acontecido agora sequer.

- Pensa o que quiseres, Harry. Eu vou ter esta criança. E se tu não o quiseres, vou criá-la sozinha.

Visivelmente irritada, eu deixei-a no quarto quando ela se virou de costas para mim, magoada. Saí de lá e caminhei até ao exterior. As minhas mãos tremiam. Não entendia o motivo. Se pelo nervosismo de o sangue - já seco -, dela ainda se encontrar nas minhas mãos, ou pela notícia inesperada. Talvez por ambas as razões.

Tentei retirar um cigarro do bolso, mas o maço caiu ao chão e bufei, apanhando-o seguidamente. Peguei no isqueiro e deixei que o fogo consumisse lentamente a ponta do cigarro, inalando o fumo. Isso provocou-me uma sensação de alívio e calma pelo meu corpo, porém durou apenas alguns segundos.

Abri os olhos rapidamente pensando no Zayn e na Charlotte. Será que eles já teriam chegado à Escócia? Será que estava tudo bem? Peguei no telemóvel da Scarlet desajeitadamente, procurando pelo nome dele na lista telefónica, marcando depois para ligar.

Após várias tentativas falhadas, comecei a sentir-me exasperado. Marquei rapidamente o número do Niall e felizmente o mesmo atendeu após alguns toques.

-"Haz!" - O alívio notou-se na sua voz e algo dentro de mim se acalmou.

- Hey Horan. - Expeli o fumo do cigarro e olhei para o céu. As nuvens negras que se formavam no céu indicavam uma noite de temporal. - Vocês estão na Irlanda?

- "Estamos." - Respondeu rapidamente. -" Aconteceu alguma coisa?"

- A Scarlet... - Soltei um suspiro antes de continuar. - Ela levou um tiro.

-"O quê?" Como é que isso aconteceu?!"

- Íamos no carro, no meio do nada e de repente ele apareceu. Não sei de onde, só sei que ele ultrapassou-nos e travou a fundo mesmo à nossa frente. Quase nos matamos com essa merda. - Custava-me falar disto, visto que tinha ocorrido apenas há algumas horas atrás e a Scarlet ainda se encontrava numa cama de hospital. A receber transfusões de sangue, devido a todo o que perdera. - E há mais... - Ele permaneceu em silêncio. - Ela está grávida. - Como não houve resposta da parte dele, voltei a falar. - Preciso que vocês voltem para Bradford. Eu não posso sair daqui agora, com ela nestas condições. Voltem para cá o mais rápido possível, que eu vou tentar contactar com os outros.

Sem lhe dar tempo para dizer mais uma palavra, desliguei a chamada e encostei a cabeça à parede exterior do hospital. O cigarro queimara quase todo, deixando apenas a cinza. Com um toque, a mesma desfez-se e voou com o vento.

Voltei para dentro e caminhei até à casa de banho para lavar as minhas mãos e o meu rosto, tentando afastar os pensamentos tenebrosos da minha mente.

Caminhei lentamente para uma máquina, retirando um café, esperando que pelo menos isso me mantivesse acordado. Depois dirigi-me para o quarto da Scar, onde ela se encontrava deitada. Adormecida. Tranquila.

Não parecia a mesma pessoa que levara um tiro há horas atrás, mas sabia que apenas se encontrava assim, devido à medicação que injetavam no corpo dela a toda a hora.

Sentei-me na cadeira que se encontrava ao lado da sua cama e segurei a sua mão. Acariciei-a e depois olhei-a.

- Eu sei que nunca fui a melhor pessoa para ti. Nunca assumi nada contigo... Por ter medo. Não me perguntes de quê. Nem eu mesmo sei. - Fiz uma pausa, analisando o seu rosto pálido. - Provavelmente não queria que te apegasses a mim para o caso de eu me fartar de ti e te deixar, não sofresses tanto. Mas ambos sabemos que não foi assim que funcionou. Eu penso em todas as maneiras para te manter a salvo desta vida que vivemos, mas parece que é impossível. Os problemas acabam sempre por nos encontrar e no fundo, quem se prejudica sempre, é quem não merece. Neste caso, tu, a Charlotte, a Arianna, a Brooke e a Madison. Foram arrastadas para isto, porque nós fomos demasiado gananciosos e estúpidos, para achar que seríamos invencíveis. Que ninguém alguma vez ousaria em tocar-vos. - Suspirei. - Mas não foi isso que aconteceu, pois não? - Olhei-a, aguardando uma resposta. - O Zayn e a Charlotte tiveram de ir embora assim como os restantes para não nos metermos em mais problemas dos que o que já temos. No entanto nunca chegou a este ponto. - Apertei a sua mão com mais força. - Devo-te um pedido de desculpa, por toda a merda que já fiz e continuo a fazer. Sei que não é o suficiente, mas é tudo o que tenho para te dar.

Aproximei-me dela e beijei os seus lábios frios. Acariciando o seu rosto, saí novamente do quarto. Caminhei novamente até ao exterior, retirando o papel com os números que Zayn me havia dado. Após três toques, a voz feminina que reconheceria em qualquer parte atendeu.

- B?

- "Harry?"

- Sou eu. - Sorri como se ela me conseguisse ver. - Ouve, o Liam está aí?

- "Sim está, eu vou chamá-lo." - O silêncio durou apenas poucos segundos e a voz dele surgiu logo a seguir. -"Haz?"

- Hey, meu. - Senti um alívio ao ouvir as vozes deles, perceber que estava tudo bem. - Ouve, eu preciso que vocês voltem para Bradford.

-"Voltar para Bradford? Mas está tudo bem?"

- Só preciso que vocês voltem o mais rápido possível. Dou as explicações aqui quando o grupo estiver reunido.

-" Vamos fazer as malas e sair já daqui."

- Façam uma boa viagem.

A chamada desligou-se e marquei o número do Louis. Sempre que ouvia a voz do outro era simplesmente um alívio.

- Louis. - Murmurei. - É o Haz.

-"Haz! Está tudo bem? Porque estás a ligar para este número?"

- Nem por isso, meu. - Levei a mão aos cabelos, puxando-os para trás. - Preciso que tu e a Madison se metam no carro e voltem para Bradford.

-" O que é que se passou?" - Conseguia ouvir a voz dela juntamente com a do Louis.

- Venham apenas. O mais rápido possível.

Desliguei a chamada e não tinha mais forças para falar sobre isto. Agora que os avisos estavam dados, restava-me apenas o Zayn. Voltei a pegar no telemóvel, ligeiramente tremendo e marquei o número. Soou apenas uma voz feminina, e não era a da Charlotte.

"O número para o qual tentou contactar, não se encontra disponível."

Merda, Zayn!

Charlotte p.o.v:

Fitei Zayn aguardando uma explicação lógica para o que ele acabara de me dizer. Os pensamentos baralharam-se todos na minha mente e arqueei o sobrolho.

- Do que estás a falar? - Ele apenas permaneceu ali, olhando-me. Como que se aguardasse que chegasse a uma conclusão sozinha.

- Foi precisamente o que ouviste, Charlotte. - Uni as sobrancelhas, sentindo a confusão apoderar-se de mim. - Esta casa pertencia à tua mãe.

- Zayn, não estou para lidar...

- Eu explico-te tudo. Mas para isso tens de estar disposta a ouvir-me e a ler isto. - Ele caminhou até ao sofá, abrindo uma mala de ombro preta e de lá de dentro, retirou o diário da minha mãe. Um misto de emoções surgiu e não sabia propriamente como me sentir. Aquele diário deixava-me desconfortável e senti a súbita necessidade de me livrar dele. Porém a vontade de saber o conteúdo do mesmo era o que me impedia de o atirar para a lareira, acender o fogo e deixá-lo queimar.

- Eu não acho que seja uma boa ideia. - Murmurei. - Eu não quero ler o que está aí escrito. - Ele aproximou-se de mim e depositou-o nas minhas mãos.

- Quando estiveres preparada.

Afastando-se, dirigiu-se à lareira e posicionou a lenha de maneira a que ardesse rapidamente. Após isso, deitou fogo com o seu isqueiro e toda a sala se iluminou. O ambiente quente embalou-me e caminhei até ao sofá, onde me sentei de pernas cruzadas, passando os dedos pela capa do diário. Zayn sentou-se ao meu lado, retirando-o das minhas mãos e pousando-o. A luz do fogo iluminava o seu rosto e um pequeno sorriso esboçou-se nos seus lábios.

- Eu não compreendo. - Ele abriu os braços e gatinhei até chegar à sua beira, virando-me de costas para ele. Recostei o meu corpo contra o seu peito enquanto ele brincava com o meu cabelo. Suspirando, ele começou.

- Esta é a casa onde tu foste criada. Os teus pais viviam um casamento feliz e quando a tua mãe descobriu que estava grávida, isso apenas os uniu mais. - Ponderei se Zayn teria lido o diário e se eram estas palavras que se encontravam lá escritas. - Depois de tu nasceres, os teus primeiros anos foram um conto de fadas. Tudo corria bem. Até ao dia em que o teu pai foi despedido e refugiou-se na bebida. - Ao cerrar os olhos, relembrei-me da memória que tivera há alguns meses. Eu, pequena a desenhar numa folha de papel lisa com lápis de cor. A minha mãe sentada na cadeira de baloiço, pegando-me ao colo depois. E como tudo parecia tão perfeito, até aquela voz grave clamar o seu nome e interromper a memória. - Tudo descambou a partir daí. A tua mãe tentava ao máximo proteger-te, impedir que te apercebesses que a relação deles já não era como de antes. Mas tornou-se impossível quando eles discutiam à tua frente. - Isso despoletou outra memória. Eu e a minha mãe íamos para o lago mas como fiz muito barulho ele acordou. Lembrava-me que ele se queixara devido ao trabalho e de como estava cansado. A primeira vez que ele lhe bateu e lembro-me de a ver chorar. A voz de Zayn, calma e grave, acalmava-me, chamando-me para a realidade e demonstrando que aqui estávamos seguros. - A tua mãe tentou de tudo para que o casamento não ruísse, porém a intenção era apenas da sua parte. O teu pai desistira há imenso tempo. - Ele fez uma pausa.

- Leste o diário? - Questionei. Ouvia-se apenas o som da lenha a ser consumida pelo fogo lentamente.

- Não. A Lyn contou-me.

- Ela nunca me contou isso. - Voltar a falar na Lyn apenas me fazia sentir culpada por a ter deixado numa cama de hospital, mesmo quando ela me disse para vir para aqui.

- Ela não achou que estivesses preparada. - A sua voz não passava de um murmúrio perto do meu ouvido.

- Porquê agora? - Murmurei. Inclinei a cabeça para trás, encostando-a ao seu ombro e vislumbrando o seu rosto. Ele fixou o seu olhar no meu e manteve-se em silêncio durante alguns segundos, como que ponderando o que responderia.

- Porque já não estamos em Bradford. Eu não sou apenas um rapaz que aterroriza metade da escola, e tu não és apenas a Charlotte. O meu grupo já não está seguro, tenho de pensar em tudo duas vezes antes de o fazer... E nada é como de antes. - Ele olhou-me e falou seriamente. - Eu quero que tu aprendas a defender-te. Posso não estar sempre por perto para te proteger.

- O que queres dizer com isso? - O pânico começou a manifestar-se e levantei-me rapidamente, fitando-o. Porém a sua expressão calma não desvaneceu.

- Nada. - Balbuciou. Sorrindo, puxou-me para ele.

- Zayn, eu não sou tão frágil como pareço. Eu preciso de saber. - Afastei-me, de maneira a que ele não me pudesse tocar, apesar de não nos olharmos.

- Vir para aqui não foi a escolha mais segura. Mas é a única que temos para já.

- Eu estou segura desde que esteja contigo.

Foi a vez dele se aproximar e ao depositar uma mão na minha bochecha, aproximou-se e os seus lábios encontraram os meus. Depositei as minhas mãos na sua nuca, subitamente necessitando por mais. As nossas línguas brincaram delicadamente, enquanto as suas mãos afagavam os meus braços. Zayn afastou-se apenas o suficiente para poder sentir a sua respiração pesada contra o meu rosto.

- Devíamos ir dormir. - Olhei para o seu relógio de pulso que marcava as onze horas.

- Zayn... A Lyn contou-te mais alguma coisa da minha mãe? - Os seus olhos demonstravam que sim, mas os seus lábios proferiram o contrário.

- Não. Apenas que ela te amava imenso. - Um pequeno esgar surgiu nos seus lábios e a dor no meu peito aumentou.

- Sinto falta dela. - Fitei as minhas mãos e relembrei umas das poucas memórias que tinham surgido. - Lembro-me vagamente dela... Mas precisava da minha mãe.

Zayn não falou. Ele apenas afagou o meu cabelo e permaneci assim, cerrando os olhos por uns momentos enquanto o que ele dissera, vagueava pela minha mente.

*

Passaram-se duas semanas desde a nossa chegada à Escócia e apesar de tudo, nunca me sentira tão bem. Como se fosse o resultado de umas férias, longe de tudo e de todos. Conseguia dormir decentemente, os pesadelos já não me assolavam, ninguém nos podia magoar aqui. Ninguém sabia onde estávamos.

Também se passaram duas semanas desde que vi alguém, para além do Zayn. Ele saía no jipe, ia à cidade comprar o que necessitávamos e voltava, trancando-se novamente cá dentro. Não podia propriamente queixar-me. Tínhamos sempre que fazer.

Concordamos em não falarmos do grupo, ou da minha mãe, ou do Evan ou mesmo da Lyn. Isso só nos magoaria mais e sabia que apesar de ser um pensamento egoísta, já me habituara à ideia de que talvez nunca mais os voltasse a ver.

O Evan seguiria em frente com a sua vida. Ele e a Melody nunca estiveram envolvidos nesta situação, portanto estavam automaticamente excluídos de correrem perigo. E a Lyn tinha o Brian. Ele parecia ser um cavalheiro, cuidava e preocupava-se com ela.

Por esta altura já devia ter saído do hospital... Olhei para a janela interrompendo os pensamentos e observei a floresta coberta de neve. Dezembro anunciara a sua chegada e revestiu os pinheiros de branco.

Por algum motivo, a neve acalmava-me. Talvez pela tranquilidade e a beleza da mesma. Vesti-me apropriadamente para o frio e calcei umas luvas, colocando depois o gorro na cabeça. Desci as escadas rapidamente e abri a porta, saltando para o exterior.

Os pequenos flocos de neve começaram a cair e elevei o rosto para o céu, sorrindo. A felicidade crescia aos poucos e tentara lembrar-me da última vez que me sentira assim. Na realidade, não me recordava durante os últimos meses, quando me sentira verdadeiramente feliz.

Exceto quando estava com o Zayn.

- Cuidado! - Ouvi uma voz e instintivamente, baixei-me, procurando de onde provinha o perigo. O som que se seguiu foi apenas o da sua gargalhada. Uma bola de neve foi contra a árvore que se encontrava atrás de mim.

- Vais desejar não ter feito isso. - O sorriso não desapareceu do seu rosto.

- O que vais fazer? - Encolheu os ombros, cruzando os braços depois. Baixei-me e apanhei um bocado de neve, formando uma bola nas minhas mãos.

- Retribuir com a mesma moeda.

A bola acertou-lhe em cheio no peito e Zayn exibiu um ar chocado. Depois desceu rapidamente as escadas da entrada e formou uma bola de neve, atirando-a para mim. Acertou-me na perna e após me queixar, atirei-lhe outra que derrubou o gorro da sua cabeça. Escondi-me atrás de uma árvore no meio da floresta, enquanto o ouvia a chamar por mim.

- Aparece, aparece, estejas onde estiveres. Tenho aqui uma bola de neve que vai adorar descer pelas tuas costas abaixo.

Antes de Zayn cumprir o que dissera, saltei para as suas costas e atirei o bocado de neve para dentro da sua camisola. Vê-lo a tentar sacudir foi tão engraçado que não contive as gargalhadas. Quando ele retirou a neve das suas costas, olhou-me e um sorriso formou-se nos seus lábios. Corri rapidamente para o interior da casa com ele a seguir-me e apanhou-me na sala de estar. Encostou o seu corpo ao meu e depois sorriu.

- Agora apanhei-te. - Murmurou sedutoramente.

As minhas costas encontraram a parede e permiti que os seus lábios beijassem os meus. A necessidade de o ter só para mim surgiu e prendi as minhas mãos no seu cabelo, aprofundando o beijo. Os seus lábios soltaram os meus, percorrendo o meu rosto e descendo até chegar ao meu pescoço. Distribuiu pequenas mordidas perto do meu lóbulo e disfrutei de uma sensação completamente nova. Zayn posicionou as suas mãos nas minhas pernas e levantou-me no ar. Entrelacei-as na sua cintura e voltando para os meus lábios, ele caminhou lentamente. Subiu as escadas, e depois encaminhou-nos para o único quarto com cama de casal, o que usávamos sempre.

Deitou-me de costas e continuou a beijar-me. Retirei as luvas, o gorro e o casaco enquanto ele fazia o mesmo e depois passei as minhas mãos pelas suas costas quentes. Apercebi-me da diferença de temperatura, pois as minhas mãos encontravam-se frias, porém Zayn não se parecia importar.

Ele retirou a camisola e ficou apenas com uma de manga cabeada branca. Repeti o acto e Zayn continuou a beijar-me.

Os seus lábios percorreram o meu corpo até à barriga e voltaram a subir, parando no meu pescoço. Tentava controlar a respiração, porém a tarefa começava a tornar-se um tanto complicada. Apenas com uma mão desapertou o botão das minhas calças e com a sua ajuda, retirei-as, deixando-me assim apenas em roupa interior. Ele afastou-se durante alguns segundos, em silêncio. Olhando-me. Apreciando-me. Senti as minhas bochechas a ruborizarem-se.

- És perfeita. - Ele murmurou. Sem saber o que dizer, sorri acanhadamente. Voltou a aproximar-se de mim, beijando-me uma vez nos lábios e depois percorreu as suas mãos pelo meu corpo. - Relaxa.

Um misto de emoções atravessou o meu corpo quando a sua língua percorreu o meu umbigo, descendo cada vez mais. Deu uso às suas mãos e apenas tive tempo de agarrar os lençóis antes de sentir uma pontada de desconforto misturada com um tanto de prazer, a invadir-me. Cerrei os olhos, porém tentei apreciar ao máximo, visto que era algo que ambos queríamos. Ele beijou o interior das minhas coxas e embrenhou na minha intimidade. Não sabia descrever o que sentia, apenas que me fazia sentir bem e não consegui abafar os pequenos gemidos que se formavam no fundo da minha garganta.

Foi então que Zayn se afastou, retirando um pequeno pacote do bolso das calças, livrando-se das mesmas depois. Deitou-se novamente e olhou-me nos olhos.

- Vai doer um pouco, mas vou fazer com que te sintas bem.

Assenti apenas, sentindo-me mais nervosa do que nunca. Sem pressas, ele voltou a beijar-me os lábios, prendendo os meus braços por cima da minha cabeça, iniciando assim os movimentos lentos. E acabei assim por me deixar levar.

***

Quando olhei para o lado, encontrava-me a dormir em cima do peito de Zayn e não me lembrara como acabáramos assim. Um sorriso formou-se nos meus lábios. Sentia-me feliz, relaxada. Até me mexer.

Senti-me dorida e comprimi os lábios, apenas encostando-me mais a Zayn. A claridade que provinha do exterior permitia que observasse o seu tronco nu e todas as cicatrizes gravadas no mesmo. Passei a mão pelas mesmas, sentindo-as nas pontas dos meus dedos.

- Fui esfaqueado. - A sua voz sobressaltou-me e retirei o dedo rapidamente. O seu ar ensonado fez-me sorrir novamente. - Bom dia. - Murmurou com os olhos meios cerrados. Depois voltando à realidade das suas palavras, voltei a passar os dedos nas cicatrizes profundas.

- Foste esfaqueado? - Ele acenou apenas afirmativamente. - Como é que isso aconteceu?

- Bem, este não era propriamente o tipo de conversa que imaginei que teríamos depois da nossa noite. - Ele sorriu e beijou-me a testa. - Estás bem?

- Um pouco dorida. - Afirmei.

- Charlotte... Desculpa se te magoei.

- Não me magoaste. - Afaguei o seu rosto. - Prometo. Eu gostei. Foi perfeito. - Voltei a sorrir e ele abraçou-me, desenhando círculos imaginários nas minhas costas.

- Queres mesmo saber como aconteceu? - Assenti. - Foi quando me vim embora de casa. Os meus pais estavam sempre a discutir sobre com quem é que eu iria morar quando eles se separassem. Claro que nenhum deles queria tomar a responsabilidade, portanto, decidiram mandar-me para um Instituto. Apercebi-me disso antes de eles terem a oportunidade de o fazer, e escondi-me até fazer os meus dezoito anos tornando-me assim independente. E livre. - Lembro-me de Zayn dizer que os seus pais andavam por aí porque não queriam saber. Na tarde em que ele me convidou para almoçar consigo pela primeira vez, quando conheci o Harry e a Scarlet. E a mesma me disse para me manter afastada do Zayn. - Deambulava pelas ruas, apesar de já ter fugido de casa várias vezes, a polícia encontrava-me sempre e levava-me de volta. E depois o meu pai espancava-me vezes sem conta na mesma noite. Claro que depois não podia ir para a escola, então a minha mãe ligava a fingir que eu estava doente. - A dor era refletida nas suas palavras, apesar de ele tentar agir como se não lhe afetasse.

- Porque fugias de casa?

- O meu pai, assim como o teu, também se refugiava na bebida. E nas drogas. Talvez seja por isso que eu me tornei... - Ele fez uma pausa. - Que eu comecei a vender e saiba tanto sobre as mesmas. E esta aqui - ele pegou no meu dedo indicador e posicionou-o na omoplata, onde se encontrava uma cicatriz grande e profunda -, foi onde eu fui esfaqueado pela primeira vez. Algo simples. Eu estava a tentar vender, eles não queriam dar-me o preço justo. Então esmurrei-os, mas eles eram seis e eu apenas um. Foi quando um deles o fez, e quando se aperceberam da gravidade, fugiram. Foi nessa tarde que eu conheci o Haz. - Ele desviou o olhar, fitando o teto. - Ele salvou-me a vida. Se não fosse por ele, tinha esvaído em sangue e não estaria aqui hoje. - O silêncio ensurdecedor começava a tornar-se um hábito e foi apenas quebrado com um suspiro da sua parte. - Vá, vai tomar banho. Eu vou fazer o almoço.

Depositou um beijo na minha testa e levantou-se, vestindo os boxers. Depois saiu do quarto e permaneci ali deitada refletindo nas suas palavras. O quão doloroso devia ser para ele deixar o melhor amigo, aliás todos os seus amigos para trás, fugindo para o meio do nada, apenas para me proteger? O que fazia de mim um ser tão especial para ele? Porque sentia ele a necessidade de olhar sempre por mim?

Levantei-me e caminhei vagarosamente até à banheira, ligando a água quente primeiro antes de entrar lá para dentro. E deixei que a água escorresse pelo meu corpo abaixo, enquanto os meus pensamentos se misturavam num turbilhão dentro da minha mente.

Ao descer as escadas, apercebi-me do cheiro maravilhoso que pairava ali. Zayn demonstrara ser um bom cozinheiro das poucas vezes que cozinhara para mim. Aproximei-me e posicionei-me ao seu lado, enquanto ele remexia o conteúdo no interior do tacho. Um pequeno sorriso formou-se nos seus lábios e sorri instintivamente.

- Cheira bem. O que estás a fazer?

- Surpresa. - Murmurou.

- Devias ir tomar banho. Eu fico a tomar conta.

Hesitei um pouco, visto que não sabia cozinhar, e provavelmente deixaria queimar. Mas Zayn assentiu apenas e deu uma pequena corrida até às escadas, fechando a porta sonoramente. As cortinas encontravam-se abertas e olhei para o exterior, apreciando a neve que caía novamente.

Gostava de saber como estavam todos. Sentia a falta do Evan aparecer lá em casa e ir comigo para a escola todos os dias. Sentia a falta da Rachel, da sua simpatia matinal e de todas as vezes que falamos. Sentia falta da Lyn... Principalmente da Lyn. Provavelmente estaria a tratar de tudo para que a nossa casa fosse reconstruida, tratando de seguros, dando informações à polícia. Mentindo sobre o meu paradeiro.

Possivelmente até andariam à nossa procura agora mesmo. Nada mais suspeito do que desaparecer após pegarem fogo à nossa casa.

Mas não era com isso que me sentia preocupada. Era com as saudades que apertavam dentro do meu peito cada dia mais, que me dificultava a respiração. O pensamento de Evan sozinho naquela casa, a olhar para a minha através da janela do seu quarto, esperando que eu aparecesse para lhe acenar. A preocupação da Lyn, uma tia desesperada, que arriscou a sua vida para me salvar. Mas porquê?

As perguntavas sem respostas voltavam novamente e não as podia fazer a ninguém. Muito menos ao Zayn. Agora que ele começava a revelar-me pequenas partes da sua vida, não podia perdê-lo.

Surgindo do nada, silenciosamente, ele abraçou-me a cintura. Sobressaltei-me e depois senti os meus músculos a relaxarem. Ele depositou um pequeno beijo na minha bochecha e descansou o seu queixo no topo da minha cabeça, visto ser muito mais alto do que eu. O aroma doce que provinha dele, fez-me sentir bem.

- Mais cinco minutos e íamos comer tudo queimado.

- Desculpa. - Pedi, lembrando-me que ficara encarregue do almoço.

- Vem, está pronto.

Segui-o e pus a mesa para ambos enquanto ele distribuía a comida pelos dois pratos. Tinha bom aspeto. Não questionei o que era, enchendo depois o meu copo com água.

Comemos em silêncio. Ainda absorta pelos pensamentos de tudo o que tinha acontecido ultimamente. De tudo o que tinha acontecido desde que saí do orfanato.

Senti o seu olhar preso em mim e quis dizer algo, porém não me ocorria nada. Nada que não envolvesse a dor da saudade e da preocupação.

- O que se passa? - Questionou, apoiando o queixo na mão.

- Nada. - Murmurei. Era mais fácil mentir do que tentar explicar o que realmente sentia.

- Charlotte...

- Não é nada Zayn. - Olhei-o e foi como se levasse uma faca no coração. A dor no seu olhar, era simplesmente demasiado difícil para lidar.

Do nada, surgiu um grito do exterior. Olhei automaticamente lá para fora através da janela, esperando ver alguém. Mas o som que se seguiu enregelou-me até aos ossos.

Foi o som de um tiro e um último grito de desespero.

N/A: QUEM É QUE FOI AO CONCERTO? O HARRY SORRIU-ME E MANDOU-ME UM BEIJINHO, O LIAM TIROU UMA FOTO A UMAS FÃS E EU ESTAVA LÁ E O ZAYN DISSE-ME OLÁ. FOI TÃO LINDO!

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