Refém da Noite - Degustação

By escrevethais

275K 15K 3.7K

-= Primeira versão da história, não revisada. A versão tem alterações. =- Laura sabe exatamente qual é o se... More

Sinopse e Avisos
Agora
Antes
Capítulo Um - Parte 1
Capítulo Um - Parte 2
Capítulo Dois - Parte 1
Capítulo Dois - Parte 2
Capítulo Três - Parte 1
Capítulo Três - Parte 2
Capítulo Quatro - Parte 1
Capítulo Quatro - Parte 2
Capítulo Cinco - Parte 1
Capítulo Cinco - Parte 2
Capítulo Seis - Parte 1
Capítulo Seis - Parte 2
Capítulo Sete - Parte 1
Capítulo Sete - Parte 2
Agora
Capítulo Oito - Parte 1
Capítulo Oito - Parte 2
Capítulo Nove
Capítulo Dez - Parte 2
Capítulo Onze - Parte 1
Capítulo Onze - Parte 2
Capítulo Doze - Parte 1
Capítulo Doze - Parte 2
Final
Refém da Noite na Amazon + infos sobre físico

Capítulo Dez - Parte 1

4.3K 517 84
By escrevethais

Mando o link do site para Camila, com um pedido para ela e Felipe conferirem se não tem nada errado. Não sei se eles vão ter como ver isso, mas eu não faço a menor ideia do que estou fazendo. Pelo menos acho que fiz o upload das imagens todas certinhas, e diz a página de ajuda do site que ele faz os ajustes finais para encaixar as artes nas medidas de impressão. Só posso torcer agora e esperar para ver algo impresso, porque não tenho como pedir para entregarem aqui.

Suspiro e rolo os ombros para trás, tentando relaxar. Não que isso adiante muito, mas pelo menos fiz alguma coisa. Comecei a organizar tudo para encaminhar minha vida de vez, porque não importa o que Paula ou qualquer outra pessoa fale, não vou ficar presa aqui para sempre. Não vou. Só não sei como vou escapar.

Me levanto e vou até a janela. Daqui consigo ver um bom pedaço do jardim, e depois dele um espaço gramado antes das árvores começarem, espalhadas, até a área da mata, e a serra visível depois dela.

Lerda. Eu devia ter notado isso antes. Fico na ponta dos pés, tentando ver mais longe, mas não sei nem se estou olhando na direção certa. Se não me engano a mata cerca a propriedade toda e eu não faço ideia de para que lado fica o condomínio. Foi por isso que não quiseram vender o terreno para o pai de Rick. Não era pirraça nem nada do tipo: era a propriedade de Alexandre, dos seres mágicos. E agora que pensei nisso, é absurdamente óbvio. Não entendo como não percebi isso antes.

E falando em perceber... Já caiu a ficha de que não vai adiantar nada me trancar no quarto. Na verdade, só vai ser pior. Pode até ser mais seguro ficar aqui – não que eu realmente acredite nisso –, mas se não sair nunca vou descobrir o que posso fazer para escapar. Tenho que manter isso em mente, porque é a única coisa que importa. Ou seja: vou aprender a lidar com bruxas, lobisomens e fey. E vampiros. Cruzo os braços quando um calafrio me atravessa. Acho que nunca mais vou ler um romance com vampiros ou qualquer outro ser sobrenatural do mesmo jeito, depois de saber que existem.

Se bem que eu acho que estou segura. Ou tão segura quanto possível. Quer dizer, Rodrigo e Lavínia pularam na frente do lobisomem na cozinha para me defender, não pularam? E pelo que Paula me falou, não acho que vão me matar. Se quisessem fazer isso não iam ter me trazido para cá.

Respiro fundo e coloco a mão no vidro. Não adianta ficar aqui. Não importa se vou estar segura ou não. Ficar aqui é me conformar. É dizer que não tem outro jeito. E eu me conformei por tempo demais. Engulo em seco, encarando o horizonte. Joguei dois anos da minha vida fora, agindo como esperavam de mim. Isso sem mencionar os anos em BH e todas as oportunidades que deixei passar. Não. Eu já decidi que isso acabou, não decidi?

Olho para o notebook. O navegador ainda está aberto no site que imprime os pôsteres e outras coisas. Eu decidi que não ia mais me conformar quando comecei a olhar seriamente a possibilidade de ganhar dinheiro com minhas ilustrações. Preciso me lembrar disso. Não vou abaixar a cabeça de novo.

E se isso quer dizer que preciso engolir meu medo e descer para encarar sabe-se lá o que vou encontrar na cozinha, eu vou fazer isso.

Respiro fundo, pego a bandeja e abro a porta. De novo: como é que Paula conseguiu subir com ela sem derrubar nem derramar nada? Mas é bom porque tenho que me concentrar na bandeja e não nas pessoas que estão pela casa. Já faz mais ou menos duas horas que ouvi o movimento do lado de fora voltar ao normal: pessoas andando e vozes, mesmo que ninguém tenha vindo para o lado do meu quarto.

Deixo a porta bater atrás de mim e vou direto para a escada. Acho que tem duas pessoas vindo da parte de trás da casa, mas não espero para ver quem. Desço, concentrada em não deixar nada cair. Nem sou desastrada mesmo normalmente, mas são dois lances de escada e eu ainda não tenho certeza de que sair é seguro então...

Estou começando a descer para o primeiro andar quando vejo o mesmo homem que me recebeu na casa subindo. Acho que Lavínia me falou o nome dele. Jorge? Acho que é isso. Abro a boca para falar um "boa tarde", mas ele sobe depressa e pega a bandeja antes de eu conseguir entender o que está acontecendo.

— Não precisava descer com isso — ele fala, balançando a cabeça. — Pode deixar que levo para a cozinha.

Engulo em seco. Ele não é humano. Eu sei disso. Mas parece tão normal...

E eu não vou conseguir nada se ficar pensando nisso o tempo todo.

— Na verdade, eu ia ver se ainda tem almoço... — começo.

Jorge equilibra a bandeja em uma mão e gesticula na direção do fim da escadaria. Desço dois degraus, com ele ao meu lado, e então paro, estreitando os olhos. O gesto dele não foi casual, foi uma coisa antiquada e quase pareceu que ele ia se inclinar ou algo assim. O tipo de gesto que você espera ver em um filme de época.

— Fey — murmuro.

Porque só consigo pensar em um motivo para aquele gesto: ele é muito mais velho do que parece. E se não tem nenhum vampiro aqui e pelo que eu sei nem lobisomens nem bruxos são imortais nem nada do tipo...

Ele me encara e assente lentamente. Tudo bem. Ele é fey. Respiro fundo e continuo a descer a escada. Uma hora eu vou acostumar com a ideia de que ninguém aqui é humano.

Não falo mais nada enquanto viramos no corredor lateral e seguimos para a cozinha. Jorge também fica em silêncio, ainda equilibrando a bandeja em uma mão só, e eu tenho a impressão de que ele está olhando de esguelha para mim, mas não vou conferir.

Estou fazendo um esforço para não ficar tensa quando chegamos na cozinha, e paro para olhar ao redor enquanto Jorge continua andando. Não me lembro de quase detalhe nenhum dela, só da impressão de que é grande. E, aliás, grande é apelido. Isso é uma cozinha mais refeitório juntos em um salão. Duas mesas compridas com bancos de cada lado estão no espaço do refeitório, e por sorte tem pouca gente aqui agora. Só vejo Lavínia, Rodrigo e mais uma mulher de cabelo escuro e comprido que tenho certeza que estava no bar quinta-feira.

Os três se viram para mim praticamente juntos e Lavínia gesticula para eu ir me sentar. Respiro fundo mais uma vez e vou. Só não faço ideia do que vou falar nem nada... Mas vou. Ela sorri quando me senta ao seu lado e indica a outra mulher com a cabeça.

— Acho que você não se lembra da Aline.

Aline dá de ombros e brinca com a ponta da sua trança, e tenho a impressão de que já vi ela fazer isso antes. Mas no bar ela estava de cabelo solto, então deve ser uma das coisas que Lavínia me fez esquecer.

E eu não vou pirar.

— Lembro, do bar. Mas não lembrava o nome.

Ela levanta as sobrancelhas e joga a trança para trás.

— Você se lembra de alguma coisa de quinta-feira à noite? Jurava que com o tanto que bebeu ia ter aquela amnésia.

Levanto os ombros e dou um sorriso um pouco sem graça. Não bebi muito na quinta, pelo menos não para o meu normal de quando morava em BH. Pelo menos, eu acho que não.

— Nunca tive amnésia. Posso não lembrar de todos os detalhes, mas amnésia não.

— Sortuda.

— Você que é azarada. — Rodrigo cutuca sua cintura e Aline dá um pulo no banco, antes de se virar para ele e estreitar os olhos.

E eu não consigo deixar de pensar que isso é estranho. Quer dizer, acho que eu estava esperando que eles fossem agir de alguma forma diferente, não sei. Qualquer coisa que me deixasse falar que eles eram diferentes. Isso não devia me surpreender, ainda mais levando em conta que eu já bebi com uns tantos deles, mas... É complicado aceitar que eles são absolutamente normais e mesmo assim não são humanos. Nunca parei para pensar em quantas coisas podem estar escondidas debaixo do nosso nariz, nunca fui muito fã dos "e se", mas agora não conseguia parar de imaginar.

— Laura?

Balanço a cabeça e encaro Lavínia. Acho que ela falou alguma coisa e eu nem ouvi.

— Desculpa, estava pensando.

— Notamos — Rodrigo comenta, cruzando os braços e os apoiando na mesa. — E então? Vai sair fazendo a coleção de perguntas ou vai continuar só pensando?

Aline dá uma cotovelada nele e Lavínia suspira.

— O que eu falei sobre não assustar ela?

— Ei, não estou assustando ninguém, estou? — Ele se endireita e levanta os braços antes de se virar para mim. — Estou te assustando? Não estou, viu, Lavínia? Só é mais fácil ir direto ao assunto do que esperar até ela criar coragem de perguntar o que quer.

Pelo menos agora eu já sei que a tagarelice dele no carro, quando estava me trazendo para cá, é o normal. E ele está certo. É mais fácil até pensar em perguntar agora que ele literalmente jogou o assunto na mesa, sem meios termos nem nada.

Lavínia suspira.

— E então, Laura?

— Então... O que vocês são? — Solto a primeira coisa que vem na minha cabeça.

Aline ri e apoia um braço na mesa. Solto um suspiro aliviado. Pelo menos ninguém se ofendeu.

— Metamorfos — ela fala.

Abro a boca para perguntar a diferença entre metamorfos e lobisomens, mas outra voz interrompe.

— E vocês vão deixar a menina comer antes de começarem a dar aula.

Me viro na direção do balcão que separa a área do refeitório da área da cozinha propriamente dita. Uma mulher baixa e com o cabelo castanho-avermelhado preso em um coque baixo está parada nos encarando. Tenho certeza que Lavínia me apresentou para ela no sábado também, mas não me lembro seu nome. Ela é a pessoa que parece ser mais velha, dos que vi até agora, mas mesmo assim não aparenta ter muito mais que quarenta anos.

— O nome é Amara, menina. Que bom que desceu.

Não pergunto como ela sabe que eu não me lembrava seu nome. Acho que todo mundo sabe que não me lembro de muita coisa de sábado, e minha expressão provavelmente me entregou, de qualquer forma.

— Não vou passar mais um dia sem comer. — Dou de ombros.

Ela revira os olhos e os três ao meu lado riem.

— Alguém ia subir com comida, nem que eu tivesse que brigar com eles. Agora vem e pegue um prato, porque a comida está esfriando e depois que eles começarem a falar não vão parar tão cedo.

Amara aponta para uma pilha de pratos e talheres em uma das pontas do balcão e indica a parte de dentro da cozinha. Me levanto e obedeço, porque tenho a leve impressão que ela está certa. A hora que eu começar a fazer as perguntas para valer, não vou parar mais, especialmente se me responderem. Melhor comer primeiro.

Continue Reading

You'll Also Like

218K 20.5K 67
| Livro um da trilogia As Doze Luas | Lizandra Verlack estava satisfeita com sua mente cética e sua banda punk de garagem. Porém, tudo se transform...
23.9K 450 2
🏅 Finalista do Wattys 2021 Após ser adotada por uma família aparentemente amorosa, Elena acreditava que sua vida mudaria completamente, no bom senti...
278K 684 1
Existem diversas formas de contar uma mesma história. Essa e uma forma de contar sobre uma história criando um imbatível enredo e usando os melhores...