SWEET DREAMS - LIVRO 1 ✓

By Ruthfreckles

876K 35.5K 6K

( LIVRO 1 DA TRILOGIA ) Charlotte Jones era apenas uma menina quando uma tragédia aconteceu e foi levada para... More

Informações.
este livro é para ti.
1 - d o g d a y s a r e o v e r
2 - m e m o r i e s
3 - v i c t i m s o f l o v e
4 - s h o t i n t h e d a r k
5 - d i e t m w t d e w
6 - s a y g o o d b y e
8 - c r i m i n a l
9 - a l l a b o u t u s
10 - s e c r e t s
11 - r u n
one-shot: a l l a b o u t u s ( scarlet & harry )
12 - s a c r i f i c e
13 - f r i e n d o r f o e
14 - w e s h o u t
15 - t o y s o l d i e r s
16 - all t h a t e a s y
17 - a p r o m i s e
18 - n o t g o n n a g e t u s
19 - s a f e a n d s o u n d
20 - m i r r o r
one-shot: c u t ( isaac & thea )
21 - l o s t c a u s e
22 - d e a r a g o n y
23 - 4 a m f o r e v e r
Beautiful Nightmare.
Obrigada.
AVISO IMPORTANTE.
patreon & ko-fi.

7 - s t a y

32.2K 1.4K 241
By Ruthfreckles

Capítulo 7


Not really sure how to feel about it
Something in the way you move
Makes me feel like I can't live without you
And it takes me all the way
I want you to stay

Rihanna – Stay

Os fracos raios de sol incidiam no meu rosto e tapei-o com o cobertor. Abri os olhos muito lentamente, focando a visão e depois voltei a fechá-los tentando voltar ao sono. Porém senti que ele desvanecera completamente e soltei um longo suspiro. A minha cabeça começava a latejar e virei-me para o lado oposto apercebendo-me que Lyn se encontrava sentada ao fundo da cama. Ela exibiu um sorriso carinhoso e sentei-me na cama, retribuindo o sorriso. 

- Bom dia querida. – O seu sorriso alargou-se. – Como te sentes? – Os seus olhos azuis brilharam repletos de carinho e preocupação. As memórias da noite passada começavam a tornar-se claras. Um vazio começou a formar-se no meu peito quando me lembrei que Evan não estaria presente, pelo menos não tão cedo. 

- Bem. – Olhei para o relógio e apercebi-me que ia chegar atrasada. Menti notoriamente. Lyn não se acreditou e aproximou-se de mim, segurando as minhas mãos. 

- Não tens de esconder os teus sentimentos, Charlotte. – Ela afagou-me o rosto e colocou uma mecha do meu cabelo despenteado por detrás da orelha. – Eu compreendo o que é ter amigos afastados.

- O Evan era o meu único amigo. – Murmurei sentindo-me um tanto vazia. – Sinto-me tão mal, Lyn. Ele foi embora com uma ideia errada de mim, ele não conhece o verdadeiro eu. A minha história. Não lhe devia ter ocultado isso. – Encolhi as pernas até ao peito e descansei o queixo nos joelhos. 

- Todos temos segredos. – Lyn proferiu calmamente. – Não tens de te sentir mal. O Evan vai voltar e se te sentires confiante para isso, devias contar-lhe a tua história. – Ela exibiu meio sorriso e olhei para ela. Algo nela me reconfortava e me fazia sentir bem-vinda aqui. 

- E se ele não voltar? – Balbuciei. Senti as lágrimas salgadas a picarem os meus olhos e contive-as. 

- Porque pensas que isso vai acontecer? – Comprimi os lábios. 

- Parece que quando ele se despediu de mim, foi para sempre. – Murmurei cabisbaixa. 

- Oh querida. – Lyn envolveu-me num abraço e afagou-me os cabelos. 

- Ele prometeu que ia voltar... Mas tenho medo. – Funguei e Lyn segurou no meu rosto limpando a única lágrima que se formara e escorria agora pela minha bochecha. 

- As promessas não são quebradas. – Sorri debilmente e assenti. – E o teu amigo que te trouxe? – Ela mudou de tema e senti um nó no estômago, relembrando que adormecera no carro de Zayn ontem. Estremeci e senti calafrios percorrerem-me o corpo, quando Lyn me olhou sugestivamente. 

- O que tem? – Pigarreei, tentando manter a calma. 

- Vocês são só amigos? – Ela exibiu um sorriso e comprimi os lábios, puxando o cabelo para trás. Sentia-me um pouco constrangida devido ao facto de estar a conversar sobre Zayn com ela. 

- Sim. – Balbuciei. – Conhecemo-nos na escola, mas ainda não confio muito nele. – Lyn assentiu. 

- Então porquê? – Ela questionou e senti-me de novo entre a espada e a parede. Então porque não sei o que sinto, não sei o que é isto que se anda a passar e estou confusa. 

- Não o conheço muito bem ainda. – Respondi simplesmente. Ela olhou-me tentando conter o sorriso provocador. 

- De qualquer das maneiras, ele foi muito simpático em trazer-te para casa ontem. Gostava de lhe agradecer decentemente. Achas que ele gostava de jantar cá hoje? – Olhei para ela que se levantava agora e caminhava em direção à porta. – Eu convido o Brian e bem, divertimo-nos. – Fixei-a sem saber o que realmente dizer. 

- Teria de falar com ele... Para ver. – Concluí e Lyn anuiu. 

- Então trata disso. 

Ela saiu com um sorriso desenhado nos seus lábios e respirei fundo. Ao olhar para o relógio apercebi-me que ainda era cedo e simplesmente não iria à escola. Não naquele dia. Tinha imenso para processar ainda e um convite para ser feito. Levantei-me e preparei-me para tomar um longo banho. 

Assim que terminei, vesti-me e quando voltei para o quarto o toque do telefone soou anunciando uma chamada. O nome de Evan apareceu no ecrã juntamente com a sua fotografia e apressei-me a atender. 

- "Charlotte?" – Ouvi a sua voz carinhosa do outro lado. 

- Olá, Evan. – Apesar de estar feliz por o ouvir, não era o mesmo. 

- "Como estás?"- Ponderei alguns minutos sobre o facto de como realmente me sentia. 

- Bem. – Acabei por simplificar. – E tu? Já estou com saudades... 

- "Eu também." – Ouvi um suspiro longo. – "Não consigo deixar de me sentir culpado por querer vir embora sem me despedir de ti." – O arrependimento era patente na sua voz e sorri debilmente. 

- Quando voltares já me podes compensar. – Dei uma risada o que fez com que ele risse também. 

- "Eu prometo que vou compensar mesmo." – Ele fez uma pausa e o silêncio instalou-se por alguns segundos. 

- Já te instalaste? – Decidi perguntar. 

- "Sim, estou com o meu pai." – Ouvi outro suspiro. – "Mas o que me importa é como é que tu te estás a aguentar?"

- Sabes que eu sou forte. – Dei uma risadinha e Evan pareceu não reagir do outro lado. 

- "Charlotte ouve..." 

- Charlotte! – Ouvi Lyn chamar do piso de baixo. – Vou às compras, vens comigo? – Ela continuou a falar alto para a poder ouvir. Hesitei por alguns segundos. 

- "Eu volto a ligar-te logo ok?" - Ouvi a sua voz rouca. – "Nunca te esqueças que te adoro." 

- Eu também. – Sorri. – Como o irmão que nunca tive. – Após isso ele desligou o telemóvel e observei enquanto a chamada se desligava. Guardei-o no bolso das calças e desci as escadas em passo rápido, encontrando-me com Lyn na entrada. 

***

A tarde no centro comercial resumiu-se a fazer as compras e também para nos divertirmos um pouco, a comer gelados e a falar sobre tudo um pouco. Mas agora que estávamos a voltar, Lyn aproximava-se da casa de Zayn. Preferia fazer o convite pessoalmente. 

- Queres que espere? – Questionou cautelosa. 

- Não, obrigada. Vejo-te em casa. 

Retirei o cinto e saí, fechando a porta com força. Então deparei-me com a casa bonita e dirigi-me até à porta, caminhando lentamente. As cortinas estavam corridas e toquei à campainha. Passaram-se alguns segundos e voltei a tocar, porém o que aparentava era que ninguém se encontrava em casa. Vi o carro de Lyn ao fundo da rua e pensei em ligar-lhe, assim não teria de esperar pelo autocarro que viria apinhado da escola, até que ouvi alguém a abrir a porta. Deparei-me com Harry apenas com uns boxers vestidos e umas meias pretas. Os seus cabelos encontravam-se desgrenhados e também exibia uma expressão de sono. 

- Olha quem é ela. – Ele falou com um sorriso idiota estampado nos seus lábios. 

- O Zayn está? – Questionei fitando apenas os seus olhos, não me querendo mostrar incomodada com o facto de ele se encontrar apenas com uns boxers. 

- Vieste à procura do Zayn... - Ele lançou um olhar provocador e sorriu. 

- Ele está ou não? – Questionei rispidamente. 

- Não. – Respondeu voltando à sua expressão aborrecida. – Mas se quiseres entrar e esperar... - Ele convidou. Olhei em volta e decidi mais uma vez enveredar pelo caminho do perigo. Conhecia Zayn minimamente, mas Harry não. Decidi caminhar e entrei sentido o quentinho. Suspirei de agrado e tirei as luvas, guardando-as na minha mala enquanto Harry fechava a porta.

- Achas que ele demora a chegar? – Os seus olhos verdes fitaram-me e arqueou o sobrolho.

- Ele disse que ia sair e voltava já. Deve estar aí a chegar. – Murmurou, dirigindo-se até ao frigorífico, retirando de lá a garrafa do sumo e um copo de vidro despejando o conteúdo para o mesmo e bebericando depois. – O que vieste cá fazer? – Ele mostrou-se curioso. 

- Não é do teu assunto. – Ripostei e quando ele elevou as mãos ao ar, não pude evitar um sorriso. – Desculpa. Não quis ser rude. 

- Estou habituado. – Ele respondeu naturalmente. O silêncio instalou-se, enquanto ele fazia torradas. – Então... Tu e o Zayn? – Harry lançou um sorriso o que fez com que as covinhas aparecessem nas suas bochechas. 

- Não. – Dei de ombros. – Não existe um "Tu e o Zayn." – Imitei o gesto das aspas e Harry riu-se, abandando a cabeça negativamente.

- Vamos ver até quando. – Murmurou e cruzei os braços no peito não ligando ao que ele dizia. 

- Harry... - Desviou o olhar na minha direção e arqueou as sobrancelhas. – Quem é aquela rapariga que está no quadro lá em cima, contigo e com o Zayn? – A sua expressão alterou-se e notei que ele não queria falar sobre isso. – Desculpa. – Pedi novamente. – Não queria aborrecer-te. – Sentei-me num dos bancos ao balcão e ele continuou em silêncio, apenas fazendo as suas torradas. 

- Não sou a pessoa certa para te contar sobre isso. – Ele soou frio. – Além do mais o Zayn sabe...

- O Zayn sabe o quê? – Ouvi a sua voz e olhei automaticamente para a entrada da porta. Ele olhou para ambos e depois fixou o olhar em Harry. 

- Que ela estava aqui. – Falou após alguns segundos em silêncio. Senti o meu corpo a tremer quando ele deu aquela desculpa e agradeci-lhe. – À tua espera. – Harry aproximou-se dele e deu-lhe uma cotovelada ligeira no braço, pegando as suas torradas e colocando-as num prato seguidamente. – Foi bom ver-te, Charlotte. – Ele pegou também no seu copo com sumo e subiu as escadas.

- Olá. – Ele sorriu no entanto os seus olhos castanhos encontravam-se repletos de curiosidade. - Não devias estar na escola? - Pausou. - Passou-se alguma coisa? – Questionou preocupado. 

- Não, está tudo bem. – Tranquilizei-o. – Hoje decidi não ir. E é só que eu... Queria agradecer-te. Por me teres levado ao aeroporto ontem e por me levares para casa. – Sorri timidamente. 

- Não tens de agradecer. – Ele afastou-se um pouco, enchendo um copo com sumo. 

- Mas há mais uma coisa. – Engoli em seco. – É que a minha tia queria agradecer-te por isso pediu-me, para perguntar se querias jantar lá em casa hoje. Claro que se não quiseres não tem qualquer problema e eu até compreendo...

- A que horas me queres lá? – Olhei-o surpresa e ele exibiu um sorriso. 

- Às sete e meia está bom. – Respondi. Ele olhou para o relógio e repeti o seu acto. Eram apenas seis horas e suspirei ponderando o que poderia fazer a seguir. Quando estava prestes a despedir-me os seus lábios abriram-se para falar. 

- O Harry foi simpático para ti? – Ele arqueou o sobrolho e exibiu um sorriso divertido depois. – Ele costuma ser um palhaço. – Riu-se. 

- Sim, ele foi simpático. – Concluí com um sorriso observando-o a dar um gole do seu sumo. – Não o achei um palhaço. – Ironizei quando ele abanou a cabeça negativamente, porém com ar divertido. 

- Estou admirado. – Ele pegou no copo e dirigiu-se às escadas. – Gostavas de ficar até à hora do jantar? – Não soube reagir à súbita pergunta e estaquei. Após ver o seu olhar intrigante, respondi. 

- Desculpa. – Pedi quando me lembrei que Lyn possivelmente precisaria de ajuda. – Vou ter de ir para casa, prometi que ajudava a tratar o jantar. – Exibi um trejeito mas ele sorriu em resposta, descendo as escadas e acompanhando-me até à porta.

- Parece que te vejo mais logo, então.

***

Assim que cheguei a casa tirei o casaco e pendurei-o no bengaleiro que se encontrava na entrada. Vi Lyn na cozinha novamente, envergando um avental e ponderei que ela dera outra noite de folga a Rachel. 

- Olá querida. – Ela aproximou-se e beijou-me a testa exibindo um sorriso depois. – Foste rápida. Se soubesse podia ter esperado por ti, não tinhas de vir de autocarro. 

- Não tem problema. – Murmurei, sentido o rico odor que pairava no ar. – O que vais fazer? 

- Rolo de carne com puré. – Ela sorriu orgulhosa e levou-o ao forno. 

- Cheira muito bem. – Aprovei e ela acariciou-me os cabelos. 

- Então e o teu amigo... - Ela começou e senti um aperto no estômago. – Ele sempre decidiu vir? – Lançou-me um olhar sugestivo e riu-se. 

- Sim, eu disse para ele vir por volta das sete e meia. – Tentei falar com naturalidade mas os olhares de Lyn começavam a fazer com que me sentisse um tanto desconfortável. 

- O Brian também chega por volta dessa hora. – Ela ajustou a temperatura do forno e depois colocou o resto da loiça que ainda se encontrava na banca, na máquina. Sorri ligeiramente e ela colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. – Porque não te vais pôr bonita? – Arqueei o sobrolho perante a sua pergunta. – Não queres impressionar este rapaz? – Os meus lábios entreabriram-se e ela soltou uma gargalhada antes de eu puder proferir o que fosse. – Já percebi que seria estranho se falasses comigo sobre isso. – Ela mostrou um sorriso compreensivo. – Vai lá tomar um duche muito rápido e trocar de roupa também. Não se impressiona ninguém assim. - Ela gozou deitando a língua de fora. Sorri e caminhei até às escadas, subindo-as depois e dirigi-me ao meu quarto pegando apenas na roupa interior. Depois escolheria que roupa usar. 


Assim que saí do duche enxuguei o cabelo e depois de secar o corpo, coloquei uma toalha em torno do mesmo enquanto ligava o secador. Enquanto secava o cabelo pensei nas simples palavras de Lyn. Não queres impressionar este rapaz? Ponderei sobre o assunto e questionei-me se queria mesmo impressioná-lo. Senti que não havia necessidade no entanto gostava que ele reparasse em como me vestira especialmente. Ou podia deixar de ter pensamentos idiotas e vestir-me casualmente. Porém Lyn não ficaria feliz com isso e teria de fazer um esforço para não exagerar nem parecer-me muito ao meu dia-a-dia. Assim que terminei, guardei o secador e dirigi-me para o meu quarto. Abri o meu armário e entre todas as peças, escolhi um vestido bege que nunca usara e talvez fosse a ocasião certa. Enverguei-o e olhei-me ao espelho, gostando do simples facto de ele me assentar bem. Decidi vestir uns collants e uns Oxford igualmente beges, olhando-me depois ao espelho. Ponderei o que faria com o meu cabelo. Se o prenderia num pucho, se faria um simples rabo-de-cavalo ou possivelmente solto, como sempre. Afinal não seria necessário aperaltar-me demasiado. Ouvi três batidas suaves na porta e olhei automaticamente para lá onde me deparei com Lyn. Ela encontrava-se simples, mas lindíssima. Envergava uma camisola branca, as mangas eram rendadas e usava também uma saia preta justa ao corpo, com a camisola por dentro da mesma. O seu cabelo estava esticado e os seus lábios revestidos de vermelho. 

- Charlotte. – Ela suspirou surpreendida. – Estás linda. – Sorriu e depois pude ver os seus olhos azuis a brilharem.

- Lyn, tu ofuscas-me. – Admiti, vendo cor a preencher as suas maçãs do rosto. 

- Não sejas modesta. – Ela aproximou-se e levou as mãos aos meus cabelos, afagando-os gentilmente. – O que estás a pensar fazer com ele? 

- Estava a pensar deixá-lo solto. – Um trejeito formou-se nos seus lábios e observei-a através do espelho. 

- Já que andas com ele sempre solto, porque não fazer um penteado diferente? – Ela incentivou com um sorriso cativante. Por momentos receei qual seria a sua ideia. 

- Vou fazer-te uma trança espinha de peixe. – Franzi o cenho devido ao nome e Lyn riu-se. Ela colocou as mãos nos meus ombros e após alguns minutos verifiquei que a trança começava a ganhar forma, gostando do resultado. Quando Lyn terminou, sorriu orgulhosa e colocou a trança lateralmente. Gostei do facto de ficar tão bem e deixei que um pequeno sorriso se esboçasse. 

- Obrigada Lyn, está linda. 

- Acho que o teu amigo vai gostar. – Ela provocou e o meu sorriso desvaneceu-se subitamente. O que pensaria Zayn quando me visse assim? – Qual é o nome dele mesmo? 

- Zayn. – Sorri debilmente e ela afagou-me o rosto. A campainha soou e senti um calafrio percorrer o meu corpo. Seria ele? Olhei para o pequeno relógio da mesinha de cabeceira e reparei que eram sete e vinte. Lyn mostrou entusiasmo e afagou-me os ombros. 

- Queres ir abrir a porta? – Ela questionou com um largo sorriso. Assenti levemente e levantei-me da cadeira enquanto me dirigia para as escadas. Desci-as rapidamente e aproximei-me da porta lentamente. O meu corpo tremia e ergui a mão até à fechadura, respirando fundo por alguns segundos. Abri-a e deparei-me com um grande ramo de rosas vermelhas e fiquei surpresa devido ao facto de ele dizer: Surpresa! Depois de espreitar e aperceber-se que não era quem ele esperava, exibiu um ar um tanto tímido. 

- Boa noite, Charlotte. Posso entrar? – Ele questionou. Assenti e assim o fez, aproximando-se depois de mim e depositando dois beijos nas minhas bochechas. 

- Boa noite, Brian. Não queria estragar a surpresa. – Redimi-me, mas ele sorriu. 

- Não tem qualquer problema. – Depois vi-o olhar para o topo das escadas onde Lyn se encontrava deslumbrante e ela desceu-as, lentamente. Quando se aproximou de Brian, ele beijou o seu rosto e sorriu oferecendo-lhe as rosas. Ela ficara tão feliz como nunca a vira antes. 

- Obrigada. – Ela sorriu e abraçou-o. 

- Bem, hoje estão lindíssimas. – Ambas sorrimos com o elogio, mas vi no seu olhar que Lyn realmente gostava de Brian e que o que ele dizia importava verdadeiramente para ela. Ambas agradecemos e depois ela caminhou até à cozinha. 

- O jantar está quase pronto. – Anunciou. – Só temos de esperar pelo Zayn, agora.

*

Ajudei Lyn a pôr a mesa apenas para nós os quatro e ponderei se seríamos só três, visto que passavam quinze minutos das sete e meia e Zayn ainda não aparecera. Queria ligar-lhe, certificar-me que ele realmente vinha, mas e se ele achasse que estava a ser aborrecida? Poderia também ter deduzido que isto era mais que um jantar, o que não era. Caminhei até à janela e abri um pouco a cortina, espreitando para o exterior mas não haviam sinais dele. Começava a sentir-me um pouco magoada. Lyn aproximou-se e afagou-me os ombros. 

- Ele não vem? - A sua voz doce soou e comprimi os lábios, relembrando que ele afirmara que viria.

- Sinceramente, eu já não sei. – Tentei disfarçar a dor patente na minha voz e Lyn afagou-me os ombros. 

- Dá-lhe um pouco mais de tempo. Deve-se ter atrasado. – Ela sorriu e tentou animar-me. – Já me aconteceu o mesmo com o Brian. – Prestei atenção quando os seus olhos compreensivos encontraram os meus curiosos. – Combinamos encontrar-nos num café e ele estava atrasado, não mandava mensagem ou ligava, então quando ia desistir... - Subitamente a campainha tocou e o meu coração bateu desenfreadamente dentro do meu peito. – Ele apareceu. 

Lyn exibiu um sorriso largo e incentivou-me a abrir a porta. Virei-me automaticamente para a mesma e tentei controlar a minha respiração errática. Dirigi-me para a porta e a campainha soou novamente o que causou com que Brian olhasse para ela, apenas para me ver a hesitar. Lyn encorajou-me e levei a mão à maçaneta novamente, rodando-a e abrindo a porta. Então vi-o. Ele envergava um blazer escuro, uma camisola branca, uns jeans escuros e uns ténis brancos da Nike. Um sorriso largo formou-se nos seus lábios exibindo os seus dentes brancos e perfeitos e senti que estaquei no tempo quando a sua voz soou. Os seus cabelos negros encontravam-se elevados numa poupa perfeita. 

- Boa noite, Charlotte. – O seu sorriso não desvaneceu, muito pelo contrário. Senti o rubor nas minhas bochechas quando ele se aproximou e depositou dois beijos em cada uma e afagou-me o ombro, dirigindo-se depois para Lyn e repetindo o acto. 

- Boa noite Zayn. É bom conhecer-te oficialmente. Não nos apresentamos propriamente na noite passada, sou a Lyn, tia da Charlotte. – Um sorriso largou esboçou-se e ele assentiu. 

- A Charlotte falou-me sobre si. – Olhei-o, ainda não acreditando que Zayn realmente se encontrava aqui. 

- Bem, espero. – Lyn deu uma gargalhada e Brian aproximou-se dela. – Este é o Brian, um amigo. Brian, Zayn. – Apresentou-os e hesitou um pouco quando proferiu amigo porém não a poderia julgar. Ambos se cumprimentaram com um aperto de mão breve que se desfez poucos segundos depois. – O jantar está pronto. 

Após Lyn nos servir, o jantar tornou-se um tanto silencioso e constrangedor até que Lyn decidiu quebrar o silêncio. 

- Então Zayn fala-me sobre ti. Eu e a Charlotte nunca tivemos oportunidade. – Ela provocou um bocadinho e senti-me a ruborizar novamente, enquanto comia um pouco do rolo. 

- O que gostava de saber? – Ele questionou encantadoramente. 

- Por exemplo como é que vocês se conheceram? – Ela olhou-nos e por momentos só quis que um buraco aparecesse e eu me pudesse esconder no mesmo. Zayn aparentava encontrar-se à vontade com o facto de fazerem perguntas sobre a vida dele, ou neste caso sobre nós. Quando eu ia falar, a sua voz soou. 

- Na escola. A Charlotte estava nos corredores, veio contra mim e deixou cair os livros. Bom, eu ajudei-a e conhecemo-nos daí. – Relembrei o episódio no dia anterior com Thea e ponderei se ele teria visto ou se simplesmente lhe tinha ocorrido tal ideia. 

- Sou uma desastrada. – Murmurei. Brian riu-se e depois olhou para Lyn. 

- Por acaso eu conheci a Lyn no Drasserie. - Associei ao café que ficava perto do seu local de trabalho e escutei atentamente. 

- Eu levei o café dele por engano. – Ela riu-se. 

- Depois eu fui atrás dela porque me apercebi do erro e eu gosto do café sem açúcar. – Ele completou. 

- Quando dei pelo erro já tinha bebido um gole. – Ela exibiu uma expressão engraçada, deitando a língua de fora e as gargalhadas ecoaram pela sala de jantar, o que animou o ambiente. 

- Eu pedi educadamente pelo meu café de volta e o número de telemóvel. Depois lembrei-me que o seu rosto era familiar, não sabia propriamente de onde. Apercebi-me uma semana depois, pois fui a outro departamento no escritório e vi-a. – Lyn sorriu timidamente. 

- Estava destinado então. – Sorri e ambos se entreolharam. 

- Sim, estava.

Brian apertou ligeiramente a mão de Lyn e ela entrelaçou os seus dedos nos dele. Fitei-a e observei que Lyn realmente se sentia feliz devido à maneira que os seus olhos brilhavam, da maneira que ela sorria para ele. Senti o olhar de Zayn posto em mim e senti a sua perna a encostar-se à minha ligeiramente. O súbito calor da sua invadiu a minha pele gelada, mesmo envergando collants e decidi não afastar a minha se ele também não o fizesse. 


O jantar passou-se a correr e divertimo-nos devido às histórias que Brian contara. Depois de ajudar Lyn a levantar a mesa enquanto Brian e Zayn conversavam, ela aproximou-se. 

- Charlotte... - Murmurou, apertando o meu braço ligeiramente. – Eu queria pedir-te um favor. 

- Sim, claro. – Sorri quando vi a expressão de Lyn. Ela olhou para Brian e depois voltou a olhar para mim. 

- Bem, eu e o Brian queríamos ir dar uma volta... Sabes? – Ela questionou como se lhe custasse. Incentivei-a a continuar. – Sozinhos. Não te importavas que te deixasse sozinha por umas horas? 

- Oh claro que não. – Ri-me e ela assentiu feliz. Quando ela ia caminhar em direção a eles, virou-se novamente e fitei o azul intenso dos seus olhos.

- Se o Zayn quiser ficar por algumas horas a fazer-te companhia, eu não me importo. – Senti-me um tanto chocada com o facto de Lyn ter aceitado Zayn tão bem. – Eu confio em ti. 

Afagou-me o rosto e depois depositou um beijo na minha bochecha, deixando-me na cozinha. Ambos se encontravam na entrada e Lyn colocou o braço à volta da cintura de Brian, o que fez com que ele repetisse o acto. Ouvi o meu telemóvel a tocar e peguei nele identificando de quem era a chamada e um sorriso formou-se naturalmente. Pedi licença e subi as escadas em passo de corrida, dirigindo-me depois ao meu quarto. Encostei a porta e apressei-me a atender a chamada antes que desligassem. 

- Evan. – Suspirei de felicidade.

- "Por momentos pensei que não me ias atender." – Ouvi uma risada abafada do outro lado e ri-me também. 

- Mesmo que não atendesse, ligaria de volta. Como estás? – Caminhei até à janela e corri a cortina para encontrar a sua fechada. Por momentos desejei que ele estivesse ali, acenando. 

- "Com saudades." – Murmurou. – "E tu?"

- Com muitas saudades. – Respondi quase inaudivelmente. 

- "Charlotte, eu preciso de falar contigo." – Senti o sangue a congelar nas minhas veias e aguardei pelo pior. 

- O que se passa? – Questionei ansiosa. 

- "Eu não vou poder voltar tão cedo quanto esperava... Pelo menos não nos próximos seis meses." – Senti que todo o meu Mundo desabara e tentei processar as suas palavras. Apesar de Evan ter partido há apenas dois dias, pareciam que se tinham passado meses e não conseguia proferir uma única palavra. –"Charlotte?"

- Como assim não voltas nos próximos seis meses? Vou ficar tanto tempo sem te ver? – Questionei ofegante. Tentei controlar o facto de a minha ferida abrir mais um pouco em vez de sarar. 

- "Eu não posso fazer nada... O meu pai precisa de mim aqui. Desculpa. Não quis deixar-te sozinha, nunca. Estou sempre preocupado que te possa acontecer alguma coisa." – A sua respiração tornara-se irregular e tentei controlar a vontade de chorar. 

- Eu compreendo. – Murmurei sentando-me na beira da cama, fitando os meus pés. – Acho que não estou habituada a ter a única pessoa que realmente me compreende, tão longe. 

- "Estou apenas a um telefonema de distância." – Ele tentou animar um pouco o ambiente o que me fez esboçar meio sorriso. – "Vou ter de ir. Só queria mesmo dizer-te o quão sinto a tua falta."

- Eu também sinto muito a tua. – A minha voz arrastou-se e depois ele murmurou um "adoro-te" que retribui, desligando depois a chamada. Atirei o telemóvel para cima da cama e fiquei ali por alguns segundos tentando aceitar a ideia que não veria Evan tão cedo. Ouvi alguém a bater à porta e quando olhei vi Zayn com um sorriso simpático e a curiosidade espelhada no seu olhar. 

- Posso? – Ele questionou numa voz rouca e assenti. Ele caminhou lentamente até à minha beira e sentou-se ao meu lado. O silêncio instalou-se por breves momentos e depois a sua voz soou novamente. – Porquê essa expressão triste? – Ele questionou e fitei os seus olhos castanhos. 

- O Evan ligou. – Decidi não mentir desta vez. Do que adiantaria? Ele conseguia ver o quão desanimada me sentia. – Disse que não voltaria pelo menos nos próximos seis meses. Custa imenso. – Levantei-me e caminhei até à janela observando a sua. Apesar de saber que ele não se encontrava lá, a sua presença não desvanecia. – Custa tê-lo longe. 

Uma lágrima escorreu livremente pelo meu rosto abaixo e senti as suas mãos nos meus ombros, forçando-me a virar para ele. Quando me apercebi ele envolveu-me num abraço e devido facto de ser mais alto, apoiou o seu queixo no topo dos meus cabelos. Enterrei o meu rosto no seu peito e deixei que o seu abraço me proporcionasse o conforto que eu necessitava. O odor exótico que exalava das suas roupas faziam com que o meu corpo tremesse ligeiramente e ele afagou-me os cabelos.

- Compreendo o que é ter alguém longe. – Ele murmurou. As lágrimas continuavam a cair dos meus olhos com menos intensidade e ele silenciou-me, continuando a afagar os meus cabelos. – Sei que não é o mesmo, mas vou estar por perto se precisares de mim. - Ele elevou o meu rosto lentamente e limpou as lágrimas. – Posso ficar contigo esta noite, se quiseres. Não quero ir embora e saber que estás mal. – Olhei-o e lembrei-me de todos os avisos sobre ele, da sua fama de ser uma pessoa má e honestamente, tudo o que via nos seus olhos era carinho.

- Fazias isso? – Questionei enquanto uma das suas mãos ainda se encontrava no fundo das minhas costas, pressionando o meu corpo contra o seu. 

- Claro.

Ele murmurou com uma voz rouca e senti um calafrio percorrer o meu corpo. Se isto era errado, porque me parecia tão certo? Ele soltou-me e dirigi-me ao armário, pegando no pijama e dirigindo-me à casa de banho para me trocar. Quando voltei ele encontrava-se descalço, com as costas encostadas à parede e inclinou a cabeça ligeiramente para o lado, dando três palmadas na cama. Subi para a mesma e deitei-me ao seu lado, por cima dos cobertores. O silêncio instalou-se e deitei a minha cabeça no seu peito, escutando o seu ritmo cardíaco. A sua mão envolveu o meu corpo num abraço apertado e depositou-a no meu ombro. 


- Obrigada. – Murmurei antes de sentir os meus olhos a ficarem pesados devido ao cansaço. – Por ficares. – Zayn sorriu e senti os seus lábios a beijarem os meus cabelos. 

- Boa noite, Charlotte. – Dito isto, senti-me embalada devido ao seu toque e a segurança que o mesmo me proporcionava, até que fechei os olhos e adormeci. 

Continue Reading

You'll Also Like

343K 15.3K 41
Eles odeiam-se, mas há quem diga que o ódio é o sentimento mais próximo do amor. Será que isso quer dizer alguma coisa?
3.5K 470 19
Meredith Grey é uma modelo pouco conhecida de 23 anos, após 2 anos de namoro ela foi pedida em casamento por Andrew Deluca, Andrew a convidou para pa...
104K 5.6K 56
• Onde Luíza Wiser acaba se envolvendo com os jogadores do seu time do coração. • Onde Richard Ríos se apaixona pela menina que acabou esbarrando e...
495K 40.1K 45
(Um pequeno príncipe pode ser a salvação de um reino, mas talvez ele fosse grande, não por fora, mas por dentro.) Ana é uma garota que já teve seu p...