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By InvolvedCamren

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Na Universidade Yale, tudo se envolve por um motivo. Camila Cabello, uma jovem de 18 anos busca apenas focar... More

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By InvolvedCamren

Olá, meus lindos. Tudo tranquilo?

Coisas comuns na vida de alguns seres humanos: quando a gente não sai na sexta a noite, o que a gente faz? Posta capítulo novo, claro.

Esse capítulo é um capítulo ponte e procurei explorar bastante algumas vertentes que futuramente serão muito importantes até o final.

Espero que gostem.

Enjoy ;)

~Thaex

___________________________________

                  

Lauren POV

As férias em Nova York na casa da vovó junto da Camila foram incrivelmente maravilhosas. Nos aproximamos de uma forma que eu jamais imaginaria. Ter Camila nos braços já era algo incrível, agora tê-la como minha namorada oficialmente me dava um misto de felicidade e desespero ao mesmo tempo. Por mais que eu já tivesse aceitado todos os sentimentos que tenho por ela, acho que sempre encararei como algo novo e bonito.

Antes de eu levar Camila para o aeroporto de Nova York para que ela pegasse o avião para Miami, vovó Ângela nos chamou em seu pequeno escritório do apartamento e discursou por alguns minutos sobre o meu relacionamento com Camila. Disse que qualquer pessoa conseguiria ver que nos amávamos e demonstrou total apoio finalizando com um abraço grupal. Aquilo significou muito para Camila e dez vezes mais para mim. Todas as vezes que eu pensava em aprovação, a imagem do meu pai irritado falando em como eu estaria desonrando o sobrenome Jauregui vinha em minha cabeça me causando um tremendo mal estar, porém, ter a vovó ao meu lado era algo impagável.

Logo após Camila ir para Miami, dois dias depois eu segui o mesmo rumo e fui visitar a família antes de voltar para Yale.

O pouco de tempo que fiquei em casa. me senti pressionada pelo meu pai a maior a parte dele. A situação de Chris era de dar pena. O coitado do meu irmão estava praticamente sendo escravizado pelo meu pai no escritório. Michael realmente achava que se entupisse o meu irmão de trabalho, ele adquiriria magicamente responsabilidades e gosto pela coisa. Mal sabia ele que estava terrivelmente enganado.

Todas as noites que passei lá, eu Chris e Taylor, que era praticamente uma boneca de pano e só ficava trancada no quarto fingindo estar estudando, esquecida pelos nossos pais, íamos para a pequena casa na árvore que fica na parte de trás do casarão. Conversamos tudo o que tínhamos feito nos últimos 6 meses que estive longe. Chris contou sobre como estava a sua namorada grávida e que estava cada vez pior no escritório do papai, mas que todo aquele esforço valeria a pena pela Emilly e pelo bebê, o que me deixou bastante orgulhosa dele. Taylor era bastante calada dentro de casa, mas com a gente, naquele momento de cumplicidade entre irmãos, ela soltava todos os seus pensamentos e opiniões. Não diferente de mim e de Chris, Taylor, mesmo sendo a mais nova, também já sofria com as pressões do papai. Quando ela revelou o seu desejo de ser programadora de jogos, Chris e eu ficamos bastante surpresos, pois a mais nova usava uma linguagem técnica que às vezes nem eu e nem ele entendíamos, mas que deixou claro a vocação da menina.

Vocês devem estar se perguntando sobre a mamãe. Michael encontrou uma ótima forma de manter sua esposa em controle e do lado dele. O closet dela é a maior prova disso. Ele é maior do que o meu alojamento inteiro em Yale, então acho que já dá para se notar qual seria o "cala a boca" que ele dava para ela.

Eu, Chris e Taylor sentíamos falta de uma família de verdade, aquela que está sempre lá para você e que acima de tudo te apoia, mas mais uma vez eu tive a prova de que os meus irmão e a Vovó eram os únicos pilares da minha vida.

No dia 27 de junho, especificamente no meu aniversário, mamãe Clara resolveu fazer uma festa super extravagante com convidados que eu nunca sequer vi em toda a minha vida. Aquela corja empresarial que se achavam os donos de Miami e seus herdeiros que papai empurrava no meu colo a cada cinco minutos. Os meus aniversários nunca foram bons pelos mesmos motivos acima. A única coisa boa foi a aparição de Vero, pelas mensagens das minhas amigas de Yale e especialmente pela ligação de Camila que me fez ficar trancada no quarto por mais de meia hora com Vero rindo a cada frase melosa que eu soltava para a minha namorada até desligar.

- Vero, acho que vou contar para o Chris e pra Taylor. Eles têm confiado tanto em mim já faz um tempo e eu meio que vou me sentir uma traidora se eu for embora e não contar pra eles. – falei receosa.

- Por mim você já tinha tatuado na testa, mas como isso não é possível... – Vero respondeu debochando ao se jogar na minha cama.

- Para de ser idiota, garota. – disse rindo e tacando um travesseiro nela.

- Para, Lauren. Vai amassar o meu vestido. Vão achar que a gente estava transando se eu sair toda bagunçada.

Minha única reação a essa resposta da minha melhor amiga foi passar a mão no rosto não acreditando no que ela estava falando e prendendo o riso.

- Vero, me faz um favor. Levanta daí e pede pro Chris e pra Taylor me encontrarem em 5 minutos na casa da árvore.

- Sim, senhora. – Vero levantou da cama batendo continência e se retirou do quarto, mas antes de abrir a porta do quarto ela completou. – Aliás, eu passei na prova de transferência para Yale. Vai ter que me aturar, Jauregui.

Veronica Iglesias um dia me mataria do coração. Eu não tive tempo nem de surtar, a biscate da minha melhor amiga já tinha saído do meu quarto indo de encontro aos meus irmãos.
Passou-se o tempo que eu pedi para que meus irmãos me encontrassem na casa da árvore, mas Brad, um dos filhos de um amigo do meu pai não parava de flertar comigo e se autopromover. Aquilo já estava me irritando.

- Com licença, Brad. Com todo o respeito, mas eu tenho mais o que fazer. – falei deixando o rapaz de boca aberta e sem resposta.

Caminhei rapidamente em direção à casa da árvore e comecei a subir a pequena escada pregada ao enorme troco da árvore. Fazer isso de vestido não era algo muito agradável. Dois homens engravatados que fumavam ao lado da grande árvore começaram a me encarar com sorrisos cafajestes ao notarem que meu vestido subia a cada degrau que eu subia.

- Estão gostando do que estão vendo, seus velhos pervertidos. Saiam daqui antes que eu chame a segurança e faça um escândalo. – minha melhor amiga apareceu espantando os dois homens que saíram de lá e muito contragosto.

- Porra, Lauren! Que raba é essa? Não me lembro disso não! – Vero exclamou enquanto subia atrás de mim.

- Veronica, eu estava te agradecendo mentalmente por ter espantado aqueles caras, mas estou começando a me arrepender. – falei subindo o último degrau e abrindo a pequena porta da casa.

- Não seja má, Lauren.

Ao entrar na casa, Chris e Taylor estavam conversando sobre algo enquanto olhavam alguns desenhos antigos colados nas paredes da casa da árvore.

- Oi de casa! – Vero gritou chamando a atenção dos meus irmãos.

- Que susto, garota! – Chris gritou de volta com a mão no peito o que só fez com que a minha melhor amiga risse.

- Aconteceu alguma coisa, Lo? – Taylor perguntou preocupada se aproximando de mim.

- Eu chamei vocês aqui pra contar sobre algo muito importante. – disse respirando fundo tentando conter o nervosismo que começou a tomar conta do meu corpo. – É algo que eu preciso contar pra vocês antes de voltar pra Yale.

- Lauren, você está me deixando preocupado. – Chris chegou mais perto e segurou o meu braço com ternura.

- Se lembra que eu falei para vocês que eu tinha feitos algumas amigas em Yale durante o primeiro semestre lá? – comecei. Puxei mais uma vez o ar, mas hesitei.

- Fala, cacete! Tá me deixando nervosa. – Vero falou rápido me assustando e fazendo o clima ficar mais leve com as risadas dos meus irmãos.

- Eu já sei, você tem um caso com a tal da Camila. – a minha irmã mais nova disparou sem enrolação alguma com total naturalidade.

- Você finalmente pediu a Camila em namoro? – Chris perguntou e ficou de boca. O meu irmão do meio já sabia a um tempo que eu gostava da Camila e que eu tinha viajado com ela.

Vero não sabia se ria da minha cara com as duas perguntas rápidas que recebi por tudo parecer bastante óbvio ou pela minha cara de surpresa.

- Espera, você tem mesmo um caso com essa Camila? – Taylor perguntou mais surpresa ainda por causa da pergunta do meu irmão.

- Não, espera você. Como que você chegou a suspeitar de algo? – perguntei.

- Pelo amor de Deus, Lauren. Você falou dessa garota todos os dias que esteve aqui, sorri que nem uma idiota pro celular a cada mensagem dela no celular e se ligavam todas as noites. Você não faz isso nem com a Vero que é a sua melhor amiga.

- É verdade, sua piranha. Por que não me liga antes de dormir, hein? –Vero ironizou beliscando o meu braço.

- Ai, cacete. Veronica, eu vou te matar. – devolvi um tapa no braço da minha melhor amiga que quase conseguiu desviar e completei. – Droga, será que mais alguém percebeu?
- Acho que não. O papai só enxerga até onde ele quer ver e mamãe só enxerga o caminho do shopping. – Chris respondeu. – Mas conta tudo.

- Então, eu viajei com a Camila para a casa da vovó em Nova York, ficamos lá algumas semanas, fizemos todo aquele programa turístico e levei a Camz em todos os meus lugares favoritos de lá. Em um dos dias que ela resolveu dormir até mais tarde, eu fui até uma joalheria perto do prédio e comprei um anel que tinha visto na internet. A levei para um passeio até a ponte do Brooklyn para vermos o sol se pôr. Começou a ventar e a Camila reclamou do frio, como eu sou uma ótima cavalheira, dei a minha jaqueta para ela usar...

- Espera, a sua jaqueta? – Vero questionou me interrompendo.

- Aquela jaqueta? – Taylor me olhou surpresa.

- A preta de couro? – Chris colocou a mão na boca.

- A sagrada? – Vero continuou.

- Gente, pára! É essa sim, mas deixe-me continuar. – A caixinha com o anel estava dentro de um dos bolsos e ela acabou encontrando depois de vestir. Aí o final vocês já sabem.

- Uau! Quem diria, Lauren Jauregui super romântica. – Vero começou a bater palmas e foi seguida pelos meus irmãos que começaram a me zoar.

- Chega, por favor. Eu vou morrer de vergonha. – falei escondendo o rosto.

- Bom, acho que isso responde todas as nossas perguntas, Tay. – Chris disse olhando para Taylor.

- Isso não é nenhum problema pra vocês? – perguntei um pouco receosa.

- Imagina, Lauren. Você é nossa irmã e estamos aqui para te apoiar da mesma forma que nos apoia, não importa com o que seja. – Chris respondeu carinhosamente.

Olhei para Taylor que estava pensativa enquanto encarava o chão. Por alguns segundos senti medo da mais nova não saber como processar e lidar com tudo o que eu tinha acabado de contar.

- Lauren, desde aquele dia que você encarou o papai quando ele encontrou a sua carta de aprovação para Yale você se tornou a minha heroína. Acho que desde que me entendo por gente eu tenho medo dele e do que ele pode fazer comigo em relação as minhas decisões, mas naquele dia, você foi tão brava, tão corajosa, que desde então eu decidi correr atrás dos meus sonhos como você fez. Não será a pessoa com quem você se relaciona amorosamente que vai mudar toda essa minha admiração por você. Saiba que pode contar comigo para guardar esse segredo até o dia que ele possa deixar de ser um. – Taylor falou com um enorme sorriso carinhoso que fez o meu coração derreter por aquela pequena.

Um silêncio ficou presente no ambiente por alguns segundos até ser quebrado.

- ABRAÇO GRUPAL! – Vero gritou me puxando em direção aos meus irmãos e começamos todos a rir enquanto estávamos um nos braços do outro. O lugar mais seguro que tínhamos entre nós e para nós.

[...]

Meu último dia em casa e eu não havia pregado os meus olhos nem um minuto sequer. Só de imaginar que em poucas horas eu teria a minha latina em meus braços novamente me deixava em total estado de ansiedade.

Ainda era bem cedo e eu desisti de dormir. Fui em direção ao meu armário e fiz a minha mala para adiantar o meu lado e fui para o banho. Estava me sentindo exausta fisicamente por não ter dormido quase nada, mas a energia que crescia em meu peito ao lembrar de Camila me dava forças para continuar.

Ao sair do banho e já estar com tudo pronto para ir embora, desci com as minhas malas pedindo para um dos empregados levar para o carro e fui em direção à varanda onde estava sendo servido o café da manhã. Antes de me sentar com a minha família eu passei pela Carmen, a mais antiga funcionária da casa e dei um abraço apertado de despedida nela, o que foi o suficiente para começar uma discussão.

- Lauren, quantas vezes eu já te disse para não ter intimidades com os funcionários. – Michael falou áspero após dar um gole em sua xícara de café.

- Sabia que existe uma coisa chamada afeição, papai? – respondi ao colocar meu óculos escuro. – Carmen cuida de mim desde que eu nasci, então é bastante difícil fingir que ela é apenas uma empregada como o senhor acha.

- Não seja insolente, Lauren. – Clara me repreendeu ao se sentar conosco para o café da manhã.

Chris apareceu em seguida me dando um beijo na bochecha e para a surpresa dos meus pais, Taylor também apareceu, já que ela nunca acordava cedo o suficiente para o café da manhã.

- E não é que milagres acontecem. – Michael ironizou ao abocanhar um pedaço enorme de bacon enquanto olhava para a minha irmã mais nova que devolveu um sorriso amarelo para ele.

- Só estou aqui pela Lo. Então considere um esforço direcionado a uma pessoa que amo, não um milagre como o senhor acha. – a mais nova falou enquanto pegava uma banana na mesa e descascava com o maior desgosto possível.

- Vocês tiraram o dia para me irritar, só pode. – papai falou em alto tom batendo na mesa e fazendo a mesma tremer.

- Calma, meu amor. Não faz bem para o coração se estressar dessa forma logo cedo. – Clara falou acariciando levemente o braço de Michael.

- Os seus filhos são muito abusados.

- Meus não, nossos. – Clara começou a se irritar.

- Pelo amor de Deus, não tem um dia de paz nessa casa? – Chris foi o próximo a esboçar uma exaltação.

- É meu último dia aqui e nem assim vocês não param. – falei abocanhando um pedaço de pão.

- Como assim o seu último dia? – Michael perguntou largando o garfo e a faca que segurava fazendo com que um barulho irritante acontecesse.

- Pai, hoje eu volto para Yale. Eu deixei o senhor ciente disso quando voltei.

- Eu não acredito que você ainda está com essa ideia estúpida de ficar pintando em Yale. – papai esbravejou como se eu tivesse contando uma história absurda.

- Olha, eu não vou discutir com o senhor agora. – respondi calmamente após dar mais uma mordida no pão que comia e me levantei da mesa.

Taylor e Chris se levantaram e vieram na minha direção direto para os meus braços onde demos um abraço apertado e carregado de afeto. Taylor chorava silenciosamente em meus braços em meio a palavras de quem sentiria saudades.

- Eu não sei o que você fez para a Taylor do nada estar tão grudada em você, Lauren, mas não quero você influenciando a minha filha com essas suas ideias mirabolantes de artes. Está entendido?

Taylor ameaçou a responder, mas eu consegui prendê-la em meus braços antes que ela dissesse ou fizesse alguma besteira que provavelmente acarretaria em mais discussão e até mesmo punição para a mais nova.

- Não se preocupe, papai. Você tem uma filha de personalidade, ela sabe fazer as suas próprias escolhas. – falei afagando os cabelos de Taylor que ainda estava abraçada comigo.

- Eu não quero uma filha de personalidade, eu quero uma herdeira que vá comandar a minha empresa no futuro. – Michael desdenhou da minha resposta.

- Aliás, caso queira saber... – soltei Taylor, abri a única mochila que carregava comigo e joguei um papel na mesa antes de me retirar com os meus irmãos. – O meu quadro ficou em primeiro lugar na exposição de boas-vindas de uma das maiores faculdades de artes do mundo. Caso queira ver, é só ir lá.

Não tive nenhuma resposta dos meus pais como já esperado. Segui com os meus irmãos até o carro e me despedi deles mais uma vez os fazendo prometer manterem contato sempre que puderem e quando precisarem.

Saí de casa com uma única certeza: cada vez que eu encontrasse o meu pai eu sairia de lá mais forte e mais confiante com o que quero para a minha vida e essas duas coisas tem nome. Arte e Camila Cabello.


[...]

Entrei no avião me arrastando e já fui logo pedindo para uma das aeromoças um calmante para dormir durante a viagem toda. Me locomover de avião ainda era uma tortura e acho que nunca superaria isso, pelo menos sozinha.
Notei que a aeronave ainda estava um pouco vazia, peguei o celular e comecei a checar algumas mensagens no celular.

''Cheguei em Nova York agora e vou pegar um taxi para New Haven. Ainda vai me ajudar com a surpresa pra Lucy?'' Veronica Iglesias 07:50 AM

''Claro! Que tipo de amiga você acha que eu sou? É só seguir com o plano.'' Lauren Jauregui 08:02 AM

''Então de vejo mais tarde, bisca. Espero que a Lucy ainda goste de mim depois dessa surpresa. xx'' Veronica Iglesias 08:04 AM

Ri ao imaginar a reação que Lucy provavelmente terá com a surpresa que Vero está armando pra ela. Ver a minha amiga apaixonada da forma que está era algo novo tanto para mim quanto para ela e o que eu pudesse fazer pra ajudá-la nessa história, eu faria. Elas ficaram tanto tempo separadas e conversando virtualmente que eu não consigo nem imaginar o tamanho da saudade que ambas deviam estar sentindo da outra. Ou talvez eu tenha.

Olhei as outras mensagens e me deparei com algumas da minha namorada.

''Acorda, Lolo!!! Nem pense em perder esse voo. Quero os seus beijos hoje!'' Camila Cabello 06:06 AM

''Já acordou?'' Camila Cabello 06:43 AM

''LOLOOOOO!!! ACORDA!!'' Camila Cabello 07:10 AM

''Para a informação da senhorita, eu já estou linda e bela sentada na minha poltrona do avião e indo pra Nova York. Pode ficar calminha ae.'' Lauren Jauregui 08:05 AM

''AAAAAAA! Eu estou procurando um taxi para me levar até New Haven, mas esse aeroporto é um caos.'' Camila Cabello 08:07 AM

''Logo, logo, você encontra um, camz.'' Lauren Jauregui 08:09 AM

''Sabe qual o mais estranho disso tudo?'' Camila Cabello 08:10 AM

''Além de não achar um taxi em Nova York? O que pode ser mais estranho?'' Lauren Jauregui 08:10 AM

''É que da primeira vez que eu vim pra cá, eu fui cheia de esperanças, imaginando todas as coisas que poderiam acontecer na minha vida quando eu chegasse a Yale, mas nada que pensei passou perto do que realmente aconteceu. Nunca achei que me apaixonaria por alguém como estou por você, Jauregui. A melhor coisa de voltar para Yale é saber que estou voltando para os seus braços.'' Camila Cabello 08:14 AM

''Você sabe como me deixar sem respostas, Cabello. Você realmente sabe.'' Lauren Jauregui 08:17 AM

''Não precisa me responder, eu já posso imaginar essas suas bochechas completamente vermelhas hahaha'' Camila Cabello 08:19 AM

Droga! Ela estava certa. Conseguia sentir o meu rosto quente.

''Droga, Camz. Não me faça rir de vergonha assim no meio de um avião. Mais tarde eu estarei aí. Eu preciso desligar aqui, o meu avião vai decolar daqui a pouco, mas quero que me prometa uma coisa.'' Lauren Jauregui 08:21 AM

'' Diga, senhora tomate.'' Camila Cabello 08:22 AM

'' Ei! Não me chame assim, filha perdida de Shakespeare. Quero que prometa que quando colocar os pés no alojamento me mandará uma mensagem avisando.'' Lauren Jauregui 08:25 AM

''Fechado!'' Camila Cabello 08:26 AM

''Então tá bom. Até mais tarde. Te amo, Camz.'' Lauren Jauregui 08:27 AM

''Boa viagem. Te amo, Lolo.'' Camila Cabello 08:30 AM


[...]

Após algumas horas de voo e dormir feito um anjo por conta dos calmantes que uma das aeromoças me deu, acordei da mesma forma que cheguei à primeira vez nesse lugar com o destino a Yale: completamente grogue e assustada com a última chamada para desembarque da aeronave.

Peguei a minha mochila e caminhei em direção a onde despachariam as minhas malas e em seguida procurei um taxi. Diferente de Camila, eu consegui um taxi rapidamente e pedi que o mesmo me levasse para Yale o mais rápido possível. A sensação de estar cada vez mais perto da minha latina fazia com que as borboletas dentro do meu estômago voassem de forma descontrolada dentro de mim. Era uma sensação maravilhosa, mas que precisava ser saciada o mais rápido possível.

Longos minutos depois eu cheguei a Yale e ela estava praticamente da mesma forma quando pisei nesse lugar pela primeira vez há alguns meses atrás. A grande faixa de boas vindas, calouros perdidos encantados com a estrutura no meio do Pierson e flyers de festas de boas-vindas sendo distribuídos. Tudo como na primeira vez.

Receber um daqueles flyers da festa de uma das fraternidades do campus foi algo nostálgico de certa forma, mas também algo que me deixou com uma sensação que eu não sei definir. Me fez lembrar de como conheci Camila, o que foi algo único em minha vida e maravilhoso, porém me fez pensar em quantas meninas no início desse semestre poderão ter as suas vidas marcadas de alguma forma negativa caso algum rapaz tente fazer o mesmo que o Mendes tentou fazer com a Camila naquela maldita festa.

Respirei fundo e segui o meu caminho até o alojamento tentando esquecer essa relação de amor e ódio com aquela festa de boas-vindas de Yale.

Abri a porta do alojamento 10 e praticamente joguei todas as minhas malas na minha cama. As coisas de Lana e Ally já estavam devidamente arrumadas, o que me deixou feliz em sabe que hoje mesmo eu mataria a saudade que sentia delas também.

Fingi que tinha arrumado as minhas coisas e me direcionei até o alojamento da frente. Bati na porta mais ninguém respondia e então resolvi descer e ver se encontrava algum rosto conhecido no meio daquela confusão no pátio central do Pierson.

Algumas mensagens de Vero foram sinalizadas no meu celular que tratei de responder o mais rápido possível para tentar ajudá-la com a surpresa, que nada mais seria se esconder das meninas para que ninguém acabasse delatando a sua presença em Yale.

Caminhei então em direção a onde se acumulavam mais calouros do que veteranos avistei quem eu mais queria.

Lá estava ela. Lá estava Camila. A minha namorada. Com aquele largo sorriso maravilhoso que me derretia e seu jeito doce abraçando a pequena Ally. Antes que eu me perdesse mais do que já estava enquanto observava a mulher que Camila era, mexi no anel em minha mão que me arrancou um enorme sorriso carregado de lembranças de Nova York e caminhei em direção a ela.

- Ei, Cabello! – chamei a alguns metros dela.

- AMOOOR! – foi a única coisa que Camila gritou antes de praticamente se pendurar no meu pescoço.

Eu poderia sentir mil mãos dela em mim, mas eu nunca conseguiria descrever a sensação que é ter Camila Cabello em meus braços.

- NOSSA! Pra uma hétero até que você é uma ótima sapatão. - escutei Normani implicar.

- MANI!!! Deixa elas!! Elas se merecem - Dinah disse batendo palmas na tentativa de nos defender das brincadeiras da Normani.

Confesso que senti muitas saudades dessas duas. Tenho convicção de que nossos encontros nos dormitórios alheios não seriam tão divertidos se as duas não estivessem presentes nos animando com as suas brincadeiras que às vezes não faziam o menor sentido.

Logo Lana surgiu com Lucy, formamos a nossa rodinha já conhecida e batemos um papo rápido até Austin aparecer acompanhado do seu melhor amigo, Mendes, e sinalizar algo para Camila. O meu desconforto foi sentido pela latina que apenas tratou de me abraçar mais apertado tentando me passar calmaria. As meninas perceberam e após uns avisos de cuidado para Camila resolveram mudar de assunto.

Me agarrei carinhosamente com Camila por alguns minutos em uma brincadeira descontraída que tivemos, em seguida tratei de tomar o meu caminho até o departamento de Artes para que pudesse pegar a minha grade e os materiais que usaria para as aulas do semestre. Mais uma vez fui cantada por Elliot, a mulher que fazia a distribuição desses materiais e mais uma vez joguei o papelzinho com o seu número fora. Talvez um dia ela desista.

Cheguei ao alojamento me arrastando com todo aquele peso e notei que nem Lana e nem Ally estavam ali. Dei uma pequena pausa para recuperar o folego e notei um envelope no chão bem ao lado da porta.

Arriei-me para pegar o envelope e vi o nome de Vero escrito no verso do papel e delegado a mim. Aquilo não fazia o menor sentido, por que diabos a minha melhor amiga me mandaria uma carta ao invés de uma mensagem?

Abri a carta que continha a seguinte mensagem escrita:

''Me encontre no terraço às 20h. URGENTE!''

Pensei em mandar uma mensagem para Vero perguntando sobre o motivo da carta, mas já que ela mandou algo assim, poderia fazer parte do plano da surpresa que ela faria para Lucy. Interrompi os questionamentos sobre o envelope e olhei o horário no meu celular. Faltavam 6 minutos para dar o horário marcado, então tratei de sair do alojamento e seguir até o terraço do bloco E.

Subir todos aqueles andares foi no mínimo desgastante. Cheguei ao último andar quase precisando ser carregada por paramédicos e necessitada de oxigênio enquanto desviada de algumas caixas que ficaram imprudentemente largadas nos últimos degraus perto da porta do terraço.

Abri a enorme e pesada porta de metal do terraço aos poucos e me deparei com a seguinte cena. Camila, a minha namorada, sentada em uma mesa completamente enfeitada com flores e um jantar à luz de vela. Isso seria ótimo, completamente romântico se na frente dela não estivesse Shawn Mendes, o garoto que perseguiu a latina o semestre passado inteiro e que me provocou de todas as formas possíveis. E não parava aí. Camila sorria para o rapaz que segurava a sua mão em cima da mesa.

Eu não consegui escutar o que eles começaram a conversar após aquele sorriso, pois fui brutalmente tomada por um sentimento de raiva, ódio, tristeza, frustração e tudo de ruim que tinha direito eu senti naquele momento. Pensei em confrontar os dois naquela ceninha lamentável, mas em alguns segundos de sanidade eu contive e me convenci a deixar pra lá. Queria ver até onde Camila levaria isso ou se em algum momento ela me contaria sobre esse jantar, ou seja, lá o que ela esteja tendo com o Mendes.

Ainda tomada por esses fortes sentimentos negativos acabei esbarrando em uma das caixas que estavam do meu lado que foi o suficiente para alertar qualquer pessoa que estivesse naquele terraço. Antes que pudesse ser pega, desci as escadas do bloco E tão rápido como se precisasse fugir de um prédio pegando fogo.

Adentrei ao alojamento 10 de forma brusca assustando Ally que falava no telefone com alguém e da mesma forma que entrei no alojamento, entrei no banheiro. Eu precisava acalmar meus ânimos. Despi-me e deixei que a água gelada caísse sobre a minha nuca na esperança de que aquilo me acalmasse, mas não foi nem perto do suficiente para evitar que algumas lágrimas frustradas caíssem marcando o início de uma mágoa.
Quem nunca chorou no banho, não é?

Saí do suposto banho e vi meu celular na pia piscar incansavelmente noticiando uma ligação.

- Fala!

- Lauren, você não viu as minhas mensagens? – Vero questionou preocupada.

- Não, só a sua carta. – sussurrei com o pensamento longe.

- Que carta?

- Desculpa, viajei. Eu tive um imprevisto. Aconteceu algo?

- Não, só queria saber se você vai conseguir levar todas as meninas a sala de jogos do nosso bloco. A parte do plano, se esqueceu?

- Ah, não. Claro que não esqueci.- eu havia esquecido. - Eu vou tentar reunir todo mundo lá. – pigarreei.

- Okay, mas não se esquece de levar a principal pessoa, hein!

- Fica tranquila, eu vou pedir pra Cami.. Camila levar a Lucy. – tossi em meio à frase na busca de tentar mascarar o meu desconforto.

- Tá bem. Lo... – pausa.- Está tudo bem com você mesmo? – minha melhor amiga agora sustentava um tom de voz preocupado e ao mesmo tempo desconfiado.

- Sim, relaxa. Vou adiantar o seu plano. Até daqui a pouco.

- Até.

Desliguei o celular e comecei a me arrumar quando Lana chegou acompanhada de Lucy. Agradeci aos céus por não ter que precisar falar com a latina tão rápido assim depois do baque extremamente recente que rolou a minutos atrás e dei a ideia de juntar as meninas na sala de jogos do bloco E recém reinaugurada. Ally, Lana e Lucy concordaram na hora com a ideia e no embalo, pedi para que Lana chamasse as meninas do alojamento 5 para nos acompanhar.

Cerca de 20 minutos depois todas nós estávamos reunidas no salão de jogos, exceto Camila e Normani que demoravam a se arrumar, de acordo com Dinah. Alguns minutos depois a latina chegou acompanhada de Normani e veio direto em minha direção me dando aquele abraço apertado e confortável que ela sempre me dava ao me encontrar. Eu detestava admitir, mas mesmo com todo o desconforto que eu estava sentindo em relação à latina e a ceninha no terraço pareceu desaparecer por alguns segundos sendo mascarado pelo efeito que ela tinha sobre mim.

- Oi, amor. Senti a sua falta. – Camila sussurrou com os lábios colados nos meus.
- Eu também, princesa. – forcei um sorriso após retribuir o beijo rápido que ela me deu e soltando a sua cintura.

Camila me olhou de uma forma confusa, porém não disse nada, apenas permaneceu do meu lado e começou a cumprimentar as meninas que estavam presentes.

Sentei-me em uma das poltronas que tinham espalhados pelos cantos da mediana sala de jogos e mandei mensagem para Vero avisando que todas já estavam presentes. Antes de ver a resposta da minha melhor amiga, senti alguém sentar no meu colo e envolver o meu pescoço.

- Por que você está longe assim? Aconteceu alguma coisa? – a latina perguntou receosa.
- Eu estava apenas resolvendo uma coisa. Logo, logo, você vai ver. Não se preocupe. – respondi dando um beijo casto em seus lábios rosados.

- Meninas, vocês querem pizza? – gritei.

Todas as meninas concordaram até animadinhas demais com a minha pergunta em relação a comida. Peguei o celular e disquei o número com Camila ainda no meu colo.

- Boa noite! Eu gostaria de pedir 3 pizzas.

- Isso é um ''Vero pode aparecer?'' – Vero perguntou rindo.

- Sim, sim, senhor. Todas de calabresa. – continuei fingindo segurando o riso.
- Então vou descer. – Vero respondeu eufórica.

- Estaremos a sua espera, obrigada. – respondi ainda prendendo o riso e finalizei a ligação.
Alguns minutos se passaram e nada de Vero aparecer. Será que ela tinha passado mal com o nervoso, desistiu ou algo do tipo? Antes que eu pudesse pegar o celular para lhe mandar uma mensagem, a minha melhor amiga apareceu por trás de Lucy colocando as suas mãos de forma delicada na cintura da morena a sua frente.

- Achou mesmo que eu te deixaria dando sopa por aqui, Vives?
Não deu nem tempo de Lucy responder. Todas as meninas começaram a gritar e algumas com cara de chocadas em ver a minha melhor amiga por ali assim tão do nada.

- Espero que goste da surpresa, porque eu vim pra ficar. – Lucy que ainda estava de costas pra minha amiga, mantinha as mãos no rosto na tentativa de esconder a sua expressão de felicidade de todas ao redor.

- Veronica Iglesias, você me paga por me deixar 5 dias falando com o vento. Me fez achar até que já tinha desistido de mim. – disse Lucy virando-se em direção a minha melhor amiga e dando leves tapas no braço da mesma.

- Calma, calma, amorzinho. Isso era parte do plano. – Vero se justificou rindo e puxando a morena para perto de si, com a outra mão que estava escondida para trás, a suspendeu mostrando uma linda rosa vermelha que arrancou ''Anw'' de todas as meninas, inclusive de mim.

- Você é uma idiota, Iglesias. Te odiaria se não gostasse tanto assim de você, sua estúpida. – Lucy falou ao segurar a rosa que Vero a entregou.

- Eu sei que sou, mas mudei toda a minha rotina e até a minha vida pra vim atrás de você, Lucy. Não fazia mais sentido ficar em Miami longe das pessoas que eu amo. Eu fiz aquela terrível prova de transferência e consegui convencer o meu pai a me ajudar com a grana. – deu uma pausa e passou a mão no rosto da morena. - Vou fazer valer a pena, Lucy. Você está disposta? – o tom de voz da minha amiga estava tão sincero e sério como eu nunca havia escutado antes.

- Claro, mas o que quer dizer com isso? – Lucy perguntou quase sem nenhum ar.

- Lucy Vives, aceita ser a minha namorada? – Vero perguntou tirando um anel do pequeno bolso da sua blusa.

Mais uma vez as meninas surtaram e fizeram um tremendo escândalo. Até quem circulava pelo corredor colocou a cara pra dentro da sala de jogos para ver se não estávamos nos matando.

- É claro que eu aceito! – Lucy praticamente gritou pulando no colo da minha melhor amiga que a beijou com toda a saudade que elas sentiam.

Saudade. Acho que essa foi a palavra daquele dia.

- Bom, essa parte do plano você não me contou. – me aproximei da minha melhor amiga a abraçando com tanta vontade que parecia que nos fundiríamos se eu a apertasse mais.

- Ah, você sabe como eu sou. Eu queria causar mesmo. – Vero respondeu arrancando a risadas.

- Claro que queria. Isso foi tão romântico, Vero. Nunca esperaria isso de você.

- Esse é o seu problema, Lo. Nunca espera nada de ninguém, é por isso que sempre acaba se surpreendendo. – minha melhor amiga rebateu divertida.

- Você tem razão. Eu realmente não espero. – respondi em baixo tom relembrando o desconforto de minutos atrás.

Camila percebeu o meu desconforto e me puxou para um canto.

- Lo, está acontecendo alguma coisa? Eu fiz alguma coisa? Você está estranha. – a latina perguntou mais acanhada do que antes abraçando o próprio corpo, o que fez o meu coração apertar com aquele gesto que ela sempre fazia quando se sentia com medo de algo ou ameaçada.

- Não está acontecendo nada Camz. – segurei o seu rosto que olhava para o chão e o levantei em minha direção conectando os nossos olhares. – Eu estou bastante cansada da viagem, não dormi direito e meu corpo está pedindo socorro. – esbocei um sorriso. – Não se preocupe, tá? – finalizei dando um beijo no topo de sua cabeça e a puxando para um abraço.

– Que saudade de você, meu amor.

Eu queria sentir raiva de Camila, mas não conseguia. O poder que ela tinha sobre mim era incrivelmente enorme e o de me fazer querer protegê-la era infinitamente maior. Eu não sabia ao certo se algum dia eu seria capaz de quebrar o seu gentil coração em pequenos pedaços, mas faria de tudo para que isso não acontecesse.

Naquele abraço que pareceu durar vidas eu jurei a mim mesma que tentaria ser o mais compreensiva possível. Relembrei dos conselhos que a Lana me deu nas últimas vezes que o Mendes me perturbou e tentei focar apenas no meu namoro com a Camila. A sensação de frustração ainda era presente, pois eu ainda gostaria de receber uma explicação sobre o que estava acontecendo no terraço e que parecia tão íntimo, porém já era algo controlável.
Camila Cabello me tinha na palma das mãos e isso era inegável.


[...]

Logo após a nossa confraternização no salão de jogos do bloco E e o pedido de namoro de Vero para Lucy eu pedi licença as meninas dizendo que precisava dormir por causa da cansativa viagem. Lana tentou me convencer a ficar, mas eu realmente estava cansada e me despedi das meninas e caminhei até o corredor do meu alojamento.

- Ei, você.

- Eu, Lauren Jauregui. – respondi tentando acertar qual era a chave certa da porta do alojamento sem desviar meus olhos pesados da maçaneta da porta.

- Vai me deixar sozinha na sala de jogos? – a voz manhosa da latina saiu quase com um sussurro.

- Dinah e Normani disseram bem alto que cuidariam de você por mim. Eu confio nelas, sabia? – rebati contendo o sorriso.

- Sabia sim, mas eu queria mesmo era a minha eterna salvadora cuidando de mim hoje. – Camila chegou por trás de mim tirando as chaves da minha mão e abrindo o alojamento de vez pra mim.

- Queria dormir com você hoje. – a latina disse em tom de pedinte.

- Hmmm, quer dormir comigo, Cabello? – falei aos risos bastante sonolenta e me jogando na cama de forma bruta.

- Larga de ser boba, Lo. Só queria deitar com você e dormir de novo agarrada contigo. – a latina sentou em minha cama e começou a fazer carinho em minhas costas, o que não ajudou em nada na minha tentativa de me manter acordada.

- Você sabe que isso é contra as regras, não sabe Camz? – perguntei com um fio de voz quase inexistente.

- Sei sim, mas por você eu quebro todas elas. – Camila respondeu passando a mão de leve em meu rosto. – Por você eu faço tudo.
E foi a última coisa que eu me lembrei de ter escutado naquela noite antes de apagar completamente e acordar com o celular tocando às 6:15 da manhã que por sorte não acordou Ally.

- Alô! – atendi completamente sonolenta.

- Ainda dormindo? Você já foi mais disciplinada. – a voz grave do outro lado da linha me causou certo desconforto.

- Bom dia pra você também, pai. – cocei os olhos e levantei da cama me direcionando até a sala do alojamento. Notei que não usava as mesmas roupas de ontem e que Camila não estava no meu lado da cama.

- Bom dia, filha. – disse seco.

- Aconteceu alguma coisa com a Taylor ou com o Chris?

- Não, os seus irmãos estão ótimos. Queria falar com você sobre algo muito importante e de repleto interesse da família. – manteve o mesmo tom.

- Sou toda ouvidos. – me joguei no pequeno sofá da sala e puxei o ar buscando paciência para as palavras que viriam a seguir.

- Você se lembra do Bradley, o herdeiro da família Simpson?

- Não. – respondi com convicção.

- Como não? Vocês ficaram conversando durante o seu aniversário aqui em Miami.

- Pai, o senhor me fez conversar com mais de 20 caras diferentes. Eu estava me sentindo em um leilão, onde a peça a ser comprada era eu.

- Não seja insolente, Lauren. Aqueles ''caras'' são os próximos herdeiros das maiores empresas desse país, você deveria no mínimo pensar no futuro da família. Já não basta essa perda de tempo em Yale e...- antes que ele pudesse continuar eu o cortei.

- É sério que o senhor está me ligando às 6 horas da manhã pra falar de uma pessoa que eu nem me lembro? Mais tarde eu tenho aula e gostaria de dormir só mais um pouco. Pode, por favor, ir direto ao assunto? – perguntei impaciente e escutando o meu pai bufar do outro lado da linha.

- Bradley Simpson foi aceito em Yale para administração e o pai dele, um dos meus sócios, me pediu para que a minha filha o recepcionasse já que você seria a única pessoa que ele conhece que cursa aí. Poderia fazer isso pra mim ou é demais pra você? – questionou bufando novamente no final da frase. Sua impaciência era sentida a quilômetros de Miami.

- Ok, mas o que eu ganho com isso? - a minha pergunta fez com que Michael começasse a rir do outro lado da linha, o que me deixou significativamente irritada.

- Faça o que eu estou te pedindo e a sua mesada continuará sendo depositada na sua conta mensalmente, minha filha. – continuou rindo. – Mas seja educada com o rapaz, está ouvindo. Se ele te pedir ajuda o ajude. Não o deixe solto por aí não. Seria péssimo perder um partido como ele. – se recuperava de sua risada sarcástica enquanto eu só sentia vontade de jogar o celular pela janela.

- Ok, bom dia. – desliguei o celular na cara dele de propósito só para irritá-lo.

O que ele estava achando que eu era? Uma viciada em macho que ficaria correndo atrás de homem pelo campus com medo de alguém tomá-lo de mim?
Queria entender a forma com que meu pai me enxergava. A princesa submissa, herdeira de patrimônios que não poderia comandar sozinha sem ter um homem ao lado, a incapaz de concretizar os seus sonhos longe dos negócios. A artista sem talentos. A gênia morta.
Faziam poucas horas que eu tinha voltado pra Yale e os problemas parecem ter chegado antes de mim.

Antes que eu pudesse levantar daquele sofá minúsculo, Lana passa por mim vestida com roupas de malhar.

- Que disposição da porra, Lana. – bocejei.

- Acorda pra vida, Laurenzo. – sorriu bebendo seu isotônico. – Deu formiga na cama? – completou.

- Não. Era o meu pai me ligando e já me pedindo um favor que está mais pra ordem.

- Espero que não seja nada problemático.

- Eu também. – levantei me alongando e lembrando-me de algo. - Quando você voltou ontem da sala de jogos, Camila estava aqui no quarto?

- Não. Você já estava que nem a bela adormecida toda coberta e apagada naquela cama. Fiquei cansada só de te olhar. – Lana respondeu enquanto amarrava o cabelo em um rabo de cavalo.

- Hm. Entendi. – bocejei novamente. – Vou dormir mais um pouco. Boa corrida pra você.

- Bons sonhos, bela adormecida. - Lana respondeu sorrindo e piscando pra mim.
Caminhei até o quarto e encontrei um pequeno pedaço de papel em cima da mesinha de canto. Peguei o papel, sentei em minha cama e logo reconheci a caligrafia.

'' Zelei o seu sono até o quanto pude e fui para o meu alojamento. Me desculpe por não ter dormido com você, mas eu esqueci que tinha algumas coisa pra terminar de fazer hahaha. Te amo. Camila.''

Sorri apaixonada ao terminar de ler o pequeno bilhete que a latina tinha me deixado e coloquei dentro da gaveta da mesinha. Seria exagero dizer que perdi o sono depois de ter ligo aquele papel? Talvez até seja, mas foi o que aconteceu, então me direcionei até o banheiro fazendo toda a minha higiene matinal e depois fui arrumar as coisas que faltaram.
As horas se passaram e a baixinha com quem eu compartilhava o quarto já estava pronta para descer comigo para o café da manhã no refeitório. Mandei mensagem para a latina e nem sinal dela, então deduzi que ela tenha dormido muito tarde arrumando as suas coisas e que ainda esteja no seu sono de beleza.

- Laur, isso parece mais cheio do que no início do ano. – Ally comentou acanhada do meu lado entrando na fila para pegar o café da manhã.

- Sim, cada vez mais cheio. – retribui o comentário impaciente. A fome era grande e a fila mal se mexia.

Comemos em uma mesa cheia de calouras que estavam completamente animadas e outras com uma terrível cara de ressaca.

- A festa do Mendes foi tão boa. Além de legal ele é um gato, não acham? – uma das novatas comentou.

- Sim. Ele é maravilhoso. – outra novata respondeu. – Pena que ele tem namorada.
Ally fez uma cara de confusa e fez menção para que eu prestasse atenção na conversa das calouras ao nosso lado na mesa.

- Ah, sério? Que pena. Ela é bonita pelo menos? – a terceira novata na mesa perguntou.

- Disseram que sim. Que era uma latina. – as outras meninas desdenharam. – Vocês sabem como esse povinho de lá é atirado. – debochou.

Eu estava a ponto de jogar o meu prato na cara delas com todos aqueles comentários ridículos. Ally parecia não acreditar no que estava ouvindo também. Todas nós sabíamos dos boatos que o Shawn e o seus amigos babacas espalharam pelos campus sobre ele namorar a Camila, mas achávamos que já tinham superado essa fofoca já que Camila negava todas as vezes que alguém a perguntava. Porém, existia um grande problema: como o Mendes era o presidente da fraternidade mais famosa da universidade, tudo o que ele dizia se espalhava muito rápido e facilmente. Não importa se era verdade ou não, se saísse da boca do Mendes, no dia seguinte até os guardas do campus já estariam sabendo.

Respirei fundo enfiando o último pedaço de sanduíche na boca e levantei bruscamente da cadeira sem pedir licença a ninguém, o que fez com que as novatas me olhassem com cara de desprezo.

Fintei todas as pessoas que estavam no meu caminho e me retirei daquele refeitório lotado dando de cara com um rosto conhecido que sorriu diretamente pra mim.

Puta que pariu. Que saco!

- Lauren? Lauren Jauregui? É a senhorita ou estou errado? – o rapaz de cabelos cacheados perguntou vindo em minha direção arrastando duas malas enormes.

- Sou eu sim. – respondi sem muita emoção.

- Sabia que estava certo. Não tem como confundir esses lindos olhos. – sorriu simpático e estendeu a mão para me cumprimentar. – Não sei se lembra de mim, mas sou o Bradley Simpson, eu estava em sua festa de aniversário em Miami.

- Me lembro sim. O meu pai me avisou sobre a sua vinda. – respondi tentando ser simpática mesmo ainda estando irritada em relação à conversa das calouras a momentos atrás. – Você precisa de ajuda pra se encontrar, não é?

- Sim, eu não tive como chegar ontem, então sou um calouro desorientado. – sorriu. – Se não estiver ocupada pode me ajudar a chegar ao meu dormitório?
Ally apareceu atrás de mim e cumprimentou o Bradley. Contei sobre a ligação do meu pai e de onde conhecia o rapaz para a baixinha que até nos acompanhou até a entrada do bloco G.

- Foi um prazer conhecê-lo, Bradley. – Ally apertou a mão do rapaz que devolveu a mesma frase com simpatia. – Alias, podem me chamar de Brad.

- Ok, Brad. – A baixinha falou e se retirou avisando que a primeira aula dela já seria nessa manhã.

Informei a Brad que não poderia entrar no bloco G porque a entrada era apenas para os homens e ele entendeu. O rapaz dos cabelos enrolados deixou as suas malas no alojamento para qual foi designado e caminhamos até a coordenação de seu curso. O caminho até que foi agradável. Brad não era uma pessoa forçada, parecia ser uma pessoa tranquila e bastante educada, diferente da maioria das pessoas arrogantes que permaneciam ao mesmo nível social que ele.

Ele pegou a sua grade rapidamente e resolveu toda a burocracia que envolvia isso em questão de poucos minutos.

Em uma nova caminhada até o Pierson recebemos alguns panfletos sobre eventos que aconteceriam na primeira semana de volta as aulas. O evento de exposição de boas-vindas me deu um toque de nostalgia que me arrancou um enorme sorriso ao lembrar daquele dia que até hoje foi um dos mais felizes da minha vida.

- Mais uma festa. – Brad falou desvirando o papel na mão que estava de cabeça pra baixo. – Essa é de fraternidade. Você conhece ess...- antes que Brad terminasse a pergunta, aquela voz que me causava enjoo interrompeu o rapaz dos cabelos cacheados.

- Kappa Alpha é a melhor fraternidade de Yale, calouro. Como se chama, calouro?

- Bradley Simpson. – estendeu a mão que foi apertada de forma bruta. – E você?

- Shawn Mendes. – sorriu olhando nos meus olhos. – Pelo visto já conhece a Jauregui. São amigos? – antes que Brad pudesse responder, Shawn o cortou de novo. – Já sei. São namorados. – Shawn mais respondeu do que perguntou deixando Brad um pouco desconfortável.

- Não. Nossas famílias são amigas. Lauren está me ajudando aqui hoje.

- Hmmm! Amigo da família Jauregui, que interessante. Lauren e eu também somos bastante amigos, não é, Lolo? – Shawn perguntou de forma quase sádica me fazendo pensar no que ele estaria tramando com isso, mas resolvi seguir o seu jogo e ver até onde ele iria.

- Sim. – fui direta.

- Ah, legal. Se conheceram aqui ou já se conheciam antes? – Brad perguntou inocente sem perceber a batalha que os meus olhos e o do Mendes travavam em silêncio.

- Infelizmente nos conhecemos aqui. Se tivéssemos nos conhecido antes tudo teria sido tão mais fácil, não é mesmo?

- Tudo o que? – Brad perguntou um pouco perdido.

- Bradley Simpson, eu gostei de você. – Shawn olhou para o rapaz com a cara mais falsa que ele tinha, mas que já era conhecida por mim. – Gostaria de te fazer uma proposta.

O meu coração naquela hora começou a acelerar gradativamente. Eu estava entendendo o que o Mendes estava tentando fazer e era algo que não parecia ser difícil de conseguir nas atuais circunstâncias.

Brad era novato, não tinha amigos em Yale e não parecia ser uma pessoa que fazia amizade com facilidade. Qualquer acolhimento seria bem-vindo, mas da pessoa errada poderia me causar bastantes problemas e Shawn tinha agora uma carta na manga que da forma certa poderia usar das piores formas possíveis contra mim.

O rapaz alto me lançou um sorriso vitorioso antes de se voltar a Brad e estender a mão em forma de acordo.

- Bradley Simpson, gostaria de se juntar aos Kappa Alpha? Seria um prazer tê-lo na nossa fraternidade.

__________________________________


Gostaria de saber a opinião de vocês sobre o surgimento de Brad. Acham que ele pode impactar no rumo da história como um servo do demônio ou acham que ele faz cosplay de Ally?

Quem quiser conversar com a gente o nosso tt é @keyjenn (Jenny) e @thaiferrgoomes (Thaex)

Até a breve <3

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