SWEET DREAMS - LIVRO 1 ✓

By Ruthfreckles

876K 35.5K 6K

( LIVRO 1 DA TRILOGIA ) Charlotte Jones era apenas uma menina quando uma tragédia aconteceu e foi levada para... More

Informações.
este livro é para ti.
1 - d o g d a y s a r e o v e r
3 - v i c t i m s o f l o v e
4 - s h o t i n t h e d a r k
5 - d i e t m w t d e w
6 - s a y g o o d b y e
7 - s t a y
8 - c r i m i n a l
9 - a l l a b o u t u s
10 - s e c r e t s
11 - r u n
one-shot: a l l a b o u t u s ( scarlet & harry )
12 - s a c r i f i c e
13 - f r i e n d o r f o e
14 - w e s h o u t
15 - t o y s o l d i e r s
16 - all t h a t e a s y
17 - a p r o m i s e
18 - n o t g o n n a g e t u s
19 - s a f e a n d s o u n d
20 - m i r r o r
one-shot: c u t ( isaac & thea )
21 - l o s t c a u s e
22 - d e a r a g o n y
23 - 4 a m f o r e v e r
Beautiful Nightmare.
Obrigada.
AVISO IMPORTANTE.
patreon & ko-fi.

2 - m e m o r i e s

46.2K 1.8K 318
By Ruthfreckles

Capítulo 2.

All of my memories keep you near
in silent moments imagine you be here
All of my memories keep you near
your silent whispers, silent tears

Within Temptation - Memories


Os dias passaram a correr desde que estivera com o Evan pela primeira vez. A realidade é que afinal ele não era tão mau assim e sentia que podia ceder um pouco da minha confiança. Não o considerava um amigo, mas talvez estivéssemos a caminhar no percurso correto.

Evan passou os dias anteriores comigo a mostrar-me a cidade, levou-me a conhecer os parques, as zonas que não eram propriamente seguras, como usar transportes públicos e até me ajudou a escolher um iPod para ouvir música durante as minhas viagens no autocarro, ou quando corria.

Sentia-me um tanto ansiosa pelo começo das aulas. Apesar de não conhecer ninguém naquela escola, para além de Evan, mentalizei-me que não poderia ser muito mau. Seria pior se não conhecesse ninguém de todo, o que não era o caso, felizmente. Naquela manhã fria, vesti um casaco de cabedal castanho, uma camisola branca, uns jeans escuros e umas botas quentes castanhas. Decidi usar também um gorro branco e assim que fiquei pronta, desci para tomar o pequeno-almoço. O cheiro das panquecas emanava no ar, causando com que o meu estômago doesse com a fome que sentia.

- Bom dia, Rachel. – Ela sorriu. – Cheira tão bem.


- Bom dia, menina. O seu pequeno-almoço já está pronto. – Ela anunciou enquanto preparava a mesa, mas quando me ia sentar, a campainha soou. Dirigindo-me à porta e abrindo-a, Evan surgiu com um sorriso e cumprimentando-me seguidamente. Convidei-o a entrar e ele seguiu-me até à cozinha.


- O que é que cheira tão bem? – A sua voz soou à medida que entrava na divisão, cumprimentando Rachel também.


- Panquecas. – Ela respondeu, seguidamente exibindo um prato recheado. – Quer algumas? – Ele olhou-me como se me pedisse permissão e dei de ombros, sorrindo. Ele anuiu então, os seus olhos verdes quase a brilharem.

Ele sentou-se ao meu lado na mesa e as panquecas foram divididas entre os dois, dois copos de sumo seguidamente foram colocados à nossa frente. Assim que tomamos o pequeno-almoço, maioritariamente discutindo assuntos da escola, subi as escadas rapidamente para pegar na minha mochila pequena e regressei para o lado de Evan. Ambos nos despedimos de Rachel e saímos, caminhando em direção à paragem do autocarro. 

- Então, dormiste bem? – Ele questionou, tentando criar um tema de conversa.

- Por vezes custa-me acordar porque a cama é tão confortável. – Ele riu-se. – Mas sim e tu? – Ele assentiu apenas como resposta.


- Sentes-te preparada para o teu primeiro dia? – Olhei-o e ele pareceu um tanto ansioso, quase como eu me sentia. Ponderei se isso era visível no meu rosto.


- Nem por isso. – Respondi honestamente, encolhendo os ombros.


- Espero que pelo menos este ano possa ter um ano tranquilo. – A sua voz carregava um tom diferente.  


- O que queres dizer com isso? – As minhas sobrancelhas uniram-se enquanto o olhava.


– Que todos os anos os típicos miúdos populares têm uma espécie de tradição em que lançam uma festa e toda a gente, e refiro-me a toda mesmo, têm de ir. 


- Porque senão o que acontece? – Chegamos à paragem do autocarro, eram apenas oito horas e tínhamos vinte minutos para chegar. 


- É uma espécie de batismo, eles dizem, a que temos que ir porque senão eles infernizam as nossas vidas durante todo o ano letivo. Não é propriamente agradável.  

Tentei imaginar o Zayn a meter-se com alguém por se recusar a ir a uma festa. Libertei-me desse pensamento quando o autocarro chegou. Entramos e ele arrancou, mal mostramos os nossos cartões com viagens para uma semana.

Assim que chegamos à escola, vimos de tudo um pouco e ouvimos também. Raparigas aos guinchos por finalmente se reencontrarem, rapazes a cumprimentarem-se com abraços, casais a beijarem-se... Caminhei ao lado de Evan e reparei que faltavam apenas cinco minutos para entrarmos para a primeira aula. Ainda tive de ir à mochila e verificar o horário. Felizmente, o primeiro dia no curso de Artes começava demasiado bem com Desenho.

Enquanto ele ia cumprimentando algumas pessoas pelo caminho, tanto rapazes como raparigas, eu mantinha-me cabisbaixa. Aguardava sempre à distância até ele dispensar um minuto do seu tempo, ou menos para falar com todas as pessoas que iam ter com ele, ou simplesmente para se cumprimentarem. Caminhamos para a sala e sentei-me ao seu lado. 

*



A aula resumiu-se a uma breve apresentação dos alunos, preenchemos também uma ficha de dados para colocar numa caderneta e fizemos um teste básico cujas questões eram à base de que tipo de técnicas conhecia, quais os meus artistas favoritos, o tempo favorito... Quando terminou, saímos em conjunto e caminhamos pelos corredores que estavam atolados de gente. Evan indicara-me onde era o meu cacifo e abri-o após algum custo. Guardei tudo o que não necessitaria lá para não ter que andar carregada visto que teríamos espanhol a seguir e após isso Inglês. O material de desenho ficou todo guardado, assim só andaria com a pequena mochila bege durante pouco tempo entre as duas aulas. Evan terminara de guardar as suas coisas e agora observava-me. 

- Não tens mais nada para fazer para além de estares a olhar para mim? – Questionei ironicamente. 


- Agora que falas nisso... Até tenho. Vou à casa de banho eu depois encontro-te na sala, está bem? – Assenti e ele saiu a correr com os jeans escuros quase a caírem-lhe pelas pernas abaixo. Abanei a cabeça negativamente enquanto sorria. Começava a notar que os alunos que se encontravam nos corredores já estavam a caminhar em direção às aulas, enquanto eu ainda me encontrava a organizar o cacifo. Não gostava de confusões, fosse com o que fosse. 


- Estás atrasada para a tua aula, Charlotte. – Uma voz grave soou bem perto do meu ouvido e senti um calafrio percorrer o meu corpo. Tive receio de me virar e ver quem era o autor daquela voz, porém, eventualmente, teria de o fazer.

Assim que me virei, vi o aclamado Zayn Malik e senti um nó a formar-se no meu estômago quando ele me olhou de cima abaixo. Ele envergava um bowler hat , um casaco de ganga preto, uma camisa com efeito xadrez vermelha e branca e uma t-shirt branca com uma caveira vermelha estampada. Os seus jeans eram de ganga escura e umas all star brancas. Ele também carregava uma mochila preta apenas com uma alça pendurada no ombro. Olhei-o apenas com desdém e um pouco de receio pela sua fama. Um pequeno sorriso formou-se no canto dos seus lábios bem delineados e eu engoli em seco.


- Isso não é do teu assunto. – Decidi reprimir o medo que se revoltava no meu peito e o facto de me custar a respirar quando senti o perfume dele, anunciava que ele se encontrava demasiado próximo de mim. Virei-me para fechar o cacifo e quando me voltei para ele, apercebi-me que estava apenas a escassos centímetros de mim. Um sorriso sarcástico esboçou-se nos seus lábios, exibindo o seu sorriso perfeito. – Como sabes o meu nome? – Questionei, cruzando os braços sobre o peito. Decidi sair dali devido aos olhares que começavam a cair sobre mim e sobre o facto de Zayn estar a escassos centímetros do meu rosto, o que me deixava imensamente desconfortável. 


- Tenho as minhas fontes. – Ele afastou-se ligeiramente quando passei por ele e caminhei em direção à sala. Infelizmente ainda teria de andar um bom bocado visto que era só no andar de cima e ele continuava a seguir-me. 


- As tuas fontes também te disseram que não gosto de socializar? – Ele deu uma pequena gargalhada. 


- Por acaso não, mas obrigada pela informação. – O seu passo abrandou o passo e os olhares que caíam sobre nós já não eram o suficiente, começava a ver algumas raparigas a murmurarem palavras inaudíveis.


- Não precisas de saber mais nada então? – Subi as escadas enquanto Zayn me acompanhava. Por momentos só quis que ele estivesse lá no canto dele e não se viesse meter comigo. Caminhei rapidamente até quase chegar à sala, mas ele intercetou o caminho, colocando uma mão à minha frente o que me fez encostar à parede automaticamente. 


- Por acaso quero convidar-te para uma festa que eu e os rapazes vamos dar no Sábado. Sei que és nova por aqui, estou sempre atento a rostos novos... - Aquele sorriso sarcástico surgiu novamente e senti pequenos arrepios a percorrer o meu corpo. Conseguia sentir o odor agradável do seu perfume novamente e mantive uma expressão inerte. – Nem me apresentei. Sou o Zayn... 


- Eu sei quem tu és. – Interrompi-o. Tentei guardar o medo numa gaveta e fechá-lo a sete chaves, mas apesar de tentar parecer confiante senti que Zayn sabia que eu estava aterrorizada. – Tu és um dos típicos rapazes do qual eu me devo manter afastada. – Esperava tê-lo ofendido, mas ele apenas arqueou o sobrolho e soltou uma gargalhada calorosa. 


- Estou a ver que não sou o único que tem fontes. – Lancei-lhe um olhar quase furtivo e ele sorriu, como se aquilo o divertisse. – Bem, não interessa. Espero-te na minha festa, o Evan com certeza irá contigo... Ele sabe o local. – A sua mão libertou o caminho para eu sair dali, virando então as costas e caminhando na direção oposta. Permaneci no corredor a olhar para ele, enquanto se afastava como se não tivesse acabado de me dar uma ordem. 


- Eu não vou à tua festa idiota! – Resmunguei. Do fundo do corredor, ele olhou para trás enquanto exibia um sorriso presunçoso. Respirei fundo e bati à porta antes de entrar. Como se não bastassem os olhares que me lançaram no piso de baixo, a turma inteira me olhava agora. Uma senhora amorosa com os seus cabelos da cor do fogo, vastos de caracóis, exibiu um sorriso e mandou-me entrar. Pedi desculpa pelo atraso e sentei-me ao lado de Evan. 

- Onde estiveste? – Ele sussurrou. 


- Perdi a noção do tempo, desculpa. – Ele afagou-me o ombro e lançou um sorriso compreensivo. 


- Também já me aconteceu. 

A Professora, que preferia ser tratada por Miss Pritchett, era realmente muito simpática e passou a aula a falar sobre a vida dela e como começou a dar aulas de Espanhol. Fazia perguntas aos alunos, perguntou o que eles sabiam da língua e sinceramente muitos responderam que não sabiam absolutamente nada. Enquanto estive no orfanato aprendi um pouco de Espanhol, mas decidi permanecer em silêncio e aplicar os meus conhecimentos em papel quando tivesse oportunidade para tal.

Basicamente a aula passou a correr visto que nos estávamos a divertir e assim que anunciou o toque de saída, Evan levantou-se e deixou a mochila em cima da mesa. Retirei apenas o porta-moedas da minha, coloquei o iPod no bolso do casaco e depois pus a mochila de Evan por cima da minha. 

- Estou com fome. – Queixei-me afagando a minha barriga. 


- Vamos até à cafetaria. – Ele anunciou com um certo entusiasmo patente na sua voz. Deu-me vontade de rir, honestamente. Caminhamos até à pequena cafetaria onde Evan pediu dois croissants com manteiga e dois sumos de ananás. Ele não me deixou pagar o que me fez sentir um pouco mal comigo própria. 


- Não era preciso... Mas obrigado. – Remexi no porta-moedas. – Agora toma o dinheiro. 


- Eu não quero. – Dando de ombros, ele entregou-me o croissant e o sumo para a mão, dirigindo-se depois para uma das mesas retangulares.


- Evan... - Ele olhou-me com as sobrancelhas arqueadas. 


- Charlotte, se eu paguei por isto foi porque quis, não tens de me dar dinheiro. 


- Mas não gosto que gastem nada comigo. – Pensei em todas as coisas que Lyn me dera e fiz um trejeito. 
- Podes recompensar-me de uma maneira então. – Sentei-me no banco à frente dele e vi-o a aproximar-se.  – Posso jantar em tua casa logo? – Devido ao seu ar sério, não contive uma gargalhada. 


- Eu acho que a Lyn ia adorar. Por mim estamos combinados. – Ele sorriu triunfante. 


- Qualquer dia peço à Rachel para me ensinar a cozinhar decentemente. – Ele deu uma trinca no seu croissant e bebeu um pouco do sumo diretamente da lata.


- Ela faz mais do que cozinhar. – Afirmei. – Ela limpa a casa toda, prepara as refeições, trata das roupas... basicamente, ela faz tudo. Sinto um pouco de pena dela, afinal as tarefas domésticas deviam ser divididas, certo? – Questionei enquanto Evan me olhava com os seus olhos verdes curiosos. 


- Charlotte, ela é paga pelo seu trabalho. Não tens de te sentir mal. – O sorriso que ele me ofereceu demonstrava simpatia.


Assim que terminamos, saímos da cafetaria e dirigimo-nos à sala para termos a aula de Inglês. Já o professor cujo nome era Wyatt Chance não parecia ser muito simpático e não falou quase nada sobre ele ou fez perguntas sobre nós. Apenas nos entregou uma folha com algumas questões sobre quão bem conhecíamos o nosso país. A aula arrastou-se devido ao facto de preenchermos meramente aquela minificha com frente e verso. Olhei pela janela assim que terminei e dali dava para ver o pavilhão e assim que olhei em volta, quase toda a turma já tinha terminado. Ele olhou para a frente e questionou se todos já tínhamos terminado. Ele decidiu falar sobre a história do dramaturgo William Shakespeare. 

***


O primeiro dia estava dado como terminado e assim que a aula terminou, dirigi-me ao cacifo para ir buscar o material de desenho que deixara lá. Arrumei-o na mochila, juntamente com Evan, cujo cacifo era apenas um pouco afastado do meu. Assim que terminei, pus a mochila às costas e caminhamos juntos em direção à saída. Quando passamos pelos portões, vi Zayn com um rapaz de cabelos castanhos-claros no entanto curtos e olhos castanhos. Ele envergava uma camisola azul e um casaco de couro, juntamente com um par de jeans escuros e umas all star pretas. Havia também outro rapaz. O seu cabelo era revestido por imensos caracóis e mantinham-se num corte rebelde. Os seus olhos verdes eram rasgados e os seus lábios finos. Ele envergava apenas uma camisola castanha, uns jeans pretos e uns all star brancos.

Ao passar por ele, Zayn piscou-me o olho e senti um nó meu estômago. Como que automaticamente, acelerei o passo até chegar à paragem do autocarro, sentando-me depois no banco cinzento. Visto que o autocarro não demorou a chegar a viagem até casa foi feita praticamente em silêncio. Haviam muitos alunos no interior, muitos a ouvirem música, outros a conversarem e a gargalharem entre eles. Foi uma viagem sossegada e assim que saí do autocarro acompanhada por Evan, ele tentou acompanhar-me e correu um pouco. Como a paragem era perto de minha casa, não demoramos a chegar e Rachel abriu-nos a porta, saudando-nos. 

- Chegaram mesmo a tempo do almoço.

Entramos e pousamos as mochilas na entrada caminhando depois para a cozinha. Ao olhar para o relógio que se situava por cima do frigorífico, apercebi-me que eram apenas duas horas e começava a sentir uma certa fome. Convidei Evan para se sentar ao meu lado na sala de jantar e ele assim o fez com um sorriso. Rachel serviu-nos e depois retirou-se para a cozinha. 

- A tua tia não está por casa? – Ele questionou bebendo um pouco do sumo de laranja depois. 


- Provavelmente foi trabalhar. – Afirmei, levando uma garfada de carne aos lábios. 


O almoço passou-se e após isso, decidi subir para o meu quarto acompanhada por Evan. Ele sentou-se na minha cama, ligando a televisão em seguida e eu sentei-me na cadeira à frente da secretária, remexendo depois na gaveta da mesma procurando por uma folha limpa de desenho. Comecei a observar Evan enquanto o desenhava. Ouvia os sons da televisão a mudarem de cada cinco a cada cinco segundos. O desenho estava a correr bem até ele se fartar e desligar a televisão, levantando-se seguidamente. '

- Não te mexas! – Ordenei. Ele estacou e após isso voltou a sentar-se, olhando-me com o sobrolho arqueado.


- Estás a desenhar-me? – Um sorriso pretensioso formou-se nos seus lábios carnudos, uma expressão convencida aparecendo quase de seguida. 


- Estou a tentar. – Afirmei dando uns retoques nos olhos. – Se parares de te mexer por um minuto que seja. – Respondi ironicamente e o sorriso pretensioso desvaneceu, dando lugar a um divertido. Ele colocou-se na posição posterior e voltou a ligar a televisão fazendo zapping novamente. 


- Agora é estranho estar assim visto que agora sei que estou a ser desenhado. – Ele mudava constantemente de posição, o que me levou a usar um pouco da imaginação e técnica que eu sabia possuir. 

*

- Ok, chega, não aguento mais. – Ele reclamou levantando-se da cama. 


- Está quase. Espera só mais um minuto. – Pedi e ele voltou a sentar-se na beira da cama com os braços cruzados enquanto suspirava impacientemente. Dei os retoques finais ao desenho e após isso, sorri. – Está pronto. – Ele aproximou-se e pegou na folha. – Então? O que achas? – Questionei um tanto ansiosa. 


- Está tão bom! – Ele esbugalhou os olhos e sorriu. – Tens um talento natural para isto. – Sorri com o elogio. Ver a sua expressão maravilhada, fez-me perceber que realmente gostara do que eu desenhara. 


- Obrigado. – Prendi o cabelo atrás da orelha. 


- Onde aprendeste a desenhar assim? 

Ele ainda admirava o desenho e subitamente senti uma tontura, sentando-me novamente na cadeira. Tudo se tornou bastante desfocado e o som apenas um leve murmúrio de fundo enquanto era arrastada para algo. 


- Lottie? – Uma voz suave murmurou o meu nome e abri os olhos lentamente onde um raio de sol incidiu e obrigou-me a cerrá-los novamente. A minha visão encontrava-se desfocada, até forçar os olhos novamente e admirar uma figura feminina. – A minha princesinha é uma dorminhoca. – Os seus olhos verdes brilhavam e os seus cabelos castanhos esvoaçavam gentilmente ao som do vento. 


- Mamã? – Questionei enquanto lançava os braços em direção ao seu pescoço. Ela envolveu-me num abraço apertado e sentou-me no seu colo. Enterrei o rosto no seu ombro e nunca me senti tão segura. 


- A mamã está aqui. – Ela pousou-me no chão em frente a uma mesa em cima da mesma encontrava-se uma folha e lápis de cor. Comecei por desenhar um sol, as nuvens azuis, a erva verde repleta de flores de todas as cores e depois desenhei uma menina pequenina de cabelos dourados a segurar a mão de uma de cabelos castanhos. 


- Mamã, sou eu e tu. 


- Que lindo, Lottie. – Ela sorriu e foi como se todos os problemas do Mundo não existissem. 


- Daneel! – Ouvi uma voz grave e desconhecida a soar pela casa a clamar pelo seu nome e o seu sorriso desvaneceu. 


- Charlotte? – A minha visão ainda se encontrava meia turva. – Charlotte, que raio aconteceu? – Ouvi a voz de Evan e ele afagou-me os cabelos. Abri os olhos e senti a minha cabeça apoiada nas suas pernas, os seus braços em torno do meu tronco. Ele ajudou-me a levantar e senti uma pontada forte na cabeça. 


- O que aconteceu? – Questionei confusa. A preocupação espelhava-se por todo o seu rosto, a aflição notável.


- Estavas sentada ali na cadeira e do nada desmaiaste. Parecias inanimada e estive até agora a tentar falar contigo, mas só agora despertaste. – A sua respiração encontrava-se ofegante. – Pregaste-me um susto de morte! 


- Desculpa... - Pedi debilmente e ele conseguiu sorrir um pouco, ajudando-me a levantar na totalidade e suportando os meus meros cinquenta e cinco quilos. Sentou-me na cama, posicionando as almofadas para que me sentisse mais confortável. – Deve ter sido apenas uma quebra de tensão, não sei. – Menti e reparei que Evan ficou um tanto desconfiado. – Não comi muito ao almoço, tu viste. E já passaram algumas horas... 


- Tens de comer. Vou pedir à Rachel para te preparar alguma coisa.

Ele afagou o meu braço e eu agradeci-lhe. Encostei a cabeça à almofada e cerrei os olhos, esperando que mais um fragmento da minha memória voltasse. Parecera tão real... O seu toque, a sua voz fresca como uma brisa de Verão e depois aquela voz desconhecida que me fez estremecer. A quem pertencia? Qual era o motivo para o seu sorriso desvanecer quando ela a ouviu?

Quebrando os meus devaneios, Evan entrou no quarto novamente enquanto fechava a porta atrás de si. Ele sentou-se ao meu lado e entrelaçou os seus dedos nos meus. 

- Desculpa se te assustei. – A minha voz ainda soava débil. 
- Não tens de pedir desculpa. – Ele esboçou um sorriso sem demonstrar os seus dentes brancos e acenou afirmativamente. – Charlotte, só quero que saibas que vou estar sempre por perto para te ajudar, no que necessitares. 


- Obrigada, Evan. – Sorri e apertei a sua mão. A necessidade de o ter ao meu lado começava a tornar-se maior e ele talvez fosse o primeiro amigo que fizera verdadeiramente, sem me achar estranha ou afastar-se. Mas se queria manter esta amizade, teria de manter os meus segredos ocultos. 

Editado: 07.01.2020

Continue Reading

You'll Also Like

1.4K 93 15
Frederick Krueguer nascido na cidade Bulley e com seus 17 anos tornou-se o preferido de North Valley. Não falamos só de garotas,ele era o capitão do...
108K 6.9K 73
𝑬𝒍𝒂 𝒑𝒓𝒊𝒏𝒄𝒆𝒔𝒂 𝒆 𝒆𝒖 𝒇𝒂𝒗𝒆𝒍𝒂𝒅𝒐, 𝑨 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒙𝒐 𝒆 𝒆𝒖 𝒂 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒆𝒏𝒒𝒖𝒂𝒏𝒅𝒓𝒐...
187K 10.1K 33
[HARRY STYLES AU: COMPLETED] uma história onde a pintura se mistura com sexo, levando dois jovens a se apaixonarem. copyright amezain © all rights r...
123K 4.4K 101
• ✨ɪᴍᴀɢɪɴᴇ ʀɪᴄʜᴀʀᴅ ʀíᴏꜱ✨ •