Involved

By InvolvedCamren

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Na Universidade Yale, tudo se envolve por um motivo. Camila Cabello, uma jovem de 18 anos busca apenas focar... More

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By InvolvedCamren


Olá, meu amores!

Espero que estejam todos bem.

Tentarei ser o mais clara possível.

Esse capítulo já estava pronto há alguns dias, porém, ele é muito grande e cheios de detalhes importantíssimos que podem confirmar, negar ou embolar mais ainda algumas teorias de vocês. Posso dizer que será o divisor de águas da fic daqui pra frente. Todos os acontecimentos a partir do próximo capítulo até o final sairá a partir desse capítulo, então peço que leiam com bastante atenção.

Espero que gostem!

Enjoy ;)

~thaex

_____________________________


Lauren POV

Uma semana depois

Recebi uma última mensagem de Camila avisando sobre o lanche da tarde que as meninas fariam no Louis Lunch depois do termino das aulas de hoje e desci correndo o mais rápido que podia do prédio de artes. Eu passei o dia todo com saudades da minha latina e só queria o meu mundo em meus braços depois de um dia cansativo de pura teoria naquelas salas fechadas.

Minha mochila pesava por conta de alguns livros que eu fui obrigada a pegar para fazer um resumo já pedido por um dos professores reumáticos que eu terei esse semestre. O sol já estava pronto para se despedir de New Haven nos proporcionando um lindo crepúsculo.

Ao chegar ao Pierson, quase perto da saída do campus, uma voz agora conhecida e constante em meus ouvidos me abordou.

- Oi, Brad. – respondi sem muita emoção demonstrando que estava com pressa.

- Como você está, linda? – perguntou e beijou uma de minhas bochechas invadindo novamente o meu espaço, como vem fazendo durante a semana em que mantemos contatos forçados.

- Eu estou bem, obrigada. Aconteceu algo? Eu estou atrasada para um compromisso. Não tenho muito tempo. – cuspi as palavras dando dois passos pra trás em menção de que eu iria embora.

- Espera. – segurou o meu braço. – Quero te mostrar uma coisa muito interessante. Acho que você vai gostar. – a forma como ele falou isso me olhando de uma forma estranha fez com que o meu coração acelerasse sem eu saber o motivo.

O rapaz soltou o meu braço e abriu a mochila tirando de dentro dela uma câmera fotográfica.

- É linda, não é? – Brad ergueu a maquina para mais perto de mim. – O zoom dela é maravilhoso, você tem que ver. É perfeita pra tirar fotos escondido. – completou dando uma risada quase que inocente.

- O que está querendo dizer com isso, Brad?

Meu coração ainda batia descompassado e minha cabeça começou a trabalha a mil por hora inventando mil teorias.

- Hã? Nada. Eu só queria te mostrar mesmo. O seu pai comentou uma vez comigo e com o meu pai sobre você gostar ''dessas coisas'' de fotografia. – respondeu mais uma vez com a mesma risada sem olhar nos meus olhos.

- Ah, sim. É verdade. – falei quase sem voz. – É uma ótima máquina. Você vai gostar. Tenho que ir. – falei mais uma vez dando um beijo no rosto dele e me retirando.

- LAUREN!

Eu já estava um pouco longe quando Brad gritou e quando virei fui recebida por um flash de luz. O rapaz acenou pra mim e olhou novamente para câmera sorrindo.

Era um sorriso que eu não soube descrever. Não ainda.


[...]


Tentei eliminar todos aqueles questionamentos e teorias que surgiram na minha cabeça em relação às atitudes de Brad que a minha cabeça cansada bolava depois de 3 aulas exaustivas e andei o mais rápido possível até o Louis Lunch onde me esperavam. Pulei uma calçada quebrada, peguei uma nota de cinco dólares que achei no chão e entrei no estabelecimento sendo denunciada pela sineta que ficava em cima da porta anunciando a entrada de qualquer pessoa naquele local.

O lugar estava bastante cheio já que era sexta à noite. Procurei visualmente as minhas amigas até notar uma Lana com os braços para o alto da mesma forma que ela sempre faz quando me perco no refeitório de Yale.

Caminhei até a mesa onde estava Ally, Dinah, Normani, Lucy, Vero, Lana e uma garota que eu me lembro de ter conhecido há um tempo e esbarrado algumas vezes pelos corredores, só não lembrava o nome. Notei que Camila não estava lá, o que me preocupou.

- Demorou, mas chegou. – Normani disse bebendo seu suco.

- Oi pra você também, Hamilton. –disse descontraída, mas logo franzi o cenho me lembrando da falta que a latina estava fazendo ali. – Onde está Camila?

- Eu estou aqui, meu amor. – a suave voz da latina preencheu meus ouvidos quando ela me abraçou levemente por trás encostando o seu rosto no meu ombro com completa delicadeza.

Me virei puxando a latina para um abraço terno e depositando um beijo no topo de sua cabeça com todo o carinho que eu sentia por ela. Suas mãos deslizavam pelas minhas costas retribuindo o carinho o que arrancou alguns ''Anws'' das meninas na mesa.

- Vocês são puro açúcar, Senhor! – Dinah soltou após morder um pedaço de torta.

- Não fale assim delas, Dinah. Elas só se amam e se tratam com o carinho que ambas merecem. – Ally interveio.

- Tá vendo? Allycat sabe das coisas. É por isso que eu amo a minha baixinha. – sentei ao lado de Ally dando um beijo no topo de sua cabeça também, o que causou falsos protestos na mesa criando um clima engraçado.

Camila tratou de sentar ao meu lado na única cadeira vazia e segurou a minha mão por baixo da mesa durante toda a primeira parte das conversas.

Tudo estava tranquilo. Era uma sexta feira a noite tranquila que nem em minhas fantasias mais criativas sobre o meu futuro na faculdade eu conseguiria formar. Mais uma vez eu estava cercada de pessoas incríveis que eu tive o prazer de conhecer, de Camila, a pessoa que me proporcionou todos os melhores momentos que eu já tive em toda a minha existência e também estava acompanhada do meu sonho. O sonho de me tornar uma grande artista estava ali naquela mesa também e estava vivíssimo. Eu era feliz.

Eu era muito feliz.


[...]


- Vocês estão namorando? – Vero direcionou a pergunta a Lana.

- Não. Eu e Alexa somos só boas amigas. – a mulher mais velha respondeu sorrindo sem nenhum tipo de constrangimento.

Percebi Dinah e Normani se entreolharem como se soubessem de algo, mas fingi que nada tinha acontecido. As conversas continuaram animadas até sermos atrapalhadas por volta de 10 caras usando jaquetas parecidas e algumas garotas quase na mesma quantidade adentrarem ao estabelecimento como se fosse uma manada de búfalos assustando alguns outros clientes.

Eu quis me esconder atrás das cadeiras quando vi quem eram as pessoas. Lana simplesmente revirou os olhos em sinal de desprezo, seguida por Alexa que fez o mesmo. Ally ignorou voltando para o seu pedaço de torta, Dinah e Normani olharam com cara de poucos amigos e Camila apenas fingiu que nada estava acontecendo.

- EU GRITO KAPPA E VOCÊS DIZEM ALPHA. – gritou um rapaz bombado que subiu em uma cadeira no meio do estabelecimento. – KAPPA...

- ALPHA! – gritaram de volta.

- Senhor, você não pode subir nas cadeiras. Pode descer, por favor? – Harry, o garçom mais conhecido por mim e pelas minhas amigas pediu com extrema educação. Ele só não esperava o silêncio que todos os caras ao redor fizeram o encarando como se ele fosse nada.

- Desculpa. Eu não te ouvi. Pode falar mais alto? – o rapaz bombado rebateu.

- O senhor não pode subir nas cadeiras. Pode descer, por favor? – Harry repetiu acuado a tantos olhares.

- Hã? Ainda não entendi. – o rapaz em cima da cadeira se inclinou pra baixo com as mãos na orelha debochando de Harry, o que causou risada de deus companheiros de fraternidade.

Um homem que aparentava ter quase a mesma idade de Harry tirou o avental e saiu de trás do balcão com cara de poucos amigos em direção aos baderneiros da Kappa Alpha.

- Você é surdo? Desce da minha cadeira agora ou eu vou chamar a polícia. – o homem de voz levemente aguda apareceu do lado de Harry que continuava acuado.

- Calma, era só uma brincadeira. – o rapaz respondeu descendo da cadeira.

- Não quero esse tipo de brincadeira no meu estabelecimento. Isso aqui não é nenhum boteco de esquina. Respeitem as pessoas e os funcionários, por favor.

Todos ficaram em silêncio ao ouvir a bronca do homem que parecia ser o dono do lugar dar, menos uma pessoa que deu uma risada escandalosa na mesa que eu estava, que, aliás, foi Lana. Após o homem se retirar a falação retornou da mesma forma que entraram.

- Eu não vou mentir. Adorei o esporro. Acho até que vou parabenizar o homem que o fez. – disse Lucy não contendo mais a vontade de rir.

- Meu Deus, vocês adoram um barraco. – a mais baixinha disse antes de fazer um simbólico sinal da cruz.

- Não se tem mais respeito ao próximo. – Camila quebrou seu próprio silêncio ao meu lado.

- Realmente. Espero que eles continuem respeitando assim bem de longe. – rebati.

O que não durou muito, já que Austin notou a nossa presença no local e veio em direção a nossa mesa com uma latinha de cerveja na mão. O moreno cumprimentou todas as meninas com bastante educação e até mesmo se desculpou pelo vexame dado anteriormente pelo seu colega de fraternidade.

Austin não era um dos piores naquele ninho de cobras. Às vezes eu até me perguntava o que ele fazia rodeado de pessoas tão desprezíveis, aí eu lembrava que ele era melhor amigo do cara que tentou abusar e perseguiu a minha namorada durante todo o primeiro semestre.

- Nós paramos aqui só pra encher a barriga antes da festa da enfermagem. Vocês não querem ir?

As meninas se entreolharam como se perguntassem uma a outra mentalmente. Olhei pra Camila e a mesma desviou o olhar e nada disse.

- Você não vai, Brooke? É a festa do seu curso, não? – tentou ser simpático com a baixinha.

- É, eu sei. – forçou um sorriso. – Mas eu não me planejei pra ela. O meu namorado não está disponível hoje, então fica meio chato ir sem ele.

- Namorado? Ah! – Austin perguntou e se respondeu com um ar de decepcionado que me puxou bastante a atenção.

- Quer dizer então que somos chatas? – Lana perguntou séria para a baixinha ao cruzar os braços.

- Para com isso, Lana. – Ally pediu com suplica caindo na pilha da mais velha.

- Não faz isso com a menina, Lana. – Alexa pediu rindo.

- E você, Mila? Não vem? – o moreno agora direcionou a pergunta pra latina.

- Eu não estou com pique pra festa hoje. Deixa pra próxima. – respondeu sincera com um leve sorriso ao amigo.

- Se for por cauda ''dele'', fica tranquila. Ele não vai.

- AH, ENTÃO EU VOU. – Dinah respondeu levantando-se às pressas e puxando Normani para o banheiro. – Vem, Mani. Vamos retocar a maquiagem.

Austin sorriu fraco com a ação das minhas amigas. Por mais que todas ali não gostassem do Shawn, ele ainda era o seu melhor amigo e convenhamos, não deve ser nada bom presenciar tanta rejeição por alguém muito próximo a nós.

Estaria eu com pena do Mendes? Nem perto disso. Ele só está colhendo o que plantou. Dinah e Lana conseguiam ser terríveis na implicância quando não gostavam de alguém e não poupavam em demonstrar suas repulsas.

- Oi, gatinhas... – um rapaz asiático e também bombado e visivelmente bêbado apareceu abraçando Austin.

- Meu Deus, estão fazendo despacho aqui? Só aparece oferenda. – Vero perguntou retoricamente fazendo as meninas prenderem o riso.

- A gente vai sair daqui a 10 minutos, se quiseram ir, é só se juntarem. – Lana fez uma cara de desdém. – Ou nos seguir. Acompanhar a distância. Algo do tipo... – Austin sorriu tentando fazer Lana rir.

- A gente se vê lá, Mahone. - a mulher mais velha respondeu dando uma piscada para o moreno que se despediu de novo antes de sair.

- Você vai?

Lana olhou para a tela do celular bufando impaciente antes de me responder.

- Vou sim. Meus planos para essa noite não deram muito certo. Na verdade, não vão dar certo. Então...- a mais velha respondeu descruzando os braços e virando para Alexa. – Vamos?

- Vou ao banheiro retocar a maquiagem também e vamos. – avisou e se levantou.

- Nossa. Vocês são muito festeiras. Como aguentam? - a baixinha questionou.

- Às vezes a gente tem que preencher as nossas almas vazias, baixinha. Alguns copos cheios ajudam. – Lana respondeu olhando vagamente para a tela do seu celular na mesa.

- Só cuidado pra não transbordar. – Camila ao meu lado rebateu com o tom suave que ela mais usava.

- Belas palavras, Mila. – Lana sorriu de canto.

Alguns minutos se passaram e as meninas que estavam no banheiro retornaram e se despediram de nós. Vero resolveu levar Lucy para outro lugar que ela não quis dizer o nome, mas que provavelmente popularmente conhecemos como motel. Voltei de mãos dadas com Camila pelas ruas de New Haven junto de Ally que nos acompanhava em uma conversa descontraída.

Na entrada do Pierson fui surpreendida por um piscar de luz que fez com que eu soltasse a mão da Camila automaticamente assustando a mesma.

- O que foi, amor? – a latina me perguntou preocupada e segurando a minha mão de novo.

- Nada, eu me assustei com a luz. – falei sentindo o meu coração bater freneticamente.

- Pensei que você fosse mais durona, Laur. Agora até a luz do poste te assusta. – Ally comentou rindo.

Retribui a risada da baixinha com um sorriso amarelo e segurei forte a mão de Camila que me guiou até o corredor dos nossos alojamentos.

Fui o caminho todo pensando na reação que tive com um simples piscar de luz do poste do pátio do Pierson. No motivo de ter soltado a mão de Camila tão rapidamente por reflexo.

Reflexo.

Reflexo do que? Do medo que eu sentia de ser pega com ela mesmo com Yale inteira já sabendo que a gente namorava? Teoricamente isso não fazia o mínimo sentido, mas algum tipo de aflição começou a tomar conta de mim desde o encontro com o Brad no Pierson antes da minha ida ao Louis Lunch. Todas as teorias mirabolantes que eu tive no caminho até lá me fizeram fazer uma linha do tempo com todos os acontecimentos estranhos que presenciei ao estar com a latina.

Teve a pessoa que nos espiava enquanto dávamos um amasso daqueles em uma das oficinas de arte. O papel com ameaças colado na minha porta e todo aquele efeito pirotécnico com as garrafas no corredor do alojamento. Meu pai tentar me prender em Miami para que eu não voltasse para a faculdade com a desculpa de ainda odiar o meu curso. A aparição repentina de Bradley em Yale junto aos pedidos do meu pai em ajudar o rapaz e agora aquele papo estranho com a câmera.

Isso tudo podia não ser nada? Podia. Podia significar alguma coisa? Podia também. Mas, podia ser coincidência? Não.

Eu nunca acreditei em coincidências.

- Amor, dorme comigo hoje? – Camila disse se pendurando no meu pescoço e me abraçando em frente as nossas portas quebrando a minha linha de raciocínio.

- Durmo sim, princesa. Vou só tomar um banho e já vou. – respondi dando um beijo leve em seus lábios.

- Eu vou pro banho primeiro, nem vem. – falou Ally abrindo a porta do nosso alojamento de forma apressada e correndo para dentro do lugar arrancando risadas solitárias minha e de Camila no corredor.

- Pega as suas roupas e toma banho comigo, Lo. – a latina sussurrou com seus lábios grudados no meu.

- Ótima ideia! – Iniciei um beijo lento ali mesmo.

- Vai, pega lá. – Camila quebrou o nosso beijo me empurrando de leve pelos ombros e me oferecendo aquele sorriso travesso no qual prendia a língua entre os dentes e enrugava o nariz.

Era o meu sorriso favorito.

Peguei algumas roupas na minha parte do armário e virei me deparando com uma Ally toda nervosa procurando algo na sua parte do móvel.

- Aconteceu alguma coisa? Que desespero é esse, baixinha?

- Troy acabou de me ligar dizendo que conseguiu um tempo pra mim hoje. Vamos sair e eu não acho nenhuma roupa boa pra usar.

- Ele vem te buscar aqui? – questionei pegando um par de sapatos que Ally não alcançava na última prateleira.

- Não. Vamos nos encontrar fora do campus. Vocês sabem, ele não gosta de ficar por aqui e tal.

- Mas ele não estuda aqui? Como não gosta de ficar aqui? E por que a gente nunca esbarra com ele pelo Pierson ou por qualquer outra festa ou evento da faculdade? Ally...

- Eu sei, Laur. Já conversamos sobre isso. O Troy é um cara tímido e ainda não se acha pronto pra conhecer as minhas amigas. Não vamos falar sobre isso agora, por favor. – a baixinha pediu quase que numa súplica.

- Tudo bem. Só... cuidado, ok? – beijei o topo da cabeça de Ally. - Qualquer coisa você me liga.

- Pode deixar, Laur. Eu vou ficar bem. Eu sempre fico. Aproveite a sua noite com a Mila.- me abraçou.

- Eu vou! – respondi piscando para a baixinha e me retirei do meu alojamento indo de encontro a minha namorada.

Adentrei ao alojamento de Camila que pela milésima vez estava destrancado, tranquei a porta e caminhei em passos leves para não ser percebida e ver o que ela fazia.

Me debrucei na divisória entre os cômodos e pude ver que Camila estava na pequena cozinha preparando alguns sanduiches enquanto cantarolava baixinho alguma música e fazia algumas dancinhas só mexendo os quadris.

Continuei andando em passos leves e agarrei a latina por trás a assustando.

- A porta destrancada de novo. A senhorita não aprende mesmo. – beijei o seu pescoço a sentindo tremer com o contato e a soltei.

- Meu Deus, que susto, Lauren. – falou pausadamente liberando o ar que havia prendido.

Ajudei a latina com os sanduiches que ela contou estar preparando para que Dinah e Normani comessem após chegar da festa e separamos alguns para nós.

- Você é muito atenciosa, sabia? – passei por Camila dando um beijo estalado na sua bochecha e em seguida colando na geladeira o bilhete que ela escreveu para as meninas avisando sobre a comida.

- Eu só não as quero elas reclamando que estão morrendo de fome quando chegarem aqui manhã cedo. – riu baixinho.

Após colar o pequeno papel na geladeira, uma onda de lembranças me atingiu em cheio fazendo o meu peito esquentar e um sorriso enorme rasgar o meu rosto. Virei-me para a latina que me encarava com certa curiosidade.

- O que foi, Lo?

- Lembrei daquele dia que ficamos presas no prédio da galeria de artes e tivemos que roubar comida da cantina. – contei rindo nostalgicamente.

- Aquele dia foi tão... eu ainda não sei definir.

- Não?

- Não. Eu só tinha uma certeza. – se aproximou de mim e se pendurou no meu pescoço.

- Se eu soubesse que seu beijo era tão gostoso, eu teria te beijado naquele dia mesmo, bem quando estávamos dançando. Ele é bem melhor do que eu imaginei. – beijei seu queixo. - Tenho que confessar que eu amei o fato da Lana ter nos esquecido lá. – beijei a lateral de sua boca.

- Eu também. Você foi tão protetora naquele dia.

- E você uma medrosa. - beijei a ponta do seu nariz a fazendo sorrir. – Vou pro banho, princesa.

- Espera! – Camila segurou o meu braço. – Eu vou com você. – completou lançando um sorriso cínico.


[...]


Me despir na frente da latina ainda era algo que me deixava consideravelmente nervosa. Eu não era muito segura em relação ao meu corpo e isso me causava um certo desconforto que era perceptível.

Camila sorriu a me ver tirar a blusa fina que eu usava revelando o sutiã preto que pressionava os meus seios. Corei instantaneamente ao perceber o seu sorriso e me virei de costas.

- Não precisa ter vergonha, meu amor. Eu amo você e cada centímetro do seu corpo. – Camila se aproximou de mim e abriu o meu sutiã atrás deixando com que a peça de roupa caísse no chão do banheiro. – Eu te espero ali dentro, ok? - completou distribuindo beijos pelo meu ombro direito e seguiu para o chuveiro.

Essa minha insegurança com o meu corpo era algo que eu tentava trabalhar particularmente com frequência. Camila era uma pessoa muito reservada e compreensiva, então não rolava nenhum tipo de pressão e a naturalidade com que ela me tratava e lidava com essa minha questão era com a maior naturalidade e carinho possível. Eu tinha uma namorada maravilhosa.

Já despida, entrei no box fechando a pequena porta de vidro e abracei a latina por trás sentindo a pele quente das suas costas colar nos meu peito e sua bunda volumosa ser pressionada ao meu quadril. Sendo praticamente impossível resistir ao contato dos nossos corpos, envolvi a cintura de Camila e comecei a dar beijos demorados e lentos no seu pescoço.

-Lo... – suplicou passando as mãos em seus cabelos na tentativa de tirar o acúmulo de água do mesmo.

Virei a latina de frente para mim sem me incomodar com a água forte que saía do chuveiro e ataquei os seus lábios com rapidez. Um beijo arrastado e intenso que apenas serviu para deixar os nossos corpos em chamas. As mãos da latina rastejavam pelas minhas costas seguindo caminhos sem rumo deixando marcas de unhas por onde passavam me levando a estado de êxtase.

- Você me deixa louca, Cabello. – sussurrei mordiscando o lóbulo de sua orelha e descendo uma de minhas mãos que estavam em sua cintura até o centro úmido de Camila que se contraiu ao sentir o meu toque.

- Não, amor. Agora não. – segurou a minha mão a puxando e levando em direção a sua boca onde chupou o meu dedo indicador de forma lenta e torturante. – Hoje sou eu quem vai cuidar direitinho de você.

- Você não vale nada, Karla. – respondi prendendo um gemido.

Nos beijamos intensamente mais algumas vezes antes de finalmente tomarmos o nosso banho. Durante o banho Camila contou uma pequena história sobre a sua adolescência em Miami e sobre os problemas que tinha que enfrentar na escola por conta do bullying que sofria por causa de suas raízes latinas. O meu sensor de proteção quase explodiu quando ela finalizou um dos casos relatados.

Camila secava o seu cabelo no quarto quando eu fui atraída para a sala pelo barulho do meu celular. Já eram quase nove horas da noite e ver o nome na tela do celular fez o meu corpo gelar.

- Alô?

- Você tem 20 minutos pra se arrumar e descer. – a voz grave do outro lado da linha fez o meu corpo gelar mais ainda.

- O qu..

- Não discuta, Lauren. Faça o que eu estou mandando. – ordenou mais uma vez antes de desligar o celular e me deixar sem reação.

Camila apareceu animada na sala depositando na pequena mesa de centro uma bandeja com os sanduiches que preparou e com o meu suco favorito que ela tinha comprado e eu nem ao menos sabia. A latina desmanchou o sorriso ao ver a minha cara de morta viva ainda com o celular colado na orelha.

- Aconteceu alguma coisa? Lo, você está mais branca do que já é. – falou vindo em minha direção e colocando suas mãos em meu rosto. – Você está muito gelada, meu Deus. O que aconteceu? – me puxou para sentar no pequeno sofá da sala.

Um nervoso terrível subiu pela minha espinha me causando calafrios só em pensar nos motivos dele estar aqui.

- O meu pai acabou de me ligar. – gaguejei.

- Aconteceu alguma coisa com os seus irmãos? O que houve? Fala! – Camila já me balançava impaciente.

- Não. – engoli seco. – Ele está aqui e me deu 20 minutos pra me arrumar e descer.

A expressão de surpresa no rosto da latina foi maior do que a de decepção por ter que interromper a nossa noite juntas.

- Me desculpa, mas eu tenho que me arrumar, pequena. – levantei aflita indo em direção a porta a puxando pela mão.

- Ei, calma! – Camila freou a minha ida. - Eu não sei o que ele está fazendo aqui ou o que ele quer com você assim repentinamente, mas saiba que eu estou aqui com você, ok? – completou segurando o meu rosto e dando um beijo casto em meus lábios.

- Me desculpa mesmo, Camz. – retribui o mesmo beijo só que mais demorado. – Eu te amo. Nunca se esqueça disso.

- Eu te amo. - ela me deu um sorriso preocupado e eu saí do seu alojamento um pouco menos aflita após ter tido o meu coração aquecido pelas palavras de carinho da pessoa que eu mais amava nesse mundo e que consequentemente era a mesma que mais me dava forças.

Forças para enfrentar seja lá o que fosse quando eu descesse de encontro ao meu pai.


[...]


Desci as escadas do bloco E repetindo mentalmente um mantra que eu tinha acabado de inventar para tentar me acalmar e respirei fundo vezes o suficiente pra ficar tonta com falta de ar.

Droga!

Caminhei até o final do Pierson chegando ao portão principal do campus onde me deparei com um Porsche Cayman branco do outro lado da rua.

Super discreto. Tão difícil de encontrar nesse mar de carros cinza.

Caminhei e entrei sentando no banco do carona. O meu pai nada disse, apenas ligou o motor do carro e dirigiu silenciosamente pelas ruas movimentadas, mas não tão cheias de New Haven.

- Aonde vamos? – quebrei o silêncio ao pararmos em um sinal vermelho.

- Vamos a um jantar de negócio. – respondeu após alguns segundos de silêncio. – Quero que você saiba como é. Quero que veja o que está perdendo nessa aventura de artista que você enfiou na cabeça.

- Pai...

- Eu devia ter de avisado sobre isso. Você nem está vestida adequadamente. Está igual a uma adolescente rebelde, Michelle. – falou com desdém acelerando o carro de forma imprudente.

Eu nada respondi, apenas soltei o ar pesado que pressionava os meus pulmões. Era perda de tempo debater com ele sobre esse assunto que já estava mais do que resolvido pra mim, mas não pude negar a curiosidade que tomou conta de mim ao tentar adivinhar o que meu pai queria tratar tão longe assim de Miami e tão perto assim de mim.

Meu pai parou em frente a um restaurante chamado L'Orcio e entregou a chave do carro a um rapaz de aparência árabe que imediatamente recebeu um olhar de desprezo de Michael.

- Cuidado com o meu carro, garoto. Ele vale mais do que você vai ganhar na sua vida inteira. – cuspiu as palavras de forma áspera ao rapaz moreno que apenas deixou o olhar cair e entrou no restaurante abotoando o seu terno.

- Desculpa por isso. – sussurrei ao passar pelo rapaz que apenas balançou a cabeça me dando um sorriso triste.

Ao entrar no L'Orcio, logo pude notar a decoração elegante do lugar. Meu conhecimento artístico adquirido ao longo dos anos não dificultou que eu percebesse o traço norte europeu daquele restaurante.

Um homem elegante nos guiou até a nossa suposta mesa nos entregando os cardápios. Meu pai pediu um vinho qualquer da Gatt Wines e eu apenas um copo de água. Ele não se importava em gastar o dinheiro que tinha, mas se importava em tentar forçar os filhos a adquirirem o mesmo estilo de vida.

- Quantas pessoas vão participar desse jantar? – perguntei curiosa encarando o homem sentado a minha frente.

- Mais duas pessoas. – encarou o seu relógio de ouro no pulso esquerdo. – Já devem estar chegando.

O garçom retornou a mesa com a garrafa de vinho pedido pelo meu pai depositando a bebida ridiculamente cara em uma das taças na mesa e em seguida se retirando. Michael pegou a taça com certa leveza e começou a girar o líquido dentro do copo admirando com uma expressão séria o líquido quase negro dançar dentro da taça.

- Eu comprei um hotel em New Haven. – disse com calma.

- Nossa...- pensei nas palavras certas. - Que bom.

- Eu o comprei na mesma semana que você me mostrou a carta de aprovação para Yale. – ingeriu um pouco do vinho de forma lenta e demorada. – Achei que tendo um negócio onde você estudaria poderia de alguma forma fazer você repensar sobre a faculdade de negócios e esquecer essa bobeira de artes. – dei um novo gole da mesma forma que antes. – Contratei uma empreiteira de Nova York para que pudesse melhorar a aparência daquela espelunca de quinta categoria já que carregaria o sobrenome Jauregui. – olhou novamente o relógio em seu pulso. – O hotel ficou pronto e ele reabre as portas em duas semanas. A maioria dos funcionários já foram contratados pelo Patrick, mas eu precisaria de mais alguém da minha confiança para vigiar o meu dinheiro aqui... – o cortei antes que ele continuasse.

- Então você pensou na possibilidade de eu mudar da para o curso de negócios e assumir a administração do seu hotel aqui. – respondi de forma impaciente.

- Não me interrompa quando eu estiver falando, Michelle. Onde está a educação que eu te dei? – pude ver uma veia em sua testa pulsar.

- Ok, me desculpe. Continue. – bufei deixando o meu corpo escorregar de leve pela cadeira esperando a continuação de sua história ilusória sobre eu largar de curso e assumir o hotel.

- Eu não quero que você assuma o meu hotel. Você supondo isso insulta a minha inteligência. Eu nunca colocaria o meu dinheiro em mãos inexperientes.

- Então...

Antes que o homem continuasse pude ver o mesmo abrir um pequeno sorriso para alguém que estava atrás de mim. Michael olhou mais uma vez para o relógio dourado em seu pulso e se levantou erguendo a mão para um homem que se posicionou de pé ao meu lado. Eu não me interessei em olhar para ver quem era, mas naquele momento era alguém que eu descobriria ser muito bom com jogadas.

- Bastante pontual. Gosto assim. – o meu pai apertou a mão do jovem ao meu lado e completou me olhando sério. – Lauren, levante-se e o cumprimente.

- Boa noite, senhor Jauregui. – apertou a mão do meu pai e se virou para mim. – Boa noite, Lauren. – beijou a minha mão de forma gentil.

Levantei de forma lenta da cadeira estendendo a mão para o homem a minha frente sem fazer muita cerimônia.

- Boa noite, Brad. – devolvi sem muita emoção com um sorriso amarelo.

Qualquer pessoa naquele restaurante conseguiria notar o meu desconforto com os dois juntos naquela mesa.

Nos sentamos e meu pai retornou ao seu entediante monólogo.

- Então Bradley, eu estava contando a Lauren sobre o hotel aqui em New Haven. – retornou a beber do seu vinho no qual ofereceu a Brad que aceitou de bom grado. – A parte que ainda não a contei e nem a você é que eu o escolhi para ser o gerenciador dele aqui tendo a supervisão de Patrick à distância. – finalizou com um sorriso orgulhoso para o rapaz a minha direita que não poupou demonstrar alegria com a notícia. – Você aceita o cargo?

Brad sorria como um completo idiota impressionado com a notícia. Por alguns segundos eu até fiquei contente por ele. Brad já estava a dois semestres de se formar e ter uma proposta como essa antes mesmo de ter o diploma era como estar nas nuvens.

- Claro que eu aceito, senhor Jauregui. – estendeu a mão apertando a do meu pai quase que em desespero e sorriu para mim.

- Parabéns. – retribui com um sorriso forçado.

- Esse era o propósito do jantar? – perguntei olhando as horas no celular, o que fez o meu pai me olhar com certa indignação.

- Podemos fazer os pedidos agora? – Brad perguntou evitando a eventual bronca que eu levaria.

- Ainda não. – Michael respondeu tranquilo antes de encher a sua taça de vinho novamente. – Preciso deixar só mais uma coisa clara.

Eu e Brad encaramos Michael de forma atenta.

- No email que eu te mandei ontem eu lhe pedi que me indicasse um nome de confiança sua e você disse que essa pessoa estaria presente neste jantar, só que essa cadeira... – maneou a cabeça para o meu lado esquerdo e completou. – Está vazia.

- Ah, sim. Mil desculpas, senhor Jauregui. Ele teve um pequeno problema com o carro, mas já está chegando. – Brad o respondeu de forma temerosa.

- Ele tem cinco minutos pra chegar ou eu mesmo escolho outra pessoa. – disse sem tirar os olhos do cardápio.

Ignorei a conversa dos dois e olhei o cardápio de forma displicente. Eu não queria estar ali, eu não queria comida refinada italiana. Eu só queria estar jogada no alojamento 5, deitada na cama de solteiro da minha namorada e amando a latina mais quente e linda desse mundo. Tudo aqui cheirava a tédio até uma voz atrás de mim me atingir como um tiro.

- Boa noite!

- Boa noite... – meu pai deixou que o rapaz atrás de mim completasse a frase.

- Mendes, Shawn Mendes. É um prazer conhece-lo, senhor Jauregui.

Meu pai se levantou mais uma vez e estendeu as mãos para o rapaz que deu a volta na mesa para apertar firmemente a sua mão até se sentar na outra cadeira do meu lado. Shawn usava um terno cinza giz que parecia ser extravagantemente caro quase que da mesma cor que o do Brad.

Eu preciso comentar o quanto comecei a me sentir insegura com os três homens na mesa? Acho que não. Eu me senti uma completa intrusa. Eu não esperava ver o Mendes nem tão cedo. Eu o evitava. Evitava frequentar os mesmos lugares que ele, conversar com as mesmas pessoas. É o tipo de pessoa que se eu encontrasse na rua, mudaria de calçada apenas pra não ter que cruzar com ele.

O nosso histórico de indiretas, acusações, brigas e ameaças já era enorme e isso jamais seria apagado. Ele sabia praticamente tudo sobre mim e isso me assustava de tal forma que eu sentia vontade de correr daquele restaurante, pegar Camila em Yale e fugir com ela pra qualquer outro lugar sem me importar em voltar, mas tinha um problema. Isso não era possível.

Não hoje, nem amanhã, mas um dia talvez.

Segurei firmemente nos braços da cadeira e comecei automaticamente a pensar em Camila. Isso me acalmava.

- Boa noite, Lauren. – Shawn me cumprimentou sorrindo de forma aberta e passando a mão no meu ombro como se fossemos íntimos.

Eu não sabia que joguinho era essa, mas resolvi entrar nele já que eu estava visivelmente em desvantagem e qualquer vacilo poderia me custar alguma coisa que provavelmente me sairia caro.

- Boa noite, Shawn. – forcei o melhor sorriso que podia.

- Antes de começar o jantar, eu gostaria de adiantar a segunda parte do que eu vim tratar com você, Brad. – Michael retomou a fala oferecendo o vinho ao Shawn que, como Brad, também aceitou. – Muito bem, eu pedi para que o Bradley trouxesse alguém de confiança que ele acreditaria ser competente. – bebeu novamente o líquido da sua terceira taça. – A minha proposta é a seguinte. Com Bradley assumindo a direção do meu hotel, uma vaga para estágio seria aberta e como não há ninguém que eu conheça apto para o cargo, pedi a Bradley que me indicasse alguém de sua confiança e ele escolheu você. Então, aceita o estágio? – meu pai finalizou a frase olhando para Shawn que na mesma hora abriu uma expressão surpresa e encarou Brad que bebia o seu vinho com um olhar misterioso.

- Nossa... Eu não sei nem o que dizer. – o rapaz mais alto disse de forma calma com o olhar fixo em Brad. – Realmente não tem como contestar a sua lealdade, meu amigo. – sorriu convencido.

- E a resposta é sim. Claro que e aceito, senhor Jauregui. Será um prazer trabalhar para alguém como o senhor. – Shawn apertou a mão do meu pai o oferecendo novamente um enorme sorriso de satisfação.


[...]


A minha cabeça fervilhava de tanto pensar. Brad ter essa proximidade com o meu pai eu até não questionava já que a minha família é amiga da família Simpson, mas ter Shawn tão perto dele, uma pessoa que poderia de alguma forma arrancar um pedaço meu ou simplesmente servir a minha cabeça numa bandeja para o meu pai quando quisesse era aterrorizante.

Tentei seguir no joguinho do Mendes. Ele era completamente dissimulado e agia como se já soubesse tudo o que iria acontecer naquela mesa.

Uma angustia tomava mais conta de mim conforme o tempo passava. Tudo me tirava à concentração, até mesmo o som de Brad mastigando na cadeira ao lado.

Durante o jantar eu tive que me conter algumas vezes para que não estourasse e jogasse tudo no ventilador. Shawn conseguia me manipular sem que ao menos eu percebesse e isso me enfurecia.

- Diga-me, Mendes. Você é comprometido? Tem alguma namorada ou está noivo? – meu pai já virava a sua quarta taça.

Shawn riu levemente, olhou para Brad que devolveu um sorriso cínico e por último olhou para mim antes de retornar o contato visual para o meu pai.

- Eu tenho uma namorada sim. O nome dela é Camila. – ele sorriu como se o que contasse fosse real. – Sobre estar noivo, é uma coisa que eu me vejo sendo dela, mas no futuro. – continuou sorrindo e bebeu um gole do seu vinho olhando para mim. – A Lauren pode até ser uma das madrinhas, não é Lauren?

Minha mandíbula estava cerrada e meus olhos fixos nos do garoto mais alto. Ele estava começando a pegar pesado e eu não saberia até onde conseguiria manter o controle. Ele deu várias indiretas sobre o que sabia de mim, mas tocar no nome de Camila para me afetar já estava sendo demais para mim.

Eu tinha que me controlar. Eu tinha. Por ela.

- Ah, então eu posso ser um dos padrinhos. – Brad entrou na brincadeira de mau gosto falando da mesma forma cínica.

- E você Brad? Alguma garota em especial? – meu pai perguntou da mesma forma séria que manteve desde a primeira conversa.

- Até tem e ela é incrivelmente linda. – me olhou de canto de forma quase acusatória. – Mas sabe, ela não é muito chegada em rapazes. – bebeu do seu vinho.

- Que decepção. – Michael bufou. – Essas garotas de hoje em dia. Elas realmente acham que podem viver bem seu um homem. Elas ainda são dependentes de nós e sempre serão. – pela primeira vez na noite o meu pai riu de verdade, por pior que seja o motivo. – Envelhecer sem filhos e depois morrerem sozinhas. Que destino terrível. – finalizou a sua risada com uma cara de deboche. – Isso deveria ser ilegal nesse país. Malditos liberais.

- Concordo com o senhor. – Shawn se intrometeu. – O pior é quando elas acham que podem ganhar a garota dos sonhos e conseguir ser feliz com ela. – encheu novamente a sua taça. – Não é mesmo, Lauren?

Aquele assunto, a forma que tratavam me dava uma enorme ânsia. Por alguns segundos eu tive que manter em meu estômago a refeição que eu havia comido, pois a mesma deu sinais de que queria visitar o chão do restaurante.

- Com licença, preciso ir ao banheiro.

Me levantei sem nem ao menos escutar a resposta dos três e praticamente corri até a estrada do banheiro. Entrei em uma cabine vazia, fechei a porta e me escorei na mesma. Minha respiração era pesada e meus batimentos cardíacos eram frenéticos.

Calma! Calma! Respira! Merda! Malditos!

Tentei manter a calma e praguejei algumas vezes aos rapazes que estavam compartilhando da mesma mesa que eu. Mais uma vez eu rezei para não perder o controle e mentalizei Camila como um pedido de forças.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo meu celular vibrando eu meu bolso. Peguei o aparelho e puder ver o ícone de mensagem piscar no centro da tela.


''Não estou me sentindo muito bem :(((

Não se preocupe, não é nada físico, é só um incomodo.

Espero que tudo esteja ocorrendo bem aí com você e o meu sogrinho nada legal. Vou tentar dormir um pouco pra ver se isso passa.

Não esqueça nunca que eu te amo como o Sol ama a Lua. xx''

Camila Cabello 23:04 PM


Não sei o motivo, mas senti uma enorme vontade de chorar ao ler a mensagem de Camila. Pressionei o celular sobre o meu peito sentindo o meu coração ainda bater de forma frenética e respirei fundo incontáveis vezes na esperança de receber alguma ajuda seja lá de onde fosse.

Quando finalmente saí da cabine, fui até a pia e molhei o meu rosto na expectativa de que aquilo ajudasse a me acalmar. Em vão.

Tentei manter a sanidade na medida conforme eu caminhava de volta a mesa.

Sanidade.

Eu precisaria dela nos próximos minutos que estavam por vim. Talvez os piores de toda a minha vida.

- Que bom que voltou, Lauren. Eu não queria deixar os rapazes sozinhos. – disse se levantando. – Eu preciso fumar um pouco, já volto. – Rapazes... – meu pai fez um sinal com a cabeça como se ordenasse algo aos garotos ao meu lado.

Quando finalmente não conseguíamos mais ver a imagem de Michael naquele local fechado, Shawn virou sorrindo para mim, levantando e colocando sobre a mesa uma pasta preta que eu não havia percebido até aquele momento.

- O seu papai queria que babássemos ovo do nosso curso para te impressionar, só que temos algo mais interessante pra falar contigo e talvez nós não tenhamos muito tempo. – abriu a maleta e tirou quatro envelopes pretos os colocando a minha frente com gentileza. – É pra você. Pode abrir.

Engoli seco e me direcionei ao primeiro envelope que estava no topo dos quatro. Minhas mãos tremiam levemente de nervoso quando eu abri o primeiro.

- Ah, isso foi tão fácil. – Brad soltou sua taça de vinho colocando longe dos envelopes e sorrindo vitorioso. – Vocês são bastante descuidadas. – completou colocando um dos cotovelos sobre a mesa e apoiando o seu queixo na mão como se apreciasse o meu desespero.

O primeiro envelope continha fotos minha e de Camila. As de cima eram tiradas no campus. As três seguintes tiradas no Amistad Park, outras cinco restantes tiradas pelos locais públicos de Yale, como biblioteca e refeitório. Todas marcando os contatos de afeto entre eu e Camila.

- Até que vocês ficam bem juntas. – Brad sorriu cinicamente olhando as fotos até receber um olhar furioso de repreensão do Shawn.

Guardei as fotos agora tremendo mais do que antes tentando manter as forças para abrir o próximo envelope preto.

Abri o segundo quase sem ar e me deparei com mais fotos, só que dessa vez não era mais minhas e de Camila. Eram fotos das minhas amigas. As três primeiras fotos mostravam Normani e Dinah dançando grudadas, Dinah empurrando Normani e as duas se beijando. Não tive nem tempo de ficar impressionada com o conteúdo dessas fotos quando as duas de baixo revelavam Vero e Lucy. Na primeira Lucy beijava Vero no que parecia ser uma festa e na segunda elas dentro de um carro entrando em um motel. As seguintes três fotos eram todas de Ally com o rapaz bem mais alto que ela e loiro, que provavelmente seria o Troy, entretanto, essas não me abalaram tanto por eu apenas não ver nenhum tipo de problema nelas, mas se elas estavam naquele envelope é porque algo os comprometia. A única foto que Lana estava presente de certa forma era chocante.

- Todo mundo tem um segredo, Lauren. – Shawn falou completamente calmo. – Até eu tenho. – sorriu. – E o meu segredinho é você.

Não consegui continuar o encarando e guardei as fotos segurando as lágrimas para pegar o próximo envelope.

O próximo envelope preto continha uma grande papelada, algo que parecia ser totalmente burocrático e tedioso. Haviam tantos números e tantos nomes. Consegui identificar algumas transferências bancárias, porém nada ali conseguia ser claro.

- Está estampado nesse seu rostinho lindo que você não está entendendo nada. – Mendes esticou os braços e tocou na minha mão trêmula me fazendo soltar os papéis. – Calma, eu vou te ajudar. – continuou com o seu tom calmo. A sua variação de humor e frieza era assustadora. – Está vendo esses números? – apontou para a parte de cima da planilha. – É o número da conta bancária do seu pai. – Agora está vendo esse nome aqui no final? – Não consegui entender o que estava escrito, mas Shawn tratou logo de esclarecer. – Esse nome é de um banco muito sólido na suíça.

Todas as hipóteses possíveis começaram a ser questionadas na minha cabeça que já latejava.

- Vamos fazer algumas perguntas básicas, Lauren. – Brad pegou alguns papeis do bolo e começou a folhear. – Michael tem algumas pequenas empresas de médio porte em Miami, certo? – afirmei com a cabeça. – Então, como que alguém em um país com taxas e impostos tão altos como o nosso consegue ter um carrão como o que seu pai estava dirigindo hoje apenas possuindo empresas de médio porte?

- Não, não, não. Não responda. Essa é muito fácil. – Shawn riu divertidamente. – Como ele pode ser tão burro assim? – pegou o meu copo de água e virou.

- Eu não sei. Nem o idiota do meu pai faria uma burrice dessas. – Brad balançou a cabeça negativamente.

- Então quer dizer que... – antes que eu continuasse o rapaz mais alto me cortou.

- Sim, minha linda. O seu pai sonegou... – olhou o último papel do bolo grampeado e completou. – incríveis 57 milhões de dólares e mandou tudo pra suíça.

- Nossa! Eu não sei nem quantos anos de cadeia isso dá. – Brad balançou a cabeça negativamente.

- MAAAAAAAAS... – Shawn puxou um papel solto do bolo grampeado e colocou na minha frente enquanto guardava o resto no envelope. – a cereja do bolo.

O papel mantinha um enorme texto que ao ler rapidamente pude ver que era uma ordem judicial no nome de Alejandro Cabello. Ler o nome do pai de Camila fez com que uma lágrima solitária rolasse em meu rosto.

- Ah, não. – Shawn puxou um lenço do bolso de dentro de seu paletó enxugando minhas lágrimas e pareceu realmente preocupado por conta do olhar fraterno que me lançou, mas era falso. Eu sabia que era falso.

Ele poderia confundir qualquer pessoa que não o conhecesse bem. Talvez fosse assim que dezenas de vezes ele convenceu Camila fazendo a latina o defender das minhas acusações. Toda aquela cena.

Aquilo era doentio.

- Você não está com condições de ler. Eu vou te ajudar, querida. – o rapaz mais alto me lançou novamente o mesmo olhar fraterno e se direcionou ao papel. – Eu não sou advogado, mas pelo o que o meu amigo James me explicou, Alejandro Cabello está devendo a hipoteca da casa da família a alguns meses e essa ordem judicial o sentencia a deixar a casa em alguns dias caso ele não pague pelo menos a metade do que deve. Triste, não?

- Shawn... a Camila... –segurei as minhas lágrimas que já estavam prontas para cair. – A Camila... ela não sabe disso... por favor... não... não a magoe assim. – supliquei em um sussurro.

- Eu jamais magoaria a Camila. – ele me respondeu com convicção juntando os papeis e guardando no envelope. – Nem pense em uma coisa dessas. – Arrastou o último envelope para mais perto de mim e depois guardou os outros em sua pasta preta. – Eu não sou você. – completou me encarando com fúria.

Antes que eu pudesse abrir o último envelope preto o meu pai reapareceu em meio aos outros clientes e se sentou a mesa. Eu apertava as minhas mãos na tentativa de conter o nervoso e o alto nível de estresse que eu estava sofrendo naquele momento. Eu não fazia a mínima ideia do que me aguardava naquele último envelope e com o meu pai na mesa eu já estava pronta para ser enterrada viva.

- Desculpem a demora. – Michael encarou o envelope negro contrastando sobre a toalha branca da mesa. – O que é isso?

Eu estava a ponto de pegar aquele envelope e rasgar em mil pedaços, fazer papel de louca e sair correndo pelas ruas de New Haven sem rumo, mas eu tinha muito o que perder. Na verdade, eu não tinha como ganhar.

Eu já havia perdido.

- É um presente meu para Lauren. Acho que ela vai gostar. – Brad falou ao girar de forma interativa um de seus anéis enquanto me olhava sorrindo. – Abra.

Engoli seco e hesitei.

- Acho melhor abrir em casa. – forcei um sorriso.

- Não faça essa desfeita, Michelle. Abra. – Michael falou sério e autoritário.

Tentando conter as minhas mãos trêmulas eu abri o envelope e puxei uma foto quase do mesmo tamanho que o envelope.

- Uau! – Shawn soltou.

Quando a foto estava toda a amostra, pude analisa-la melhor. Era uma foto minha. Era a foto que ele tirou hoje quando eu estava no Pierson indo para o Louis Lunch e me virei ao ouvir o seu chamado. A foto tinha uma plástica bonita, mas simbolizava algo.

Simbolizava escolhas, consequências e provavelmente perdas.

- Espero que tenha gostado. – Brad sorriu simpático.

Meu pai nada disse, apenas olhou como quem não se importava com a foto. Shawn elogiou os talentos do amigo com a fotografia e continuou me tocando de forma invasiva como se fossemos amigos.

- Muito bom. Obrigado pela presença de vocês, rapazes. – Michael se levantou acompanhado pelos dois e apertou a mão de cada um. – Foi um jantar bastante produtivo. Minha secretária mandara os e-mails com as instruções sobre os nossos acordos.

- Obrigado, Senhor. – Brad sorriu.

- Obrigado. Não vejo a hora de começar. – Shawn também sorriu.

- Vamos, Lauren. Pego o meu voo de volta pra Miami ainda hoje. – Meu pai me deu a mão para que eu levantasse da cadeira.

- Boa noite, rapazes. – falei forçando simpatia e acompanhei meu pai até o carro e antes de chegar até o mesmo, o meu celular vibrou no bolso da minha calça.

Saquei o celular e vi a seguinte mensagem.

''Amanhã, terraço do bloco G, meia noite. Vá sozinha.

Delete essa mensagem após ler.''

Bradley Simpson 23:26 PM

Eu apenas exclui a mensagem e aceitei o que seria o início da minha sentença.

________________________|<>

Quais os próximos passos? O que acham que o Shawn vai fazer? Gostaria de ler as teorias de vocês!!

Até mais <3

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